segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Catequese do Papa: Misericórdia e Poder

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 24 de Fevereiro de 2016
Jubileu (8): Misericórdia e Poder

Bom dia, prezados irmãos e irmãs!
Prossigamos as catequeses sobre a misericórdia na Sagrada Escritura. Em vários trechos fala-se dos poderosos, dos reis, dos homens que estão «no alto», e também da sua arrogância e dos seus abusos. A riqueza e o poder são realidades que podem ser boas e úteis para o bem comum, se forem postas ao serviço dos pobres e de todos, com justiça e caridade. Mas quando, como muitas vezes acontece, são vividas como privilégio, egoísmo e prepotência, transformam-se em instrumentos de corrupção e morte. Foi o que aconteceu no episódio da vinha de Nabot, descrito no capítulo 21 do primeiro Livro dos Reis, sobre o qual hoje meditaremos.
Neste texto narra-se que o rei de Israel, Acab, quer comprar a vinha de um homem chamado Nabot, porque aquela vinha confina com o palácio real. A proposta parece legítima, até generosa, mas em Israel as propriedades rurais eram consideradas quase inalienáveis. Com efeito, o livro do Levítico prescreve: «A terra não se venderá para sempre, porque a terra é minha, e vós estais na minha casa como estrangeiros ou hóspedes» (Lv 25,23). A terra é sagrada, porque constitui um dom do Senhor que, como tal, deve ser guardado e preservado, pois é sinal da bênção divina que passa de geração em geração, e garantia de dignidade para todos. Compreende-se assim a resposta negativa de Nabot ao rei: «Deus me livre de te ceder a herança dos meus pais!» (1Rs 21,3).
O rei Acab reage a esta rejeição com amargura e indignação. Sente-se ofendido - ele é o rei, o poderoso - diminuído na sua autoridade de soberano e frustrado na possibilidade de satisfazer o seu desejo de posse. Vendo-o tão abatido, a sua esposa Jezabel, uma rainha pagã que tinha aumentado os cultos idolátricos e mandava matar os profetas do Senhor (cf. 1Rs 18,4) - não era feia, mas maldosa! - decide intervir. As palavras com as quais se dirige ao rei são muito significativas. Escutai a maldade que está por detrás dessa mulher: «Não és tu, porventura, o rei de Israel? Vamos! Come, não te incomodes. Eu dar-te-ei a vinha de Nabot de Jezrael» (v. 7). Ela põe em evidência o prestígio e o poder do rei que, segundo o seu modo de ver, são postos em discussão pela rejeição de Nabot. Um poder que, ao contrário, ela considera absoluto e mediante o qual todos os desejos do rei se tornam uma ordem. O grande santo Ambrósio escreveu um livrinho sobre este episódio. Chama-se «Nabot». Seria bom lê-lo neste tempo de Quaresma. É muito bonito e deveras concreto.
Recordando tudo isto, Jesus diz-nos: «Sabeis que os chefes das nações as subjugam, e que os grandes as governam com autoridade. Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós, que se faça vosso servo. E o que quiser tornar-se o primeiro entre vós, que se faça vosso escravo» (Mt 20,25-27). Se perdermos a dimensão do serviço, o poder transforma-se em arrogância, tornando-se domínio e opressão. É precisamente isto que acontece no episódio da vinha de Nabot. Sem escrúpulos, a rainha Jezabel decide eliminar Nabot e põe em ação o seu plano. Serve-se das aparências enganadoras de uma legalidade perversa: em nome do rei, envia cartas aos anciãos e aos notáveis da cidade, ordenando que falsas testemunhas acusem publicamente Nabot de ter amaldiçoado a Deus e ao rei, um crime que devia ser punido com a morte. Assim, assassinando Nabot, o rei pode apoderar-se da sua vinha. E não se trata de uma história de outros tempos, mas é uma história também dos nossos dias, dos poderosos que, por terem mais dinheiro, exploram os pobres, exploram o povo. É a história do tráfico de pessoas, do trabalho escravo, dos simples que labutam clandestinamente, com um salário mínimo, para enriquecer os poderosos. É a história dos políticos corruptos, que querem cada vez mais! Por isso eu dizia que seria bom ler este livro de santo Ambrósio, porque se trata de um livro de atualidade.
Eis para onde leva o exercício de uma autoridade sem respeito pela vida, sem justiça e sem misericórdia. E eis para onde leva a sede de poder: torna-se ganância que deseja possuir tudo. A este propósito, há um texto do profeta Isaías que é particularmente iluminador. Nele, o Senhor alerta contra a avidez os ricos latifundiários que querem possuir cada vez mais casas e terrenos. E assim diz o profeta Isaías:
«Ai de vós, que ajuntais casa a casa / e que acrescentais campo a campo / até que não haja mais lugar / e que sejais os únicos / proprietários da terra» (Is 5,8).
E o profeta Isaías não era comunista! No entanto, Deus é maior do que a malvadez e os jogos sujos feitos pelos seres humanos. Na sua misericórdia envia o profeta Elias para ajudar Acab a converter-se. Agora viremos a página, e como continua a história? Deus vê este crime e bate também à porta do coração de Acab; e o rei, posto diante do seu pecado, compreende, humilha-se e pede perdão. Como seria bom se os poderosos exploradores de hoje fizessem o mesmo! O Senhor aceita o seu arrependimento; no entanto, um inocente foi assassinado, e a culpa cometida terá consequências inevitáveis. Com efeito, o mal praticado deixa os seus vestígios dolorosos, e a história dos homens traz as suas feridas.
Também neste caso, a misericórdia indica a via mestra que deve ser percorrida. A misericórdia pode curar as chagas e inclusive mudar a história. Abre o teu coração à misericórdia! A misericórdia divina é mais forte do que o pecado dos homens. É mais forte, este é o exemplo de Acab! Nós conhecemos o seu poder, quando recordamos a vinda do Inocente Filho de Deus que se fez homem para destruir o mal com o seu perdão. Jesus Cristo é o verdadeiro rei, mas o seu poder é completamente diferente. O seu trono é a cruz. Ele não é um rei que mata mas, ao contrário, dá a vida. O seu ir ao encontro de todos, sobretudo dos mais frágeis, derrota a solidão e o destino de morte para o qual leva o pecado. Com a sua proximidade e ternura, Jesus Cristo leva os pecadores ao espaço da graça e do perdão. É nisto que consiste a misericórdia de Deus.


Fonte: Santa Sé

Fotos do Jubileu da Cúria Romana

No último dia 22 de fevereiro, Festa da Cátedra de São Pedro, o Papa Francisco celebrou a Santa Missa na Basílica de São Pedro por ocasião do Jubileu da Cúria Romana no contexto do Ano da Misericórdia.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Guido Marini e Massimiliano Matteo Boiardi. O livreto da celebração pode ser visto aqui.

A celebração iniciou-se na Sala Paulo VI, de onde os colaboradores da Cúria Romana dirigiram-se em procissão á Basílica Vaticana, atravessando a Porta Santa. O Papa tomou parte da procissão junto com funcionários da Santa Sé.

Procissão rumo à Porta Santa

Santo Padre venera a Porta Santa
Procissão de entrada
Incensação da imagem de Nossa Senhora

Homilia do Papa: Jubileu da Cúria Romana

Jubileu Extraordinário da Misericórdia
Jubileu da Cúria Romana
Homilia do Papa Francisco
Basílica Vaticana
Segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

A festa litúrgica da Cátedra de São Pedro vê-nos congregados para celebrar o Jubileu da Misericórdia como comunidade de serviço da Cúria Romana, do Governatorado e das Instituições ligadas à Santa Sé. Atravessando a Porta Santa, viemos até ao túmulo do Apóstolo Pedro para fazer a nossa profissão de fé; e hoje a Palavra de Deus ilumina de modo especial os nossos gestos.

Neste momento, a cada um de nós o Senhor Jesus repete a sua pergunta: «E vós, quem dizeis que Eu sou?» (Mt 16,15). Uma pergunta clara e direta, diante da qual não é possível fugir nem permanecer neutro, e nem sequer adiar a resposta ou delegá-la a uma outra pessoa. Mas ela não contém nada de inquisitivo, aliás, está cheia de amor! O amor do nosso único Mestre, que hoje nos chama a renovar a fé nele, reconhecendo-o como Filho de Deus e Senhor da nossa vida. E o primeiro a ser chamado a renovar a sua profissão de fé é o Sucessor de Pedro, que tem a responsabilidade de confirmar os irmãos (Lc 22,32).

Deixemos que a graça volte a plasmar o nosso coração para acreditar, e abra a nossa boca para cumprir a profissão de fé e alcançar a salvação (Rm 10,10). Portanto, façamos nossas as palavras de Pedro: «Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo!» (Mt 16,16). O nosso pensamento e o nosso olhar permaneçam fixos em Jesus Cristo, princípio e fim de qualquer obra da Igreja. Ele é o fundamento, e ninguém pode pôr outro diferente (1Cor 3,11). Ele é a «pedra» sobre a qual devemos edificar. Recorda-o Santo Agostinho com palavras expressivas, quando escreve que a Igreja, não obstante agitada e abalada pelas vicissitudes da história, «não desaba, porque está fundamentada sobre a pedra, da qual deriva o nome Pedro. Não é a pedra que haure o seu nome de Pedro, mas é Pedro que o recebe da pedra; assim como não é o nome Cristo que deriva de cristão, mas o nome cristão que provém de Cristo. (...) A pedra é Cristo, sobre cujo fundamento também Pedro foi edificado» (In Iohannis Evangelium 124, 5: PL 35, 1972).

Desta profissão de fé deriva para cada um de nós a tarefa correspondente ao chamamento de Deus. Em primeiro lugar, aos Pastores é pedido que tenham como modelo o próprio Deus que cuida do seu rebanho. O profeta Ezequiel descreveu o modo como Deus age: Ele vai à procura da ovelha tresmalhada, reconduz ao aprisco a perdida, cura aquela que se feriu e restabelece a que está doente (Ez 34,16). Um comportamento que é sinal do amor sem fim. É uma dedicação fiel, constante e incondicional, para que a sua misericórdia possa chegar a todos aqueles que são os mais frágeis. E, todavia, não devemos esquecer que a profecia de Ezequiel nasce da constatação das faltas dos pastores de Israel. Portanto far-nos-á bem, também a nós, chamados a ser Pastores na Igreja, deixar que a Face do Deus Bom Pastor nos ilumine, nos purifique, nos transforme e nos restitua plenamente renovados à nossa missão. Que também nos nossos ambientes de trabalho possamos sentir, cultivar e praticar um forte sentido pastoral, antes de tudo em relação às pessoas que encontramos todos os dias. Que ninguém se sinta ignorado nem maltratado, mas cada um possa experimentar, antes de tudo aqui, a atenção carinhosa do Bom Pastor.

Somos chamados a ser os colaboradores de Deus numa empresa tão fundamental e única como a de testemunhar com a nossa existência a força da graça que transforma e o poder do Espírito que renova. Deixemos que o Senhor nos liberte de toda a tentação que afasta do essencial da nossa missão, e voltemos a descobrir a beleza de professar a fé no Senhor Jesus. A fidelidade ao ministério conjuga-se oportunamente com a misericórdia, que desejamos experimentar. Além disso, na Sagrada Escritura fidelidade e misericórdia constituem um binómio inseparável. Onde se encontra uma, lá está também a outra, e é precisamente na sua reciprocidade e complementaridade que podemos ver a presença do próprio Bom Pastor. A fidelidade que se exige de nós consiste em agir segundo o Coração de Cristo. Como ouvimos das palavras do apóstolo Pedro, devemos apascentar a grei com um «espírito generoso», tornando-nos um «modelo» para todos. Deste modo, «quando aparecer o supremo Pastor» poderemos receber a «a coroa de glória imarcescível» (1Pd 5,14).


Fonte: Santa Sé.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Homilia: III Domingo da Quaresma - Ano C

São Doroteu de Gaza
Conferência sobre o temor de Deus
“Já não temo mais a Deus, mas o amo”

São João afirma nas epístolas católicas: O amor perfeito expulsa o temor. O que ele nos quer dizer com isto? De que amor nos fala e de que temor? Pois o profeta diz no salmo: Todos os seus santos temei ao Senhor. E nas santas Escrituras encontramos umas mil passagens semelhantes. Portanto, se os santos que amam o Senhor de tal maneira o temem, como São João pode dizer: O amor expulsa o temor? Ele quer mostrar-nos que existem dois temores: um inicial e outro perfeito.
O primeiro é o dos que se iniciam na piedade, e o outro é o dos santos que chegaram à perfeição e ao cume do santo amor. Por exemplo: o que cumpre a vontade de Deus por temor dos castigos: ainda é principiante, tal como dissemos, já que não faz o bem por si mesmo, mas por temor aos castigos. O outro cumpre a vontade de Deus por que ama a Deus em si mesmo, e ama especialmente por ser-lhe agradecido. Este sabe o que é o bem, conhece o que é estar com Deus. Este é o que possui o amor verdadeiro, o amor perfeito como diz São João, e esse amor o leva ao temor perfeito. Teme e guarda a vontade de Deus não para evitar os açoites ou o castigo, mas porque, tendo degustado a doçura de estar com Deus, como dissemos, abomina perde-la, teme ficar privado dela. Este temor perfeito, nascido do amor, expulsa o temor inicial. E é por isso que São João diz que o amor perfeito expulsa o temor. Mas é impossível chegar ao temor perfeito sem passar pelo temor inicial.
Existe, de fato, como afirma São Basílio, três estados nos quais podemos agradar a Deus: ou realizamos o que agrada a Deus por temor do castigo, e então estamos na condição de escravos; ou buscando vantagem de uma recompensa, cumprindo as ordens recebidas em vista de nosso próprio proveito, assemelhando-nos, assim, aos mercenários; ou, finalmente, cumprimos o bem pelo bem em si, e estamos assim na condição de filhos. Porque o filho, ao chegar a uma idade madura, cumpre a vontade de seu pai não por temor do castigo, nem para obter uma recompensa, mas porque, amando ao seu pai, guarda para com ele o afeto e a honra devida a um pai, com a convicção de que todos os bens de seu pai lhe pertencem. Este merece ouvir que se lhe diga: Já não és mais escravo, mas filho e herdeiro de Deus por Cristo.
É evidente que já não teme mais a Deus com aquele temor inicial, do qual falamos, mas ama como dizia Santo Antão: “Já não temo mais a Deus, mas o amo”. Do mesmo modo o Senhor, ao dizer a Abraão depois que este ofereceu a seu filho: agora sei que temes a Deus, querendo referir-se a esse temor perfeito nascido do amor. Se não, como pode dizer-lhe: agora sei...? Desculpem-me, mas Abraão tinha realizado tantas coisas! Tinha obedecido a Deus, tinha abandonado todos os seus bens, tinha-se estabelecido em uma terra estrangeira, em um povo idólatra, onde não havia nenhum sinal de culto divino. Mas principalmente tinha suportado essa terrível prova do sacrifício de seu filho. E depois de tudo isso o Senhor diz: agora sei que temes a Deus.
Está muito claro que ali Deus fala do temor perfeito, o dos santos. Porque eles cumprem a vontade de Deus não mais por temor a um castigo, ou para obter uma recompensa, mas por amor, como já dissemos muitas vezes, temendo fazer qualquer coisa contrária à vontade daqueles a quem amam. Por isso São João diz: O amor expulsa o temor. Os santos não obram mais por temor, mas temem por amor.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 568-569. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de Santo Agostinho para este domingo clicando aqui.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Visita do Patriarca Kirill ao Brasil

Entre os dias 20 e 21 de fevereiro o Patriarca Kirill da Igreja Ortodoxa Russa visitou o Brasil, durante sua visita às comunidades ortodoxas da América Latina. Esta visita iniciou-se em Cuba, onde Kirill encontrou-se com o Papa Francisco e ambos assinaram uma declaração conjunta.

No dia 20, sábado, o Patriarca esteve no Rio de Janeiro, onde rezou diante do Cristo Redentor:






Angelus do Papa no II Domingo da Quaresma

Papa Francisco

Angelus
Praça São Pedro
II Domingo de Quaresma, 21 de Fevereiro de 2016

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
O segundo domingo de Quaresma apresenta-nos o Evangelho da Transfiguração.
viagem apostólica que realizei nos dias passados ao México foi uma experiência de transfiguração. Porquê? Porque o Senhor nos mostrou a luz da sua glória através do corpo da sua Igreja, do seu Povo tantas vezes oprimido, desesperado, violado na sua dignidade. Com efeito, os diversos encontros vividos no México foram cheios de luz: a luz da fé que transfigura os rostos e ilumina o caminho.
O «centro de gravidade» espiritual da minha peregrinação foi o Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe. Permanecer em silêncio diante da imagem da Mãe era o que antes de tudo me propunha. E dou graças a Deus porque mo concedeu. Contemplei, e deixei-me olhar por aquela que tem impressos nos seus olhos os olhares de todos os seus filhos, e recolhe os sofrimentos devidos à violência, aos raptos, aos assassínios, aos abusos com dano para tanta pobre gente, tantas mulheres. Guadalupe é o Santuário mariano mais frequentado no mundo. De toda a América vão rezar ali onde a Virgen Morenita se mostrou ao índio são Juan Diego, dando início à evangelização do continente e à sua nova civilização, fruto do encontro entre as diversas culturas.
Foi precisamente esta a herança entregue pelo Senhor ao México: preservar a riqueza da diversidade e, ao mesmo tempo, manifestar a harmonia da fé comum, uma fé genuína e robusta, acompanhada por uma grande carga de vitalidade e de humanidade. Tal como os meus Predecessores, também eu fui para confirmar a fé do povo mexicano, mas contemporaneamente para ser confirmado; recolhi de mãos-cheias este dom para que seja em benefício da Igreja universal.
Um exemplo luminoso do que estou a dizer é dado pelas famílias: as famílias mexicanas acolheram-me com alegria como mensageiro de Cristo, Pastor da Igreja; mas por sua vez deram-me testemunhos límpidos e fortes, testemunhos de fé vivida, de fé que transfigura a vida, e isto para a edificação de todas as famílias cristãs do mundo. E o mesmo se pode dizer para os jovens, para os consagrados, para os sacerdotes, para os trabalhadores e para os presos.
Por isso dou graças ao Senhor e à Virgem de Guadalupe pelo dom desta peregrinação. Além disso, agradeço ao Presidente do México e às demais Autoridades civis pelo caloroso acolhimento: agradeço vivamente aos meus irmãos no Episcopado, e a todas as pessoas que colaboraram de tantas maneiras.
Elevemos um louvor especial à Santíssima Trindade por ter querido que, nesta ocasião, se realizasse em Cuba o encontro entre o Papa e o Patriarca de Moscou e de toda a Rússia, o querido irmão Cirilo; um encontro tão desejado inclusive pelos meus Predecessores. Também este evento é uma luz profética de Ressurreição, da qual hoje o mundo precisa como nunca. A Santa Mãe de Deus continue a guiar-nos no caminho da unidade. Rezemos a Nossa Senhora de Kazan, da qual o Patriarca Cirilo me ofereceu um ícone.


Fonte: Santa Sé

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Catequese Jubilar do Papa: Misericórdia e Empenho

Jubileu Extraordinário da Misericórdia
Papa Francisco
Audiência Jubilar
Sábado, 20 de Fevereiro de 2016
Misericórdia e empenho

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
O Jubileu da Misericórdia é uma verdadeira oportunidade para entrar em profundidade no âmbito do mistério da bondade e do amor de Deus. Neste tempo de Quaresma, a Igreja convida-nos a conhecer cada vez mais o Senhor Jesus, e a viver de modo coerente a fé com um estilo de vida que expresse a misericórdia do Pai. É um compromisso que estamos chamados a assumir para oferecer a quantos encontramos o sinal concreto da proximidade de Deus. O meu dia-a-dia, as minhas atitudes, o modo de andar na vida deve ser precisamente um sinal concreto do facto que Deus está próximo de nós. Pequenos gestos de amor, de ternura, de cuidado, que fazem pensar que o Senhor está connosco, está próximo de nós. E assim abre-se a porta da misericórdia.
Hoje gostaria de refletir brevemente convosco sobre o tema desta palavra que disse: o tema do compromisso. O que é um compromisso? E que significa comprometer-se? Quando me comprometo, significa que assumo uma responsabilidade, uma tarefa em relação a alguém; e significa também o estilo, a atitude de fidelidade e dedicação, de atenção especial com a qual levo por diante esta tarefa. Todos os dias nos é pedido para dedicar atenção ao que fazemos: na oração, no trabalho, no estudo, mas também no desporto, nas atividades livres... Em síntese, comprometer-se significa dedicar a nossa boa vontade e as nossas forças para melhorar a vida.
E também Deus se comprometeu connosco. O seu primeiro compromisso foi o de criar o mundo, e não obstante os nossos atentados para o destruir - e são tantos - Ele dedica-se a mantê-lo vivo. Mas o seu maior compromisso foi o de nos doar Jesus. Este é um grande compromisso de Deus! Sim, Jesus é precisamente o compromisso extremo que Deus assumiu em relação a nós. Recorda isto também são Paulo quando escreve que Deus «não poupou o próprio Filho, mas o entregou por todos nós» (Rm 8,32). E, em virtude disto, juntamente com Jesus, o Pai nos proporcionará todas as coisas de que necessitamos.
E como se manifestou este compromisso de Deus por nós? É muito simples verificá-lo no Evangelho. Em Jesus, Deus comprometeu-se de maneira total para restituir esperança aos pobres, a quantos estavam privados de dignidade, aos estrangeiros, aos doentes, aos presos e aos pecadores que acolhia com bondade. Em tudo isto, Jesus era expressão viva da misericórdia do Pai. E gostaria de mencionar um aspecto: Jesus acolhia com bondade os pecadores. Se pensássemos de modo humano, o pecador seria um inimigo de Jesus, um inimigo de Deus, mas Ele aproximava-se deles com bondade, amava-os e mudava o seu coração. Todos nós somos pecadores: todos! Diante de Deus todos temos alguma culpa. Mas não devemos desanimar: Ele aproxima-se precisamente para nos dar o conforto, a misericórdia, o perdão. É este o compromisso de Deus e por isso enviou Jesus: para se aproximar de nós, de todos nós e abrir a porta do seu amor, do seu coração, da sua misericórdia. E isto é muito bom. Muito bom!
A partir do amor misericordioso com o qual Jesus expressou o compromisso de Deus, também nós podemos e devemos corresponder ao seu amor com o nosso compromisso. E isto sobretudo nas situações de maior necessidade, onde há mais sede de esperança. Penso - por exemplo - no nosso compromisso com as pessoas abandonadas, com quantos são portadores de deficiência muito graves, com os doentes nas piores condições, com os moribundos, com quantos não são capazes de expressar reconhecimento... A todas estas realidades nós levamos a misericórdia de Deus através de um compromisso de vida, que é testemunho da nossa fé em Cristo. Devemos levar sempre aquela carícia de Deus - porque Deus nos acariciou com a sua misericórdia - levá-la aos demais, aos que têm necessidade, a quantos têm um sofrimento no coração e estão tristes: aproximar-se com aquela carícia de Deus, a mesma que Ele nos deu a nós.
Que este Jubileu possa ajudar a nossa mente e o nosso coração a ver concretamente o compromisso de Deus por cada um de nós, e graças a isto transformar a nossa vida num compromisso de misericórdia por todos.


Fonte: Santa Sé

Raniero Cantalamessa: O Espírito Santo e a Liturgia

No dia 19 de fevereiro o Frei Raniero Cantalamessa, Pregador da Casa Pontifícia, iniciou suas meditações de Quaresma para o Papa e a Cúria Romana na Capela Redemptoris Mater. A primeira meditação foi centrada na Constituição Sacrosanctum Concilium sobre a Sgarada Liturgia, mais especificamente falando da relação entre o Espírito Santo e a Liturgia.

Segue o texto na íntegra, publicado pela Rádio Vaticano:

Pe. Raniero Cantalamessa, OFM Cap
Primeira Pregação da Quaresma - 19 de fevereiro de 2016

A ADORAÇÃO EM ESPÍRITO E VERDADE
Reflexão sobre a Constituição Sacrosanctum Concilium

1. O Concílio Vaticano II: um afluente, não o rio
Nessas meditações quaresmais eu gostaria de continuar a reflexão sobre outros grandes documentos do Vaticano II, depois de meditar no Advento, na Lumen Gentium. Mas creio que é útil fazer uma premissa. O Vaticano II é um afluente, não é o rio. Em seu famoso trabalho sobre "O Desenvolvimento da Doutrina Cristã", o beato Cardeal Newman declarou enfaticamente que parar a tradição em um ponto do seu curso, mesmo sendo um concílio ecumênico, seria torna-la uma morta tradição e não uma “tradição viva”. A tradição é como uma música. O que seria de uma melodia que parasse numa nota, repetindo-a ad infinitum? Isso acontece com um disco que arranha e sabemos o efeito que produz.
São João XXIII queria que o Concílio fosse para a Igreja “como um novo Pentecostes". Em um ponto, pelo menos, essa oração foi ouvida. Após o Concílio houve um despertar do Espírito Santo. Ele não é mais “o desconhecido” na Trindade. A Igreja tornou-se mais consciente de sua presença e de sua ação. Na homilia da Missa crismal da Quinta-feira Santa de 2012, o Papa Bento XVI afirmava:
"Quem olha para a história da época pós-conciliar é capaz de reconhecer a dinâmica da verdadeira renovação, que frequentemente assumiu formas inesperadas em movimentos cheios de vida e que torna quase palpável a vivacidade inesgotável da Santa Igreja, a presença e a ação eficaz do Espírito Santo".
Isso não significa que nós podemos desprezar os textos do Concílio ou ir além deles; significa reler o Concílio à luz dos seus próprios frutos. Que os concílios ecumênicos possam ter efeitos não compreendidos no momento, por aqueles que fizeram parte deles, é uma verdade evidenciada pelo próprio cardeal Newman sobre o Vaticano I[1], porém testemunhada mais vezes na história. O concílio ecumênico de Éfeso do 431, com a definição de Maria como Theotokos, Mãe de Deus, procurava afirmar a unidade da pessoa de Cristo, não aumentar o culto à Virgem, mas, de fato, o seu fruto mais evidente foi precisamente este último.
Se há uma área em que a teologia e a vida da Igreja Católica foi enriquecida nestes 50 anos de pós-concílio, é certamente a relacionada ao Espírito Santo. Em todas as principais denominações cristãs, estabeleceu-se nesses últimos tempos, aquilo que, com uma expressão cunhada por Karl Barth, foi chamada de “a Teologia do Terceiro artigo”. A teologia do terceiro artigo é aquela que não termina com o artigo sobre o Espírito Santo, mas começa com ele; que leva em conta a ordem com que se formou a fé cristã e o seu credo, e não só o seu produto final. Foi, de fato, à luz do Espírito Santo que os apóstolos descobriram quem era realmente Jesus e a sua revelação sobre o Pai. O credo atual da Igreja é perfeito e ninguém sequer sonha em muda-lo, porém, ele reflete o produto final, o último estágio alcançado pela fé, não o caminho através do qual se chega a isso, enquanto que, em vista de uma renovada evangelização, é vital para nós conhecer também o caminho por meio do qual se chega à fé, não só a sua codificação definitiva que proclamamos no credo de memória.
A esta luz aparece claramente as implicações de determinadas afirmações do concílio, mas aparecem também os vazios e lacunas a serem preenchidos, em especial, precisamente sobre o papel do Espírito Santo. Já tomava nota desta necessidade São João Paulo II, quando, por ocasião do XVI centenário do concílio ecumênico de Constantinopla, em 1981, escrevia em sua Carta Apostólica, a seguinte afirmação:
"Todo o trabalho de renovação da Igreja, que o Concílio Vaticano II tão providencialmente propôs e iniciou [...] não pode ser realizado a não ser no Espírito Santo, isto é, com a ajuda da sua luz e do seu poder[2]".

2. O lugar do Espírito Santo na liturgia
Esta premissa geral é particularmente útil ao lidar com o tema da liturgia, a Sacrosanctum Concilium. O texto nasce da necessidade, sentida por um longo tempo e por muitos, de uma renovação das formas e ritos da liturgia católica. A partir deste ponto de vista, os seus frutos foram muitos e, no conjunto, benéficos para a Igreja. Menos advertida era, naquele momento, a necessidade de debruçar-se sobre aquilo que, seguindo Romano Guardini, geralmente chama-se “o espírito da liturgia[3]”, e que - no sentido que vou explicar - eu chamaria mais de “a liturgia do Espírito” (Espírito com letra maiúscula!).
Fies à intenção declarada destas nossas meditações de valorizar alguns aspectos mais espirituais e interiores dos textos conciliares, é precisamente neste ponto que eu gostaria de refletir. A SC dedica a isso só um curto texto inicial, fruto do debate que precedeu a redação final da constituição[4]:
“Em tão grande obra, que permite que Deus seja perfeitamente glorificado e que os homens se santifiquem, Cristo associa sempre a si a Igreja, sua esposa muito amada, a qual invoca o seu Senhor e por meio dele rende culto ao Eterno Pai. Com razão se considera a Liturgia como o exercício da função sacerdotal de Cristo. Nela, os sinais sensíveis significam e, cada um à sua maneira, realizam a santificação dos homens; nela, o Corpo Místico de Jesus Cristo - cabeça e membros - presta a Deus o culto público integral. Portanto, qualquer celebração litúrgica é, por ser obra de Cristo sacerdote e do seu Corpo que é a Igreja, ação sagrada par excelência, cuja eficácia, com o mesmo título e no mesmo grau, não é igualada por nenhuma outra ação da Igreja[5]”.
É nos indivíduos, ou nos "atores" da liturgia que hoje somos capazes de perceber uma lacuna nesta descrição. Os protagonistas aqui realçados são dois: Cristo e a Igreja. Falta qualquer alusão ao lugar do Espírito Santo. Também no resto da Constituição, o Espírito Santo nunca é sujeito de um discurso direto, só nomeado aqui e ali, e sempre “oblíquo”.
O Apocalipse nos diz a ordem e o número completo dos atores litúrgicos quando resume o culto cristão na frase: "O Espírito e a Esposa dizem (a Cristo, o Senhor), Vem!" (Ap 22, 17). Mas Jesus já havia manifestado perfeitamente a natureza e a novidade do culto da Nova Aliança no diálogo com a Samaritana: "Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e verdade, e são esses adoradores que o Pai deseja". (Jo 4, 23).
A expressão "Espírito e Verdade", à luz do vocabulário joanino, só pode significar duas coisas: ou "o Espírito de verdade", ou seja, o Espírito Santo (Jo 14, 17; 16,13) ou o Espírito de Cristo, que é a verdade (Jo 14, 6). Uma coisa é certa: não tem nada a ver com a explicação subjetiva, cara a idealistas e românticos, de que "espírito e verdade", indicariam a interioridade escondida do homem, em oposição a qualquer culto externo e visível. Não se trata só apenas da passagem do exterior para o interior, mas da passagem do humano para o divino.
Se a liturgia cristã é "o exercício da função sacerdotal de Jesus Cristo", a melhor maneira de descobrir a sua natureza, é ver como Jesus exerceu a sua função sacerdotal em sua vida e em sua morte. A tarefa do sacerdote é oferecer "orações e sacrifícios" a Deus (cf. Hb 5,1; 8,3). Agora sabemos que era o Espírito Santo que colocava no coração do Verbo feito carne o grito “Abba”! que encerra toda a sua oração. Lucas observa explicitamente quando escreve: "Naquela mesma hora Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra..." (cf. Lc 10, 21). A própria oferta do seu corpo em sacrifício na cruz aconteceu, segundo a Carta aos Hebreus, “em um Espírito eterno” (Hb 9, 14), isto é, por um impulso do Espírito Santo.
São Basilio tem um texto esclarecedor.
" O caminho do conhecimento de Deus procede do único Espírito, através do único Filho, até o único Pai; inversamente, a bondade natural, a santificação segundo a natureza, a dignidade real, se difundem do Pai, por meio do Unigênito, até o Espírito[6]”.
Em outras palavras, a ordem da criação, ou da saída das criaturas de Deus, parte do Pai, passa através do Filho e chega a nós no Espírito Santo. A ordem do conhecimento ou do nosso retorno a Deus, do qual a liturgia é a expressão mais alta, segue o caminho oposto: parte do Espírito, passa através do Filho e termina no Pai. Essa visão descendente e ascendente da missão do Espírito Santo está presente também no mundo latino. O beato Isaac de Stella (sec. XII), expressa em termos muito próximos aos de Basílio:
"Como as coisas divinas desceram a nós pelo Pai, pelo Filho e o Espírito Santo, ou no Espírito Santo, então, as coisas humanas sobem ao Pai por meio do Filho, e [no] Espírito Santo[7]".
Não se trata, como podemos ver, de ser, por assim dizer, o torcedor de uma ou de outra das três pessoas da Trindade, mas de salvaguardar o dinamismo trinitário da liturgia. O silêncio sobre o Espírito Santo, inevitavelmente, atenua o caráter trinitário da liturgia. Por isso parece-me particularmente oportuno a chamada que São João Paulo II fazia na Novo Millennio Ineunte:
"Obra do Espírito Santo em nós, a oração abre-nos, por Cristo e em Cristo, à contemplação do rosto do Pai. Aprender esta lógica trinitária da oração cristã, vivendo-a plenamente sobretudo na liturgia, meta e fonte da vida eclesial, mas também na experiência pessoal, é o segredo dum cristianismo verdadeiramente vital, sem motivos para temer o futuro porque volta continuamente às fontes e aí se regenera[8]".

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Fotos da Missa do Papa em Ciudad Juárez

No último dia 17 de fevereiro, quarta-feira da I semana da Quaresma, o Papa Francisco celebrou a Santa Missa em Ciudad Juárez, no México, durante sua Viagem Apostólica ao país.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Guido Marini e Vincenzo Peroni. O Missal para a Viagem Apostólica pode ser visto aqui.

Infelizmente tivemos acesso a poucas imagens:

Procissão de entrada
Incensação da imagem de Nossa Senhora
Homilia

Procissão de saída

Confira também o vídeo da celebração:


Homilia do Papa na Missa em Ciudad Juárez

Viagem Apostólica do Papa Francisco ao México
(12-18 de Fevereiro de 2016)
Santa Missa

Homilia do Santo Padre
Área da Feira de Ciudad Juárez
Quarta-feira, 17 de Fevereiro de 2016

A glória de Deus é a vida do homem: dizia Santo Ireneu, no século II; uma afirmação, que continua a ressoar no coração da Igreja. A glória do Pai é a vida dos seus filhos. Não há maior glória para um pai do que ver a realização dos seus; não há maior satisfação do que vê-los avançar, vê-los crescer e desenvolver-se. Assim o atesta a primeira Leitura que escutámos e nos falava de Nínive, uma grande cidade que se estava auto-destruindo em consequência da opressão e degradação, da violência e injustiça. A grande capital tinha os dias contados, pois não era mais tolerável a violência nela gerada. Então aparece o Senhor movendo o coração de Jonas; aparece o Pai convidando e enviando o seu mensageiro. Jonas é chamado para receber uma missão: Vai lá! Porque, «dentro de quarenta dias, Nínive será destruída» (Jn 3, 4). Vai! Ajuda-os a compreender que, com esta forma de comportar-se, regular-se, organizar-se, a única coisa que estão a gerar é morte e destruição, sofrimento e opressão. Faz-lhes ver que não há vida para ninguém, nem para o rei nem para o súbdito, nem para os campos nem para o gado. Vai e anuncia que eles se habituaram de tal maneira à degradação, que perderam a sensibilidade perante o sofrimento. Vai e diz-lhes que a injustiça se apoderou do seu olhar. Por isso, Jonas parte; Deus envia-o para pôr em evidência o que estava a acontecer; envia-o para despertar um povo inebriado de si mesmo.
Neste texto, encontramo-nos perante o mistério da misericórdia divina. A misericórdia sempre rejeita o mal, tomando muito a sério o ser humano; sempre faz apelo à bondade de cada pessoa, mesmo que esteja adormecida, anestesiada. Longe de aniquilar, como muitas vezes pretendemos ou queremos fazê-lo, a misericórdia aproxima-se de cada situação para a transformar a partir de dentro. Isto é precisamente o mistério da misericórdia divina: aproxima-se e convida à conversão, convida ao arrependimento; convida a ver o dano que está a ser causado a todos os níveis. A misericórdia sempre entra no mal para o transformar. É o mistério de Deus nosso Pai: envia o seu Filho que penetrou no mal, fez-Se pecado para transformar o mal. Esta é a sua misericórdia.
O rei ouviu, os habitantes da cidade reagiram e foi decretado o arrependimento. A misericórdia de Deus entrou no coração, revelando e manifestando algo que é a nossa certeza e a nossa esperança: há sempre a possibilidade de mudar, estamos a tempo de reagir e transformar, modificar e alterar, converter aquilo que nos está a destruir como povo, o que nos está a degradar como humanidade. A misericórdia anima-nos a olhar o presente e confiar naquilo que, de são e bom, está escondido em cada coração. A misericórdia de Deus é o nosso escudo e a nossa fortaleza.
Jonas ajudou a ver, a tomar consciência. Que se passa depois? O seu apelo encontra homens e mulheres capazes de se arrependerem, capazes de chorar: deplorar a injustiça, deplorar a degradação, deplorar a opressão. São as lágrimas que podem abrir o caminho à transformação; são as lágrimas que podem abrandar o coração, são as lágrimas que podem purificar o olhar e ajudar a ver a espiral de pecado em que muitas vezes se está enredado. São as lágrimas que conseguem sensibilizar o olhar e a atitude endurecida, e sobretudo adormecida, perante o sofrimento alheio. São as lágrimas que podem gerar uma ruptura capaz de nos abrir à conversão. Foi assim com Pedro, depois de ter renegado Jesus; chorou e as lágrimas abriram-lhe o coração.
Hoje esta palavra ressoa vigorosamente no meio de nós; esta palavra é a voz que clama no deserto e nos convida à conversão. Neste Ano da Misericórdia, quero implorar convosco neste lugar a misericórdia divina, quero pedir convosco o dom das lágrimas, o dom da conversão.
Aqui em Ciudad Juarez, como noutras áreas fronteiriças, concentram-se milhares de migrantes da América Central e doutros países, sem esquecer tantos mexicanos que procuram também passar para «o outro lado». Uma passagem, um caminho carregado de injustiças terríveis: escravizados, sequestrados, objectos de extorsão, muitos irmãos nossos acabam vítimas do tráfico humano.
Não podemos negar a crise humanitária que, nos últimos anos, levou à migração de milhares de pessoas, quer por via ferroviária ou rodoviária quer mesmo a pé atravessando centenas de quilómetros de montanhas, desertos, caminhos inóspitos. Hoje, esta tragédia humana que é a migração forçada, tornou-se um fenómeno global. Esta crise que se pode medir em números, queremos medi-la por nomes, por histórias, por famílias. São irmãos e irmãs que partem, forçados pela pobreza e a violência, pelo narcotráfico e o crime organizado. No meio de tantas lacunas legais, estende-se uma rede que apanha e destrói sempre os mais pobres. À pobreza que já sofrem, vem juntar-se o sofrimento de todas estas formas de violência. Uma injustiça que se radicaliza ainda mais contra os jovens: como «carne de canhão», eles vêem-se perseguidos e ameaçados quando tentam sair da espiral de violência e do inferno das drogas. E que dizer de tantas mulheres a quem arrebataram injustamente a vida?
Peçamos ao nosso Deus, o dom da conversão, o dom das lágrimas. Peçamos-Lhe a graça de ter o coração aberto, como os Ninivitas, ao seu apelo no rosto sofredor de tantos homens e mulheres. Não mais morte nem exploração! Há sempre tempo para mudar, há sempre uma via de saída e sempre há uma oportunidade, é sempre tempo para implorar a misericórdia do Pai.
Hoje, como sucedeu no tempo de Jonas, também apostamos na conversão; há sinais que se tornam luz no caminho e anúncio de salvação. Conheço o trabalho de muitas organizações da sociedade civil em favor dos direitos dos migrantes. Estou a par também do trabalho generoso de muitas irmãs religiosas, de religiosos e sacerdotes, de leigos votados ao acompanhamento e à defesa da vida. Prestam ajuda na vanguarda, muitas vezes arriscando a própria vida. Com a sua vida, são profetas de misericórdia, são o coração compreensivo e os pés da Igreja que acompanha, que abre os seus braços e apoia.
É tempo de conversão, é tempo de salvação, é tempo de misericórdia. Por isso, juntamente com o sofrimento de tantos rostos, digamos: «Pela vossa imensa compaixão e misericórdia, Senhor, tende piedade de nós (...), purificai-nos dos nossos pecados e criai em nós um coração puro, um espírito novo» (cf. Sal 51/50, 3.4.12).
E daqui, neste momento, desejo saudar também os nossos queridos irmãos e irmãs que nos acompanham em simultâneo do outro lado da fronteira, especialmente aqueles que estão congregados no Estádio da Universidade de El Paso (conhecido como o Sun Bowl) sob a guia do seu bispo, D. Mark Seitz. Com a ajuda da tecnologia, podemos rezar, cantar e celebrar, juntos, este amor misericordioso que o Senhor nos dá e que nenhuma fronteira nos pode impedir de partilhar. Obrigado, irmãos e irmãs de El Paso, por nos fazerdes sentir uma só família e a mesma comunidade cristã.


Fonte: Santa Sé

Fotos da Missa do Papa em Morelia

No último dia 16 de fevereiro, terça-feira da I semana da Quaresma, o Papa Francisco celebrou a Santa Missa com sacerdotes, religiosos e seminaristas na cidade de Morelia, no México, durante sua Viagem Apostólica ao país.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Guido Marini e Vincenzo Peroni. O Missal para a Viagem Apostólica pode ser visto aqui.

Nesta celebração, o Papa usou o báculo que pertenceu ao Bispo Vasco Vásquez de Quiroga, grande evangelizador dos indígenas da região.

Procissão de entrada


Incensação da imagem de Nossa Senhora
Sinal da cruz

Homilia do Papa na Missa em Morelia

Viagem Apostólica do Papa Francisco ao México
(12-18 de Fevereiro de 2016)
Santa Missa com Sacerdotes, Religiosos e Seminaristas

Homilia do Santo Padre
Estádio “Venustiano Carranza”,  Morelia
Terça-feira, 16 de Fevereiro de 2016

Há um dito entre nós que recita assim: «Diz-me como rezas e dir-te-ei como vives, diz-me como vives e dir-te-ei como rezas»; porque, mostrando-me como rezas, aprenderei a descobrir o Deus vivo e, mostrando-me como vives, aprenderei a acreditar no Deus a quem rezas, pois a nossa vida fala da oração e a oração fala da nossa vida. Aprende-se a rezar, como se aprende a caminhar, a falar, a escutar. A escola da oração é a escola da vida, e a escola da vida é o lugar onde fazemos escola de oração.
E Paulo, quando ensinava ou exortava o seu discípulo predilecto Timóteo a viver a fé, dizia-lhe: «Lembra-te da tua mãe e da tua avó». E, quando os seminaristas entravam no Seminário, muitas vezes perguntavam-me: «Padre, eu gostava de ter uma oração mais profunda, mais mental». «Olha, continua a rezar como te ensinaram na tua casa e depois, pouco a pouco, a tua oração irá crescendo, como cresceu a tua vida». Aprende-se a rezar, como tudo na vida.
Jesus quis introduzir os seus no mistério da Vida: no mistério da vida d’Ele. Mostrou-lhes – comendo, dormindo, curando, pregando, rezando – o que significa ser Filho de Deus. Convidou-os a partilhar a sua vida, a sua intimidade e, enquanto estavam com Ele, fez-lhes tocar na sua carne a vida do Pai. No seu olhar, no seu caminhar, fê-los experimentar a força, a novidade de dizer: «Pai Nosso». Em Jesus, esta expressão «Pai Nosso» não tem o sabor velho da rotina ou da repetição; pelo contrário, sabe a vida, a experiência, a autenticidade. Ele soube viver rezando e rezar vivendo, ao dizer: Pai Nosso.
E convidou-nos a fazer o mesmo. A nossa primeira chamada é para fazer experiência deste amor misericordioso do Pai na nossa vida, na nossa história. A primeira chamada que Jesus nos fez foi para nos introduzir nesta nova dinâmica do amor, da filiação. A nossa primeira chamada é para aprender a dizer «Pai Nosso», como insiste Paulo: Abbá.
A propósito da sua chamada, diz São Paulo: «Ai de mim, se eu não evangelizar!» Ai de mim, porque evangelizar «não é para mim – explica – motivo de glória, é antes uma obrigação que me foi imposta» (1 Cor 9, 16). Pois bem! Jesus chamou-nos para participar na sua vida, na vida divina: Ai de nós – consagrados, consagradas, seminaristas, sacerdotes, bispos – ai de nós se não a compartilharmos! Ai de nós, se não formos testemunhas do que vimos e ouvimos! Ai de nós! Não queremos ser funcionários do divino; não somos, nem o queremos ser jamais, empregados da empresa de Deus, porque fomos convidados a participar na sua vida, fomos convidados a encerrar-nos no seu coração, um coração que reza e vive dizendo: Pai Nosso. Em que consiste a missão senão em dizer com a nossa vida – desde o princípio até ao fim, como o nosso irmão bispo que faleceu esta noite –, em que consiste a missão senão em dizer com a nossa vida: Pai Nosso?
É a este Pai Nosso que nos dirigimos todos os dias. E que Lhe dizemos numa das súplicas? Não nos deixeis cair em tentação. Fê-lo o próprio Jesus. Rezou para que nós, seus discípulos – de ontem e de hoje –, não caíssemos em tentação. E uma das tentações que nos assalta, uma das tentações que surge não só de contemplar a realidade, mas também de viver nela… sabeis qual pode ser? Qual é a tentação que nos pode vir de ambientes dominados muitas vezes pela violência, a corrupção, o tráfico de drogas, o desprezo pela dignidade da pessoa, a indiferença perante o sofrimento e a precariedade? À vista de tudo isto, à vista desta realidade que parece ter-se tornado um sistema irremovível, qual é a tentação que repetidamente podemos ter nós, os chamados à vida consagrada, ao presbiterado, ao episcopado?
Acho que a poderemos resumir numa só palavra: resignação. À vista desta realidade, pode vencer-nos uma das armas preferidas do demónio: a resignação. «E que podes tu fazer? A vida é assim». Uma resignação que nos paralisa e impede não só de caminhar, mas também de abrir caminho; uma resignação que não só nos atemoriza, mas também nos entrincheira nas nossas «sacristias» e seguranças aparentes; uma resignação que não só nos impede de anunciar, mas impede-nos também de louvar, tira-nos a alegria, o prazer do louvor. Uma resignação que nos impede não só de projectar, mas também nos trava na hora de arriscar e transformar.
Por isso, Pai Nosso, não nos deixeis cair em tentação.
Nos momentos de tentação, faz-nos muito bem apelar para a nossa memória. Ajuda-nos muito considerar a «madeira» de que fomos feitos. Não começou tudo connosco, e tão-pouco acabará tudo connosco; por isso, por isso faz-nos bem recuperar a recordação da história que nos trouxe até aqui.
E, revisitando a memória, não podemos esquecer-nos de alguém que amou tanto este lugar, que se fez filho desta terra. Alguém que pôde dizer de si mesmo: «Tiraram-me da magistratura para me porem na plenitude do sacerdócio por mérito dos meus pecados. A mim, inútil e completamente inábil para a execução de tão grande empreendimento; a mim, que não sabia remar, elegeram-me primeiro bispo de Michoacán» (Vasco Vásquez de Quiroga, Carta pastoral, 1554).
Permiti-me aqui um parêntesis! Agradeço ao Senhor Cardeal Arcebispo por ter querido que se celebrasse esta Eucaristia com o báculo deste homem e o seu cálice. Convosco quero lembrar este evangelizador, conhecido também como Tato Vasco, como «o espanhol que se fez índio».
A realidade vivida pelos índios Purhépechas – que ele descreve como «vendidos, vexados e errando pelos mercados a recolher os restos que se deitavam fora» –, longe de o fazer cair na tentação da acédia e da resignação, moveu a sua fé, moveu a sua vida, moveu a sua compaixão e estimulou-o a realizar várias iniciativas que permitissem «respirar» no meio desta realidade tão paralisante e injusta. A amargura do sofrimento dos seus irmãos fez-se oração e a oração fez-se resposta concreta. E isto valeu-lhe, entre os índios, o nome de «Tata Vasco» que, na língua purhépechas, significa «papá».
Pai, Papá, Tata, Abbá.... Esta é a oração, esta é a palavra que Jesus nos convidou a dizer.
Pai, Papá, Abbá, não nos deixeis cair na tentação da resignação, não nos deixeis cair na tentação da acédia, não nos deixeis cair na tentação da perda da memória, não nos deixeis cair na tentação de nos esquecermos dos nossos maiores que nos ensinaram, com a sua vida, a dizer: Pai Nosso.


Fonte: Santa Sé

Fotos da Missa do Papa em San Cristóbal de Las Casas

No último dia 15 de fevereiro, segunda-feira da I Semana da Quaresma, o Papa Francisco celebrou a Santa Missa com as comunidades indígenas da região de Chiapas na cidade de San Cristóbal de Las Casas, durante sua Viagem Apostólica ao México.

O Santo padre foi assistido pelos Monsenhores Guido Marini e Ján Dubina. O Missal para a Viagem Apostólica pode ser visto aqui.

O altar foi ornado com estátuas de animais, provavelmente características da tradição indígena local.

Procissão de entrada
Homilia

Apresentação das oferendas

Homilia do Papa na Missa em San Cristóbal de Las Casas

Viagem Apostólica do Papa Francisco ao México
(12-18 de Fevereiro de 2016)
Santa Missa com as Comunidades Indígenas de Chiapas

Homilia do Santo Padre
Centro Desportivo Municipal, San Cristóbal de Las Casas
Segunda-feira, 15 de Fevereiro de 2016

«Li smantal Kajvaltike toj lek – a lei do Senhor é perfeita, reconforta a alma» (Sal 19/18, 8): assim começa o salmo que escutámos. A lei do Senhor é perfeita; e o salmista encarrega-se de enumerar tudo o que esta lei gera de bom em quem a escuta e segue: reconforta a alma, torna sábios os simples, alegra o coração, é luz para iluminar o caminho.
Esta é a lei que o povo de Israel recebera das mãos de Moisés, uma lei que ajudaria o povo de Deus a viver na liberdade a que fora chamado. Lei que queria ser luz para os seus passos e acompanhar o peregrinar do seu povo; um povo que experimentara a escravidão e a tirania do Faraó, que experimentara a amargura e os maus-tratos, até que Deus disse «basta», até que Deus disse: «mais não». «Eu vi a aflição, ouvi o clamor, conheci a sua angústia» (cf. Ex 3, 9). Manifesta-se aqui o rosto do nosso Deus, o rosto do Pai que sofre com a dor, os maus-tratos, a injustiça na vida de seus filhos; e a sua Palavra, a sua lei torna-se símbolo de liberdade, símbolo de alegria, de sabedoria e de luz. Experiência, realidade que ecoa numa frase nascida da sabedoria criada nestas terras desde os tempos antigos e assim transcrita no Popol Vuh: «a aurora veio sobre todas as tribos reunidas. E logo a face da terra foi purificada pelo sol» (33). A aurora veio para os povos que sucessivamente caminharam sob as mais variadas trevas da história.
Nesta frase, há um anseio de viver em liberdade; um anseio que tem o sabor da terra prometida, onde a opressão, os maus-tratos e a degradação não sejam moeda corrente. No coração do homem e na memória de muitos dos nossos povos, está inscrito o anseio por uma terra, por um tempo em que o desprezo seja superado pela fraternidade, a injustiça seja vencida pela solidariedade e a violência seja cancelada pela paz.
O nosso Pai não só compartilha este anseio, mas Ele mesmo o suscitou e suscita dando-nos o seu Filho Jesus Cristo. N’Ele encontramos a solidariedade do Pai, que caminha ao nosso lado. N’Ele vemos como aquela lei perfeita assume uma carne, assume um rosto, assume a história, para acompanhar e sustentar o seu povo; faz-se Caminho, faz-se Verdade, faz-se Vida, para que as trevas não tenham a última palavra e a aurora não cesse de vir sobre a vida dos seus filhos.
De muitas maneiras e de muitas formas se procurou silenciar e cancelar este anseio, de muitas maneiras procuraram anestesiar-nos a alma, de muitas formas pretenderam pôr em letargo e adormecer a vida das nossas crianças e jovens com a insinuação de que nada pode mudar ou trata-se de sonhos impossíveis. Contra estas formas, a própria criação sabe levantar a sua voz: «Esta irmã clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou. Crescemos a pensar que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a saqueá-la. A violência, que está no coração humano ferido pelo pecado, vislumbra-se nos sintomas de doença que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos. Por isso, entre os pobres mais abandonados e maltratados, conta-se a nossa terra oprimida e devastada, que “geme e sofre as dores do parto” (Rm 8, 22)» (Enc. Laudato si’, 2).
O desafio ambiental que vivemos e as suas raízes humanas têm a ver com todos nós (cf. ibid., 14) e interpelam-nos. Não podemos permanecer indiferentes perante uma das maiores crises ambientais da história. Nisto, vós tendes muito a ensinar-nos, a ensinar à humanidade. Os vossos povos, como reconheceram os bispos da América Latina, sabem relacionar-se harmoniosamente com a natureza, que respeitam como «fonte de alimento, casa comum e altar do compartilhar humano» (Documento de Aparecida, 472).
No entanto, muitas vezes, de forma sistemática e estrutural, os vossos povos acabaram incompreendidos e excluídos da sociedade. Alguns consideram inferiores os vossos valores, a vossa cultura e as vossas tradições. Outros, fascinados pelo poder, o dinheiro e as leis do mercado, espoliaram-vos das vossas terras ou realizaram empreendimentos que as contaminaram. Que tristeza! Como nos seria útil a todos fazer um exame de consciência e aprender a pedir perdão! Perdão, irmãos!
O mundo de hoje, espoliado pela cultura do descarte, necessita de vós. Os jovens de hoje, expostos a uma cultura que tenta suprimir todas as riquezas e características culturais tendo em vista um mundo homogéneo, estes jovens precisam que não se perca a sabedoria dos vossos anciãos. O mundo de hoje, prisioneiro do pragmatismo, tem necessidade de voltar a aprender o valor da gratuidade.
Estamos a celebrar a certeza de que «o Criador não nos abandona, nunca recua no seu projecto de amor, nem Se arrepende de nos ter criado» (Enc. Laudato si’, 13). Celebramos que Jesus Cristo continua a morrer e ressuscitar em cada gesto que temos para com o menor de nossos irmãos. Animemo-nos a continuar a ser testemunhas da sua Paixão, da sua Ressurreição, encarnando «li smantal Kajvaltike toj lek – a lei do Senhor é perfeita, reconforta a alma».


Fonte: Santa Sé