quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio: Jesus Cristo 12

O Papa São João Paulo II prosseguiu sua reflexão sobre a relação entre o Pai e o Filho nas Catequeses nn. 18-19 sobre Jesus Cristo.

Para acessar a postagem com os links para todas as Catequeses, clique aqui.

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio
CREIO EM JESUS CRISTO

18. Jesus Cristo, Filho intimamente unido ao Pai
João Paulo II - 08 de julho de 1987

1. “Abbá, meu Pai”: tudo o que dissemos na Catequese anterior nos permite penetrar mais profundamente na única e excepcional relação do Filho com o Pai, que encontra sua expressão nos Evangelhos - tanto nos Sinóticos como em João - e em todo o Novo Testamento. Se no Evangelho de João são mais numerosas as passagens que destacam esta relação (poderíamos dizer “em primeira pessoa”), nos Sinóticos, porém, se encontra a frase que parece conter a chave desta questão: “Ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar (Mt 11,27; Lc 10,22).

O Filho, pois, revela o Pai como Aquele que o “conhece” e enviou-o como Filho para “falar” aos homens por meio d’Ele (cf. Hb 1,2) de forma nova e definitiva. Mais ainda: precisamente este Filho Unigênito o Pai “o entregou” para a salvação do mundo, a fim de que o homem alcance n’Ele e por meio d’Ele a vida eterna (cf. Jo 3,16).

Trindade (Lorenzo Lotto)
Note-se atrás de Cristo a silhueta do Pai

2. Muitas vezes, mas especialmente durante a Última Ceia, Jesus insiste em dar a conhecer aos seus discípulos que está unido al Pai por um vínculo de particular pertença. “Tudo o que é meu, é teu; e tudo o que é teu, é meu” (Jo 17,10), diz na oração sacerdotal, despedindo-se dos Apóstolos para ir ao encontro da sua Paixão. E pede então a unidade para os seus discípulos, atuais e futuros, com palavras que destacam o vínculo dessa união e “comunhão” com aquela existente entre o Pai e o Filho. Ele, com efeito, pede: “Que todos sejam um, como Tu, Pai, estás em mim, e Eu em ti. Que também eles estejam em nós, a fim de que o mundo creia que Tu me enviaste. Eu lhes dei a glória que Tu me deste, para que eles sejam um, como nós somos um. Eu neles e Tu em mim, sejam, assim, consumados na unidade, e o mundo reconheça que Tu me enviaste e os amaste, como amaste a mim” (Jo 17,21-23).

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Festa da Dormição da Mãe de Deus segundo o calendário juliano (2023)

No dia 28 de agosto as Igrejas Orientais (Católicas e Ortodoxas) que seguem o calendário juliano, com 13 dias de diferença em relação ao calendário gregoriano (utilizado no Rito Romano), celebraram a Festa da Dormição da Mãe de Deus.

Nesta postagem destacamos as celebrações da Festa na Igreja Greco-Católica Ucraniana e no Patriarcado Greco-Ortodoxo de Jerusalém:

O Arcebispo-Maior da Igreja Greco-Católica Ucraniana, Dom Sviatoslav Shevchuk (Святосла́в Шевчу́к), celebrou a Divina Liturgia da Festa no dia 28 de agosto na Catedral da Dormição em Stryi (Стрий), sua cidade natal.

Esta foi a última festa fixa celebrada pela Igreja Ucraniana segundo o calendário juliano. A partir do próximo dia 01 de setembro (inicio do novo Ano Litúrgico no Rito Bizantino), a Igreja passará a adotar o calendário gregoriano para as festas fixas, conservando a contagem segundo o calendário juliano apenas para as festas móveis, ligadas ao ciclo da Páscoa.

Homilia

O diácono incensa os fiéis
Grande Entrada
Anáfora (Oração Eucarística)

Ordenação Episcopal em Zarvanytsia (Ucrânia)

Após a Ordenação Episcopal do Bispo Auxiliar de Kolomyia no dia 20, no último domingo, 27 de agosto de 2023, o Arcebispo-Maior da Igreja Greco-Católica Ucraniana, Dom Sviatoslav Shevchuk (Святосла́в Шевчу́к), celebrou a Divina Liturgia no Santuário da Mãe de Deus de Zarvanytsia (Собор Зарваницької Матері Божої), no oeste da Ucrânia, para a Ordenação Episcopal de Dom Volodymyr Firman (Володимир Фірман), nomeado Bispo Auxiliar da Arquieparquia de Ternopil-Zboriv (Тернопільсько-Зборівська Архиєпархія).

Os co-ordenantes foram Dom Vasyl Semeniuk (Василь Семенюк), Arquieparca de Ternopil-Zboriv, e Dom Bohdan Danylo (Богдан Данило), Bispo da Eparquia de São Josafá em Parma (EUA).

Início da Divina Liturgia
Profissão de fé do Bispo eleito
O Arcebispo Maior abençoa os fiéis

Início do rito da Ordenação Episcopal

terça-feira, 29 de agosto de 2023

Leitura litúrgica do Livro de Rute

“Teu povo será o meu povo, e o teu Deus será o meu Deus” (Rt 1,16).

Dentro do bloco dos chamados “livros históricos” na Bíblia cristã, há quatro livros que podem ser definidos como “novelas bíblicas”: narrativas ou contos sobre diversos aspectos da vida quotidiana, de caráter didático. São eles: Rute, Ester, Judite e Tobias.

Em nossa série de postagens sobre a leitura litúrgica dos livros da Sagrada Escritura iniciamos a análise dessas narrativas com um dos dois livros protocanônicos da lista (aceitos por todas as igrejas cristãs): o Livro de Rute (Rt).

Rute (Edwin Long)

1. Breve introdução ao Livro de Rute

Enquanto na Bíblia Hebraica o Livro de Rute aparece entre os Escritos (Ketubim), na Bíblia cristã ele se encontra após o Livro dos Juízes (Jz), devido ao primeiro versículo: “No tempo em que os juízes governavam...” (Rt 1,1). Porém, Rute não faz parte da literatura deuteronomista, à qual pertence Juízes.

Na tradição hebraica, Rute faz parte dos cinco “Megillot”, os cinco “rolos” lidos nas principais festas. Por sua referência à colheita e à fidelidade à aliança, costumava ser lido na Festa das Semanas (Shavuot).

Seu autor (ou autora, dado o protagonismo das mulheres na obra) é desconhecido. Sua datação também é bastante incerta, embora a maioria dos estudiosos o situe no período pós-exílico, entre os séculos V e IV a. C.

Nesse período ocorre a reforma de Esdras e Neemias, que “fecham” o Judaísmo a influências externas, proibindo casamentos com estrangeiros. Para alguns estudiosos, Rute (assim como Jonas) seria uma crítica a essa reforma, colocando uma mulher estrangeira como antepassada do rei Davi.

O Livro de Rute pode ser dividido em quatro “cenas”, além de um epílogo, cada uma situada em um local:
a) Rt 1,1-22: Em Moab - Noemi retorna a Belém, acompanhada por Rute;
b) Rt 2,1-23: Nos campos de Belém (dia) - Rute trabalha no campo de Booz e Noemi trama casá-los;
c) Rt 3,1-18: Nos campos de Belém (noite) - Rute executa o “plano” de Noemi;
d) Rt 4,1-13a: Na porta da cidade - Casamento de Rute com Booz;
e) Rt 4,13b-22: Epílogo, incluindo a genealogia de Davi (vv. 18-22).

A trama pode ser assim resumida: em um período de fome, uma família natural de Belém (Bet-Lehem, “casa do pão”) é obrigada a migrar para um país estrangeiro, Moab. Lá os dois filhos casam-se com mulheres moabitas, mas falecem, assim como seu pai. Noemi, a viúva, decide então retornar a Belém, sendo acompanhada por uma de suas noras, Rute, que se nega a abandoná-la (seu nome, com efeito, significa “companheira” ou “amiga”).

Em Belém, Rute vai trabalhar nos campos de Booz (ou Boaz), parente de Noemi, a qual arma um “plano” para casá-los. Booz exerce então a função do go’el (traduzido como “redentor” ou “defensor”): casa-se com Rute para assegurar a continuidade da família e a posse das suas terras.

Rute e Booz (Julius Schnorr von Carolsfeld)

Embora Deus não intervenha diretamente na história, embra seja invocado várias vezes, a teologia do livro gira em torno de sua misericórdia-fidelidade, hesed (Rt 2,20: o Senhor “não cessa de usar de misericórdia”). Assim como na história de José (Gn 36–50), Deus age através da Providência, dirigindo silenciosamente os acontecimentos.

Também os personagens mostram misericórdia uns para com os outros (Rute que não abandona sua sogra, Booz que alimenta Rute) e são recompensados. O ápice das bênçãos está no dom do filho, Obed, “pai de Jessé, pai de Davi” (Rt 4,17).

Para saber mais, confira a bibliografia indicada no final da postagem.

2. Leitura litúrgica do Livro de Rute: Composição harmônica

Segundo o n. 66 do Elenco das Leituras da Missa (ELM) são dois os critérios de seleção dos textos para as celebrações litúrgicas: a composição harmônica, com o texto em harmonia com o tempo ou festa litúrgica, e a leitura semicontínua, a proclamação dos principais textos do livro na sequência [1].

Ângelus: XXI Domingo do Tempo Comum - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 27 de agosto de 2023

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje, no Evangelho (Mt 16,13-20), Jesus faz uma boa pergunta aos discípulos: «Quem dizem os homens ser o Filho do homem?» (v. 13).

É uma pergunta que também podemos fazer a nós mesmos: o que dizem as pessoas de Jesus? Geralmente coisas positivas: muitos o veem como um grande mestre, como uma pessoa especial: boa, justa, coerente, corajosa... Mas será isto suficiente para compreender quem é e, sobretudo, será suficiente para Jesus? Parece que não. Se Ele fosse apenas uma figura do passado - como as figuras mencionadas no mesmo Evangelho, João Batista, Moisés, Elias e os grandes profetas eram para as pessoas da época - seria apenas uma bela recordação de um tempo passado. E isso não agrada a Jesus. Portanto, logo a seguir, o Senhor faz aos discípulos a pergunta decisiva: «E vós - vós! -, quem dizeis que Eu sou?» (v. 15). Quem sou Eu para vós agora? Jesus não quer ser um protagonista da história, mas quer ser protagonista do teu hoje, do meu hoje; não um profeta distante: Jesus quer ser o Deus próximo!

Irmãos e irmãs, Cristo não é uma memória do passado, mas o Deus do presente. Se fosse apenas uma figura histórica, imitá-lo hoje seria impossível: nos encontraríamos perante a grande vala do tempo e, sobretudo, perante o seu modelo, que é como uma montanha muito alta e inalcançável; desejosos de escalá-la, mas desprovidos da capacidade e dos meios necessários. Em vez disso, Jesus está vivo: recordemo-lo, Jesus está vivo, Jesus vive na Igreja, vive no mundo, Jesus acompanha-nos, Jesus está ao nosso lado, oferece-nos a sua Palavra, oferece-nos a sua graça, que iluminam e restabelecem no caminho: Ele, guia experiente e sábio, está feliz por nos acompanhar nos caminhos mais difíceis e nas subidas mais árduas.

Queridos irmãos e irmãs, no caminho da vida não estamos sozinhos, porque Cristo está conosco, Cristo ajuda-nos a caminhar, como fez com Pedro e com os outros discípulos. É precisamente Pedro, no Evangelho de hoje, que compreende isto e, por graça, reconhece em Jesus «o Cristo, o Filho de Deus vivo» (v. 16): «Tu és o Cristo, Tu és o Filho de Deus vivo», diz Pedro; não é um personagem do passado, mas o Cristo, isto é, o Messias, aquele que é esperado; não um herói morto, mas o Filho de Deus vivo, que se fez homem e veio partilhar as alegrias e as fadigas do nosso caminho. Não desanimemos se às vezes o cume da vida cristã parecer demasiado alto e o caminho demasiado íngreme. Olhemos para Jesus, sempre; olhemos para Jesus que caminha ao nosso lado, que acolhe as nossas fragilidades, partilha os nossos esforços e apoia o seu braço firme e suave sobre os nossos ombros fracos. Com Ele ao nosso lado, estendamos também a mão uns aos outros e renovemos a confiança: com Jesus, o que parece impossível por nós mesmos já não é impossível, com Jesus podemos ir em frente!

Hoje nos fará bem repetir a pergunta decisiva que sai da sua boca: «Quem dizeis que Eu sou?» (v. 15). Tu - diz-te Jesus - tu, quem dizes que Eu sou? Ouvimos a voz de Jesus a perguntar-nos isto. Em outras palavras: quem é Jesus para mim? Um grande personagem, um ponto de referência, um modelo inatingível? Ou é o Filho de Deus, que caminha ao meu lado, que pode me levar ao cume da santidade, onde não posso chegar sozinho? Jesus está realmente vivo na minha vida, Jesus vive comigo? É o meu Senhor? Confio-me a Ele nos momentos de dificuldade? Cultivo a sua presença através da Palavra, através dos Sacramentos? Deixo-me guiar por Ele, juntamente com os meus irmãos e irmãs, na comunidade?
Maria, Mãe do Caminho, nos ajude a sentir o seu Filho vivo e presente ao nosso lado.

Jesus entrega as chaves a Pedro após sua profissão de fé
(Nicolas Poussin)

Fonte: Santa Sé.

sábado, 26 de agosto de 2023

Nota de falecimento: Cardeal Geraldo Majella Agnelo

Faleceu na manhã do sábado, 26 de agosto de 2023, aos 89 anos, o Cardeal Geraldo Majella Agnelo, Arcebispo Emérito de Salvador (BA).


Geraldo Majella Agnelo nasceu em 19 de outubro de 1933 em Juiz de Fora (MG) e foi ordenado sacerdote no dia 29 de junho de 1957, incardinado na Arquidiocese de São Paulo (SP).

Após obter o Doutorado em Liturgia pelo Pontifício Instituto Litúrgico Santo Anselmo (Roma), atuou como professor em São Paulo. De 1974 a 1978 foi diretor da Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção (atualmente integrada na PUC-SP).

No dia 05 de maio de 1978 foi nomeado pelo Papa Paulo VI como Bispo Diocesano de Toledo (PR), recebendo a Ordenação Episcopal no dia 06 de agosto do mesmo ano (mesmo dia da morte do Papa), na Catedral de São Paulo, sendo ordenante principal o então Arcebispo, Cardeal Paulo Evaristo Arns (†2016).

Quatro anos depois, no dia 04 de outubro de 1982, o Papa João Paulo II nomeou Dom Geraldo como Arcebispo Metropolitano de Londrina (PR).

Como Arcebispo de Londrina, colaborou na criação da Pastoral da Criança, junto à Sra. Zilda Arns Neumann (†2010). Entre 1983 e 1987 foi Presidente da Comissão para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).


No dia 16 de setembro de 1991 foi chamado a trabalhar em Roma como Secretário da Congregação para o Culto Divino. Em 1995 foi nomeado Presidente da Comissão de Liturgia do Grande Jubileu do ano 2000.

Exerceu este ofício até 13 de janeiro de 1999, quando foi nomeado pelo Papa como Arcebispo Metropolitano de São Salvador da Bahia e, portanto, Primaz do Brasil.

O mesmo João Paulo II o criou Cardeal Presbítero no Consistório de 21 de fevereiro de 2001, recebendo a igreja titular de São Gregório Magno alla Magliana Nuova. De 2003 a 2007 foi Presidente da CNBB.

No dia 12 de janeiro de 2011, tendo já superado o limite de idade de 75 anos, o Papa Bento XVI aceitou sua renúncia ao ofício de Arcebispo de Salvador.

Participou dos Conclaves de 2005 e 2013, perdendo o direito ao voto em outubro de 2013, ao completar 80 anos.


Com sua morte o Colégio Cardinalício passa a contar com 221 membros, sendo 120 eleitores em um eventual Conclave e 101 não-eleitores (Cardeais com mais de 80 anos), números que serão alterados pelo Consistório do próximo dia 30 de setembro.

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio: Jesus Cristo 11

Em suas Catequeses nn. 16-17 sobre Jesus Cristo o Papa São João Paulo II prossegue a reflexão sobre a relação entre o Pai e o Filho.

Para acessar a postagem que serve de Introdução e Índice das Catequeses, clique aqui.

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio
CREIO EM JESUS CRISTO

16. Jesus Cristo, o Filho enviado pelo Pai
João Paulo II - 24 de junho de 1987

1. O Prólogo do Evangelho de João, ao qual foi dedicada a Catequese anterior, falando de Jesus como Logos, Verbo, Filho de Deus, exprime sem sombra de dúvida o núcleo essencial da verdade sobre Jesus Cristo; verdade que forma o conteúdo central da autorrevelação de Deus na nova aliança e como tal é professada solenemente pela Igreja. É a fé no Filho de Deus, que é “da mesma natureza do Pai como Verbo eterno, eternamente “gerado”, “Deus de Deus e Luz de Luz”, de modo algum “criado” (ou adotado). O Prólogo manifesta ademais a verdade sobre adivinha preexistência de Jesus Cristo como “Filho Unigênito” que está “no seio do Pai”. Sobre esta base adquire destaque a verdade sobre a vinda do Deus-Filho ao mundo - “O Verbo se fez carne e veio morar entre nós” (Jo 1,14) - para cumprir uma particular missão da parte do Pai. Esta missão (missio Verbi) possui uma importância essencial no plano divino da salvação. Ela contém a suprema e definitiva realização do desígnio salvífico de Deus em relação ao mundo e ao homem.

2. Em todo o Novo Testamento encontramos expressa a verdade sobre o envio do Filho por parte do Pai, que se concretiza na missão messiânica de Jesus Cristo. São particularmente significativas a respeito as numerosas passagens do Evangelho de João, aos quais é preciso recorrer antes de tudo.

Jesus Cristo, enviado do Pai
(Giovanni Battista Gaulli, il Baciccio)

Jesus diz, falando com os discípulos e com seus próprios adversários: “É da parte de Deus que Eu saí e vim. Eu não vim por mim mesmo; foi Ele quem me enviou” (Jo 8,42). “Eu não estou só, mas o Pai que me enviou está comigo” (v. 16). “Eu dou testemunho de mim mesmo, e também o Pai, que me enviou, dá testemunho de mim” (v. 18). “Aquele que me enviou é verdadeiro, e vós não o conheceis. Eu o conheço porque venho da parte d’Ele; foi Ele quem me enviou” (Jo 7,28-29). “Essas mesma obras que Eu faço dão testemunho em meu favor, de que o Pai me enviou” (Jo 5,36). “O meu alimento é fazer a vontade d’Aquele que me enviou e levar a termo sua obra” (Jo 4,34).

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Ordenação Episcopal em Kolomyia (Ucrânia)

No último domingo, 20 de agosto de 2023, o Arcebispo-Maior da Igreja Greco-Católica Ucraniana, Dom Sviatoslav Shevchuk (Святосла́в Шевчу́к), celebrou a Divina Liturgia na Catedral da Transfiguração do Senhor em Kolomyia (Коломия), no oeste da Ucrânia, durante a qual conferiu a Ordenação Episcopal a Dom Petro Holiney (Петро Голіней), nomeado Bispo Auxiliar da Eparquia de Kolomyia (Коломийсько Єпархія).

Os co-ordenantes foram o Bispo de Kolomyia, Dom Vasyl Ivasyuk (Василь Івасюк), e o brasileiro Dom Dionísio Lachovicz (Діоні́сій Ляхо́вич),Exarca Apostólico para os católicos ucranianos na Itália.

Catedral da Transfiguração em Kolomyia
Procissão de entrada

Profissão de fé do Bispo eleito

Festa de Nossa Senhora de Kalwaria (2023)

No Santuário de Nossa Senhora de Kalwaria Zebrzydowska (Sanktuarium w Kalwarii Zebrzydowskiej), na Arquidiocese de Cracóvia (Polônia), a Solenidade da Assunção da Virgem Maria sempre é celebrada na sexta-feira e no domingo após o dia 15 de agosto como uma espécie de “Páscoa mariana”.

Na sexta-feira, dia 18 de agosto de 2023, foram celebradas as Vésperas e procissão em honra da Dormição de Maria, presididas por Dom Jan Romeo Pawłowski, Núncio Apostólico na Grécia, seguidas da Santa Missa presidida pelo Arcebispo de Cracóvia, Dom Marek Jędraszewski.

No domingo, dia 20 de agosto, por sua vez, teve lugar a Santa Missa em honra da Assunção de Maria, igualmente presidida por Dom Marek.

Sexta-feira, 18 de agosto:
Vésperas, procissão e Missa em honra da Dormição de Maria

Imagem de Maria morta
Oração das Vésperas

Homilia de Dom Jan Romeo Pawłowski
Incensação da imagem

terça-feira, 22 de agosto de 2023

Ângelus: XX Domingo do Tempo Comum - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 20 de agosto de 2023

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje o Evangelho narra o encontro de Jesus com uma mulher cananeia, fora do território de Israel (Mt 15,21-28). Ela pede-lhe que liberte a sua filha, atormentada por um demônio, mas o Senhor não presta atenção. Ela insiste, e os discípulos o aconselham a conceder-lhe o que pede para que ela se calme, mas Jesus explica que a sua missão se destina aos filhos de Israel, e usa esta imagem: «Não é bom pegar no pão dos filhos e atirá-lo aos cachorrinhos». E a mulher, corajosa, responde: «É verdade, Senhor, e, no entanto, os cachorrinhos comem as migalhas que caem da mesa dos seus donos». Então Jesus diz-lhe: «“Mulher, grande é a tua fé! Que te aconteça o que desejas”. E, a partir daquele momento, a sua filha ficou curada» (vv. 26-28). Que bela história! E isto aconteceu a Jesus.

Vemos que Jesus muda de atitude, e o que o faz mudar é a força da fé da mulher. Reflitamos, pois, brevemente acerca destes dois aspectos: a mudança de Jesus e a fé da mulher.

A mudança de Jesus. Ele dirigia a sua pregação ao povo eleito; depois, o Espírito Santo levaria a Igreja até aos confins do mundo. Mas aqui, poderíamos dizer, dá-se uma antecipação, na qual, no episódio da cananeia, se manifesta já a universalidade da obra de Deus. É interessante esta disponibilidade de Jesus: perante a oração da mulher, Ele “antecipa os planos”, diante do seu caso concreto, torna-se ainda mais condescendente e compassivo. Deus é assim: é amor, e aquele que ama não permanece rígido. Sim, permanece firme, mas não rígido. Não permanece rígido nas suas posições, mas deixa-se mover e comover; sabe mudar os próprios projetos. O amor é criativo, e nós, cristãos, se queremos imitar Cristo, somos convidados à disponibilidade para mudar. Como nos faz bem nas nossas relações, mas também na nossa vida de fé, sermos dóceis, escutarmos verdadeiramente, deixarmo-nos comover por causa da compaixão e do bem dos outros, como fez Jesus com a cananeia. Docilidade para mudar. Corações dóceis para mudar.

Vejamos então a fé da mulher, que o Senhor elogia, dizendo que é «grande» (v. 28). Para os discípulos só a sua insistência parece grande, mas Jesus vê a fé. Se pensarmos bem, aquela mulher estrangeira provavelmente pouco ou nada sabia das leis e dos preceitos religiosos de Israel. Em que consiste então a sua fé? Não é rica de conceitosmas de fatos: a cananeia aproxima-se, prostra-se, insiste, mantém um diálogo estreito com Jesus, supera todos os obstáculos para lhe falar. Eis a concretude da fé, não é um rótulo religioso, mas uma relação pessoal com o Senhor. Quantas vezes caímos na tentação de confundir a fé com um rótulo! A fé da mulher não é feita de regras teológicas, mas de insistência: bate à porta, bate, bate; não é feita de palavras, mas de oração. E Deus não resiste quando é implorado. Por isso disse: «Pedi e vos será dado, procurai e encontrareis, batei e vos será aberto» (Mt 7,7).

Irmãos e irmãs, à luz de tudo isto, podemos colocar-nos algumas questões. Partindo da mudança de Jesus, por exemplo: sou capaz de mudar de opinião? Sou capaz de ser compreensivo, de ser compassivo, ou mantenho-me rígido nas minhas posições? Há alguma rigidez no meu coração? O que não é firmeza: a rigidez é negativa, a firmeza é positiva. E a partir da fé da mulher: como é a minha fé?  Está parada nos conceitos e nas palavras, ou é verdadeiramente vivida, com a oração e as ações? Sei dialogar com o Senhor, insistir com Ele, ou contento-me em recitar uma fórmula bonita?
Que Nossa Senhora nos torne disponíveis para o bem e concretos na fé.

Jesus e a mulher cananeia
(Sebastiano Ricci)

Fonte: Santa Sé.

Observação: No Brasil celebramos neste domingo a Solenidade da Assunção de Maria, transferida do dia 15 de agosto.

segunda-feira, 21 de agosto de 2023

Festa da Transfiguração no Patriarcado Ortodoxo de Jerusalém

No dia 19 de agosto de 2023 o Patriarca Greco-Ortodoxo de Jerusalém, Teophilos III, presidiu a Divina Liturgia da Festa da Transfiguração do Senhor segundo o calendário juliano (com uma diferença de 13 dias em relação ao calendário gregoriano) no Monte Tabor.

Neste dia na tradição bizantina é costume abençoar as frutas, como destacamos em nossa postagem sobre a história da Festa da Transfiguração.

Entrada do Patriarca
Divina Liturgia
O Patriarca abençoa com o dikirion e o trikirion
Incensação
Grande Entrada

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Solenidade da Assunção de Maria em Jerusalém (2023)

Entre os dias 14 e 15 de agosto de 2023 o Custódio da Terra Santa, Padre Francesco Patton, presidiu as celebrações da Solenidade da Assunção da Virgem Maria no Monte das Oliveiras, em Jerusalém.

Na noite do dia 14 teve lugar a Vigília da Assunção, marcada pela procissão com a imagem de Maria morta dos jardins do Getsêmani até a Basílica das Nações.

No dia 15, por sua vez, foi celebrada a Santa Missa na Basílica das Nações, seguida da procissão com a imagem de Maria assunta, e à tarde a oração das II Vésperas da Solenidade na Gruta do Getsêmani, seguida da visita à igreja da Tumba de Maria.

Para saber mais, confira nossa postagem sobre a história da Solenidade da Assunção de Maria. Confira também nossas postagens sobre as igrejas do Monte das Oliveiras e sobre a Tumba de Maria.

14 de agosto: Vigília da Assunção

Início da vigília no jardim do Getsêmani




quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Ângelus: Solenidade da Assunção de Maria 2023

Solenidade da Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria
Papa Francisco
Ângelus
Terça-feira, 15 de agosto de 2023

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje, Solenidade da Assunção da Virgem Maria, contemplamo-la a subir em corpo e alma à glória do Céu. Também o Evangelho de hoje apresenta-a enquanto sobe, desta vez rumo a uma «região montanhosa» (Lc 1,39). E por que sobe? Para ajudar a sua prima Isabel, e lá proclama o cântico jubiloso do Magnificat. Maria sobe e a Palavra de Deus revela-nos o que a caracteriza na sua subida: o serviço ao próximo e o louvor a Deus. Ambos: Maria é a mulher do serviço ao próximo e Maria é a mulher que louva a Deus. De resto, o evangelista Lucas narra a vida de Cristo como uma subida para o alto, em direção a Jerusalém, lugar do dom de si na cruz, e descreve do mesmo modo o caminho de Maria. Em suma, Jesus e Maria percorrem o mesmo caminho: duas vidas que se elevam, glorificando a Deus e servindo os irmãos. Jesus como Redentor, que dá a vida por nós, pela nossa justificação; Maria como a serva que sai para servir: duas vidas que vencem a morte e ressuscitam; duas vidas cujos segredos são o serviço e o louvor. Detenhamo-nos nestes dois aspectos:  serviço e louvor.

O serviço. É quando nos abaixamos para servir os nossos irmãos que subimos: é o amor que eleva a vida. Vamos servir os nossos irmãos e, com esse serviço, “subimos”. Mas servir não é fácil: Maria, que acaba de conceber, percorre de Nazaré quase 150 quilômetros para chegar à casa de Isabel. Ajudar custa, a todos nós. Experimentamo-lo sempre, no cansaço, na paciência e nas preocupações que o cuidado dos outros implica. Pensemos, por exemplo, nos quilômetros que muitas pessoas percorrem todos os dias para ir e voltar do trabalho e realizar muitas tarefas em benefício do próximo; pensemos nos sacrifícios de tempo e de sono para cuidar de um bebê ou de um idoso; e no compromisso em servir quantos nada têm para retribuir, tanto na Igreja como no voluntariado. Admiro o voluntariado. É cansativo, mas é uma subida, é ganhar o Céu! É o verdadeiro serviço.

Mas o serviço corre o risco de ser estéril sem o louvor a Deus. De fato, quando Maria entra em casa da sua prima, louva o Senhor. Não fala do cansaço da viagem, mas do coração brota um cântico de júbilo. Porque quem ama a Deus conhece o louvor. E o Evangelho de hoje mostra-nos “uma cascata de louvores”: a criança salta de alegria no seio de Isabel (cf. Lc 1,44), que pronuncia palavras de bênção e “a primeira bem-aventurança”: «Bem-aventurada aquela que acreditou» (v. 45); e tudo culmina em Maria, que proclama o Magnificat (vv. 46-55). O louvor aumenta a alegria. O louvor é como uma escada: eleva os corações. O louvor eleva o espírito e vence a tentação de se abater. Já vistes que as pessoas aborrecidas, as que vivem de mexericos, são incapazes de louvar? Perguntai-vos: sou capaz de louvar? Como é bom louvar a Deus todos os dias, e também aos outros! Como é bom viver de gratidão e bênção em vez de lamentações e queixas, olhar para cima em vez de ficar de mau humor! Queixas: há pessoas que se queixam todos os dias. Mas olha que Deus está perto de ti, olha que Ele te criou, olha as coisas que Ele te deu. Louva, louva! Isto é saúde espiritual.

Serviço e louvor. Façamos esta pergunta a nós mesmos: vivo o trabalho e as ocupações diárias com espírito de serviço ou com egoísmo? Dedico-me a alguém de forma gratuita, sem procurar um benefício imediato? Em suma, faço do serviço o “trampolim” da minha vida? E pensando no louvor: sei, como Maria, exultar em Deus (cf. Lc 1, 47)? Rezo bendizendo o Senhor? E, depois de louvá-lo, difundo a sua alegria entre as pessoas que encontro? Cada um procure responder a estas perguntas.
Que a nossa Mãe, Assunta ao Céu, nos ajude a subir cada dia mais através do serviço e do louvor.


Fonte: Santa Sé.

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio: Jesus Cristo 10

Dando início às meditações sobre Jesus como revelador do mistério da Trindade dentro das suas Catequeses sobre o Cristo, o Papa São João Paulo II começou a refletir sobre a relação entre o Pai e o Filho.

Confira a postagem introdutória dessa série, com os links para todas as Catequeses, clicando aqui.

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio
CREIO EM JESUS CRISTO

III. Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem

A. Jesus Cristo, revelador do mistério da Trindade

14. O Pai dá testemunho do Filho
João Paulo II - 27 de maio de 1987

1. Os Evangelhos - e todo o Novo Testamento - dão testemunho de Jesus Cristo como Filho de Deus. Esta é uma verdade central da fé cristã. Confessando Cristo como Filho “consubstancial ao Pai”, a Igreja segue fielmente este testemunho evangélico. Jesus Cristo é o Filho de Deus no sentido estrito e preciso desta palavra. É, portanto, “gerado” em Deus, e não “criado” por Deus e em seguida “aceitado” como Filho, isto é, “adotado”. Este testemunho do Evangelho (e de todo o Novo Testamento), sobre o qual se fundamenta a fé de todos os cristãos, encontra sua fonte definitiva em Deus-Pai, que dá testemunho de Cristo como seu Filho.
Já falamos disso na Catequese anterior referindo-nos aos textos do Evangelho segundo Mateus e Lucas: “Ninguém conhece o Filho senão o Pai” (Mt 11,27; Lc 10,22).

2. Este testemunho único e fundamental, que brota do eterno mistério da vida trinitária, encontra particular expressão nos Evangelhos Sinóticos, primeiro na narração do batismo de Jesus no Jordão e depois no relato da Transfiguração de Jesus no monte Tabor. Ambos acontecimentos merecem uma atenta consideração.

Batismo do Senhor (Ivan Aivazovsky)

3. No Evangelho segundo Marcos lemos: “Naqueles dias, Jesus veio de Nazaré da Galileia e foi batizado por João, no rio Jordão. Logo, ao sair da água, viu os céus se rasgarem e o Espírito, como pomba, descer sobre Ele. E dos céus veio uma voz: Tu és o meu Filho amado; em ti Eu me agrado’” (Mc 1,9-11).

Segundo o texto de Mateus, a voz que vem do céu dirige suas palavras não diretamente a Jesus, mas àqueles que estão presentes no seu batismo no Jordão: “Este é o meu Filho amado (Mt 3,17). No texto de Lucas (cf. Lc 3,22) o teor das palavras é idêntico ao de Marcos.

quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Ângelus: XIX Domingo do Tempo Comum - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 13 de agosto de 2023

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho de hoje narra um prodígio particular de Jesus: Ele, à noite, caminha sobre as águas do mar da Galileia para ir ao encontro dos discípulos que faziam a travessia em um barco (Mt 14,22-33). Perguntamo-nos: por que fez isto Jesus? Para dar espetáculo? Não! Mas por quê? Talvez por uma necessidade urgente e imprevisível, para ir em socorro dos seus que estavam encalhados por causa do vento contrário? Não, porque foi o Ele que programou tudo, que os fez partir ao fim da tarde, até - diz o texto - “obrigando-os” (v. 22). Talvez para lhes dar uma demonstração de grandeza e de poder? Mas isto não é próprio d’Ele, que é tão simples. Então, por que o fez? Por que quis caminhar sobre as águas

Por detrás do caminhar sobre as águas, há uma mensagem que não é imediata, uma mensagem que devemos captar. Naquele tempo, de fato, as grandes extensões de água eram consideradas como a sede de forças malignas que não podiam ser dominadas pelo homem; especialmente se agitados pela tempestade os abismos eram um símbolo do caos e lembravam as trevas do mundo subterrâneo. Naquele momento, os discípulos encontram-se no meio do lago, na escuridão: neles há o medo de afundar, de ser absorvidos pelo mal. E eis que surge Jesus, que caminha sobre as águas, isto é, sobre as forças do mal, Ele caminha sobre as forças do mal e diz aos seus: «Coragem, sou eu, não tenhais medo!» (v. 27). Tudo isto é uma mensagem que Jesus nos transmite. Eis o significado do sinal: os poderes malignos, que nos assustam e que não conseguimos dominar, com Jesus são imediatamente redimensionados. Ele, caminhando sobre as águas, quer dizer-nos: “Não tenhais medo, eu ponho os vossos inimigos debaixo dos pés” - bela mensagem: “Ponho os vossos inimigos debaixo dos pés” - não as pessoas! -, não são elas os inimigos, mas a morte, o pecado, o diabo: estes são os inimigos das pessoas, os nossos inimigos. E Jesus esmaga esses inimigos por nós.

Cristo repete hoje a cada um de nós: “Coragem, sou eu, não tenhais medo!”. Coragem, pois eu estou aqui, porque já não estás sozinho nas águas agitadas da vida. Então, o que fazer quando nos encontramos em alto mar e à mercê de ventos contrários? O que fazer no medo, que é um mar aberto, quando só vemos escuridão e nos sentimos perdidos? Devemos fazer duas coisas, que no Evangelho os discípulos fazem. O que fazem os discípulos? Invocam e acolhem Jesus. Nos momentos piores, mais escuros, mais tempestuosos, invocar Jesus e acolher Jesus.

Os discípulos invocam Jesus: Pedro caminha um pouco sobre as águas em direção de Jesus, mas depois tem medo, afunda e grita: «Senhor, salva-me!» (v. 30). Invoca Jesus, chama por Jesus. Esta oração é bonita, exprime a certeza de que o Senhor pode salvar-nos, que Ele vence o nosso mal e os nossos medos. Convido-vos a repeti-la agora todos juntos: Senhor, salva-me! Juntos, três vezes: Senhor salva-me, Senhor salva-me, Senhor salva-me!

E depois os discípulos acolhem. Primeiro invocam, depois acolhem Jesus no barco. O texto diz que, logo que Ele entra a bordo, «o vento cessou» (v. 32). O Senhor sabe que a barca da vida, assim como a barca da Igreja, está ameaçada por ventos contrários e que o mar no qual navegamos é muitas vezes agitado. Ele não nos livra do cansaço da navegação, pelo contrário - o Evangelho sublinha-o - exorta os seus a partir: isto é, convida-nos a enfrentar as dificuldades, para que também elas se tornem lugares de salvação, porque Jesus as vence, tornam-se oportunidades de encontro com Ele. De fato, nos nossos momentos de escuridão Ele vem ao nosso encontro, pedindo para ser acolhido, como naquela noite no lago.

Perguntemo-nos então: nos medos, nas dificuldades, como me comporto? Vou em frente sozinho, com as minhas forças, ou invoco o Senhor com confiança? E como está a minha fé? Acredito que Cristo é mais forte do que as ondas e os ventos adversos? Mas sobretudo: navego com Ele? Acolho-O, dou-Lhe lugar no barco da minha vida - nunca sozinho, sempre com Jesus - confio-Lhe o leme?
Maria, Mãe de Jesus, Estrela do Mar, ajuda-nos a procurar, nas travessias escuras, a luz de Jesus.

Jesus caminha sobre as águas
(Julius Sergius von Klever)

Fonte: Santa Sé.

terça-feira, 15 de agosto de 2023

Sugestão de leitura: Instrução Geral do Missal Romano e Introdução ao Lecionário

Em 2019, quando começamos a propor uma sugestão de leitura mensal aqui em nosso blog, dentre as primeiras obras apresentadas estavam a Instrução Geral sobre o Missal Romano (IGMR) e o Elenco das Leituras da Missa (ELM), ambos com comentários do Padre José Aldazábal (†2006), publicados pela Editora Paulinas.

Em vista da entrada em vigor da tradução da 3ª edição típica do Missal Romano neste ano de 2023, as Edições CNBB publicaram uma nova edição desses dois importantes textos, unidos às Normas Universais do Ano Litúrgico e Calendário Romano Geral (NALC). São, pois, três documentos da Igreja reunidos em um único volume.

INSTRUÇÃO GERAL SOBRE O MISSAL ROMANO
(pp. 5-103)

A 3ª edição da IGMR, promulgada em sua forma típica (em latim) pelo Papa São João Paulo II no ano 2000, já havia sido traduzida oficialmente pela CNBB em 2004, sendo aqui publicada em uma versão revista conforme a nova tradução do Missal.

Vale recordar que desde 1991 nós utilizamos no Brasil a tradução da 2ª edição típica do Missal, promulgada em 1975. A partir do dia 03 de dezembro de 2023 passará a ser obrigatória a 3ª edição, promulgada em 2002 e revista em 2008, cuja tradução oficial foi confirmada no início desse ano de 2023 pelo Dicastério para o Culto Divino.


Após a Constituição Missale Romanum do Papa São Paulo VI (1969), promulgando o Missal renovado pelo Concílio, segue-se o texto da IGMR, composto por um proêmio e nove capítulos:

Proêmio (nn. 1-15): Apresentação do documento e síntese da proposta do Concílio.

Capítulo I: Importância e dignidade da Celebração Eucarística (nn. 16-26): Síntese da teologia eucarística.

Capítulo II: Estrutura, elementos e partes da Missa (nn. 27-90): Explicação do sentido de cada parte da Missa.

Capítulo III: Funções e ministérios na Missa (nn. 91-111): Apresentação dos diversos ministérios na celebração.

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Sequência da Assunção de Maria: Congaudent angelorum chori

“Maria é elevada ao céu, alegram-se os coros dos anjos”.

Como vimos em postagens anteriores aqui em nosso blog, entre os séculos X e XVI as principais celebrações do Ano Litúrgico eram enriquecidas com uma ou mais sequências, composições poéticas a serem entoadas antes do Evangelho da Missa que sintetizavam o mistério celebrado [1].

No início do século X, Notker Balbulus (†912), isto é, Notker “o Gago”, monge beneditino da Abadia de São Galo (Sankt Gallen), na Suíça, compilou 38 composições em seu Liber Sequentiarum [2].

Nesta postagem gostaríamos de apresentar a 19ª sequência compilada por Notker: Congaudent angelorum chori (“Alegram-se os coros dos anjos”), para a Solenidade da Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria, celebrada no dia 15 de agosto (ou transferida para o domingo seguinte, como no caso do Brasil).

Maria, assunta aos céus, é acolhida pelos anjos
(Fra Angelico, detalhe)

Propomos a seguir o texto original da sequência (em latim) e uma tradução nossa bastante livre (mais uma “adaptação” do que uma “tradução”), além de um breve comentário sobre o texto.

Assim como as demais sequências compiladas por Notker, não há rimas e a divisão em estrofes não está clara. A publicamos aqui dividida em 10 estrofes com dois ou três versos.

Sequentia: Congaudent angelorum chori
De Assumptione Beatae Virginis Mariae

1. Congaudent angelorum chori gloriosae virgini,
Quae sine virili commixtione genuit
Filium, qui suo mundum cruore medicat.

2. Nam ipsa laetatur, quo caeli iam conspicatur principem,
In terris cui quondam sugendas virgo mamillas praebuit.

3. Quam celebris angelis Maria, Iesu mater, creditur,
Qui filii illius débitos se cognoscunt famulos.

4. Qua gloria in caelis ista virgo colitur,
Quae Domino caeli praebuit hospitium sui sanctissimi corporis.

sábado, 12 de agosto de 2023

Celebrações em honra de Santa Clara em Jerusalém (2023)

No dia 11 de agosto de 2023 o Patriarca Latino de Jerusalém, Dom Pierbatista Pizzaballa, presidiu a Santa Missa no convento das clarissas em Jerusalém por ocasião da Solenidade de Santa Clara de Assis.

Na tarde do dia 10, por sua vez, o Custódio da Terra Santa, Padre Francesco Patton, presidiu a oração das I Vésperas na capela do convento, pois, sendo fundadora da Ordem, no convento a Memória de Santa Clara é celebrada com o grau de Solenidade.

10 de agosto: I Vésperas


Oração das Vésperas
Incensação do altar durante o Magnificat
Oração final
Bênção com a relíquia de Santa Clara

quinta-feira, 10 de agosto de 2023

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio: Jesus Cristo 9

A reflexão sobre Jesus como Filho de Deus está no centro das Catequeses nn. 12-13 do Papa São João Paulo II sobre Jesus Cristo.

Para acessar a postagem introdutória, com os links para todas as Catequeses, clique aqui.

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio
CREIO EM JESUS CRISTO


12. Jesus Cristo, Filho de Deus
João Paulo II - 13 de maio de 1987

1. Como vimos nas Catequeses anteriores, o nome “Cristo”, na linguagem do Antigo Testamento, significa “Messias”. Israel, o povo de Deus da antiga aliança, viveu na expectativa da realização da promessa do Messias, que se cumpriu em Jesus de Nazaré. Por isso desde o começo Jesus é chamado “Cristo” - isto é, “Messias” - e foi aceito como tal por todos aqueles que “o receberam” (Jo 1,12).

2. Vimos que, segundo a tradição da antiga aliança, o Messias é Rei e que este Rei messiânico é chamado também Filho de Deus, nome que no âmbito do monoteísmo javista do Antigo Testamento tem um significado exclusivamente analógico, e mesmo metafórico. Não se trata nesses livros do Filho “gerado” por Deus, mas de alguém que Deus escolhe, confiando-lhe uma particular missão ou ministério.

Jesus Cristo, Filho Unigênito do Pai
(Viktor Vasnetsov)

3. Neste sentido também todo o povo é às vezes denominado “filho”, como, por exemplo, nas palavras de Yahweh a Moisés: “Tu dirás ao faraó: (...) Israel é meu filho, meu primogênito... deixa ir o meu filho para que me sirva” (Ex 4,22-23; cf. também Os 11,1; Jr 31,9). Se, pois, o rei é chamado “filho de Deus” na antiga aliança, é porque, na teocracia israelita, ele é um particular representante de Deus.

Vemo-lo, por exemplo, no Salmo 2, em relação à entronização do rei: “O Senhor me disse: ‘Tu és o meu filho, Eu hoje te gerei!’” (v. 7). Também no Salmo 88 lemos: “Ele (Davi) me invocará: ‘Tu és meu pai...’. Eu o constituirei como meu primogênito, o mais elevado entre os reis da terra” (vv. 27-28). Na sequência, o profeta Natã dirá a respeito da descendência de Davi: “Eu serei para ele pai e ele será para mim filho. Se proceder mal, Eu o castigarei...” (2Sm 7,14).