segunda-feira, 18 de março de 2024

Ordenação Episcopal de Dom Bruno Varriano

Na tarde do sábado, 16 de março de 2024, teve lugar no Centro de Conferências Filoxenia (“hospitalidade” em grego) em Nicósia (Chipre) a Santa Missa para a Ordenação Episcopal de Dom Bruno Varriano, O.F.M., Bispo Auxiliar do Patriarcado Latino de Jerusalém e Titular de Astigi, desde 2022 Vigário Patriarcal no Chipre.

Dom Bruno Varriano

O ordenante principal foi o Cardeal Pierbattista Pizzaballa, O.F.M., Patriarca Latino de Jerusalém. Os co-ordenantes foram o Cardeal Fortunato Frezza, Cônego da Basílica de São Pedro, e Dom Selim Jean Sfeir, Arcebispo de Chipre dos Maronitas.

A maioria dos católicos no Chipre, com efeito, pertencem à Igreja Maronita. Os católicos de Rito Romano, por sua vez, estão sob a jurisdição do Patriarcado Latino de Jerusalém, que designa um presbítero como Vigário Patriarcal para a ilha. Agora esse Vigário será também Bispo Auxiliar.

Estiveram presentes na celebração vários Bispos, tanto de Rito Romano quanto das Igrejas Católicas Orientais, bem como representantes da Igreja Greco-Ortodoxa do Chipre, à qual pertencem a maioria dos cristãos no país, incluindo o Arcebispo, Georgios III.

Dom Bruno Varriano com o Cardeal Pizzaballa
Procissão de entrada
Incensação
Ritos iniciais

Cardeal Cantalamessa: IV Pregação de Quaresma 2024

Cardeal Raniero Cantalamessa, OFMCap
IV pregação de Quaresma
15 de março de 2024
“Eu sou a ressurreição e a vida”

1. Em nosso comentário aos solenes “Eu sou” de Cristo no Evangelho de João, chegamos ao capítulo 11. Ele está todo ocupado pelo episódio da ressurreição de Lázaro. O ensinamento que João quis transmitir à Igreja com a sábia composição do capítulo pode ser resumido em três pontos:

Primeiro ponto: Jesus ressuscita o amigo Lázaro (Jo 11,1-44).

Segundo ponto: A ressurreição de Lázaro provoca a condenação de Jesus à morte (Jo 11,47-50):
“Os chefes dos sacerdotes e os fariseus reuniram então o sinédrio e discutiam: ‘Que vamos fazer, visto que este homem faz muitos sinais? Se o deixarmos continuar assim, todos crerão nele, e os romanos virão destruir nosso Lugar Santo e nossa nação’. Um deles, chamado Caifás, sumo sacerdote naquele ano, disse-lhes: ‘Vós não entendeis nada! Não considerais ser melhor para vós, que um só morra pelo povo e não pereça a não inteira?’”.

Terceiro ponto: A morte de Jesus obterá a ressurreição de todos os que creem n’Ele (Jo 11,51-53). O evangelista assim comenta:
“Caifás não falou isso por si mesmo, mas, sendo sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus haveria de morrer pela nação, e não só pela nação, mas também para reconduzir à unidade os filhos de Deus dispersos. A partir desse dia decidiram matar Jesus”.

Resumindo, a ressurreição de Lázaro provoca a morte de Jesus; a Morte de Jesus provoca a ressurreição de quem crer n’Ele!


2. Agora podemos nos concentrar na palavra de autorrevelação contida no contexto:
“Jesus respondeu: ‘Teu irmão vau ressuscitar’. Marta disse: ‘Eu sei que ele vai ressuscitar, na ressurreição do último dia’. Então Jesus declarou: ‘Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que tenha morrido, ainda que tenha morrido, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá’” (Jo 11,23-26).

sexta-feira, 15 de março de 2024

Raniero Cantalamessa: Celebração da Paixão 2014

Prosseguindo nossa “retrospectiva” das homilias do Cardeal Raniero Cantalamessa na Celebração da Paixão do Senhor, propomos sua meditação na Sexta-feira Santa de 2014, sobre a figura de Judas Iscariotes:

Padre Raniero Cantalamessa, OFMCap
Homilia na Celebração da Paixão do Senhor
Basílica de São Pedro
Sexta-feira Santa, 18 de abril de 2014
“Estava com eles também Judas, o traidor”

1. Dentro da história divino-humana da Paixão de Jesus existem muitas pequenas histórias de homens e de mulheres que entraram no raio da sua luz ou da sua sombra. A mais trágica delas é a de Judas Iscariotes. É um dos poucos fatos comprovados, com igual destaque, por todos os quatro Evangelhos e pelo resto do Novo Testamento. A primitiva comunidade cristã refletiu muito sobre ele e nós faríamos mal se não fizéssemos o mesmo. Ele tem muito a nos dizer.

Judas foi escolhido desde a primeira hora para ser um dos Doze. Ao incluir o seu nome na lista dos Apóstolos, o evangelista Lucas escreve “Judas Iscariotes, que se tornou (egeneto) o traidor” (Lc 6,16). Judas, portanto, não tinha nascido traidor e não o era quando foi escolhido por Jesus; tornou-se! Estamos diante de um dos dramas mais obscuros da liberdade humana. Por que se tornou? Em anos não distantes, quando estava de moda a tese do Jesus “revolucionário”, tentou-se dar a seu gesto motivações ideais. Alguém viu no seu apelido “Iscariotes” uma deformação de “sicariota”, ou seja, pertencente ao grupo de zelotes extremistas que atuavam como “sicários” contra os romanos; outros pensaram que Judas estivesse desapontado com a maneira em que Jesus realizou a sua ideia do “reino de Deus” e quisesse forçá-lo a agir no plano político contra os pagãos. É o Judas do famoso musical “Jesus Christ Superstar” e de outros espetáculos e novelas recentes. Um Judas muito semelhante a outro célebre traidor do próprio benfeitor: Brutus, que matou Júlio César para salvar a República!


São reconstruções que devem ser respeitadas quando contêm alguma dignidade literária ou artística, mas não têm nenhuma base histórica. Os Evangelhos - as únicas fontes confiáveis ​​que temos sobre o personagem - falam de um motivo muito mais “pé no chão”: o dinheiro. Judas tinha a responsabilidade da bolsa comum do grupo; na ocasião da unção em Betânia havia protestado contra o desperdício do perfume precioso derramado por Maria aos pés de Jesus, não porque se preocupasse pelos pobres, assinala João, mas porque “era ladrão; ele tomava conta da bolsa comum e roubava o que se depositava nela” (Jo 12,6). A sua proposta aos chefes dos sacerdotes é explícita: “O que me dareis se vos entregar Jesus?”. Combinaram, então, trinta moedas de prata (Mt 26,15).

Sugestão de leitura: Cadernos do Concílio (Parte 3)

Nos últimos dois meses apresentamos como sugestão de leitura alguns dos volumes da ColeçãoCadernos do Concílio” dedicados à Constituição Sacrosanctum Concilium.

Essa Coleção foi elaborada pelo Dicastério para a Evangelização (Seção para as questões fundamentais da evangelização no mundo) no contexto da preparação para o Jubileu Ordinário de 2025.

Em vista do Jubileu, com efeito, o Papa Francisco propôs “revisitar” as quatro Constituições do Concílio Vaticano II (1962-1965): Dei Verbum, Sacrosanctum Concilium, Lumen Gentium e Gaudium et Spes.


Os 34 volumes, com breves reflexões sobre as quatro Constituições conciliares, começaram a ser publicados no Brasil no segundo semestre de 2023 pelas Edições CNBB.

Nos meses de janeiro e fevereiro apresentamos os primeiros seis dos nove volumes dedicados à Constituição Sacrosanctum Concilium sobre a sagrada Liturgia (nn. 6-8 e nn. 9-11). Neste mês, portanto, concluímos nossa proposta com os nn. 12-14 da Coleção, que correspondem aos capítulos V e VI do documento:

O Domingo
Padre Giuseppe Midili, O. Carm.
Coleção Cadernos do Concílio, vol. 12
62 páginas

quinta-feira, 14 de março de 2024

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio: Jesus Cristo 37

Jesus como “fundador da estrutura ministerial e sacramental da Igreja” foi a reflexão proposta pelo Papa São João Paulo II em suas Catequeses nn. 56-57 sobre Jesus Cristo.

Para acessar a Introdução desta série, com os links para todas as meditações, clique aqui.

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio
CREIO EM JESUS CRISTO

56. Jesus, fundador da estrutura ministerial da Igreja
João Paulo II - 22 de junho de 1988

1. Como afirmamos na Catequese anterior, toda a missão de Jesus de Nazaré, seu ensinamento, os signos que fazia, até aquele supremo, a Ressurreição (“o sinal do profeta Jonas”), estavam destinados a “reunir” os homens. Esta “assembleia” do novo Povo de Deus constitui o primeiro esboço da Igreja, na qual, por vontade e instituição de Cristo, deve verificar-se e perdurar na história do homem o Reino de Deus iniciado com a vinda e a missão messiânica de Cristo. Jesus de Nazaré anunciava o Evangelho a todos os que o seguiam para escutá-lo, mas, ao mesmo tempo, chamou alguns de modo particular a segui-lo, para serem preparados por Ele para una missão futura. Trata-se, por exemplo, da vocação de Filipe (Jo 1,43), de Simão (Lc 5,10) e de Levi, o publicano: também a ele Cristo se dirige com o seu “segue-me” (cf. Lc 5,27-28).

A “árvore da Igreja”, tendo como primeiros “frutos” os Doze Apóstolos

2. Particularmente relevante para nós é o fato de que, entre os seus discípulos, Jesus tenha escolhido os Doze: uma escolha que teve também o caráter de uma “instituição”. O Evangelho de Marcos (Mc 3,14) utiliza a respeito a expressão “instituiu”, “constituiu” (em grego: έποίησεν), verbo que no texto grego da Septuaginta é usado também para a obra da criação; por isso o texto hebraico original usa a palavra “bara”, que não possui um correspondente preciso em grego: “bara” expressa aquilo que só o próprio Deus “faz”, criando do nada. Em todo caso, também a expressão grega “έποίησεν” é suficientemente eloquente em relação aos Doze: fala da sua instituição como de uma ação decisiva de Cristo que produziu uma nova realidade. As funções - as tarefas - que os Doze recebem são consequência daquilo em que eles se converteram em virtude da instituição por parte de Cristo (instituiu = fez).

Faleceu o Patriarca Neófito da Bulgária

Faleceu no fim da tarde da quarta-feira, 13 de março de 2024, aos 78 anos, o Patriarca Neófito da Igreja Ortodoxa Búlgara, também transliterado como Neóphytos ou Neofit.


Simeon Nikolov Dimitrov (Симеон Николов Димитров) nasceu em 15 de outubro de 1945 em Sófia (Bulgária). Após ingressar no Seminário Teológico de Sófia em 1959, especializou-se em música na Academia Teológica de Moscou. De volta à Bulgária, em 1973 foi nomeado professor e diretor do coral na Academia Teológica de Sófia.

Professou os votos monásticos no Mosteiro de Troyan no dia 03 de agosto de 1975, assumindo o nome de Neófito (Неофит). Recebeu a ordenação diaconal no dia 15 de agosto do mesmo ano e a ordenação presbiteral no dia 25 de março de 1976.

Prosseguiu como professor de música, exercendo também outras funções dentro da Igreja Ortodoxa Búlgara. Em 21 de novembro de 1977 recebeu o título de Arquimandrita e em 01 de janeiro de 1981 foi nomeado Protosincelo (Vigário Geral) da Metropolia de Sófia.

Recebeu a ordenação episcopal no dia 08 de dezembro de 1985, sendo nomeado Bispo Auxiliar de Sófia, sede do Patriarcado.


Em 01 de dezembro de 1989 foi nomeado reitor da Academia Teológica de Sófia, que em 1991 tornou-se Faculdade de Teologia da Universidade de Sófia. Exerceu o ofício até 27 de janeiro de 1992, quando se tornou Secretário Geral do Sínodo da Igreja Ortodoxa Búlgara.

No dia 03 de abril de 1994 foi nomeado Metropolita da Eparquia de Dorostol e Cherven. No dia 17 de dezembro de 2001, quando essa foi dividida em duas Eparquias (Dorostol e Ruse), foi nomeado Metropolita de Ruse.

Após a morte do Patriarca Maxim (†2012), no dia 24 de fevereiro de 2013 o Metropolita Neófito foi eleito como novo Metropolita de Sófia e Patriarca de toda a Bulgária, o terceiro desde a restauração do Patriarcado em 1953. Foi entronizado no mesmo dia na Catedral Patriarcal de Santo Alexander Nevsky na capital búlgara.

Em maio de 2019 recebeu o Papa Francisco na sede do Patriarcado em Sófia. Confira algumas imagens clicando aqui.


Concede, ó Salvador nosso, o repouso às almas dos teus servos, com os justos que alcançaram a perfeição, guarda-os contigo, na vida divina, no lugar do teu repouso, Senhor, onde descansam os teus santos”.

Para saber mais sobre as Igrejas Ortodoxas Bizantinas, clique aqui.

quarta-feira, 13 de março de 2024

Ângelus: IV Domingo da Quaresma - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 10 de março de 2024

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
Neste IV Domingo da Quaresma o Evangelho apresenta-nos a figura de Nicodemos (Jo 3,14-21), fariseu, «um dos chefes dos judeus» (Jo 3,1). Ele viu os sinais que Jesus realizava, reconheceu n’Ele um mestre enviado por Deus e foi ao seu encontro de noite, para não ser visto. O Senhor acolheu-o, dialogou com ele e revelou-lhe que não tinha vindo para condenar, mas para salvar o mundo (v. 17). Detenhamo-nos a refletir sobre isto: Jesus não veio para condenar, mas para salvar. É belo!

Muitas vezes, no Evangelho, vemos Cristo revelar as intenções das pessoas que encontra, por vezes desmascarando as suas atitudes falsas, como no caso dos fariseus (cf. Mt 23,27-32), ou fazendo-as refletir sobre a desordem da sua vida, como no caso da Samaritana (cf. Jo 4,5-42). Perante Jesus não há segredos: Ele lê no coração, no coração de cada um de nós. E esta capacidade pode ser perturbadora porque, se for mal utilizada, prejudica as pessoas, expondo-as a julgamentos sem misericórdia. Pois ninguém é perfeito, todos somos pecadores, todos erramos, e se o Senhor usasse o conhecimento das nossas fraquezas para nos condenar, ninguém poderia salvar-se.

Mas não é assim. Pois Ele não o utiliza para apontar o dedo, mas para abraçar a nossa vida, para nos libertar dos pecados e para nos salvar. Jesus não está interessado em julgar-nos nem em submeter-nos a sentenças; Ele não quer que nenhum de nós se perca. O olhar do Senhor sobre cada um de nós não é um farol ofuscante que nos deslumbra e nos coloca em dificuldade, mas o brilho suave de uma lâmpada amiga, que nos ajuda a ver o que há de bom em nós e a percebermos o que há de mau, para nos convertermos e curarmos com o apoio da sua graça. 

Jesus não veio para condenar, mas para salvar o mundo. Pensemos em nós, que tantas vezes condenamos os outros; tantas vezes gostamos de fofocar, de procurar mexericos contra os outros. Peçamos ao Senhor que nos conceda a todos esse olhar de misericórdia, de olhar para os outros como Ele olha para todos nós. 
Que Maria nos ajude a desejar o bem uns dos outros.

Diálogo de Jesus com Nicodemos (Walter Rane)

Fonte: Santa Sé.