segunda-feira, 31 de julho de 2017

Missas de Nossa Senhora: Maria, Mãe da Igreja (III)

27. Bem-aventurada Virgem Maria, imagem e Mãe da Igreja (III)
(Para o Tempo Comum)

Introdução
Este formulário celebra a bondade de Deus, que ama tanto sua Igreja que lhe dá a Virgem Maria como imagem profética de sua peregrinação na terra e de sua futura glória no céu, como expressa a Constituição Sacrosanctum Concilium do Concílio Vaticano II, n. 103: “A santa Igreja venera com especial amor, porque indissoluvelmente unida à obra de salvação do seu Filho, a Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, (...) em quem contempla, qual imagem puríssima, o que ela, toda ela, com alegria deseja e espera ser”.
A celebração recorda uma série de títulos da Virgem Maria, através dos quais a Igreja contempla seu próprio mistério e caminha rumo à perfeição:
a) Discípula fiel: este título aparece de maneira implícita na Coleta, onde se pede que a Igreja “fixando nela [em Maria] o seu olhar, siga fielmente a Cristo”;
b) Virgem gloriosa pela integridade da fé (Prefácio): como Maria, a Igreja é chamada a “guardar fidelidade total e pura ao seu Esposo” (Lumen Gentium, n. 64);
c) Esposa (Prefácio): unida a Cristo em um vínculo indissolúvel de amor. “A Igreja, meditando piedosamente na Virgem, (...) mais e mais se conforma com o seu Esposo” (LG, n. 65).
d) Mãe fecunda (Prefácio): à exemplo de Maria, também a Igreja é chamada a ser mãe, pois, “pela fiel recepção da palavra de Deus, pela pregação e pelo Batismo, gera, para vida nova e imortal, os filhos concebidos por ação do Espírito Santo” (LG, n. 64);
e) Rainha ornada com joias das virtudes (Prefácio): Por fim, a Igreja contempla em Maria sua vocação, “o que ela, toda ela, com alegria deseja e espera ser” (SC, n. 103).

Antífona de entrada
Salve, Santa Maria, espelho sem mancha!
Em vós a Igreja contempla a imagem puríssima de sua futura glória.

Oração do dia
Deus de poder e bondade, que manifestais na Virgem Maria o mais excelso fruto da redenção, fazendo-a refulgir como imagem puríssima da Igreja, concedei ao vosso povo peregrino nesta terra que, fixando nela o seu olhar, siga fielmente a Cristo, até chegar àquela plenitude da glória que, em Maria, alegra já contempla. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Oração sobre as oferendas
Fazei, Senhor, que a oferenda consagrada ao vosso nome nos purifique totalmente e a Igreja se conforme cada vez mais à imagem de Cristo, que ela já contempla e exalta em sua Mãe. Por Cristo, nosso Senhor.

Prefácio
Senhor, Pai santo, Deus eterno e onipotente, é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação dar-vos graças, sempre e em toda a parte, por Cristo, nosso Senhor;
Na vossa infinita bondade, destes à Igreja, como imagem puríssima da dedicação materna e da futura glória, a bem-aventurada Virgem Maria. Ela é a Virgem gloriosa pela integridade da sua fé; é a Esposa, pelo vínculo indissolúvel do amor, unida à Cristo e associada à sua Paixão; é a Mãe, fecunda pela virtude do Espírito Santo e solícita pelo bem de todos os homens; é a Rainha, adornada com as joias das virtudes, vestida de sol e coroada de estrelas, para sempre participante da glória do seu Senhor.
Por isso, com a multidão dos anjos, que adoram a vossa majestade e se alegram eternamente na vossa presença, proclamamos a vossa glória, cantando (dizendo) a uma só voz:

Antífona de Comunhão (Cf. Sb 7,26)
A Virgem Maria é o esplendor da luz eterna,
espelho puríssimo da atividade de Deus
e a imagem da sua bondade.

Ou (Cf. Lc 1,31):
Eis que conceberás em teu seio e darás à luz um Filho,
e lhe porás o nome de Jesus.

Oração após a Comunhão*
Concedei, Senhor, à vossa Igreja que, fortalecida por este admirável sacramento, siga com alegria os caminhos do Evangelho até chegar um dia à bem-aventurada visão da paz, da qual já goza na terna glória a Virgem Maria, vossa humilde serva. Por Cristo, nosso Senhor.

Leitura: Ap 21,1-5 (“Vi um novo céu e uma nova terra”)
Salmo: Is 12,2-3.4bcd.5-6 (R: v. 6b)
Evangelho: Lc 1,26-38 (Anunciação)

* Na oração após a Comunhão a Coletânea apresenta a conclusão “Por nosso Senhor Jesus Cristo...”. Porém, esta conclusão é própria das coletas. Aqui o correto é utilizar “Por Cristo, nosso Senhor”, como indica a IGMR, n. 89.


Fonte:
Lecionário para Missas de Nossa Senhora. Edições CNBB: Brasília, 2016, pp. 112-114.
Missas de Nossa Senhora. Edições CNBB: Brasília, 2016, pp. 147-150.

Missas de Nossa Senhora: Maria, Mãe da Igreja (II)

26. Bem-aventurada Virgem Maria, imagem e Mãe da Igreja (II)
(Para o Tempo Comum)

Introdução
Este formulário celebra Deus que, em sua imensa bondade, deu-nos a Virgem Maria como “admirável exemplo de virtudes” (Antífona de entrada). O fundamento desta celebração é o n. 65 da Constituição Dogmática Lumen Gentium do Concílio Vaticano II: “Ao passo que, na Santíssima Virgem, a Igreja alcançou já aquela perfeição sem mancha nem ruga que lhe é própria (cf. Ef 5,27), os fiéis ainda têm de trabalhar por vencer o pecado e crescer na santidade; e por isso levantam os olhos para Maria, que brilha como modelo de virtudes sobre toda a família dos eleitos”.
Recorda-se, primeiramente, Maria como modelo das três virtudes teologais: a fé, a esperança e a caridade, como expresso na Oração após a Comunhão. A virtude da caridade é recordada igualmente na Coleta, juntamente com a virtude da humildade.
Maria também é lembrada como modelo na virtude da piedade, perseverando na oração com os Apóstolos (At 1,14) e oferecendo continuamente a Deus o culto espiritual (Rm 12,1).
O Prefácio, por fim, é inspirado na Exortação Apostólica Marialis Cultus, do Beato Paulo VI, nn. 16-21, nos quais Maria é apresentada como modelo para a Igreja na celebração dos divinos mistérios: é a Virgem ouvinte (n. 17), orante (n. 18), fecunda (n. 19), oferente (n. 20), vigilante. Em suma, Maria “é modelo, sobretudo, daquele culto que consiste em fazer da própria vida uma oferenda a Deus” (n. 21).

Antífona de entrada
Sois digna de todo louvor, ó Santa Virgem Maria,
porque de vós nasceu Jesus Cristo, nosso Deus
e resplandeceis na Igreja como admirável exemplo de virtudes.

Oração do dia
Senhor Deus, que nos destes a bem-aventurada Virgem Maria como exemplo de caridade sublime e de profunda humildade, concedei à vossa Igreja que, prosseguindo como Maria no mandamento do amor, se consagre à vossa glória e ao serviço dos homens, e seja, em meio de todos os povos sacramento de vossa caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Oração sobre as oferendas
Transformai, Senhor, em sacramento de salvação os dons que apresentamos com alegria ao vosso altar, celebrando a memória da Virgem Maria, que resplandece em vossa Igreja como exemplo do verdadeiro culto espiritual, pelo qual nos devemos oferecer a nós mesmos como vítima santa que vos agrade. Por Cristo, nosso Senhor.

Prefácio
Senhor, Pai santo, Deus eterno e onipotente, é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação dar-vos graças, sempre e em toda a parte, por Cristo, nosso Senhor;
Na vossa infinita bondade destes à Igreja, Virgem e Mãe, como modelo do verdadeiro culto, a Virgem Maria. Ela, virgem ouvinte, escuta com alegria as vossas palavras e, guardando-as no coração, silenciosa as medita. Virgem orante, com seu cântico de louvor exalta a vossa misericórdia, solícita intercede pelos esposos em Caná e se associa no Cenáculo à oração dos Apóstolos. Virgem fecunda, que dá à luz o Filho gerado por obra do Espírito Santo e, junto à cruz, é proclamada Mãe do povo da nova aliança. Virgem oferente, vos apresenta no templo seu Primogênito e, junto à árvore da vida, se une à sua oblação redentora. Virgem vigilante, espera firmemente a ressurreição do seu Filho e aguarda confiante a descida do Espírito Santo.
Por isso, com todos os anjos e santos, proclamamos a vossa glória, cantando (dizendo) a uma só voz:

Antífona de Comunhão
Bendita sois vós, Virgem Maria, cheia de graça.
Para vós erguemos os nossos olhos,
porque para toda a comunidade dos eleitos
brilhais como exemplo de virtude.

Oração após a Comunhão*
Depois de participarmos nos santos mistérios da vossa mesa, recebendo com espírito de piedade o Corpo e o Sangue do vosso Filho, humildemente vos pedimos, Senhor, que a vossa Igreja, contemplando a Santa Virgem Maria, seja sempre fervorosa na fé, fortalecida na caridade e confirmada na esperança da futura glória. Por Cristo, nosso Senhor.

Leitura: At 1,12-14 (“Perseveravam na oração em comum... com Maria, Mãe de Jesus”)
Salmo: Sl 86,1-2.3.5.6-7 (R: v. 3)
Evangelho: Jo 2,1-11 (Bodas de Caná)

* Na oração após a Comunhão a Coletânea apresenta a conclusão “Por nosso Senhor Jesus Cristo...”. Porém, esta conclusão é própria das coletas. Aqui o correto é utilizar “Por Cristo, nosso Senhor”, como indica a IGMR, n. 89.


Fonte:
Lecionário para Missas de Nossa Senhora. Edições CNBB: Brasília, 2016, pp. 109-111.
Missas de Nossa Senhora. Edições CNBB: Brasília, 2016, pp. 143-146.

Missas de Nossa Senhora: Maria, Mãe da Igreja (I)

25. Bem-aventurada Virgem Maria, imagem e Mãe da Igreja (I)
(Para o Tempo Comum)

Introdução
Na conclusão da III Sessão do Concílio Vaticano II, no dia 21 de novembro de 1964, o Beato Papa Paulo VI proclamou solenemente a Virgem Maria como “Mãe da Igreja”. Como fruto desta proclamação, no Ano Mariano de 1974, que antecedeu o Jubileu de 1975, foi composta a Missa votiva de “Maria, Mãe da Igreja”, inserida a seguir no Missal Romano (pp. 952-953), e aqui reproposta, com uma nova tradução.
Esta celebração apresenta os fundamentos bíblicos para tal título, recordando os principais momentos da história da salvação nos quais Maria manifesta seu encargo materno para com a Igreja:
a) Encarnação: ao dar à luz Jesus Cristo, Cabeça da Igreja, Maria “acalentou a Igreja que nascia” (Prefácio);
b) Paixão: o “Filho Unigênito pregado na cruz nos deu a sua Mãe, a Virgem Maria, como nossa Mãe” (Coleta);
c) Pentecostes: unida aos Apóstolos em oração na expectativa da vinda do Espírito, Maria “tornou-se modelo da Igreja orante” (Prefácio);
d) Assunção: por fim, a partir de sua Assunção ao céu, “acompanha até hoje com amor de Mãe a Igreja que caminha na terra” (Prefácio).

Antífona de entrada (At 1,14)
Os discípulos perseveravam unidos na oração,
com Maria, Mãe de Jesus.

Oração do dia
Ó Deus, Pai de misericórdia, vosso Filho Unigênito pregado na cruz nos deu a sua Mãe, a Virgem Maria, como nossa Mãe. Concedei, vos pedimos, que por sua cooperação de amor a vossa Igreja seja cada dia mais fecunda, exulte pela santidade de seus filhos e atraia ao seu seio as famílias de todos os povos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Oração sobre as oferendas
Recebei, Senhor, as nossas oferendas e transformai-as em sacramento de salvação; por sua força sejamos inflamados no amor da Virgem Maria, Mãe da Igreja, e alcancemos associar-nos mais estreitamente a ela na obra da redenção. Por Cristo, nosso Senhor.

Prefácio
Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo o lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso, e na celebração da Santa Virgem Maria, engrandecer-vos com os devidos louvores.
Acolhendo a vossa Palavra no coração sem mancha, mereceu concebê-lo no seio virginal e, ao dar à luz o Fundador, acalentou a Igreja que nascia. Recebendo aos pés da cruz o testamento da caridade divina, assumiu todos os seres humanos como filhos e filhas, renascidos para a vida eterna, pela morte de Cristo. Ao esperar com os Apóstolos o Espírito Santo, unindo suas súplicas às preces dos discípulos, tornou-se modelo da Igreja orante. Arrebatada à glória dos céus, acompanha até hoje com amor de Mãe a Igreja que caminha na terra, guiando-lhe os passos para a pátria, até que venha o dia glorioso do Senhor.
Por isso, com os anjos e os santos, proclamamos a vossa glória, cantando (dizendo) a uma só voz:

Antífona de Comunhão (Jo 19,26-27)
Pendente da cruz,
disse Jesus ao discípulo amado:
Eis tua Mãe.

Ou:
Bendita sejais, Maria, Mãe e Virgem, cheia de graça,
Que resplandeceis na Igreja como exemplo de fé, esperança e caridade.

Oração após a Comunhão
Tendo recebido o penhor da redenção e da vida, nós vos pedimos, Senhor, que a vossa Igreja, pela materna intercessão da Virgem Maria, instrua todas as nações pelo anúncio do Evangelho e encha a terra toda com a efusão do Espírito Santo. Por Cristo, nosso Senhor.

Leitura: Gn 3,9-15.20 (“Ela é a mãe de todos os viventes”)
Salmo: Jt 13,18bcde.19 (R: 15,9b)
Evangelho: Jo 19,25-27 (“Este é o teu filho... Esta é a tua Mãe”)


Fonte:
Lecionário para Missas de Nossa Senhora. Edições CNBB: Brasília, 2016, pp. 106-108.
Missas de Nossa Senhora. Edições CNBB: Brasília, 2016, pp. 139-142.

sábado, 29 de julho de 2017

Homilia: XVII Domingo do Tempo Comum - Ano A

Santo Irineu de Lião
Tratado contra as heresias
O mistério de Cristo escondido nas Escrituras

Portanto, se alguém lê atentamente as Escrituras encontrará nelas a palavra a respeito de Cristo e a figura antecipada da nova vocação. Este é o tesouro escondido no campo, ou seja, neste mundo - visto que o campo é o mundo -, escondido nas Escrituras, pois estava insinuado nos tipos e figuras, que os seres humanos não podiam naturalmente compreender antes que se cumprisse o que estava profetizado, ou seja, a vinda de Cristo.
Por isso o profeta Daniel dizia: Oculta as palavras e sela o livro até o tempo final, até que muitos aprendam e se cumpra o que sabem. Porque, quando a perseguição chegar ao fim, se saberão todas estas coisas. E Jeremias diz: Estas coisas se compreenderão ao final dos tempos. Na realidade, qualquer profecia é para os seres humanos enigmática e ambígua até que se cumpra; mas quando chega o tempo e acontece o que foi profetizado, então se podem explicar as profecias claramente.
Por isso, ainda em nossos tempos o que se lê na Lei parece uma fábula para os judeus: é porque eles não têm aquilo que explica tudo, como é o que diz respeito à vinda do Filho de Deus feito homem. Mas, para os cristãos, quando o leem, torna-se o tesouro escondido no campo, revelado e explicado pela cruz de Cristo, que confere entendimento aos seres humanos e mostra a sabedoria de Deus; também manifesta as economias em favor dos homens, prefigura o reino de Cristo e anuncia antecipadamente a herança da cidade santa.
Desde antes proclama que a pessoa enamorada de Deus avançará de tal maneira, que verá a Deus e escutará a sua Palavra; e desta escuta receberá tal esplendor, que os outros não poderão olhar a glória de seu rosto, como disse Daniel: Os sábios brilharão como lamparinas no firmamento, e a multidão dos justos como estrelas, pelos séculos sem fim.
Por conseguinte, se alguém lê as Escrituras como acabamos de explicar - assim como Cristo ensinou aos discípulos, depois de ressuscitar dentre os mortos, mostrando-lhes a partir das Escrituras que era necessário que o Cristo padecesse todas estas coisas e assim entrasse em sua glória, e em seu nome se anunciará o perdão dos pecados em todo o mundo -, chegará a ser um perfeito discípulo, como aquele pai de família que tira de seu tesouro coisas novas e velhas.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 183-184. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de Orígenes para este domingo clicando aqui.

Missas de Nossa Senhora: Maria, sede da Sabedoria

24. Bem-aventurada Virgem Maria, sede da Sabedoria
(Para o Tempo Comum)

Introdução
Desde o início da Igreja Jesus é identificado com a Sabedoria apresentada pelos Livros Sapienciais do Antigo Testamento. Sendo Maria a Mãe de Jesus, é natural que ela seja invocada em sua estreita relação com o mistério da Sabedoria de Deus. Portanto, é invocada como Mãe da Sabedoria, Fonte da Sabedoria, Casa da Sabedoria e sobretudo Sede da Sabedoria.
Diversos institutos religiosos e universidades católicas celebram esta relação entre a Virgem e a Sabedoria. Os textos desta Missa (exceto o Prefácio), por exemplo, são retirados do Próprio das Missas da Sociedade de Maria (Marianistas).
A celebração de Maria como sede da Sabedoria comporta dois aspectos: primeiramente, ela é a sede da Sabedoria por trazer em seu seio Jesus Cristo, Sabedoria de Deus. Ela é o verdadeiro trono da Sabedoria, pois o Menino em seu colo é Aquele a quem os sábios reconheceram como o Rei e Salvador (Mt 2,1-12).
Em segundo lugar, a própria Virgem é modelo de sabedoria e prudência, capaz de “escolher a melhor parte” (Lc 10,42); é a mestra da verdade, que acolhendo a Palavra de Deus em seu coração (Lc 2,19.51), confia à Igreja palavras de salvação. Como afirma a 2ª opção de Coleta, Maria nos ensina com seu exemplo a verdadeira sabedoria: a humildade.

Antífona de entrada
Bendita sois vós, ó Maria, Virgem sábia,
que trouxestes em vosso seio a Palavra da Verdade.
Bendita sois vós, Virgem prudente,
que escolhestes a melhor parte.

Oração do dia
Pai santo, Deus eterno, que quisestes estabelecer na Virgem santíssima o trono real da vossa Sabedoria, iluminai a vossa Igreja coma luz do Verbo da Vida, para que progredindo diligentemente no esplendor da verdade, alcance a perfeita felicidade no pleno conhecimento do vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Ou:
Deus de infinita sabedoria, que. para levantar o homem decaído pelo pecado, fizestes da Virgem Maria a sede da vossa sabedoria, concedei-nos, pela sua intercessão, a graça de evitarmos a soberba e de vos servirmos com sincera humildade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Oração sobre as oferendas*
Santificai, Senhor, as oferendas que vos apresentamos e, pela intercessão da gloriosa Virgem Maria, preparai em nossos corações uma digna morada da vossa Sabedoria. Por Cristo, nosso Senhor.

Prefácio
Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso, é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação dar-vos graças, sempre e em toda a parte, por Cristo, nosso Senhor.
Pela vossa infinita bondade, cumpristes na Santa Virgem Maria o mistério da nossa reconciliação, preparado antes de todos os séculos. Ao chegar à plenitude dos tempos, a Sabedoria edificou a sua morada nas entranhas puríssimas da Virgem e o Criador dos tempos nasceu no tempo, como novo Adão, para nos livrar da antiga condição do pecado e dar-nos a vida nova da graça.
Por isso, com os anjos e os santos, proclamamos a vossa glória, cantando (dizendo) a uma só voz:

Antífona de Comunhão (Pr 9,5.6b)
Vinde, comei o meu pão
e bebei o vinho que vos preparei;
e andai pelos caminhos da prudência.

Oração após a Comunhão*
Por este santo sacrifício, Senhor, infundi em nossos corações a luz da vossa sabedoria, que inundou maravilhosamente a Mãe do vosso Filho, para que vos conheçamos sempre melhor e vos amemos cada vez mais. Por Cristo, nosso Senhor.

Leitura: Pr 8,22-31 (“Assim fala a Sabedoria de Deus”) ou Eclo 24,1-2.5-7.12-16.26-31 (“A Sabedoria em Deus será honrada”)
Salmo: Sl 147,12-13.14-15.19-20 (R: Jo 1,14)
Evangelho: Mt 2,1-12 (Adoração dos magos) ou Lc 2,15b-19 (Adoração dos pastores) ou Lc 10,38-42 (“Maria escolheu a melhor parte”)

* Nas orações sobre as oferendas e após a Comunhão a Coletânea apresenta a conclusão “Por nosso Senhor Jesus Cristo...”. Porém, esta conclusão é própria das coletas. Aqui o correto é utilizar “Por Cristo, nosso Senhor”, como indica a IGMR, nn. 77 e 89.


Fonte:
Lecionário para Missas de Nossa Senhora. Edições CNBB: Brasília, 2016, pp. 101-105.
Missas de Nossa Senhora. Edições CNBB: Brasília, 2016, pp. 135-138.

Missas de Nossa Senhora: Maria, templo do Senhor

23. Bem-aventurada Virgem Maria, templo do Senhor
(Para o Tempo Comum)

Introdução
Jesus no Evangelho apresenta-se como o templo (Jo 2,19-22), através do qual se adora o Pai “em espírito e verdade” (Jo 4,23). A teologia paulina estende esta imagem do templo para a Igreja, seja ela considerada em sua totalidade (Ef 2,19-21), seja em relação a cada fiel (1Cor 3,16-17): “Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós?”.
Sendo cada fiel cristão “templo do Senhor”, por especial razão este título pode ser aplicado à Virgem Maria, que carregou em seu seio o próprio Filho de Deus e conservou fielmente em seu coração a Palavra de Deus (Lc 2,16-17). A imagem do templo aplicada a Maria celebra, pois, sua maternidade e sua santidade de vida.
Note-se que o próprio relato da Anunciação (proposto como Evangelho desta Missa) encontra notáveis paralelos com a dedicação do templo de Salomão (sugerida como opção de leitura). Ambos são descritos com a imagem da nuvem/sombra de Deus que desce e santifica o seio de Maria e o templo.
Ainda nesta Missa se recordam outros títulos de Maria relacionados à imagem do templo: casa de ouro, palácio do rei, cidade santa, arca da aliança (Prefácio), morada do Altíssimo (Antífona de Comunhão).

Antífona de entrada (Ap 21,3)
Do trono ouvi uma voz forte que dizia:
“Eis a morada de Deus com os homens.
Deus habitará com os homens:
eles serão o seu povo
e o próprio Deus, no meio deles, será o seu Deus”.

Oração do dia
Ó Deus, que de modo admirável edificastes uma digna habitação para o vosso Filho no seio virginal de Maria, concedei que guardando fielmente a graça do Batismo, vos adoremos em espírito e verdade e mereçamos também nós ser templos vivos de vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Oração sobre as oferendas
Recebei, Senhor, as oferendas que vos apresentamos ao celebrar a memória da Virgem Maria, cuja vida é para nós perfeito exemplo de oração e de louvor. Concedei-nos que, seguindo o caminho de santidade por ela percorrido, vos ofereçamos nossa vida como sacrifício perfeito. Por Cristo, nosso Senhor.

Prefácio*
Na verdade, ó Pai, Deus eterno e todo-poderoso, é nosso dever dar-vos graças, é nossa salvação dar-vos glória, em todo tempo e lugar.
Em nossos corações preparais vossa morada, a qual, pela graça do Espírito Santo, purificais iluminando e santificais habitando. Assim, pela obediência da fé e pelo mistério da encarnação, a Virgem Maria se tornou templo singular de vossa glória; casa de ouro, ornada pelo Espírito com abundantes virtudes; palácio do rei, radiante do esplendor da verdade; cidade santa, à qual os canais da graça alegram; arca da nova aliança, que contém o autor da nova lei, Jesus Cristo, Senhor nosso.
Por Ele a multidão dos anjos adora a vossa majestade e perante os vossos olhos se dobra eternamente. Pedimos que associeis a eles nossas vozes, para em unânime exultação cantar (dizer):

Antífona de Comunhão (Cf. Sl 45,5-6)
Bendita seja a Santa Virgem Maria,
a mais santa das moradas do Altíssimo.
Deus está no meio dela e a torna inabalável.

Oração após a Comunhão
Sustentados pelo alimento celeste, Senhor, dai que a exemplo da Virgem Maria vos sirvamos com pureza de vida, vos respeitemos presente em nossos irmãos, e junto com ela vos exaltemos com dignos louvores. Por Cristo, nosso Senhor.

Leitura: 1Rs 8,1.3-7.9-11 (“Uma nuvem encheu o templo do Senhor”) ou Ap 21,1-5a (“Esta é a morada de Deus entre os homens”)
Salmo: Sl 83,3.4.5.10.11 (R: Ap 21,3b)
Evangelho: Lc 1,26-38 (Anunciação)

* A frase em itálico no Prefácio foi omitida nesta tradução da Coletânea. Curiosamente, ela é citada na introdução à Missa duas páginas antes.


Fonte:
Lecionário para Missas de Nossa Senhora. Edições CNBB: Brasília, 2016, pp. 97-100.
Missas de Nossa Senhora. Edições CNBB: Brasília, 2016, pp. 131-133.

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Missas de Nossa Senhora: Maria, serva do Senhor

22. Santa Maria, serva do Senhor
(Para o Tempo Comum)

Introdução
No Evangelho, Maria declara-se por duas vezes “serva do Senhor”: quando acolhe o anúncio do anjo (Lc 1,38) e quando proclama as “maravilhas do Senhor” no Magnificat (Lc 1,48). Estritamente ligada a Cristo, Servo do Senhor por excelência, Maria é com razão invocada como serva por diversos institutos religiosos. As orações deste formulário são, pois, tomadas do Próprio das Missas da Congregação da Paixão de Jesus Cristo (Passionistas).
Esta Missa celebra o misericordioso desígnio de Deus, que escolheu Maria, sua humilde serva, para ser a Mãe de seu Filho Unigênito. Ela, acolhendo a vontade de Deus de todo o coração, dedicou toda a sua vida à obra de salvação do Filho. Portanto, nas orações desta Missa, Maria é invocada como “humilde serva” (Coleta), “dócil serva” (Sobre as oferendas), “servidora da piedade” (Prefácio).
Por fim, cumpre dizer que “a que se proclamou serva humilde, como rainha gloriosa foi exaltada junto do Filho” (Prefácio). Como canta o Magnificat, Deus de fato “exaltou os humildes” (Lc 1,52).

Antífona de entrada (Lc 1,47-48)
O meu espírito exulta em Deus, meu Salvador,
porque olhou para a humildade da sua serva.

Oração do dia
Ó Deus, que por misericordioso desígnio de redenção escolhestes a Virgem Maria, vossa humilde serva, para Mãe e companheira de Cristo, concedei-nos que, olhando continuamente para ela nos dediquemos de todo coração ao vosso serviço e trabalhemos amorosamente pela salvação dos homens. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Oração sobre as oferendas
Acolhei benignamente, Senhor, as súplicas e dons que vos oferecemos na comemoração da Virgem Maria, dócil serva totalmente dedicada ao vosso serviço. Concedei que nos ofereçamos a nós mesmos como vítima agradável a vossos olhos. Por Cristo, nosso Senhor.

Prefácio
Na verdade, Pai santo, é nosso dever dar-vos graças, é nossa salvação dar-vos glória, em todo tempo e lugar.
Vós vos agradastes singularmente da Virgem Maria, pois ela, abraçando vossa vontade salvadora, se devotou totalmente à obra de vosso Filho, servindo fielmente ao mistério da redenção. Porque plenamente serviu a Cristo vós muito a honrastes, e a que se proclamou serva humilde, como rainha gloriosa a exaltastes junto do Filho, a quem pede benigna por nós como servidora da piedade.
Por isso, com a multidão dos anjos e dos santos, vos louvamos ser cessar, dizendo (cantando) a uma só voz:

Antífona de Comunhão (Sl 85,16)
Voltai para mim os vossos olhos e tende piedade de mim.
Salvai o filho da vossa serva.

Oração após a Comunhão
Saciados com o alimento espiritual, humildemente vos pedimos Senhor, que, imitando sempre a Virgem Maria, nos dediquemos à missão da Igreja e sintamos alegria no vosso serviço. Por Cristo, nosso Senhor.

Leitura: 1Sm 1,24-28; 2,1-2.4-8 (“Eu sou a mulher que esteve aqui orando ao Senhor”)
Salmo: Lc 1,46-48a.48b-49.50-51.52-53.54-55 (R: v. 48a)
Evangelho: Lc 1,26-38 (Anunciação)


Fonte:
Lecionário para Missas de Nossa Senhora. Edições CNBB: Brasília, 2016, pp. 93-96.
Missas de Nossa Senhora. Edições CNBB: Brasília, 2016, pp. 127-129.

Missas de Nossa Senhora: Nome de Maria

21. Santo Nome da Bem-aventurada Virgem Maria
(Para o Tempo Comum)

Introdução
Dentre as Missas votivas propostas no Missal Romano, está a Missa do Santíssimo Nome de Maria (p. 954). Esta possui, porém, apenas a coleta (mantida aqui, com uma nova tradução). Para este formulário, foram acrescentadas as outras orações, tomadas do Próprio da Companhia de Maria (exceto o Prefácio).
Esta celebração nos recorda que o nome pelo qual nos vem a salvação é o de Jesus (cf. At 4,12; Fl 2,10), como expresso no início do Prefácio. A Oração sobre as oferendas recorda ainda que o exemplo de Maria deve levar-nos a “aderir a Cristo”.
Por seu estreito vínculo com seu Filho, também o nome de Maria pode ser invocado pelos fiéis, como forma de recordar a sua materna intercessão (Coleta e Prefácio). O próprio Evangelho atesta o louvor devido ao nome de Maria: o anjo a saúda como “cheia de graça” (Lc 1,30); ela canta que “todas as gerações a chamarão bem-aventurada” (Lc 1,38).
A comemoração do Nome de Maria pode celebrar-se no dia 12 de setembro, logo após a Festa da Natividade de Maria (08 de setembro), como é costume em muitos institutos religiosos.

Antífona de entrada (Cf. Jt 13,18.19)
Bendita sois vós pelo Senhor, Deus Altíssimo,
entre todas as mulheres da terra, ó bem-aventurada Virgem Maria.
O Senhor deu tanta glória ao vosso nome
que todas as gerações cantarão os vossos louvores.

Oração do dia
Deus de bondade infinita, vosso Filho Unigênito, ao morrer na cruz, nos quis dar como nossa Mãe a bem-aventurada Virgem Maria, que Ele escolhera como sua Mãe. Fazei que, pela invocação do seu nome, sintamos o auxílio da sua materna proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Oração sobre as oferendas
Olhai, Senhor, para estas ofertas, para que nossos corações inundados pela luz do Espírito Santo, a exemplo da sempre Virgem Maria, se esforcem por aderir a Cristo, vosso Filho, só para Ele viver e só a Ele em tudo agradar. Por Cristo, nosso Senhor.

Prefácio*
Na verdade, ó Pai, Deus eterno e todo-poderoso, é nosso dever dar-vos graças, é nossa salvação dar-vos glória, em todo tempo e lugar.
No nome de Jesus está a nossa salvação e ao seu nome se dobra todo joelho, no céu, na terra e nos abismos. Mas quisestes, pela vossa benigna providência, que também o nome da bem-aventurada Virgem Maria ressoe muitas vezes nos lábios dos fiéis, que confiantemente olham para ela como estrela luminosa, a invocam nos perigos como mãe e com segura esperança a ela recorrem nas necessidades.
Por isso vos damos graças e, com os coros dos anjos, proclamamos a vossa glória, dizendo (cantando) a uma só voz:

Antífona de Comunhão (cf. Lc 1,48)
Todas as gerações me proclamarão bem-aventurada,
porque Deus olhou para a humildade da sua serva.

Oração após a Comunhão
Aos que fortalecestes à mesa da palavra e do sacramento, dai Senhor, nós vos rogamos, sob a direção e o amparo da Virgem Maria, rejeitar tudo o que é contrário ao nome cristão e seguir tudo o que a ele conforma. Por Cristo, nosso Senhor.

Leitura: Eclo 24,23-31 (“Minha lembrança dura por todos os séculos”)
Salmo: Lc 1,46-48.49-50.53-54 (R: v. 47)
Evangelho: Lc 1,26-38 (Anunciação)

*Na Coletânea, este Prefácio apresenta duas vezes a introdução, com traduções diferentes. Optamos por manter apenas a primeira.


Fonte:
Lecionário para Missas de Nossa Senhora. Edições CNBB: Brasília, 2016, pp. 90-92.
Missas de Nossa Senhora. Edições CNBB: Brasília, 2016, pp. 123-125.

Ângelus do Papa: XVI Domingo do Tempo Comum - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 23 de julho de 2017

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
A página evangélica de hoje propõe três parábolas com as quais Jesus fala às multidões sobre o Reino de Deus. Analiso a primeira: a do grão bom e da erva daninha, que ilustra o problema do mal no mundo e ressalta a paciência de Deus (Mt 13,24-30.36-43). Quanta paciência tem Deus! Também cada um de nós pode dizer isto: «Quanta paciência tem Deus comigo!». A narração situa-se num campo com dois protagonistas opostos. Por um lado, o dono do campo que representa Deus e espalha a semente boa; por outro, o inimigo que representa Satanás e espalha a erva daninha.

Com o passar do tempo, no meio do trigo cresce também o joio, e face a esta realidade o dono e os seus servos têm atitudes diferentes. Os servos queriam intervir arrancando o joio; mas o dono, que se preocupa sobretudo com a salvação do trigo, opõe-se dizendo: «Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis também o trigo com ele» (v. 29). Com esta imagem, Jesus diz-nos que neste mundo o bem e o mal estão tão interligados, que é impossível separá-los e arrancar todo o mal. Só Deus pode fazer isto e fá-lo-á no juízo final. Com as suas ambiguidades e com o seu caráter multifacetado, a situação presente é o campo da liberdade, o campo da liberdade dos cristãos, no qual se cumpre o difícil exercício do discernimento entre o bem e o mal.

E, por conseguinte, trata-se de conjugar neste âmbito, com grande confiança em Deus e na sua providência, duas atitudes aparentemente contraditórias: a decisão e a paciência. A decisão consiste em querer ser grão bom - todos o queremos -, com todas as nossas forças, e portanto afastarmo-nos do maligno e das suas seduções. A paciência significa preferir uma Igreja que é fermento na massa, que não teme sujar as mãos lavando as roupas dos seus filhos, e não uma Igreja de «puros», que pretende julgar antes do tempo quem está no Reino de Deus e quem não.

O Senhor, que é a Sabedoria encarnada, ajuda-nos hoje a compreender que o bem e o mal não se podem identificar com territórios definidos ou determinados grupos humanos: «Estes são os bons, este são os maus». Ele diz-nos que a linha de fronteira entre o bem e o mal passa pelo coração de cada pessoa, passa pelo coração de cada um de nós, ou seja: somos todos pecadores. Sinto vontade de vos perguntar: «Quem não é pecador levante a mão». Ninguém! Porque todos o somos, somos todos pecadores. Jesus Cristo, com a sua morte na cruz e a sua ressurreição, libertou-nos da escravidão do pecado e concedeu-nos a graça de caminhar rumo a uma nova vida; mas com o Batismo concedeu-nos também a Confissão, porque temos sempre necessidade de ser perdoados dos nossos pecados. Olhar sempre e unicamente para o mal que está fora de nós, significa não querer reconhecer o pecado que está também em nós.

E depois Jesus ensina-nos um modo diverso de olhar para o campo do mundo, de observar a realidade. Somos chamados a aprender os tempos de Deus - que não são os nossos tempos - e também o “olhar” de Deus: graças à influência benéfica de uma expectativa trepidante, aquilo que era joio ou parecia joio, pode tornar-se um produto bom. É a realidade da conversão. É a perspectiva da esperança!

Que a Virgem Maria nos ajude a colher na realidade que nos circunda não só a sujidade e o mal, mas também o que é bem e bom; a desmascarar a obra de Satanás, mas sobretudo a confiar na ação de Deus que fecunda a história.


Fonte: Santa Sé.

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Missas de Nossa Senhora: Maria, nova mulher

20. Santa Maria, nova mulher
(Para o Tempo Comum)

Introdução
Desde o século II, pelos testemunhos de São Justino e Santo Irineu, Maria é reconhecida como a “nova Eva” ou a “nova mulher”, estreitamente ligada a Cristo, novo Adão (1Cor 15,45), na obra da salvação.
Com efeito, a fé e a obediência de Maria contrapõem-se à incredulidade e a desobediência de Eva, como afirma Santo Irineu: “O nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria” (Adversus haereses, 3,22,4).
Neste formulário se celebra o “mistério da Mulher”, realizado por Maria e pela Igreja, anunciado no “Protoevangelho” (Gn 3,15), proclamado por Jesus Cristo (Jo 2,4; 19,26) e celebrado no livro do Apocalipse (Ap 12,1).
Nesta Missa Maria é invocada como primícias da nova criação (Coleta); primícias do novo povo, discípula da nova lei (Prefácio); virgem fiel (Sobre as oferendas); mulher nova, alegre no serviço, ditosa pela fé e forte na tribulação (Prefácio).

Antífona de entrada (Ap 12,1)
Um grande sinal apareceu no céu:
uma Mulher vestida de sol,
com a lua debaixo de seus pés,
e uma coroa de doze estrelas em sua cabeça.

Oração do dia
Senhor nosso Deus, que fizestes da bem-aventurada Virgem Maria, formada pelo Espírito Santo, as primícias da nova criação, concedei-nos que, rejeitando a antiga situação do pecado, sigamos de coração sincero a vida nova do Evangelho e cumpramos fielmente o mandamento novo do amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Oração sobre as oferendas
Ao celebrarmos a memória da bem-aventurada Virgem Maria que se uniu plenamente ao sacrifício da nova aliança, nós vos apresentamos Senhor estes dons e humildemente vos pedimos a graça de viver santamente todos os dias de nossa vida. Por Cristo, nosso Senhor.

Prefácio*
Na verdade, ó Pai, Deus eterno e todo-poderoso, é nosso dever dar-vos graças, é nossa salvação dar-vos glória, em todo tempo e lugar.
A Cristo, autor da nova aliança, destes como Mãe a Santa Virgem Maria e a associastes ao seu mistério de salvação, constituindo-a primícias do vosso novo povo. Concebida sem mancha de pecado e enriquecida com os dons da vossa graça, ela é verdadeiramente a mulher nova, a primeira discípula da nova lei. É a mulher alegre no vosso serviço, dócil à voz do Espírito Santo e solícita na fidelidade à vossa palavra. É a mulher ditosa pela sua fé, abençoada em seu Filho, e exaltada entre os humildes. É a mulher forte na tribulação, firme junto à cruz do seu Filho, gloriosa na sua partida deste mundo.
Por isso, com a multidão dos anjos, proclamamos a vossa glória, dizendo (cantando) a uma só voz:

Antífona de Comunhão (cf. Sl 86/87,3; Lc 1,49)
Grandes coisas se dizem de vós, ó Virgem Maria,
porque em vós o Senhor fez maravilhas.

Oração após a Comunhão**
Senhor, Pai santo, que destes à Virgem Maria um coração novo, concedei-nos, pela força do sacramento que recebemos, a graça de sermos fieis às inspirações do Espírito Santo e nos configuremos dia a dia à imagem de Cristo, o homem novo. Que vive e reina para sempre.

Leitura: Ap 21,1-5a (“Eis que faço novas todas as coisas”)
Salmo: Is 61,10a-d.f.11;62,2-3 (R: Vós sois, ó Maria, a cidade do Senhor em que habita a justiça)
Evangelho: Lc 1,26-38 (Anunciação) ou Jo 2,1-11 (Bodas de Caná)

*Na Coletânea, este Prefácio apresenta duas vezes a introdução, com traduções diferentes. Optamos por manter apenas a primeira.
**Na oração após a Comunhão, a Coletânea apresenta a conclusão “Que convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo”, própria das coletas. Aqui o correto é utilizar “Que vive e reina para sempre”, como indica a IGMR, n. 89.


Fonte:
Lecionário para Missas de Nossa Senhora. Edições CNBB: Brasília, 2016, pp. 85-89.
Missas de Nossa Senhora. Edições CNBB: Brasília, 2016, pp. 119-122.

Missas de Nossa Senhora: Maria, Mãe do Senhor

19. Santa Maria, Mãe do Senhor
(Para o Tempo Comum)

Introdução
Dentre os títulos de Maria no Evangelho, um dos primeiros é o de “Mãe do Senhor”. Assim a saudou Isabel, movida pelo Espírito Santo (Lc 1,41): “Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?” (Lc 1,42).
A Missa proposta aqui consta no Missal Romano (pp. 735-736), no Comum de Nossa Senhora para o Tempo Comum, formulário n. 3 (apenas com pequenas diferenças na tradução). O prefácio foi tomado do Próprio das Missas da Ordem da Bem-aventurada Virgem Maria das Mercês (Mercedários).
As orações celebram, de maneira bastante sóbria, o mistério da maternidade divina de Maria, ao mesmo tempo em que recordam sua maternidade para com a Igreja. Como afirma o Prefácio, ela “exerce a sua função materna na Igreja” por suas palavras, seu exemplo e suas preces.
Destaca-se também a leitura proposta, que recorda outro título de Maria: “arca da aliança”. A leitura complementa o Evangelho: Maria é verdadeiramente a “arca da nova aliança” que leva Jesus Cristo ao encontro de seu povo, representados aqui por Isabel e João Batista.

Antífona de entrada (Cf. Jt 13,23.25)
Bendita sois vós, ó Maria,
pelo Senhor Deus dos céus
entre todas as mulheres da terra.
Porque de tal modo engrandeceu o vosso nome
que todas as gerações cantarão os vossos louvores.

Oração do dia
Ao celebrarmos a memória gloriosa da santíssima Virgem Maria, Mãe do Senhor, vos pedimos, ó Deus, que por sua intercessão mereçamos participar nós também da plenitude da vossa graça. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Oração sobre as oferendas
Ao celebrarmos com alegria a memória da Mãe do vosso Filho, nós vos apresentamos, Senhor, este sacrifício de ação de graças. Concedei-nos por esta admirável permuta de dons aumentem em nós os frutos da redenção eterna. Por Cristo, nosso Senhor.

Prefácio
Na verdade, ó Pai, Deus eterno e todo-poderoso, é nosso dever dar-vos graças, é nossa salvação dar-vos glória, em todo tempo e lugar.
Vós fizestes maravilhas na Mãe do vosso Filho e por ela não cessais de realizar em nós a salvação: porque Maria, por desígnio admirável da vossa providência, exerce a sua função materna na Igreja e é fiel despenseira da vossa graça; por suas palavras nos aconselhais, por seu exemplo nos atraís ao seguimento de Cristo e por suas preces nos perdoais.
Por isso, nós vos damos graças e, com a multidão dos anjos, proclamamos a vossa glória, dizendo (cantando) a uma só voz:

Antífona de Comunhão (cf. Lc 1,48)
Todas as gerações me chamarão bem-aventurada,
porque Deus olhou para a sua humilde serva.

Oração após a Comunhão
Senhor, que nos alimentais com este sacramento celeste, ao celebrarmos a memória da bem-aventurada Virgem Maria, concedei-nos a graça de tomar parte no banquete do reino dos céus. Por Cristo, nosso Senhor.

Leitura: 1Cr 15,3-4.15-16; 16,1-2 (“A arca do Senhor”)
Salmo: Sl 131,11.13-14.17-18 (R: 11b)
Evangelho: Lc 1,39-47 (Visitação)


Fonte:
Lecionário para Missas de Nossa Senhora. Edições CNBB: Brasília, 2016, pp. 82-84.
Missas de Nossa Senhora. Edições CNBB: Brasília, 2016, pp. 115-117.

Festa do Redentor em Veneza

No último dia 16 de julho Dom Francesco Moraglia, Patriarca de Veneza, celebrou a Festa do Redentor.

Esta festa se celebra no terceiro domingo do mês julho na Igreja do Redentor em Veneza, em agradecimento a Deus pelo fim da peste que matou um terço dos habitantes da cidade em 1577. Celebra-se a Santa Missa e em seguida se concede a Bênção Eucarística na porta da igreja em direção à cidade.

Procissão de entrada

Ritos iniciais
Liturgia Eucarística
Doxologia

sábado, 22 de julho de 2017

Homilia: XVI Domingo do Tempo Comum - Ano A

São João Crisóstomo
Sermão 46 sobre o Evangelho de São Mateus
Aos prelados foi confiado o cuidado dos campos

O Reino dos Céus é semelhante a alguém que semeou boa semente em seu campo. Porém, enquanto dormia, veio o inimigo e semeou joio no meio do trigo e foi embora. Quando cresceu a erva e deu fruto, então apareceu o joio...
Que diferença existe entre esta parábola e a anterior [do semeador]? Que na anterior Ele fala daqueles que não acolheram, dos que recusaram a semente; enquanto que nesta se trata do grupo dos hereges. Narrou aquela primeiramente, para não perturbar aos discípulos, uma vez que lhes tinha explicado porque falava aos outros em parábolas. Na anterior dizia que Ele não era acolhido; nesta outra diz que existem corruptores acolhidos juntamente com os discípulos. Porque é astúcia própria do demônio sempre mesclar com a verdade o erro colorido com aparências de verdade, de forma a conseguir por este meio facilmente enganar aos simples. Por tal motivo, não nomeou outro tipo de sementes, mas somente o joio, que é uma semente semelhante ao trigo.
Em seguida indica o modo das ciladas dizendo: Enquanto todos dormiam. Um abismo e perigo de não pouca importância aqui se propõe aos prelados, aos quais foi confiado o cuidado do campo; porém, não somente eles, mas também aos súditos. E se revela como o erro veio depois da verdade, coisa que os acontecimentos confirmaram. Porque depois dos profetas chegam os falsos profetas; depois dos apóstolos, os falsos apóstolos; depois de Cristo, o anticristo. Porque se o diabo não vê algo para imitar ou alguns para quem armar ciladas, nem as coloca e ignora completamente. No caso, como ele vê que uma semente produziu cem por um, outra sessenta, outra trinta, ele joga por outro caminho.
Não podendo arrancar o que já se arraigou, nem sufocá-lo, nem queimá-lo, vale-se de outra astúcia, e semeia em outros sua própria semente. Perguntarás: em que se diferenciam estes homens que dormem daqueles que foram significados pelo caminho? Em que nestes a semente foi arrancada logo, pois o diabo nem sequer a deixou lançar raízes, enquanto que nos outros teve necessidade de um artifício maior. Cristo disse isto para nos ensinar que é necessário vigiar sem interrupção. Como se dissesse: “Mesmo que fujas daquele prejuízo, ainda resta outro. Como lá o prejuízo veio pelo caminho, as pedras, os espinhos, assim aqui chega pelo sono”. De maneira que se torna necessária uma vigília contínua. Por isto dizia: Quem perseverar até o fim será salvo.
Algo parecido aconteceu lá no começo. Porque muitos prelados, tendo deixado entrar na Igreja os malvados hereges, deram amplo espaço a semelhantes ciladas. Porque não resta nenhum trabalho para o demônio, uma vez que introduziu a semelhantes homens. Perguntarás um meio para evitar o sono. Quanto ao sono natural, é impossível evita-lo, mas o da vontade sim. Pelo qual dizia Paulo: Vigiai e permanecei firmes na fé. E demonstra que semelhante obra do demônio é não somente má e prejudicial, mas também supérflua; posto que, quando o campo já está cultivado e não necessita nenhum outro trabalho, então vem o diabo para semear. É o que fazem os hereges, porque infiltram o seu veneno unicamente por vanglória. E Cristo descreve exatamente toda a cena não somente com estas palavras, mas também com as que seguem, pois diz: Uma vez que cresceu a erva e deu fruto, então apareceu o joio. É o que fazem os hereges. A princípio se ocultam, mas assim que adquirem maior confiança e facilidade para falar, então derramam seu veneno.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 179-182. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também outra homilia de São João Crisóstomo para este domingo clicando aqui.

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Ângelus do Papa: XV Domingo do Tempo Comum - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 16 de julho de 2017

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
Jesus, quando falava, usava uma linguagem simples e servia-se também de imagens, que eram exemplos tirados da vida diária, a fim de poder ser compreendido facilmente por todos. Por isso gostavam de o ouvir e apreciavam a sua mensagem que ia diretamente ao coração; e não era aquela linguagem difícil de compreender, a que usavam os doutores da Lei da época, que não se entendia bem, era rígida e afastava o povo. E com esta linguagem Jesus fazia compreender o mistério do Reino de Deus; não era uma teologia complicada. E o Evangelho de hoje dá-nos um exemplo: a parábola do semeador (Mt 13,1-23).

O semeador é Jesus. Observamos que, com esta imagem, Ele se apresenta como alguém que não se impõe, mas se propõe; não nos atrai conquistando-nos, mas doando-se: lança a semente. Ele espalha com paciência e generosidade a sua Palavra, que não é uma gaiola nem uma armadilha, mas uma semente que pode dar fruto. E como pode dar fruto? Se a acolhermos.

Por isso, a parábola diz respeito sobretudo a nós: com efeito, ela fala mais do terreno que do semeador. Jesus faz, por assim dizer, uma «radiografia espiritual» do nosso coração, que é o terreno sobre o qual a semente da Palavra cai. O nosso coração, como um terreno, pode ser bom e então a Palavra dá fruto - e muito - mas pode também ser duro, impermeável. Isto acontece quando ouvimos a Palavra, mas ela escorrega, precisamente como numa estrada: não entra.

Entre o terreno bom e a estrada, o asfalto - se lançarmos uma semente na «calçada», nada cresce - há contudo dois terrenos intermédios que, de maneiras diversas, podemos ter em nós. O primeiro, diz Jesus, é o pedregoso. Tentemos imaginar: um terreno pedregoso é um terreno «onde não há muita terra» (v. 5), e portanto a semente germina, mas não consegue ganhar raízes profundas. É assim o coração superficial, que acolhe o Senhor, quer rezar, amar e testemunhar, mas não persevera, cansa-se e não cresce. É um coração sem consistência, no qual as pedrinhas da preguiça prevalecem sobre a terra boa, onde o amor é inconstante e passageiro. Mas quem acolhe o Senhor só quando lhe apetece, não dá fruto.

Depois, há o último terreno, aquele espinhoso, cheio de sarças que sufocam as plantas boas. O que representam estas sarças? «A preocupação do mundo e a sedução da riqueza» (v. 22), assim diz Jesus, explicitamente. As sarças são os vícios que estão em contraste com Deus, que sufocam a sua presença: antes de tudo os ídolos da riqueza mundana, viver avidamente, para si mesmos, pelo ter e pelo poder. Se cultivarmos estas sarças, sufocamos o crescimento de Deus em nós. Cada um pode reconhecer as suas sarças pequenas ou grandes, os vícios que habitam no seu coração, aqueles arbustos mais ou menos radicados que não agradam a Deus e impedem que se tenha o coração limpo. É necessário arrancá-los, senão a Palavra não dará fruto, a semente não crescerá.

Queridos irmãos e irmãs, Jesus convida-nos hoje a olhar para dentro de nós: a agradecer pelo nosso terreno bom e a trabalhar nos terrenos que ainda o não são. Perguntemo-nos se o nosso coração está aberto para acolher com fé a semente da Palavra de Deus. Questionemo-nos se os nossos pedregulhos da preguiça ainda são muitos e grandes; encontremos e chamemos pelo nome as sarças dos vícios. Encontremos a coragem para limpar o terreno, uma boa limpeza do nosso coração, levando ao Senhor na Confissão e na oração as nossas pedrinhas e as nossas sarças. Fazendo assim, Jesus, o bom samaritano, será feliz de realizar mais um trabalho: purificar o nosso coração, tirando as pedras e os espinhos que sufocam a Palavra.

A Mãe de Deus, que hoje recordamos com o título de Bem-Aventurada Virgem do monte Carmelo, insuperável no acolhimento da Palavra de Deus e em pô-la em prática (cf. Lc 8,21), nos ajude a purificar o coração e vos mantenha na presença do Senhor.


Fonte: Santa Sé.