São Boaventura, Bispo
Opúsculo 3: Lignum vitae
Em vós está a fonte da vida
Considera, ó homem
redimido, quem é Aquele que por tua causa está pregado na cruz, qual a sua
dignidade e grandeza. A sua morte dá a vida aos mortos; por sua morte choram o
céu e a terra, e fendem-se até as pedras mais duras. Para que, do lado de
Cristo morto na cruz, se formasse a Igreja e se cumprisse a Escritura que
diz: Olharão para aquele que transpassaram (Jo 19,37), a divina Providência permitiu
que um dos soldados lhe abrisse com a lança o sagrado lado, de onde jorraram
sangue e água. Este é o preço da nossa salvação. Saído daquela fonte divina,
isto é, no íntimo do seu Coração, iria dar aos sacramentos da Igreja o poder de
conferir a vida da graça, tornando-se para os que já vivem em Cristo bebida da
fonte viva que jorra para a vida eterna (Jo 4,14).
Levanta-te, pois,
tu que amas a Cristo, sê como a pomba que faz o seu ninho na
borda do rochedo (Jr
48,28), e aí, como o pássaro que encontrou sua morada (cf. Sl 83,4), não cesses de estar
vigilante; aí esconde como a andorinha os filhos nascidos do casto amor; aí
aproxima teus lábios para beber a água das fontes do Salvador (cf. Is 12,3). Pois esta é a fonte que
brota no meio do paraíso e, dividida em quatro rios (cf. Gn 2,10), se derrama nos corações
dos fiéis para irrigar e fecundar a terra inteira.
Acorre com vivo
desejo a esta fonte de vida e de luz, quem quer que sejas, ó alma consagrada a
Deus, e exclama com todas as forças do teu coração: “Ó inefável beleza do Deus
altíssimo e puríssimo esplendor da luz eterna, vida que vivifica toda vida, luz
que ilumina toda luz e conserva em perpétuo esplendor a multidão dos astros,
que desde a primeira aurora resplandecem diante do trono da vossa divindade.
Ó eterno e
inacessível, brilhante e suave manancial daquela fonte oculta aos olhos de
todos os mortais! Sois profundidade infinita, altura sem limite, amplidão sem
medida, pureza sem mancha!”.
De ti procede o rio
que vem trazer alegria à cidade de Deus (Sl 45,5), para que entre vozes de júbilo e contentamento (cf. Sl 41,5) possamos cantar hinos de
louvor ao vosso nome, sabendo por experiência que em vós está a fonte
da vida, e em vossa luz contemplamos a luz (Sl 35,10).
São Boaventura, Bispo e Doutor da Igreja |
Responsório (Sl 102,2.4; 33,9a)
Bendize, ó minha
alma, ao Senhor, não te esqueças de nenhum de seus favores!
R. Da sepultura Ele salva a tua vida e te cerca de carinho e compaixão.
Provai e vede quão
suave é o Senhor!
R. Da sepultura Ele salva a tua vida e te cerca de carinho e compaixão.
Oremos
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, alegrando-nos pela Solenidade
do Coração do vosso Filho, meditemos as maravilhas de seu amor e possamos
receber, desta fonte de vida, uma torrente de graças. Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
Fonte: Liturgia das Horas, vol. III, pp. 571-572.
aa
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