terça-feira, 31 de maio de 2016

Fotos do Jubileu dos Diáconos

No último dia 29 de maio o Papa Francisco celebrou na Praça de São Pedro a Santa Missa do IX Domingo do Tempo Comum por ocasião do Jubileu dos Diáconos no Ano da Misericórdia.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Guido Marini e Massimiliano Matteo Boiardi. O livreto da celebração pode ser visto aqui.

Procissão de entrada
Incensação


Ritos iniciais

Homilia do Papa no Jubileu dos Diáconos

Jubileu Extraordinário da Misericórdia
Jubileu dos Diáconos
Homilia do Papa Francisco
Praça São Pedro
Domingo, 29 de Maio de 2016

«Servo de Cristo» (Gal 1, 10). Ouvimos esta expressão, que o apóstolo Paulo usa para se definir a si mesmo, quando escreve aos Gálatas. No início da carta, tinha-se apresentado como «apóstolo», por vontade do Senhor Jesus (cf. Gal 1, 1). Os dois termos, apóstolo e servo, andam juntos, e não podem jamais ser separados; são como que as duas faces duma mesma medalha: quem anuncia Jesus é chamado a servir, e quem serve anuncia Jesus.
O primeiro que nos mostrou isto mesmo foi o Senhor: Ele, a Palavra do Pai, Ele que nos trouxe a boa-nova (cf. Is 61, 1), Ele que em Si mesmo é a boa-nova (cf. Lc 4, 18), fez-Se nosso servo (Flp 2, 7) «não veio para ser servido, mas para servir» (Mc 10, 45). «Fez-Se diácono de todos», como escreveu um Padre da Igreja (São Policarpo, Ad Philippenses V, 2). E como Ele fez, assim são chamados a fazer os seus anunciadores, «cheios de misericórdia, de zelo, caminhando segundo a caridade do Senhor que Se fez servo de todos» (ibid.). O discípulo de Jesus não pode seguir um caminho diferente do do Mestre, mas, se quer levar o seu anúncio, deve imitá-Lo, como fez Paulo: almejar tornar-se servo. Por outras palavras, se evangelizar é a missão dada a cada cristão no Batismo, servir é o estilo segundo o qual viver a missão, o único modo de ser discípulo de Jesus. É sua testemunha quem faz como Ele: quem serve os irmãos e as irmãs, sem se cansar de Cristo humilde, sem se cansar da vida cristã que é vida de serviço.
Mas por onde começar para nos tornarmos «servos bons e fiéis» (cf. Mt 25, 21)? Como primeiro passo, somos convidados a viver na disponibilidade. Diariamente, o servo aprende a desprender-se da tendência a dispor de tudo para si e de dispor de si mesmo como quer. Treina-se, cada manhã, a dar a vida, pensando que o dia não será dele, mas deverá ser vivido como um dom de si. De facto, quem serve não é um guardião cioso do seu tempo, antes renuncia a ser senhor do seu próprio dia. Sabe que o tempo que vive não lhe pertence, mas é um dom que recebe de Deus a fim de, por sua vez, o oferecer: só assim produzirá verdadeiramente fruto. Quem serve não é escravo de quanto estabelece a agenda, mas, dócil de coração, está disponível para o não-programado: pronto para o irmão e aberto ao imprevisto, que nunca falta sendo muitas vezes a surpresa diária de Deus. O servo está aberto à surpresa, às surpresas diárias de Deus. O servo sabe abrir as portas do seu tempo e dos seus espaços a quem vive ao seu redor e também a quem bate à porta fora do horário, à custa de interromper algo que lhe agrada ou o merecido repouso. O servo não se cinge aos horários. Deixa-me o coração triste ver um horário nas paróquias: «Da hora tal até tal hora». E depois? Porta fechada; não há padre, nem diácono, nem leigo que receba as pessoas… Isto faz doer o coração. Deixai cair os horários! Tende a coragem de pôr de lado os horários. Assim, queridos diáconos, vivendo na disponibilidade, o vosso serviço será livre de qualquer interesse próprio e evangelicamente fecundo.
Também o Evangelho de hoje nos fala de serviço, mostrando-nos dois servos, de quem podemos tirar lições valiosas: o servo do centurião, que é curado por Jesus, e o próprio centurião, ao serviço do Imperador. As palavras que manda dizer a Jesus – para não vir a sua casa –, para além de surpreendentes, são muitas vezes o oposto das nossas orações: «Não Te incomodes, Senhor, pois não sou digno de que entres debaixo do meu teto» (Lc 7, 6); «nem me julguei digno de ir ter contigo» (v. 7); «também eu tenho os meus superiores a quem devo obediência» (v. 8). Jesus fica admirado com tais palavras. Impressiona-Lhe a grande humildade do centurião, a sua mansidão. E a mansidão é uma das virtudes dos diáconos. Quando o diácono é manso, é servo; não joga a simular o padre, é manso. O centurião, confrontado com o problema que o afligia, teria podido fazer alvoroço pretendendo ser ouvido, fazendo valer a sua autoridade; teria podido convencer com insistência e até forçar Jesus a deslocar-se a casa dele. Em vez disso, faz-se pequeno, discreto, manso, não levanta a voz nem quer incomodar. Comporta-se – talvez sem o saber – segundo o estilo de Deus, que é «manso e humilde de coração» (Mt 11, 29). Com efeito Deus, que é amor, leva o seu amor até ao ponto de nos servir: connosco é paciente, benévolo, sempre disponível e bem disposto, sofre com os nossos erros e procura o caminho para nos ajudar a tornar-nos melhores. Manso e humilde são também os traços do serviço cristão, que é imitar Deus servindo os outros: acolhendo-os com amor paciente, sem nos cansarmos de os compreender, fazendo com que se sintam bem-vindos a casa, à comunidade eclesial, onde o maior não é quem manda, mas quem serve (cf. Lc 22, 26). E nunca ralheis, nunca. Assim na mansidão, queridos diáconos, amadurecerá a vossa vocação de ministros da caridade.
Nas leituras de hoje, depois do apóstolo Paulo e do centurião, há um terceiro servo: aquele que é curado por Jesus. Na narração, diz-se que era muito querido do seu patrão e que estava doente, mas não se sabe a doença grave que tinha (v. 2). De algum modo podemos também nós reconhecer-nos naquele servo. Cada um de nós é muito querido de Deus, amado e escolhido por Ele; somos chamados a servir, mas primeiro precisamos de ser curados interiormente. Para estar apto ao serviço, precisamos da saúde do coração: um coração curado por Deus, que se sinta perdoado e não seja fechado nem duro. Ser-nos-á útil rezar confiadamente todos os dias por isto, pedindo para sermos curados por Jesus, assemelhar-nos a Ele, que «já não nos chama servos, mas amigos» (cf. Jo 15, 15). Queridos diáconos, podeis pedir diariamente esta graça na oração, numa oração em que apresenteis as fadigas, os imprevistos, os cansaços e as esperanças: uma oração verdadeira, que leve a vida ao Senhor e traga o Senhor à vida. E, quando servirdes à Mesa Eucarística, lá encontrareis a presença de Jesus, que Se dá a vós para que vos doeis aos outros.
Assim, disponíveis na vida, mansos de coração e em diálogo constante com Jesus, não tereis medo de ser servos de Cristo, de encontrar e acariciar a carne do Senhor nos pobres de hoje.


Fonte: Santa Sé

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Fotos do Corpus Christi em Jerusalém

Na Basílica do Santo Sepulcro em Jerusalém a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue do Senhor (Corpus Christi) foi celebrada no último dia 26 de maio por Dom Fouad Twal, Patriarca Latino de Jerusalém, que presidiu as Laudes, a Santa Missa e a Procissão Eucarística.

Na mesma ocasião, Dom Fouad Twal celebrou seus 50 anos de sacerdócio.

Procissão de entrada (Laudes)
Salmodia

Incensação do altar durante o Cântico Evangélico
Santa Missa: Homilia

Fotos do Corpus Christi na Administração Apostólica

Dom Fernando Areas Rifan, Bispo da Administração Apostólica São João Maria Vianney, celebrou no último dia 26 de maio a Santa Missa na Forma Extraordinária do Rito Romano, seguida de Procissão Eucarística, na Igreja Principal da Administração em Campos dos Goytacazes (RJ) por ocasião da Solenidade de Corpus Christi.

Procissão de entrada
Orações ao pé do altar
Evangelho
Homilia
Incensação das oferendas

Fotos do Corpus Christi em Foz do Iguaçu

O Bispo Diocesano de Foz do Iguaçu (PR), Dom Dirceu Vegini, celebrou no último dia 26 de maio a Santa Missa, seguida de Procissão Eucarística da Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue do Senhor (Corpus Christi) no prédio da Catedral Diocesana Nossa Senhora de Guadalupe (ainda em construção).

Procissão de entrada

Incensação

Ritos iniciais

domingo, 29 de maio de 2016

Fotos do Corpus Christi em Roma

No último dia 26 de maio o Papa Francisco celebrou diante da Basílica do Latrão a Santa Missa da Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue do Senhor (Corpus Christi). seguiu-se a procissão eucarística até a Basílica de Santa Maria Maior, onde o Papa concedeu a bênção com o Santíssimo Sacramento.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Guido Marini e Vincenzo Peroni. O livreto da celebração pode ser visto aqui.

Procissão de entrada

Incensação

Ritos iniciais

Homilia do Papa na Missa de Corpus Christi

Santa Missa e Procissão Eucarística na Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo
Homilia do Papa Francisco
Praça São João de Latrão
Quinta-feira, 26 de Maio de 2016

«Fazei isto em memória de Mim» (1 Cor 11, 24.25). Esta ordem de Cristo é referida duas vezes pelo apóstolo Paulo, quando narra à comunidade de Corinto a instituição da Eucaristia. É o testemunho mais antigo que temos das palavras de Cristo na Última Ceia.
«Fazei isto» ou seja, tomai o pão, dai graças e parti-o; tomai o cálice, dai graças e distribuí-o. Jesus ordena que se repita o gesto com que instituiu o memorial da sua Páscoa, pelo qual nos deu o seu Corpo e o seu Sangue. E este gesto chegou até nós: é o «fazer» a Eucaristia, que tem sempre Jesus como sujeito, mas atua-se através das nossas pobres mãos ungidas de Espírito Santo.
«Fazei isto». Já antes Jesus pedira aos seus discípulos para «fazerem» algo que Ele, em obediência à vontade do Pai, tinha já decidido no seu íntimo realizar; acabamos de o ouvir no Evangelho. À vista das multidões cansadas e famintas, Jesus diz aos discípulos: «Dai-lhes vós mesmos de comer» (Lc 9, 13). Na realidade, é Jesus que abençoa e parte os pães até saciar toda aquela multidão, mas os cinco pães e os dois peixes são oferecidos pelos discípulos, e era isto o que Jesus queria: que eles, em vez de mandar embora a multidão, pusessem à disposição o pouco que tinham. E, depois, há outro gesto: os pedaços de pão, partidos pelas mãos santas e veneráveis do Senhor, passam para as pobres mãos dos discípulos, que os distribuem às pessoas. Também isto é «fazer» com Jesus, é «dar de comer» juntamente com Ele. Evidentemente este milagre não pretende apenas saciar a fome de um dia, mas é sinal daquilo que Cristo tem em mente realizar pela salvação de toda a humanidade, dando a sua carne e o seu sangue (cf. Jo 6, 48-58). E, no entanto, é preciso passar sempre através destes dois pequenos gestos: oferecer os poucos pães e peixes que temos; receber o pão partido das mãos de Jesus e distribuí-lo a todos.
«Partir»: esta é a outra palavra que explica o significado da frase «fazei isto em memória de Mim». O próprio Jesus Se repartiu, e reparte, por nós. E pede que façamos dom de nós mesmos, que nos repartamos pelos outros. Foi precisamente este «partir o pão» que se tornou ícone, sinal de reconhecimento de Cristo e dos cristãos. Lembremo-nos de Emaús: reconheceram-No «ao partir o pão» (Lc 24, 35). Recordemos a primeira comunidade de Jerusalém: «Eram assíduos (…) à fração do pão» (At 2, 42). É a Eucaristia que se torna, desde o início, o centro e a forma da vida da Igreja. Mas pensemos também em todos os santos e santas – famosos ou anónimos – que se «repartiram» a si mesmos, a própria vida, para «dar de comer» aos irmãos. Quantas mães, quantos pais, juntamente com o pão quotidiano cortado sobre a mesa de casa, repartiram o seu coração para fazer crescer os filhos, e fazê-los crescer bem! Quantos cristãos, como cidadãos responsáveis, repartiram a própria vida para defender a dignidade de todos, especialmente dos mais pobres, marginalizados e discriminados! Onde encontram eles a força para fazer tudo isto? Precisamente na Eucaristia: na força do amor do Senhor ressuscitado, que também hoje parte o pão para nós e repete: «Fazei isto em memória de Mim».
Possa o gesto da procissão eucarística, que em breve realizaremos, ser também resposta a esta ordem de Jesus Um gesto para fazer memória d’Ele; um gesto para dar de comer à multidão de hoje; um gesto para repartir a nossa fé e a nossa vida como sinal do amor de Cristo por esta cidade e pelo mundo inteiro.


Fonte: Santa Sé

sábado, 28 de maio de 2016

Homilia: IX Domingo do Tempo Comum - Ano C

 Santo Agostinho
Sermão 62
“A humilde fé do centurião”

Enquanto nos era lido o Evangelho, ouvimos o elogio de nossa fé tendo por base sua humildade. Tendo o Senhor prometido ir à casa do centurião para curar seu criado, ele respondeu: Eu não sou digno de que entres em minha morada, mais dizei uma só palavra e ficará curado. Confessando-se indigno, tornou-se digno de que Jesus entrasse, não entre as quatro paredes de sua casa, mas em seu coração. Pois não teria falado com tanta fé e humildade, se já não abrigasse em seu coração àquele a quem não se cria digno de receber em sua casa. Pequena teria sido a felicidade se o senhor Jesus tivesse entrado dentro de suas quatro paredes, e não estivesse hospedado em seu coração. Realmente, Jesus, mestre de humildade com palavras e com seu exemplo, também se recostou à mesa na casa de um soberbo fariseu, chamado Simão. Mas, ainda estando recostado em sua casa, o Filho do Homem não encontrava em seu coração onde reclinar sua cabeça.
Estava, pois, o Senhor recostado na casa do fariseu soberbo. Estava em sua casa, como acabo de dizer, porém não estava em seu coração. No entanto, não entrou na casa deste centurião, mas se apossou de seu coração. O elogio de sua fé tem como base a humildade. Disse, de fato: Eu não sou digno de que entres em minha morada. E o Senhor: Eu vos digo que nem em Israel encontrei tanta fé: se entende, em Israel segundo a carne.
Porque, segundo o espírito, este centurião era israelita. O Senhor veio a Israel segundo a carne, ou seja, aos judeus, para buscar primeiramente ali as ovelhas perdidas, em cujo povo e de cujo povo Ele também tinha assumido o copo. Nem em Israel encontrei tanta fé, afirma Jesus. Nós podemos medir a fé dos homens, porém enquanto homens; Ele que enxergava o interior do homem, Ele a quem ninguém podia enganar, deu testemunho ao coração daquele homem, ouvindo as palavras de humildade e pronunciando uma sentença de cura.
E o que foi que o levou a semelhante conclusão? Ele disse: Porque eu também estou debaixo da autoridade e tenho soldados às minhas ordens, e digo para um: “vai”, e ele vai; a outro: “vem”, e ele vem; e ao meu criado: “faz isto”, e ele faz. “Sou uma autoridade com súditos às minhas ordens, mas submetido à outra autoridade superior a mim. Portanto - ele reflete -, se eu, um homem submetido ao poder de outro, tenho o poder de mandar, o que não poderás Tu de quem depende todo o poder?” E aquele que isto dizia era um pagão, centurião para ser mais exato. Ali ele se comportava como um soldado, como um soldado com graduação de centurião; submetido à autoridade e constituído em autoridade; obediente como súdito e dando ordens aos seus subordinados. E se bem que o Senhor estava incorporado ao povo judeu, já anunciava que a Igreja haveria de propagar-se por todo o orbe da terra, para a qual mais tarde enviaria aos apóstolos: ele, não visto, porém crido pelos pagãos, visto e morto pelos judeus.
E assim como o Senhor, sem entrar fisicamente na casa do centurião - ausente com o corpo, presente com sua majestade -, curou não obstante sua fé e sua família, assim também o Senhor em pessoa somente esteve incorporado ao povo judeu; entre os demais povos não nasceu de uma virgem, nem padeceu, nem percorreu os seus caminhos, nem suporto as penalidades humanas, nem realiza as maravilhas divinas. Nada disto nos outros povos. Contudo, a propósito de Jesus se cumpriu o que se foi dito: Um povo estranho foi meu servo. Mas como, se é um povo estranho? Escutavam-me e me obedeciam. O mundo inteiro ouviu e creu.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 649-650. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Faleceu o Cardeal Loris Capovilla

Faleceu ontem, dia 26 de maio de 2016, o Cardeal Loris Francesco Capovilla. Com 100 anos, era o mais velho dentre os Cardeais, o Bispo mais velho da Itália e o 4º mais velho do mundo.

Cardeal Loris Capovilla
Loris Capovilla nasceu no dia 14 de outubro de 1915 em Pontelongo (Itália). Foi ordenado sacerdote em 23 de maio de 1940, para o Patriarcado de Veneza. Durante a Segunda Guerra Mundial torna-se Capelão Militar.

Em 1953 torna-se Secretário do Patriarca de Veneza, Angelo Giuseppe Roncalli. O acompanha a Roma em 1958, quando este é eleito Papa, com o nome de João XXIII. Permanece ao seu lado até sua morte, em 1963.

Loris Capovilla com João XXIII
Após a morte de S. João XXIII, continua trabalhando em prol do Concílio Vaticano II. Em 1967 o Beato Paulo VI o nomeia Arcebispo de Chieti-Vasto, sendo ordenado pelo próprio Papa em 16 de julho do mesmo ano.

Em 1971, o mesmo Paulo VI o nomeia Arcebispo titular de Mesembria e Prelado de Loreto. Exerce este ofício até 1988, quando apresenta sua renúncia ao Papa S. João Paulo II. Desde então passa a residir em Sotto il Monte, terra natal de S. João XXIII, e se empenha em promover o conhecimento da vida e da obra deste santo.

No Consistório de 22 de fevereiro de 2014, o Papa Francisco o criou Cardeal, com o Título de Santa Maria in Trastevere. Devido à sua saúde não pode ir a Roma, recebendo as insígnias cardinalícias em 01 de março do mesmo ano das mãos do Cardeal Angelo Sodano, Decano do Colégio dos Cardeais.

Cardeal Capovilla recebe o barrete cardinalício
Com sua morte, o Colégio Cardinalício passa a contar com 213 membros, sendo 114 eleitores e 99 não eleitores.

Catequese do Papa: A viúva e o juiz iníquo

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 25 de maio de 2016
Jubileu (20): A viúva e o juiz iníquo

Bom dia, caros irmãos e irmãs!
A parábola evangélica que há pouco ouvimos (cf. Lc 18,1-8) contém um ensinamento importante: «A necessidade de orar sempre, sem nunca se cansar» (v. 1). Portanto, não se trata de rezar às vezes, quando tenho vontade. Não! Jesus diz que é preciso «orar sempre, sem se cansar». E cita o exemplo da viúva e do juiz.
O juiz é uma personalidade poderosa, chamada a emitir sentenças com base na Lei de Moisés. Por isso, a tradição bíblica recomendava que os juízes fossem pessoas tementes a Deus, dignas de fé, imparciais e incorruptíveis (cf. Ex 18,21). Ao contrário, este juiz «não temia a Deus, nem respeitava pessoa alguma» (v. 2). Era um juiz iníquo, sem escrúpulos, que não tinha em consideração a Lei mas fazia o que queria, segundo o próprio interesse. Uma viúva vai ter com ele para obter justiça. As viúvas, juntamente com os órfãos e com os estrangeiros, eram as categorias mais frágeis da sociedade. Os direitos que lhes eram assegurados pela Lei podiam ser espezinhados com facilidade porque, dado que eram pessoas sós e indefesas, dificilmente podiam fazer-se valer: uma pobre viúva, ali sozinha, ninguém a defendia, podiam ignorá-la, sem lhe fazer justiça. Do mesmo modo também o órfão, o estrangeiro, o migrante: naquela época esta problemática era muito acentuada. Diante da indiferença do juiz, a viúva recorre à sua única arma: continuar insistentemente a importuná-lo, apresentando-lhe o seu pedido de justiça. E é precisamente com esta perseverança que ela alcança a sua finalidade. Com efeito, numa certa altura o juiz atende-a, mas não porque é impelido pela misericórdia, nem porque a consciência lho impõe; ele simplesmente admite: «Dado que esta viúva me importuna, far-lhe-ei justiça, senão ela não cessará de me molestar» (v. 5).
Desta parábola Jesus haure uma dupla conclusão: se a viúva conseguiu convencer o juiz desonesto com os seus pedidos insistentes, tanto mais Deus, que é Pai bom e justo, «fará justiça aos seus escolhidos, que clamam por Ele dia e noite»; e além disso, não os «fará esperar muito tempo», mas agirá «imediatamente» (vv. 7-8).
Por isso Jesus exorta a rezar «sem se cansar». Todos nós sentimos momentos de cansaço e de desânimo, sobretudo quando a nossa oração parece ineficaz. Mas Jesus tranquiliza-nos: diversamente do juiz desonesto, Deus atende os seus filhos de modo imediato, embora isto não signifique que o faça segundo os tempos e modos que nós gostaríamos. A oração não é uma varinha mágica! Ela ajuda a conservar a fé em Deus, a confiar em Deus até quando não compreendemos a sua vontade. Nisto, o próprio Jesus - que rezava muito! - serve-nos de exemplo. A Carta aos Hebreus recorda que «nos dias da sua vida mortal, [Ele] dirigiu preces e súplicas, entre clamores e lágrimas, àquele que o podia salvar da morte, e foi atendido pela sua piedade» (5,7). À primeira vista esta afirmação parece improvável, porque Jesus morreu na cruz. E no entanto a Carta aos Hebreus não se engana: Deus salvou verdadeiramente Jesus da morte, vencendo-a com uma vitória completa, mas o caminho que teve de percorrer para a alcançar passou através da própria morte! A referência à súplica que Deus atendeu remete para a oração de Jesus no Getsêmani. Tomado pela angústia incumbente, Jesus reza ao Pai para que o livre do cálice amargo da paixão, mas a sua prece está permeada de confiança no Pai e Ele entrega-se incondicionalmente à sua vontade: «Contudo - diz Jesus - não se faça o que Eu quero, mas sim o que Tu queres» (Mt 26,39). O objeto da oração passa para segundo plano; o que importa antes de tudo é a relação com o Pai. Eis o que faz a oração: transforma o desejo, modelando-o segundo a vontade de Deus, qualquer que ela seja, porque quem ora aspira em primeiro lugar à união com Deus, que é Amor misericordioso.
A parábola conclui-se com uma pergunta: «Mas quando vier o Filho do Homem, acaso encontrará fé sobre a terra?» (v. 8). E com esta interrogação estamos todos alertados: não devemos desistir da oração, mesmo que não seja correspondida. É a prece que preserva a fé, pois sem ela a fé vacila! Peçamos ao Senhor uma fé que se faz oração incessante, perseverante, como a da viúva da parábola, uma fé que se alimenta do desejo da sua vinda. E na prece experimentamos a compaixão de Deus que, como um Pai, vem ao encontro dos seus filhos cheio de amor misericordioso.


Fonte: Santa Sé

Angelus do Papa: Solenidade da Santíssima Trindade

Papa Francisco
Angelus
Praça São Pedro
Domingo, 22 de maio de 2016

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje, festa da Santíssima Trindade, o Evangelho de são João apresenta-nos um trecho do longo discurso de despedida, pronunciado por Jesus pouco antes da sua paixão. Neste discurso Ele explica aos discípulos as verdades mais profundas que lhe dizem respeito; deste modo é traçada a relação entre Jesus, o Pai e o Espírito. Jesus sabe que está próximo da realização do desígnio do Pai, que se cumprirá com a sua morte e ressurreição; por isso deseja garantir aos seus que não os abandonará, porque a sua missão será dilatada pelo Espírito Santo. Haverá o Espírito que prolongará a missão de Jesus, ou seja, que guiará a Igreja.
Jesus revela em que consiste esta missão. Antes de mais o Espírito leva-nos a compreender muitas coisas que o próprio Jesus ainda tem para dizer (cf. Jo 16, 12). Não se trata de doutrinas novas ou especiais, mas de uma plena compreensão de tudo o que o Filho ouviu do Pai e que deu a conhecer aos discípulos (cf. v. 15). O Espírito guia-nos nas novas situações com um olhar dirigido a Jesus e, ao mesmo tempo, aberto aos eventos e ao futuro. Ele ajuda-nos a caminhar na história firmemente radicados no Evangelho e também com fidelidade dinâmica às nossas tradições e costumes.
Mas o mistério da Trindade fala-nos hoje novamente da nossa relação com o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Com efeito, mediante o Batismo, o Espírito Santo inseriu-nos no coração e na própria vida de Deus, que é comunhão de amor. Deus é uma «família» de três Pessoas que se amam tanto a ponto de formar uma só. Esta «família divina» não está fechada em si mesma, mas está aberta, comunica-se na criação e na história e entrou no mundo dos homens para chamar todos a fazer parte dele. O horizonte trinitário de comunhão envolve-nos todos e estimula-nos a viver no amor e na partilha fraterna, na certeza de que onde há amor, há Deus.
O nosso ser criados à imagem e semelhança de Deus-comunhão chama-nos a compreender a nós mesmos como seres-em-relação e a viver as relações interpessoais na solidariedade e no amor recíproco. Tais relações realizam-se, antes de tudo, no âmbito das nossas comunidades eclesiais, para que seja cada vez mais evidente a imagem da nossa Igreja ícone da Trindade. Mas realizam-se em qualquer outra relação social, da família às amizades e ao ambiente de trabalho: trata-se de ocasiões concretas que nos são oferecidas para construir relações cada vez mais ricas humanamente, capazes de respeito recíproco e de amor abnegado.
A festa da Santíssima Trindade convida-nos a comprometer-nos nos acontecimentos diários para ser fermento de comunhão, de consolação e de misericórdia. Nesta missão, somos amparados pela força que o Espírito Santo nos concede: ela cura a carne da humanidade ferida pela injustiça, pela vexação, pelo ódio e pela avidez. A Virgem Maria, na sua humildade, aceitou a vontade do Pai e concebeu o Filho por obra do Espírito Santo. Que Ela, espelho da Trindade, nos ajude a fortalecer a nossa fé no Mistério trinitário e a encarná-la com opções e atitudes de amor e de unidade.


Fonte: Santa Sé

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Homilia: Solenidade de Corpus Christi - Ano C

São João Crisóstomo
Sermão sobre a 1ª Carta aos Coríntios
Aproximemo-nos de Cristo com fervor

Cristo nos deu sua carne para saciar-nos, convidando-nos a uma amizade cada vez mais íntima. Aproximemo-nos, pois, a ele com fervor e com uma ardente caridade, e não incorramos em castigo. Porque quanto maiores forem os benefícios recebidos, mais gravemente seremos castigados se nos fizéssemos indignos de tais benefícios.
Os magos também adoraram este corpo recostado em um presépio. E sendo homens irreligiosos e pagãos, abandonando casa e pátria, percorreram um longo caminho, e, ao chegar, o adoraram com grande temor e tremor. Imitemos ao menos estes estrangeiros, nós que somos cidadãos do céu. Eles realmente se aproximaram com grande temor a um presépio e a uma gruta, sem descobrir nenhuma das coisas que agora te é dado contemplar. Tu, por outro lado, não o enxergas em um presépio, mas sobre um altar; não contemplas a uma mulher que o tem em seus braços, mas ao sacerdote que está de pé em sua presença e ao Espírito, transbordante de riqueza, pairando sobre os dons. Não vês simplesmente, como eles, este mesmo corpo, mas conheces todo o seu poder e sua economia de salvação, e não ignoras nada do que ele fez, pois ao ser iniciado te ensinaram detalhadamente todas estas coisas. Exortemo-nos, pois, mutuamente com um santo temor, e lhe demonstremos uma piedade muito mais profunda que a que exibiram aqueles estrangeiros, para que, não aproximando-nos a ele temerária e desconsideradamente, não tenhamos que esconder o rosto de vergonha.
Digo isto não para que não nos aproximemos, mas para que não nos aproximemos com hesitação. Porque assim como é perigoso aproximar-se com hesitação, assim a não participação nestas místicas ceias significa a fome e a morte. Porque esta mesa é a força de nossa alma, a fonte da unidade de todos nossos pensamentos, a causa de nossa esperança: é esperança, salvação, luz, vida. Se com esta bagagem saíssemos daquele sacrifício, com confiança nos aproximaríamos aos seus átrios sagrados, como se fôssemos armados até aos dentes com armadura de ouro.
Talvez falo de coisas futuras? Desde agora este mistério tornou para ti a terra em um céu. Abre, pois, as portas do céu e olha; ou melhor dizendo, abre as portas não do céu, mas do céu dos céus, e então contemplarás o que foi dito. Tudo o que de mais precioso ali existe, vou mostrar-te permanecendo na terra. Porque assim como o mais precioso que existe no palácio real não são os muros nem as coberturas de ouro, mas o rei sentado no trono real, assim também no céu o mais precioso é a pessoa do Rei.
E a pessoa do Rei te é dado contemplá-la já agora na terra, pois não te apresento aos anjos, nem aos arcanjos, nem aos céus, nem aos céus dos céus, mas ao próprio Senhor de todos eles. Compreendes como na terra contemplas o que há de mais precioso? E não somente o vês, mas ainda o tocas; e não somente o tocas, mas também o comes; e depois de tê-lo recebido, regressas para a tua casa. Purifica, portanto, tua alma, prepara teu coração para a recepção destes mistérios.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 767-768. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de São Cirilo de Alexandria para esta Solenidade clicando aqui.

sábado, 21 de maio de 2016

Homilia: Solenidade da Santíssima Trindade - Ano C

Santo Irineu de Lião
Demonstração da Pregação Apostólica
Os três artigos da fé: Pai, Filho e Espírito Santo

Eis aqui a exposição desta doutrina: Há um só Deus, Pai, incriado, invisível, Criador do universo, nem sobre o qual nem depois do qual há outro Deus; é um Deus racional, por isso a criação de todas as coisas segundo o Verbo. Deus é Espírito, e também pelo Espírito dispôs todas as coisas, como disse o profeta: Pela palavra do Senhor se estabeleceram os céus, e por seu Espírito todas as suas potências. Assim, como o Verbo cria, ou seja, opera na carne e lhe dá gratuitamente a existência, assim o Espírito ordena e dá forma às divinas potências; por isso e com toda a razão e conveniência se chama Filho ao Verbo, e Sabedoria de Deus ao Espírito. Bem disse o seu Apóstolo Paulo: Um só Deus Pai, que está sobre todas as coisas, com todas elas e em todos nós. Porque o Pai está sobre todas as coisas, mas o Verbo está com todas elas, visto que, por meio dele, o Pai criou todas as coisas; mas está em nós o Espírito que clama: Abbá, ó Pai! E faz o homem à semelhança de Deus. Portanto o Espírito revela o Verbo, e por isso os profetas anunciaram o Filho de Deus; mas o Verbo serve de laço ao Espírito, e por isso ele mesmo é quem ensina os profetas e eleva o ser humano até o Pai.
Eis aqui a regra de nossa fé, o fundamento do edifício que dá a firmeza ao nosso agir: Deus Pai incriado, simples, invisível, Deus único, Criador do universo. Este é o primeiro artigo de nossa fé. O segundo artigo: o Verbo de Deus, o Filho de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo, que apareceu aos profetas segundo o plano de sua profecia e segundo o Pai o dispôs em sua economia; por ele todas as coisas foram feitas, o qual, ao final dos tempos, para recapitular todas as coisas, fez-se homem entre os homens, visível e palpável, para destruir a morte, para mostrar a vida e para realizar a comunhão entre Deus e o homem. E o terceiro artigo: o Espírito Santo, pelo qual os profetas profetizaram e os Pais aprenderam tudo que concerne a Deus, e os justos foram guiados pelo caminho da justiça. Ele, ao final dos tempos, foi infuso de uma maneira nova sobre nossa humanidade, para renovar o homem para Deus em toda a terra.
Por este motivo o nosso novo nascimento, que é o Batismo, se dá por estes três artigos, e nos concede a graça do novo nascimento em Deus Pai, por meio de seu Filho e no Espírito Santo. Pois aqueles que portam o Espírito de Deus são conduzidos ao Verbo, ou seja, ao Filho; por sua vez o Filho os apresenta ao Pai, e o Pai lhes concede a incorrupção. Então, sem o Espírito não é possível ver o Filho de Deus, e sem o Filho ninguém pode aproximar-se do Pai, porque o Filho é o conhecimento do Pai, e o conhecimento do Filho de Deus se alcança por meio do Espírito Santo. E quanto ao Espírito, o Filho, como ministro, o dispensa segundo a vontade do Pai, a quem e como o Pai quer.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 765-766. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de São Gregório Nazianzeno para este domingo clicando aqui.

Exéquias do Cardeal Giovanni Coppa

No último dia 18 de maio o Papa Francisco celebrou no Altar da Cátedra da Basílica Vaticana os ritos da Última Encomendação e Despedida do Cardeal Giovanni Coppa, falecido no dia 16, aos 90 anos.

Antes, como de costume, foi celebrada a Missa Exequial pelo Cardeal Angelo Sodano, Decano do Colégio Cardinalício.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Guido Marini e Pier Enrico Steffanetti.

Entrada do Santo Padre

Oração de Encomendação



sexta-feira, 20 de maio de 2016

Catequese do Papa: O rico e Lázaro

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 18 de Maio de 2016
Jubileu (19): O rico e Lázaro

Bom dia, estimados irmãos e irmãs!
Hoje desejo meditar convosco sobre a parábola do homem rico e do pobre Lázaro. A vida destas duas pessoas parece correr por vias paralelas: as suas condições de vida são opostas e totalmente incomunicantes. O portão da casa do rico está sempre fechado ao pobre, que permanece ali, fora, procurando comer algumas migalhas que caem da mesa do rico. O rico veste-se com roupas de luto, enquanto Lázaro está coberto de chagas; cada dia o rico dá banquetes requintados, enquanto Lázaro morre de fome. Só os cães cuidam dele e vão lamber as suas feridas. Esta cena recorda a dura admoestação do Filho do homem no Juízo final: «Tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber, estava [...] nu e não me revestistes» (Mt 25,42-43). Lázaro representa bem o grito silencioso dos pobres de todos os tempos e a contradição de um mundo em que riquezas e recursos imensos se encontram nas mãos de poucos.
Jesus diz que um dia aquele homem rico faleceu: os pobres e os ricos morrem, têm o mesmo destino, como todos nós, para isto não há exceção. E então aquele homem dirigiu-se a Abraão, suplicando-o com o apelativo de «pai» (vv. 24.27). Portanto, reivindica ser seu filho, pertencente ao povo de Deus. E no entanto, durante a vida não demonstrou consideração alguma por Deus, ao contrário, fez de si mesmo o centro de tudo, fechado no seu mundo de luxo e de desperdício. Excluindo Lázaro, não teve em conta nem o Senhor, nem a sua lei. Ignorar o pobre significa desprezar a Deus! Devemos aprender bem isto. Ignorar o pobre significa desprezar a Deus! Há um pormenor na parábola que deve ser observado: o rico não tem um nome, mas somente um adjetivo: «o rico»; enquanto o nome do pobre é repetido cinco vezes, e «Lázaro» quer dizer «Deus ajuda». Lázaro, que jaz diante da porta, é uma evocação viva ao rico, para se recordar de Deus, mas o rico não aceita tal evocação. Portanto, será condenado não pelas suas riquezas, mas por ter sido incapaz de sentir compaixão por Lázaro e de o socorrer.
Na segunda parte da parábola, voltamos a encontrar Lázaro e o rico, depois da sua morte (vv. 22-31). No além, a situação inverteu-se: o pobre Lázaro é levado pelos anjos para o céu, para junto de Abraão, enquanto que o rico precipita no meio dos tormentos. Então, o rico «ergueu o olhar e viu Abraão à distância, e Lázaro ao seu lado». Parece que ele vê Lázaro pela primeira vez, mas as suas palavras atraiçoam-no: «Pai Abraão - diz - compadece-te de mim e manda Lázaro que molhe na água a ponta do seu dedo, a fim de me refrescar a língua, pois sou cruelmente atormentado nestas chamas». Agora, o rico reconhece Lázaro e pede-lhe ajuda, mas quando vivia fingia que não o via. Quantas vezes tantas pessoas fingem que não veem os pobres! Para elas, os pobres não existem. Antes, negava-lhe até as migalhas da sua mesa, e agora gostaria que ele lhe desse de beber! Ainda crê que pode aduzir direitos, devido à sua condição social precedente. Declarando que é impossível atender ao seu pedido, o próprio Abraão oferece a chave de toda a narração: explica que bens e males foram distribuídos de modo a compensar a injustiça terrena, e a porta que durante a vida separava o rico do pobre transformou-se num «grande abismo». Enquanto Lázaro jazia diante da sua casa, para o rico havia a possibilidade de salvação, de abrir a porta de par em par e de ajudar Lázaro, mas agora que ambos faleceram, a situação tornou-se irreparável. Deus nunca é diretamente interpelado, mas a parábola alerta de maneira clara: a misericórdia de Deus por nós está vinculada à nossa misericórdia pelo próximo; quando esta falta, também aquela não encontra espaço no nosso coração fechado, não pode entrar. Se eu não escancarar a porta do meu coração ao pobre, aquela porta permanece fechada. Inclusive para Deus. E isto é terrível!
Nesta altura, o rico pensa nos seus irmãos, que correm o risco de ter o mesmo destino, e pede que Lázaro possa voltar ao mundo para os repreender. Mas Abraão responde: «Eles têm Moisés e os profetas; que os ouçam!». Para nos convertermos, não devemos aguardar acontecimentos prodigiosos, mas abrir o nosso coração à Palavra de Deus, que nos chama a amar a Deus e ao próximo. A Palavra de Deus pode fazer renascer um coração que se tornou insensível e curá-lo da sua cegueira. O rico conhecia a Palavra de Deus, mas não permitiu que ela entrasse no seu coração, não a ouviu, e por isso foi incapaz de abrir os olhos e de sentir compaixão pelo pobre. Nenhum mensageiro nem mensagem alguma poderão substituir os pobres que encontramos no caminho, porque neles é o próprio Jesus que vem ao nosso encontro: «Todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes» (Mt 25,40), diz Jesus. Assim, na inversão dos destinos que a parábola descreve está escondido o mistério da nossa salvação, na qual Cristo une a pobreza à misericórdia.
Caros irmãos e irmãs, ouvindo este Evangelho, todos nós, juntamente com os pobres da terra, podemos entoar com Maria: «Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes. Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos» (Lc 1,52-53).


Fonte: Santa Sé

Solenidade de Pentecostes em Westminster

No último dia 15 de maio o Cardeal Vincent Gerard Nichols, Arcebispo de Westminster, celebrou a Santa Missa da Solenidade de Pentecostes na Catedral do Preciosíssimo Sangue em Londres.

Seguem algumas fotos:

Procissão de entrada
Incensação

Saudação
Liturgia da Palavra

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Regina coeli do Papa: Domingo de Pentecostes 2016

Solenidade de Pentecostes
Papa Francisco
Regina Coeli
Domingo, 15 de maio de 2016

Bom dia, amados irmãos e irmãs!
Hoje celebramos a grandiosa Solenidade de Pentecostes, que completa o Tempo Pascal, cinquenta dias depois da Ressurreição de Cristo. A Liturgia convida-nos a abrir a nossa mente e o nosso coração ao dom do Espírito Santo, que Jesus prometeu muitas vezes aos seus discípulos, a primeira e principal dádiva que Ele nos concedeu mediante a sua Ressurreição. Este dom foi implorado ao Pai pelo próprio Jesus, como testemunha o Evangelho hodierno, ambientado na última Ceia. Jesus diz aos seus discípulos: «Se me amais, guardareis os meus mandamentos. Eu rogarei ao Pai e Ele dar-vos-á outro Paráclito, para que permaneça eternamente convosco» (Jo 14,15-16).

Estas palavras recordam-nos acima de tudo que o amor por uma pessoa, e também pelo Senhor, não se demonstra com palavras, mas com gestos; e inclusive «observar os mandamentos» deve ser entendido em sentido existencial, de modo que seja envolvida a vida inteira. Com efeito, ser cristão não significa principalmente pertencer a uma certa cultura, nem aderir a uma determinada doutrina, mas sobretudo ligar a própria vida, em todos os seus aspetos, à Pessoa de Jesus e, através dele, ao Pai. Para esta finalidade Jesus promete aos seus discípulos a efusão do Espírito Santo. Precisamente graças ao Espírito Santo, Amor que une o Pai e o Filho, e deles procede, todos nós podemos levar a mesma vida de Jesus. Com efeito, o Espírito ensina-nos tudo, ou seja, a única coisa indispensável: amar como Deus ama.

Quando promete o Espírito Santo, Jesus define-o «outro Paráclito» (v. 16), que significa Consolador, Advogado, Intercessor, ou seja, Aquele que nos assiste e defende, que está ao nosso lado ao longo do caminho da vida e na luta pelo bem e contra o mal. Jesus diz «outro Paráclito» porque o primeiro é Ele mesmo, que se fez carne precisamente para assumir sobre si a nossa condição humana e para a libertar da escravidão do pecado.

Além disso, o Espírito Santo exerce uma função de ensinamento e de memória. Ensinamento e memória: Foi o próprio Jesus que nos disse: «O Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos recordará tudo quanto vos tenho dito» (v. 26). O Espírito Santo não traz um ensinamento diferente, mas torna vivo e concreto o ensinamento de Jesus, a fim de que o tempo que passa não o anule, nem o faça desvanecer. O Espírito Santo instila este ensinamento no nosso coração, ajuda-nos a interiorizá-lo, levando-o a tornar-se uma parte de nós, carne da nossa carne. Ao mesmo tempo, prepara o nosso coração para que se torne verdadeiramente capaz de acolher as palavras e os exemplos do Senhor. Todas as vezes que a palavra de Jesus é recebida com alegria no nosso coração, isto é obra do Espírito Santo.

Agora recitemos juntos o Regina Coeli - pela última vez este ano - invocando a intercessão materna da Virgem Maria. Que Ela nos alcance a graça de sermos fortemente animados pelo Espírito Santo, para darmos testemunho de Cristo com franqueza evangélica e para nos abrirmos cada vez mais à plenitude do seu amor.


Fonte: Santa Sé.

Fotos da Solenidade de Pentecostes no Vaticano

No último dia 15 de maio o Papa Francisco celebrou na Basílica Vaticana a Santa Missa da Solenidade de Pentecostes.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Guido Marini e Marco Agostini. O livreto da celebração pode ser visto aqui.

Procissão de entrada

Incensação