Santo André de Creta, Bispo
Oratio 1
O que era antigo passou, eis que tudo se fez novo
O fim da lei é Cristo (Rm 10,4), que ao mesmo tempo separa da
lei e eleva para o espírito. N’Ele está a consumação, pois o próprio legislador
- tendo cumprido e terminado tudo - transfere a letra para o espírito. Assim
tudo recapitula em si mesmo, vivendo a graça depois da lei. A lei, porém,
submetida; a graça, harmoniosamente adaptada e unida. Não misturadas e
confundidas as características de uma com as da outra, mas mudado de modo
divino o que era pesado, servil e escravo, em leve e liberto, para que não mais
estejamos reduzidos à servidão dos elementos do mundo (Gl 4,3), como diz o Apóstolo, nem
sujeitos ao jugo da escravidão da letra da lei.
É este o resumo dos
benefícios de Cristo para nós; é esta a manifestação do mistério; é o
aniquilamento da natureza; é Deus e homem; é a deificação do homem assumido. Todavia
era absolutamente necessário ao esplendor e à evidência da vinda de Deus aos
homens uma introdução jubilosa, antecipando para nós o grande dom da salvação.
Este é o sentido da solenidade de hoje que tem início na Natividade da Mãe de
Deus, cuja conclusão perfeita é a predestinada união do Verbo com a carne.
Agora a Virgem nasce, é alimentada com leite, plasmada e preparada como Mãe
para o Deus e Rei de todos os séculos.
Neste momento,
foi-nos dado duplo proveito: um, a elevação à verdade; outro, a rejeição da
servidão e da vida sob a letra da lei. De que modo, com que fim? Pelo
desaparecimento da sombra com a chegada da luz; em lugar da letra, a graça que
dá a liberdade. Nossa solenidade está na fronteira entre a letra e a graça,
unindo a realidade que chega aos símbolos que a figuravam, substituindo o
antigo pelo novo.
Portanto cante e
exulte toda a criação e contribua com algo digno para a alegria deste dia. É um
só o júbilo dos céus e da terra; juntos festejem tudo quanto está unido no
mundo e acima do mundo. Pois hoje se construiu o templo criado do Criador de
tudo, e pela criatura, de forma nova e bela, preparou-se nova morada para o seu
Autor.
Celebremos com
carinho o natal da Mãe de Deus.
R. Sua vida gloriosa ilumina toda a Igreja.
Com alegre coração para Cristo entoemos nosso canto de louvor nesta festa de Maria, a Mãe de Deus altíssima.
R. Sua vida gloriosa ilumina toda a Igreja.
Oração:
Abri, ó Deus, para os vossos servos e servas os tesouros da
vossa graça: e assim como a maternidade de Maria foi a aurora da salvação, a
festa do seu nascimento aumente em nós a vossa paz. Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
Fonte: Liturgia das
Horas, vol. IV, pp. 1250-1252.
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