quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Celebrações no Encontro sobre os abusos no Vaticano

Entre os dias 21 e 24 de fevereiro de 2019 aconteceu no Vaticano um encontro do Papa Francisco com os Presidentes das Conferências Episcopais para refletir sobre o delicado problema dos abusos de menores por parte dos membros do clero.

Durante o encontro ocorreram duas celebrações litúrgicas: uma Celebração Penitencial no sábado, dia 23, e a Missa do VII Domingo do Tempo Comum no dia 24. Ambas as celebrações ocorreram na Sala Régia do Palácio Apostólico, dado seu caráter privado.

Em ambas as celebrações igualmente o Papa não proferiu homilia, confiando-a a outros Bispos participantes do encontro. O Santo Padre proferiu apenas um discurso após a Missa do domingo.

Dia 23: Celebração Penitencial

Cruz em destaque no centro da Sala
Participantes aguardam o início da celebração
Canto inicial


Eucaristia e caridade: Encontro de Pastoral Litúrgica 2012

Dando sequência à nossa série de postagens sobre os Encontros Nacionais de Pastoral Litúrgica (ENPL), que acontecem anualmente no Santuário de Fátima em Portugal, disponibilizamos hoje os áudios do 38º ENPL, que aconteceu em julho de 2012, com o tema: "Eucaristia - Sacramento da Caridade".

O Papa Bento XVI havia escrito uma Exortação Apostólica justamente com este título (Sacramentum Caritatis) no ano de 2007, como fruto do Sínodo sobre a Eucaristia de 2005.

Segue o aúdio de 4 conferências, disponibilizados pelo Secretariado Nacional de Liturgia de Portugal:

Dom José Manuel Garcia Cordeiro

Pe. Dr. Luís Manuel Pereira da Silva

Pe. Dr. Francisco Machado Couto 

Dom António José da Rocha Couto


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Em que momento cantar o hino da Campanha da Fraternidade?

Estamos nos aproximando do Tempo da Quaresma, que tem início com a Quarta-feira de Cinzas. Desde o ano de 1964, acontece no Brasil neste período a chamada “Campanha da Fraternidade” (CF), promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Cartaz da Campanha da Fraternidade 2024

A Campanha da Fraternidade não toca diretamente a Liturgia, sendo uma proposta para a Pastoral e para a Catequese. Nesta Campanha reflete-se sobre algum tema que afeta a sociedade, geralmente à luz da Palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja.

Para cada Campanha é composto um hino, inspirado no tema a ser refletido, que muitas vezes é entoado nas celebrações litúrgicas. Diante disso, surge a pergunta: em que momento da Missa (ou da Celebração da Palavra) se deve cantar o hino da Campanha da Fraternidade?

Primeiramente não se “deve” cantar e sim se “pode” cantar. Como afirmamos acima, a CF não tem relação direta com a Liturgia, portanto seu hino não é obrigatório nas celebrações. A prioridade será sempre dos cantos litúrgicos próprios do Tempo Quaresmal, sobretudo aqueles que refletem os textos bíblicos proclamados.

A própria CNBB nos indica em que momentos da celebração este hino pode ser cantado em seu Guia Litúrgico Pastoral (p. 106):

“O hino da Campanha da Fraternidade de cada ano explicita o compromisso dos fiéis na vivência concreta da Quaresma. Ele pode ser entoado em algum momento da homilia - o que facilitaria a vinculação da Liturgia da Palavra com o ‘chão’ da vida (tema da CF) - ou nos ritos finais, no momento do ‘envio’” [1].


Com esta afirmação, feita pela própria CNBB, fica claro que o hino da Campanha da Fraternidade não é um canto litúrgico, pois é proposto para dois momentos em que não há canto litúrgico previsto: a homilia e a procissão de saída.

Mas então o hino da Campanha não pode ser entoado como canto de entrada?

Não. O hino da Campanha não pode ser entoado como canto de entrada. Vejamos na Introdução Geral do Missal Romano (n. 47) as características deste canto:

“A finalidade desse canto é abrir a celebração, promover a união da assembleia, introduzir no mistério do tempo litúrgico ou da festa, e acompanhar a procissão do sacerdote e dos ministros” [2].

O canto de entrada deve ser, pois, adequado à índole do tempo litúrgico. Ora, o tempo litúrgico é a Quaresma, e não a “Campanha da Fraternidade”. Assim, o canto de entrada deve estar em sintonia com a espiritualidade quaresmal. Há muitos cantos excelentes para este tempo, muitos deles profundamente inspirados na Palavra de Deus.

Resumindo: hino da Campanha da Fraternidade nas celebrações litúrgicas apenas dentro da homilia ou como canto final. Ou poderia simplesmente nem aparecer...


Notas:
[1] CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Guia Litúrgico-Pastoral. 3ª edição. Brasília: Edições CNBB, 2017, p. 106.
[2] INSTRUÇÃO GERAL SOBRE O MISSAL ROMANO. Tradução brasileira da 3ª edição típica com comentários de José Aldazábal. São Paulo: Paulinas, 2007, pp. 69-70.

Sacrosanctum Concilium: Nova concepção de Liturgia

Texto publicado pelo site Vatican News em 06 de fevereiro de 2019:

Em nosso espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a falar no programa de hoje sobre a Constituição Sacrosanctum Concilium.
No programa passado, vimos como na América Latina a renovação litúrgica promovida pelo Concílio Vaticano II marcou a vida da Igreja e mudou a mentalidade dos fiéis. O Papa João Paulo II, recordando em 1990 aos Bispos brasileiros em visita ad limina a intensidade espiritual das celebrações litúrgicas, que constituíam o ponto culminante das suas visitas às várias Igrejas locais no Brasil, destacou “a importância e o lugar da Liturgia em suas comunidades, e a necessidade de incrementar cada vez mais entre os fiéis a formação litúrgica e o espírito de oração. Espero contribuir assim – disse ele - para que as Igrejas que lhes estão confiadas cresçam em sua vida cristã”. No programa de hoje deste nosso espaço, padre Gerson Schmidt, que tem nos acompanhado neste percurso de exposição dos documentos conciliares, nos traz o tema “Nova concepção de Liturgia”:
Já na Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos de 1985 se concluiu que “a renovação litúrgica é o fruto mais visível de toda a obra conciliar ”(Relação final, 7 de dezembro de 1985, II, B, b, 1)” [1]. A Constituição Sacrosanctum Concilium trouxe uma nova concepção da Liturgia, muito além das normas para a realização correta dos atos litúrgicos, definindo-a como uma ação litúrgica da Cabeça e dos membros [da Igreja], como apontou o Papa João Paulo II em 1990, numa das visitas “ad limina”, que acontecem de 5 em 5 anos, de alguns Bispos do Brasil, falando da Sacrosanctum Concilium nesses termos: “Que trouxe à Igreja a renovação preconizada pela Sacrosanctum Concilium? Trouxe-lhe, antes de mais, uma nova concepção da Liturgia. Desta, tinha-se antes uma ideia que não ia habitualmente além dos aspectos exteriores: cerimonial, rubricas e normas para a realização correta dos atos litúrgicos. Embora tais aspectos sejam também dignos de respeito, a Constituição veio dizer-nos que a Liturgia é algo mais. Nela se trata da própria ação de Cristo Sacerdote; ação em que Ele associa a Si mesmo a Igreja. Isto é, ação da Cabeça e dos membros  (SC, 7). Celebrar a Missa, os Sacramentos, a Liturgia das Horas, é tornar presente e atual a ação de Jesus Cristo Sacerdote, realizada em seu Mistério pascal. Assim, a Liturgia se torna o ‘lugar’ privilegiado de encontro dos cristãos com Deus, e com Aquele que Deus enviou, Jesus Cristo (cf. Jo 17, 3)” [2].
O Papa polonês continuou ainda, nos anos 90, avaliando até então a renovação da Liturgia: falou que se superou os formalismos, estreitando-se a distância entre clero e povo, com iniciativas de uma participação e responsabilidade mais viva e pessoal, havendo uma nova concepção do que vem a ser a Liturgia. Falou nesses termos: “Colocando a Liturgia no contexto da história da salvação, atualizada na Igreja, o Concílio não só lhe reconhece o papel eminente na vida da mesma Igreja, mas apela também para a responsabilidade dos cristãos; todos eles são chamados a integrar-se na ação litúrgica. Daí que, ao longo de toda a Constituição, a ideia-força seja a da participação. Não é assistir a um ato que outros executam; é celebrar algo, ou melhor, Alguém. E em tal celebração todos estão e se devem sentir comprometidos; todos e cada um, a seu modo, hão de tomar nela parte ativa e consciente. Essa nova concepção da Liturgia trouxe à vida da Igreja pós-conciliar muitos frutos. Como é do conhecimento dos Senhores (falava aos Bispos de São Paulo), fez com que se aprofundasse a reflexão teológica sobre o culto cristão, ajudou a superar formalismos, e reduziu a distância entre clero e povo nas celebrações, encorajando iniciativas em favor de uma participação viva e pessoal, libertando o cristão do papel de mero ‘espectador’ e levando-a a progredir na sua unidade com Deus e com os irmãos (cf. SC, 48)” [3].

[1] Discurso do Papa João Paulo II aos Bispos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - Regional Sul1 em Visita «Ad Limina Apostolorum», 20 de março de 1990.
[2] Vicesimus quintus annus, 7. Discurso do Papa João Paulo II aos Bispos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - Regional Sul1 em Visita «Ad Limina Apostolorum», 20 de março de 1990.
[3] ibid.


Fonte: Vatican News

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

VII Catequese do Papa sobre o Pai Nosso: "Pai que estás nós céus"

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019
Pai Nosso (7): Pai que estás nos céus

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Prosseguimos com as catequeses sobre o “Pai nosso”. O primeiro passo de toda oração cristã é o ingresso em um mistério, aquele da paternidade de Deus. Não se pode rezar como papagaios. Ou você entra no mistério, na consciência de que Deus é teu Pai, ou não reza. Se eu quero rezar a Deus meu Pai começo o mistério. Para entender em que medida Deus nos é pai, nós pensamos nas figuras dos nossos pais, mas devemos sempre, em alguma medida, “refiná-las”, purificá-las. Diz isso também o Catecismo da Igreja Católica, que diz assim: “A purificação do coração diz respeito às imagens paternas ou maternas oriundas de nossa história pessoal e cultural, e que influenciam nossa relação com Deus” (n. 2779).
Ninguém de nós teve pais perfeitos, ninguém; como nós, por nossa vez, nunca seremos pais, ou pastores, perfeitos. Todos temos defeitos, todos. As nossas relações de amor as vivemos sempre sob o sinal dos nossos limites e também do nosso egoísmo, por isso são muitas vezes poluídas por desejos de posse ou de manipulação do outro. Por isso às vezes as declarações de amor se transformam em sentimentos de raiva e de hostilidade. Mas, olha, esses dois se amavam tanto na semana passada, hoje se odeiam a morte: vemos isso todos os dias! É por isso, porque todos temos raízes amargas por dentro, que não são boas e às vezes saem e fazem mal.
Eis porque, quando falamos de Deus como “pai”, enquanto pensamos na imagem dos nossos pais, especialmente se nos quiseram bem, ao mesmo tempo devemos ir além. Porque o amor de Deus é aquele do Pai ‘que está nos céus’, segundo a expressão que Jesus nos convida a usar: é o amor total que nós, nesta vida, experimentamos apenas de forma imperfeita. Os homens e as mulheres são eternamente mendigos de amor, somos mendigos de amor, temos necessidade de amor, procuram um lugar onde serem finalmente amados, mas não o encontram. Quantas amizades e quantos amores desiludidos existem no nosso mundo, quantos!
O deus grego do amor, na mitologia, é aquele mais trágico em absoluto: não se entende se é um ser angélico ou um demônio. A mitologia diz que é filho de Poros e de Penía, isso é, da astúcia e da pobreza, destinado a levar em si mesmo um pouco da fisionomia desses pais. Daqui podemos pensar na natureza ambivalente do amor humano: capaz de florescer e de viver prepotente em uma hora do dia, e logo depois murchar e morrer; aquele que pega, sempre escapa dele (cf. Platão, Simpósio, 203). Há uma expressão do profeta Oseias que enquadra de maneira impiedosa a congênita fraqueza do nosso amor: “O vosso amor é como uma nuvem da manhã, como o orvalho que logo se dissipa” (6,4). Eis que assim é muitas vezes o nosso amor: uma promessa que se cansa de manter, uma tentativa que logo seca e evapora, um pouco como quando de manhã sai o sol e acaba com o orvalho da noite.
Quantas vezes nós homens amamos deste modo tão frágil e intermitente. Todos temos esta experiência: amamos, mas depois aquele amor acabou ou se tornou fraco. Desejosos de querer bem, nos deparamos com nossos limites, com a pobreza de nossas forças: incapazes de manter uma promessa que nos dias de graça parecia fácil de cumprir. No fundo, até mesmo o apóstolo Pedro teve medo e teve que fugir. O apóstolo Pedro não foi fiel ao amor de Jesus. Tem sempre esta fraqueza que nos faz cair. Somos mendicantes que no caminho correm o risco de nunca encontrar completamente o tesouro que buscam desde o primeiro dia de vida: o amor.
Porém, existe um outro amor, aquele do Pai “que está nos céus”. Ninguém deve duvidar de ser destinatário desse amor. Ama-nos. “Ama-me”, podemos dizer. Mesmo se o nosso pai e a nossa mãe não tivessem nos amado – uma hipótese histórica –, há um Deus nos céus que nos ama como ninguém nesta terra jamais fez e nunca poderá fazer. O amor de Deus é constante. Diz o profeta Isaías: “Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta? Não ter ternura pelo fruto de suas entranhas? E mesmo que ela o esquecesse, eu não esqueceria nunca. Eis que estás gravada na palma de minhas mãos” (49,15-16). Hoje está na moda a tatuagem: “Nas palmas de minhas mãos te desenhei”. Fiz uma tatuagem de você sobre minhas mãos. Eu estou nas mãos de Deus, assim, e não posso tirá-lo. O amor de Deus é como o amor de uma mãe, que nunca se pode esquecer. E se uma mão se esquece? “Eu não me esquecerei”, diz o Senhor. Esse é o amor perfeito de Deus, assim somos amados por Ele. Mesmo se todos os nossos amores terrenos desmoronassem e não restasse na mão nada além de pó, há sempre para todos nós, ardente, o amor único e fiel de Deus.
Na fome de amor que todos sentimos, não buscamos algo que não existe: essa é, em vez disso, o convite a conhecer Deus que é pai. A conversão de Santo Agostinho, por exemplo, passou por este caminho: o jovem e brilhante reitor procurava simplesmente entre as criaturas algo que nenhuma criatura lhe podia dar, até que um dia teve a coragem de levantar o olhar. E naquele dia conheceu Deus. Deus que ama.
A expressão “nos céus” não quer exprimir uma distância, mas uma diversidade radical de amor, outra dimensão de amor, um amor incansável, um amor que sempre permanecerá, antes, que sempre está à mão. Basta dizer “Pai nosso que estais nos Céus”, e aquele amor vem.
Portanto, não temer! Nenhum de nós está sozinho. Se por desventura o teu pai terreno tivesse se esquecido de ti e você guardasse rancor dele, não te é negada a experiência fundamental da fé cristã: aquela de saber que és filho muito amado de Deus e que não há nada na vida que possa apagar o seu amor apaixonado por ti.


Fonte: Canção Nova

Angelus do Papa: VI Domingo do Tempo Comum - Ano C

Papa Francisco
Angelus
Domingo, 17 de fevereiro de 2019

Caros irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho de hoje (cf. Lc 6,17.20-26) nos apresenta as bem-aventuranças na versão de São Lucas. O texto se articula em quatro bem-aventuranças e quatro advertências formuladas com a expressão “ai de vós”. Com estas palavras, fortes e incisivas, Jesus nos abre os olhos, nos faz ver com o seu olhar, para além das aparências, além da superfície, e nos ensina a discernir as situações com fé.
Jesus declara bem-aventurados os pobres, os aflitos, os perseguidos; e adverte aqueles que são ricos, saciados, sorridentes e aclamados pelas pessoas. A razão desta paradoxal bem-aventurança está no fato de que Deus está próximo daqueles que sofrem e intervém para libertá-los da sua escravidão; Jesus vê isso, vê já a bem-aventurança para além da realidade negativa. E igualmente o “ai de vós”, dirigido a quantos hoje passam bem, serve para “despertá-los” do perigoso engano do egoísmo e abrir-lhes à lógica do amor, pois estão em tempo de fazê-lo.
A página do Evangelho de hoje nos convida, portanto, a refletir sobre o sentido profundo de ter fé, que consiste em confiar-se totalmente ao Senhor. Se trata de abater os ídolos mundanos para abrir o coração ao Deus vivo e verdadeiro; só Ele pode dar à nossa existência aquela plenitude tão desejada e ainda difícil de alcançar. Irmãos e irmãs, são muitos, de fato, também em nossos dias, aqueles que se apresentam como dispensadores de felicidade: vêm e prometem sucesso em pouco tempo, grandes ganhos ao alcance da mão, soluções mágicas para cada problema, e assim por diante. E aqui é fácil escorregar sem perceber no pecado contra o primeiro mandamento: é a idolatria, substituir Deus por um ídolo. Idolatria e ídolos parecem coisas de outros tempos, mas em realidade são de todos os tempos! Também hoje. Descrevem algumas atitudes contemporâneas melhor que muitas análises sociológicas.
Por isso Jesus nos abre os olhos para a realidade. Somos chamados à felicidade, a sermos bem-aventurados, e nos tornamos à medida que nos colocamos ao lado de Deus, do seu Reino, daquilo que não é efêmero mas dura para a vida eterna. Seremos felizes se nos reconhecermos necessitados diante de Deus – e isso é muito importante: “Senhor, eu preciso de Ti” – e se, como Ele e com Ele, estamos próximos aos pobres, aos aflitos e aos famintos. Também nós o somos diante de Deus: somos pobres, aflitos, somos famintos diante de Deus. Tornamo-nos capazes de alegria toda vez que, possuindo os bens deste mundo, não fazemos deles ídolos aos quais vender a nossa alma, mas somos capazes de dividi-los com os nossos irmãos. Sobre isso hoje a Liturgia nos convida mais uma vez a interrogarmo-nos e a fazer a verdade em nosso coração.
As bem-aventuranças de Jesus são uma mensagem decisiva, que nos encoraja a não colocar a nossa confiança nas coisas materiais e passageiras, a não buscar a felicidade seguindo os vendedores de fumaça – que tantas vezes são vendedores de morte – os profissionais da ilusão. Não precisamos segui-los, porque são incapazes de dar-nos esperança. O Senhor nos ajuda a abrir os olhos, a adquirir um olhar mais penetrante sobre a realidade, a curar-se da miopia crônica com que o espírito mundano nos contagia. Com a sua Palavra paradoxal nos sacode e nos faz reconhecer aquilo que verdadeiramente nos enriquece, nos sacia, nos dá alegria e dignidade. Em suma, aquilo que verdadeiramente dá sentido e plenitude à nossa vida.
A Virgem Maria nos ajude a ouvir este Evangelho com mente e coração abertos, para que porte frutos na nossa vida e tornemo-nos testemunhas da felicidade que não ilude, aquela de Deus que nunca ilude.


Tradução livre a partir do original italiano.

sábado, 23 de fevereiro de 2019

Homilia: VII Domingo do Tempo Comum - Ano C

São Gregório Magno
Sermão 27 sobre os Evangelhos
Nossos lábios oram pelos que nos odeiam, e queira Deus que nosso coração os amasse!

Pedimos-lhe que tire a vida de nossos inimigos. Todo aquele que ora desta maneira, com suas próprias orações está resistindo ao Criador. Daí que se diga destes o que disse o real profeta: Converta-se a sua oração em pecado. Converter a oração em pecado é pedir aquelas coisas que proíbe a pessoa à qual se pede... Por isso diz a Verdade: Quando vos colocares em pé para orar, se tendes algo contra alguém, perdoai-o primeiro...
Para conseguir aquilo que pedimos retamente, é necessário que o nosso espírito não esteja ofuscado na oração pelo ódio ao nosso inimigo... Nossos lábios oram pelos que nos odeiam, e queira Deus que nosso coração os amasse! Muitas vezes oramos por eles, porém mais para dar cumprimento ao preceito de Deus do que por caridade. Porque pedimos pela vida de nossos inimigos e tememos ser escutados. Mas, como o nosso juiz interior atende mais a nossa intenção que as palavras, nada pede em favor do inimigo o que não ora em seu favor por caridade...
“Mas é que o nosso inimigo faltou conosco gravemente, nos prejudicou. Auxiliamos-lhe e ele nos feriu, e pelo amor que lhe manifestamos nos perseguiu”. Tudo isto estaria em seu lugar se não tivéssemos pecado algum, pelo qual devemos constantemente pedir perdão. Nosso advogado compôs para nós a súplica que devemos alegar em nossa causa. Ele é ao mesmo tempo juiz e advogado dela. Indicou-nos a condição que deveria ter nossa oração com estas palavras: Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.
Como será nosso juiz o mesmo que é nosso advogado, escuta a nossa oração o mesmo que a fez. Deste modo, o dizemos sem praticá-lo: Perdoai as nossas ofensas assim como perdoamos a quem nos tem ofendido, e então vinculamo-nos mais dizendo estas palavras; ou talvez omitimos esta condição em nossas orações, e nosso advogado não reconhece a oração que compôs para o nosso uso, e nos diz: “Sei o que aconselhei, porém não é esta a oração que compus”.
O que devemos fazer, caríssimos irmãos, a não ser conceder o afeto da verdadeira caridade aos nossos irmãos? Que o Deus todo-poderoso veja a nossa caridade para com o próximo e tenha piedade e misericórdia por nós por nossos pecados. Recordai as palavras que nos foram ditas: Perdoai e sereis perdoados. Devem-nos e também nós devemos; perdoemos, portanto, aquilo que nos é devido, para que nos perdoe o que nós devemos.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 639-640. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Catequese do Papa Bento XVI sobre a Cátedra de São Pedro

Papa Bento XVI
Audiência Geral
Quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006
A Cátedra de Pedro, dom de Cristo à sua Igreja

Queridos irmãos e irmãs
A Liturgia latina celebra hoje a festa da Cátedra de São Pedro. Trata-se de uma tradição muito antiga, testemunhada em Roma desde o século IV, com a qual se dá graças a Deus pela missão confiada ao Apóstolo Pedro e aos seus sucessores. Literalmente, a “cátedra” é a sede fixa do Bispo, posto na igreja matriz de uma Diocese, que por isso é chamada “catedral”, e constitui o símbolo da autoridade do Bispo e, em particular, do seu “magistério”, ou seja, do ensinamento evangélico que ele, enquanto sucessor dos Apóstolos, é chamado a conservar e a transmitir à Comunidade cristã. Quando o Bispo toma posse da Igreja particular que lhe foi confiada, ele, com a mitra e o báculo, senta-se na cátedra. Como mestre e pastor, daquela sede ele orientará o caminho dos fiéis, na fé, na esperança e na caridade.

Portanto, qual foi a “cátedra” de São Pedro? Escolhido por Cristo como “rocha” sobre a qual edificar a Igreja (cf. Mt 16,18), ele começou o seu ministério em Jerusalém, depois da Ascensão do Senhor e do Pentecostes. A primeira “sede” da Igreja foi o Cenáculo, e provavelmente naquela sala onde também Maria, a Mãe de Jesus, rezou juntamente com os discípulos para que fosse reservado um lugar especial a Simão Pedro. Em seguida, a sé de Pedro tornou-se Antioquia, cidade situada à margem do rio Oronte, na Síria, hoje na Turquia, naquela época terceira metrópole do império romano, depois de Roma e de Alexandria do Egito. Daquela cidade, evangelizada por Barnabé e Paulo, onde “os discípulos receberam, pela primeira vez, o nome de cristãos” (At 11,26), onde, portanto, nasceu para nós o nome de cristãos, Pedro foi o primeiro Bispo, a tal ponto que o Martirológio Romano, antes da reforma do calendário, previa também uma celebração específica da Cátedra de Pedro em Antioquia. Dali, a Providência conduziu Pedro até Roma. Portanto, temos o caminho de Jerusalém, Igreja nascente, em Antioquia, primeiro centro da Igreja acolhida pelos pagãos e ainda unida com a Igreja proveniente dos judeus. Depois Pedro dirigiu-se para Roma, centro do Império, símbolo do “Orbis” - a “Urbis” que expressa o “Orbis”, a terra - onde ele terminou com o martírio a sua corrida ao serviço do Evangelho. Por isso a sede de Roma, que tinha recebido a maior honra, acolheu também o ônus confiado por Cristo a Pedro, de se colocar ao serviço de todas as Igrejas particulares, para a edificação e a unidade de todo o Povo de Deus.

A sede de Roma, depois destas migrações de São Pedro, torna-se assim reconhecida como a do sucessor de Pedro, e a “cátedra” do seu Bispo representou a do Apóstolo encarregado por Cristo, de apascentar todo o seu rebanho. Testemunham-no os mais antigos Padres da Igreja, como por exemplo Santo Ireneu, Bispo de Lião, proveniente porém da Ásia Menor, que no seu tratado Contra as heresias descreve a Igreja de Roma como “a maior e a mais antiga, conhecida por todos; ...fundada e constituída em Roma pelos dois gloriosíssimos Apóstolos Pedro e Paulo”; e acrescenta: “Com esta Igreja, pela sua exímia superioridade, deve conciliar-se a Igreja universal, ou seja, os fiéis que estão em toda a parte” (III, 3, 2-3). Tertuliano, um pouco mais tarde, por sua vez, afirma:  “Como é feliz esta Igreja de Roma! Foram os próprios Apóstolos que derramaram nela, com o próprio sangue, toda a doutrina” (A prescrição dos hereges, 36). Portanto, a cátedra do Bispo de Roma representa não apenas o seu serviço à comunidade romana, mas a sua missão de guia de todo o Povo de Deus.

Celebrar a “Cátedra” de Pedro, como fazemos hoje, significa, portanto, atribuir-lhe um forte significado espiritual e reconhecer-lhe um sinal privilegiado do amor de Deus, Pastor bom e eterno, que quer reunir toda a sua Igreja e orientá-la no caminho da salvação. Entre os numerosos testemunhos dos Padres, apraz-me evocar o de São Jerônimo, tirado de uma das suas epístolas escritas ao Bispo de Roma, particularmente interessante porque faz referência explícita precisamente à “cátedra” de Pedro, apresentando-a como segura meta de verdade e de paz. Assim escreve Jerônimo:  “Decidi consultar a cátedra de Pedro, onde se encontra aquela fé que a boca de um Apóstolo exaltou; agora venho pedir um alimento para a minha alma ali, onde outrora recebi a veste de Cristo. Não busco outro primado, a não ser o de Cristo; por isso, ponho-me em comunhão com a tua bem-aventurança, ou seja, com a cátedra de Pedro. Sei que sobre esta pedra está edificada a Igreja” (Cartas I, 15, 1-2).

Amados irmãos e irmãs, na abside da Basílica de São Pedro, como sabeis, encontra-se o monumento à Cátedra do Apóstolo, obra adulta de Bernini, realizada em forma de um grande trono de bronze, sustentado pelas imagens de quatro Doutores da Igreja, dois do Ocidente, Santo Agostinho e Santo Ambrósio, e dois do Oriente, São João Crisóstomo e Santo Atanásio. Convido-vos a deter-vos diante desta obra sugestiva, que hoje é possível admirar decorada com numerosas velas, e rezar de maneira particular pelo ministério que Deus me confiou. Elevando o olhar ao vitral de alabastro que se abre precisamente acima da Cátedra, invocai o Espírito Santo a fim de que sustente sempre com a sua luz e a sua força o meu serviço quotidiano a toda a Igreja. Por isto, bem como pela vossa atenção devota, agradeço-vos de coração.


Fonte: Santa Sé.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Festa da Apresentação do Senhor em Moscou

No último dia 15 de fevereiro o Patriarca Kirill da Igreja Ortodoxa Russa celebrou a Divina Liturgia da Festa da Apresentação do Senhor segundo o calendário juliano na Catedral da Assunção em Moscou.

Na véspera, dia 14, o Patriarca presidiu a Vigília da Festa na igreja da Ressurreição e Novos Mártires Russos junto ao Mosteiro de Sretensky em Moscou.

Dia 14: Vigília
Ícone da Festa
Incensação da iconostase

Procissão com o Livro dos Evangelhos
Evangelho

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Discurso do Papa à Congregação para o Culto Divino (2019)

No dia 14 de fevereiro de 2019 o Papa Francisco recebeu os participantes da Assembleia Plenária da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, com o tema: "A formação litúrgica do Povo de Deus". Durante o encontro o Santo Padre proferiu o seguinte discurso:

Papa Francisco
Discurso aos participantes na Assembleia Plenária da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos
Saleta da Sala Paulo VI
Quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Senhores Cardeais, caros irmãos no Episcopado e no sacerdócio, caros irmãos e irmãs!
É com muito gosto que vos encontro por ocasião da vossa Assembleia Plenária. Agradeço ao Cardeal Prefeito as palavras que me dirigiu e saúdo-vos a todos, membros, colaboradores e consultores da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.

Esta Plenária acontece num momento significativo. Passaram cinquenta anos desde que, a 8 de maio de 1969, São Paulo VI quis instituir a então Congregatio pro Cultu Divino, a fim de dar forma à renovação querida pelo II Concílio do Vaticano. Tratava-se de publicar os livros litúrgicos segundo os critérios e as decisões dos Padres Conciliares, a fim de favorecer, no Povo de Deus, a participação “ativa, consciente e piedosa” nos mistérios de Cristo (cf. Constituição Sacrosanctum Concilium, n. 48). A tradição orante da Igreja precisava de expressões renovadas, sem perder nada da sua milenária riqueza, redescobrindo, aliás, os tesouros das origens. Nos primeiros meses desse ano desabrocharam assim as primícias da reforma realizada pela Sé Apostólica em favor do Povo de Deus. Faz hoje anos, precisamente, que foi promulgado o Motu Proprio Mysterii paschalis sobre o Calendário Romano e o Ano Litúrgico (14 de fevereiro de 1969); a seguir, a importante Constituição Apostólica Missale Romanum (03 de abril de 1969) com a qual o Santo Papa promulgava o Missal Romano. No mesmo ano viram depois à luz o Ordo Missae e vários outros Ordines, entre os quais os do Batismo das Crianças, do Matrimônio e das Exéquias. Eram os primeiros passos de um caminho, sobre o qual prosseguir com sapiente constância.

Sabemos que não basta mudar os livros litúrgicos para melhorar a qualidade da liturgia. Fazer só isso seria um engano. Para que a vida seja verdadeiramente um louvor agradável a Deus, é preciso, com efeito, mudar o coração. A tal conversão é orientada a celebração cristã, que é encontro de vida com o «Deus dos vivos» (Mt 22,32). Este é também, hoje, o propósito do vosso trabalho, que visa ajudar o Papa a levar a cabo o seu ministério em favor da Igreja em oração dispersa por toda a terra. Na comunhão eclesial, tanto a Sé Apostólica como as Conferências Episcopais atuam em espírito de cooperação, diálogo, sinodalidade. A Santa Sé, com efeito, não substitui os Bispos, mas colabora com eles para servir, na riqueza das várias línguas e culturas, a vocação orante da Igreja no mundo. Nesta linha se situou o Motu Proprio Magnum Principium (03 de setembro de 2017), com o qual quis favorecer, entre outras coisas, a necessidade de «uma constante colaboração repleta de confiança recíproca, vigilante e criativa, entre as Conferências Episcopais e o Dicastério da Sé Apostólica que exerce a competência de promover a sagrada Liturgia». O voto é o de prosseguir no caminho da mútua colaboração, conscientes das responsabilidades implicadas pela comunhão eclesial, na qual encontram harmonia a unidade e a variedade. É um problema de harmonia.

Aqui se insere também o desafio da formação, objeto específico da vossa reflexão. Falando de formação, não podemos esquecer antes de mais que a liturgia é vida que forma, não ideia a aprender. É útil, a propósito, recordar que a realidade é mais importante do que a ideia (cf. Exortação Apostólica Evangelii gaudium, nn. 231-233). E convém, por isso, na liturgia como noutros âmbitos da vida eclesial, não resvalar para estéreis polarizações ideológicas que nascem frequentemente quando, considerando as suas próprias ideias válidas para todos os contextos, se chega a assumir uma atitude de perene dialética em confronto com os que as não partilham. Assim, partindo porventura do desejo de reagir a algumas inseguranças do contexto atual, corre-se o risco de um encerramento num passado que já não existe ou de fugir para um suposto futuro. O ponto de partida está, pelo contrário, em reconhecer a realidade da sagrada liturgia, tesouro vivo que não pode ser reduzido a gostos, receitas e correntes, mas deve ser acolhido com docilidade e promovido com amor, enquanto alimento insubstituível para o crescimento orgânico do Povo de Deus. A liturgia não é “o campo do faz por ti mesmo”, mas a epifania da comunhão eclesial. Por isso, nas orações e nos gestos ressoa o “nós” e não o “eu”; a comunhão real, não o sujeito ideal. Quando se lamentam nostalgicamente tendências passadas ou se querem impor tendências novas, corre-se o risco de antepor a parte ao todo, o eu ao Povo de Deus, o abstrato ao concreto, a ideologia à comunhão e, no fundo, o mundano ao espiritual.

Neste sentido, é precioso o título da vossa Assembleia: A formação litúrgica do Povo de Deus. De facto, a tarefa que nos espera é essencialmente a de difundir no Povo de Deus o esplendor do mistério vivo do Senhor, que se manifesta na liturgia. Falar de formação litúrgica do Povo de Deus significa, antes de mais, tomar consciência do papel insubstituível de que a liturgia se reveste na Igreja e para a Igreja. É, depois, ajudar concretamente o Povo de Deus a interiorizar melhor a oração da Igreja, a amá-la como experiência de encontro com o Senhor e com os irmãos e, à luz disto, redescobrir os seus conteúdos e observar os seus ritos.

Sendo, com efeito, a liturgia uma experiência tendente à conversão da vida mediante a assimilação do modo de pensar e de comportar-se do Senhor, a formação litúrgica não pode limitar-se a oferecer simplesmente conhecimentos - isso está errado -, ainda que necessários, acerca dos livros litúrgicos, e nem sequer a tutelar o devido cumprimento das disciplinas rituais. A fim de que a liturgia possa cumprir a sua função formadora e transformadora, é preciso que os Pastores e os leigos sejam introduzidos na compreensão do seu significado e linguagem simbólica, incluindo a arte, o canto e a música ao serviço do mistério celebrado, também o silêncio. O próprio Catecismo da Igreja Católica adota a via mistagógica para ilustrar a liturgia, valorizando as suas orações e sinais. A mistagogia: eis uma via idônea para entrar no mistério da liturgia, no encontro vivo com o Senhor crucificado e ressuscitado. Mistagogia significa descobrir a vida nova que no Povo de Deus recebemos mediante os Sacramentos, e redescobrir continuamente a beleza de a renovar.

Acerca das etapas da formação, sabemos por experiência que, para além da inicial, é preciso cultivar a formação permanente do clero e dos leigos, especialmente daqueles que estão empenhados nos ministérios ao serviço da liturgia. A formação não uma vez mas permanente. Quanto aos ministros ordenados, mesmo em vista de uma sã ars celebrandi, vale a recomendação do Concílio: «É absolutamente necessário dar o primeiro lugar à formação litúrgica do clero» (Constituição Sacrosanctum Concilium, n. 14). O primeiro lugar. As responsabilidades educativas são partilhadas, ainda que interpelando mais cada diocese para a fase operativa. A vossa reflexão ajudará o Dicastério a amadurecer linhas e orientações a oferecer, em espírito de serviço, a quem - Conferências Episcopais, Dioceses, Institutos de formação, revistas - tem a responsabilidade de cuidar e acompanhar a formação litúrgica do Povo de Deus.

Caros irmãos e irmãs, somos todos chamados a aprofundar e reavivar a nossa formação litúrgica. A liturgia é, efetivamente, a via mestra através da qual passa a vida cristã em todas as fases do seu crescimento. Tendes por isso diante de vós uma tarefa grande e bela: trabalhar para que o Povo de Deus redescubra a beleza de encontrar o Senhor na celebração dos seus mistérios e, encontrando-o, tenha a vida em seu nome. Agradeço-vos pelo vosso empenhamento e abençoo-vos, pedindo-vos que me reserveis sempre um lugar - largo! - na vossa oração. Obrigado.


Fonte: Secretariado Nacional de Liturgia - Portugal.

Revista Notitiae 2017

No contexto da Assembleia Plenária da Congregação para o Culto Divino (12-15 de fevereiro de 2019), foi publicada no site do Dicastério a Revista Notitiae de 2017.


Esta revista surgiu em 1965 como veículo de informações oficial do Consilium ad Exsequendam Constitutionem de Sacra Liturgia (Conselho para a execução da Constituição da Sagrada Liturgia) e posteriormente da Congregação para o Culto Divino.

Inicialmente sua publicação era mensal ou bimestral, passando à periodicidade semestral em 2015 e finalmente tornou-se uma publicação anual em 2016. A revista de 2017 é a 594ª e a 2ª da nova série com periodicidade anual.

A revista está dividida em 3 grandes seções:
- Acta Francisci (Atos do Papa Francisco), com documentos e discursos do Santo Padre sobre a Liturgia;
- Congregatio de Cultu Divino et Disciplina Sacramentorum (Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos), com os textos oficiais do Dicastério, divididos em 3 subseções: Acta (Atos), Summarium Decretorum (Sumário dos Decretos) e Responsa (Respostas).
- Studia (Estudos), com artigos diversos de liturgistas do mundo todo.

O tema central desta edição é o Motu Proprio Magnum Principium do Papa Francisco sobre as traduções dos livros litúrgicos, como podemos ver pelos textos publicados que elencamos a seguir, indicando também a língua em questão publicados:

1. Acta Francisci (pp. 6-43):

Motu Proprio Magnum Principium - 03 de setembro de 2017 (latim, italiano e inglês).

Carta ao Cardeal Robert Sarah, Prefeito da Congregação para o Culto Divino, sobre o Motu Proprio Magnum Principium - 15 de outubro de 2017 (italiano).

Catequeses sobre a Missa - 08 de novembro a 05 de dezembro de 2017 (italiano).
Discurso à Semana Litúrgica Nacional
2. Congregatio de Cultu Divino et Disciplina Sacramentorum (pp. 44-93):

a) Acta
Carta às Conferências Episcopais sobre o Motu Proprio Magnum Principium - 26 de setembro de 2017 (italiano).
Nota que acompanha o Motu Proprio Magnum Principium: “O cânon 838 à luz de fontes conciliares e pós-conciliares” (italiano e inglês).

b) Summarium Decretorum
São publicados todos os decretos do Dicastério em 2017 (todos em latim):
- Aprobatio textuum: Aprovação de alguns textos litúrgicos novos em sua forma típica (em latim). Na maioria são orações para Missas de novos Santos e Beatos.
- Confirmatio interpretationum textuum: Aprovação de algumas traduções de textos litúrgicos. Há algumas traduções de Rituais, de orações para novos Santos e Beatos e do novo Prefácio para a Festa de Santa Maria Madalena.
- Concessiones circa Calendaria: Autorização para algumas mudanças nos calendários próprios de algumas Dioceses e Famílias Religiosas. Na maioria são inserções de novos Santos e Beatos.

Há aqui uma concessão para o Brasil, mais especificamente para a Diocese de Caxias do Sul (RS): a inserção da memória do Beato João Schiavo (beatificado no dia 28 de outubro de 2017), a ser celebrada na Diocese a 08 de julho.

- Patronorum confirmatio: Confirmação de padroeiros para dioceses, cidades ou associações religiosas.

Para o Brasil, confirma-se Nossa Senhora da Piedade como padroeira da Arquidiocese de Belo Horizonte (MG).

- Incoronationes Imaginum: Permissão para a coroação solene de imagens de Nossa Senhora em santuários onde há particular devoção.
- Tituli Basilicae Minoris: Concessão do título de Basílica Menor.

Foi concedido um título para o Brasil: trata-se da Basílica de Nossa Senhora da Piedade em Caeté (MG), na Arquidiocese de Belo Horizonte.

Basílica de Nossa Senhora da Piedade em Caeté (MG)

- Decreta varia: Decretos diversos. Geralmente são autorizações para uma mudança no calendário em uma ocasião específica e para a edificação de igrejas em honra de Beatos.

c) Responsa
Nesta seção encontram-se respostas oficiais do Dicastério para dúvidas em matéria litúrgica apresentadas por Bispos ou por Conferências Episcopais. Na edição de 2017 há uma resposta a um Bispo italiano sobre a relação entre a disciplina litúrgica e a piedade popular, particularmente sobre festas populares em honra de Maria e dos santos.

3. Studia (pp. 94-137):
Por fim, a última seção da revista traz dois artigos ligados ao Motu Proprio Magnum Principium (ambos em italiano):
- Diritti e doveri derivanti dalla natura della Liturgia - Considerazioni in margine al Motu Proprio Magnum Principium (Direitos e deveres derivados da natureza da Liturgia - Considerações à margem do Motu Proprio Magnum Principium), do Padre Mario Lessi Ariosto, SJ.

- Magnum Principium: Per una migliore mutua collaborazione tra Curia Romana e Conferenze Episcopali (Magum Principium: Para uma melhor colaboração mútua entre Cúria Romana e Conferências Episcopais), do Padre Giacomo Incitti (Professor de Direito Canônico na Pontifícia Universidade Urbaniana).

Para ter acesso ao acervo completo da Revista Notitiae, clique aqui.

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Homilia: VI Domingo do Tempo Comum - Ano C

Hermas
O Pastor - Parábola 2
O olmo e a videira

Enquanto andava pelo campo notei um olmo e uma videira, e distinguindo os dois e os seus frutos, o pastor me apareceu e me disse: “O que está pensando?” “Estou refletindo”, lhe respondi, “sobre o olmo e a videira, que são extremamente apropriados um ao outro”. Ele disse: “Estas duas árvores servem como exemplo para os servos de Deus”. Eu lhe pedi: “Quisera saber o exemplo contido nestas árvores das quais estás falando”. Ele me disse: “Observa o olmo e a videira”. “Os vejo, Senhor”. Ele continuou: “Esta videira dá fruto, porém o olmo é de um tronco que não produz fruto. Contudo, esta videira, a menos que suba pelo olmo, não pode levar muito fruto quando se arrasta pelo chão; e o fruto que então produz é de má qualidade, porque não está suspensa do olmo. Portanto, quando a videira se adere ao olmo, dá fruto a partir do olmo. Vês, portanto, que o olmo também dá muito fruto, não menos que a videira, e até mais”. “Quanto mais, Senhor?”, perguntei-lhe. Ele respondeu: “Porque a videira, quando pende do olmo, dá fruto em abundância e de boa qualidade; mas, quando se arrasta pelo chão, dá pouco fruto e apodrece. Portanto, esta parábola é aplicável aos servos de Deus, aos pobres e aos ricos igualmente”. “Como, Senhor?”, perguntei-lhe; “explica-me”. Ele respondeu: “Escuta, o rico tem muita riqueza, porém nas coisas do Senhor é pobre, pois as riquezas lhe distraem e é pouquíssima sua oração e confissão ao Senhor; e ainda quando faz, é breve, fraca, e não tem poder (de intercessão). Sendo assim, quando o rico procura o pobre e o auxilia em suas necessidades, crendo que receberá recompensa pelo que faz – porque o pobre é rico em intercessão (e confissão), e sua intercessão tem grande poder diante de Deus –, o rico, portanto, provê todas as coisas ao pobre sem hesitar. Mas o pobre, sendo auxiliado pelo rico, intercede e dá graças a Deus por ele tê-lo auxiliado. E o outro redobra o zelo para com o pobre, para que nada lhe falte na vida; porque sabe que a intercessão do pobre é agradável e preciosa diante de Deus. Assim sendo, os dois cumprem a sua missão; o pobre intercedendo, que é a sua riqueza recebida do Senhor, ele a devolve ao Senhor na intenção daquele que o auxilia. O rico, também, da mesma forma provê as necessidades do pobre com as riquezas recebidas do Senhor, sem hesitação. E grande é esta obra e agradável a Deus, porque o rico compreendeu perfeitamente o sentido da sua riqueza e partilhou com o pobre os tesouros do Senhor, cumprindo a missão do Senhor de forma apropriada. Aos olhares dos homens o olmo parece não levar fruto, e não sabem nem percebem que, vindo uma estiagem, o olmo, tendo água, nutrirá a videira, e a videira, tendo esta constante provisão, dobrará a quantidade de frutos, tanto para si como para o olmo. Da mesma forma o pobre, intercedendo diante do Senhor pelo rico, garante as suas riquezas, e o rico igualmente, suprindo as necessidades do pobre, garante sua alma. Então, os dois participam na boa obra. Logo, quem realiza tais coisas não será abandonado por Deus, mas será inscrito no livro dos vivos. Bem-aventurados são os ricos que também entendem que são enriquecidos pelo Senhor. Porque os que assim pensam, poderão, então, realizar uma boa obra”.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 636-637. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Sugestão de leitura: Firmino e Libério: Pílulas Litúrgicas

A partir desta postagem publicaremos mensalmente aqui em nosso blog uma sugestão de leitura. Apresentaremos a cada mês um livro que poderá ajudar na formação litúrgica dos nossos leitores.

E não poderíamos iniciar este quadro sem mencionar o livro que inspirou o nome do nosso blog: “Firmino e Libério: Pílulas Litúrgicas”, dos Padres Alberto Aranda Cervantes (textos) e Antonio Serrano Pérez (ilustrações). Um livro formativo e muito divertido!

Traduzido para o Brasil em 2008 pelas Edições Loyola, foi publicado originalmente em 2005 pela Editora Buena Prensa do México, com o título “Firmino y Liberio y otras cápsulas litúrgicas”. Possui 392 páginas.

O livro é a compilação de uma série de pequenos textos, publicados na Revista Actualidad Litúrgica entre 1981 e 1999. São textos de formação litúrgica simples, com muito bom humor, divididos em quatro partes:

Pílulas diversas (pp. 11-101): Diversos textos contrastando a realidade da Liturgia nas comunidades e as propostas dos livros litúrgicos. Um dos quadros é o “Temos e devemos”, apresentando alguns erros litúrgicos e as orientações para corrigi-los.

Firmino e Libério (pp. 103-305): Os erros litúrgicos são aqui apresentados através das ações de dois sacerdotes: o Padre Firmino Tridentino e o Padre Libério Avançado. O primeiro está preso ao passado, incapaz de aceitar as mudanças, enquanto o segundo insere na Liturgia mudanças que não estão de acordo com o espírito da celebração.

Pobre (pp. 307-365): Séries de “10 pecados” contra alguns símbolos litúrgicos, sejam elementos do espaço sagrado (“pobre altar”, “pobre ambão”, “pobre cadeira”), vestes litúrgicas (“pobre estola”, “pobre casula”) ou textos da Missa (“pobre Glória”, “pobre Salmo”, “pobre Cordeiro”).

Mais pílulas (pp. 367-385): Mais alguns breves textos, como na primeira seção.


Sobre os autores:

Padre Alberto Aranda Cervantes, Missionário do Espírito Santo, nasceu em 06 de janeiro de 1933 em San Luis Potosí (México). Foi ordenado sacerdote em 11 de junho de 1960 e enviado a Roma para estudar Liturgia no Pontifício Instituto Litúrgico Santo Anselmo.
De volta ao México, trabalhou na Comissão Episcopal de Liturgia, visitando as Dioceses para promover a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II. Foi grande colaborador da Revista Actualidad Litúrgica, um dos fundadores da Sociedade Mexicana de Liturgistas (SOMELIT) e por 10 anos Consultor da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.

Padre Antonio Serrano Pérez, jesuíta, nasceu a 18 de setembro de 1924 em Valle de Bravo. Foi ordenado sacerdote em 22 de abril de 1956, desempenhando diversas funções dentro da Ordem.
Renomado desenhista, foi por muitos anos colaborador da Editora Buena Prensa, particularmente da Revista Actualidad Litúrgica, com suas ilustrações.
Faleceu no dia 27 de junho de 2015.

Recomendamos vivamente aos nossos leitores que adquiram este livro. Para fazê-lo, segue o link do site das Edições Loyola.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

VI Catequese do Papa sobre o Pai Nosso: Pai de todos nós

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019
Pai Nosso (6): Pai de todos nós

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Continuamos o nosso percurso para aprender sempre melhor a rezar como Jesus nos ensinou. Devemos rezar como Ele nos ensinou a fazê-lo.
Ele disse: quando rezar, entra no silêncio do teu quarto, retire-se do mundo, e te dirige a Deus chamando-O “Pai!”. Jesus quer que os seus discípulos não sejam como hipócritas que rezam em pé nas praças para serem admirados pelo povo (cf. Mt 6,5). Jesus não quer hipocrisia. A verdadeira oração é aquela realizada no segredo da consciência, do coração: inescrutável, visível somente a Deus. Eu e Deus. Essa evita falsidade: com Deus é impossível fingir. É impossível, diante de Deus não há disfarce que tenha poder, Deus conhece assim, nus na consciência, e não se pode fingir. Na raiz do diálogo com Deus há um diálogo silencioso, como o cruzamento de olhares entre duas pessoas que se amam: o homem e Deus trocam olhares, e esta é a oração. Olhar a Deus e deixar-se olhar por Deus: isso é rezar. “Mas, padre, eu não digo palavras…”. Olha para Deus e se deixe olhar por Ele: é uma oração, uma bela oração!
No entanto, apesar da oração do discípulo ser toda confidencial, nunca cai no intimismo. No segredo da consciência, o cristão não deixa o mundo fora das portas do seu quarto, mas leva no coração as pessoas e as situações, os problemas, tantas coisas, tudo leva na oração.
Há uma ausência impressionante no texto do “Pai nosso”. Se eu perguntasse a vocês qual é a ausência impressionante no texto do “Pai nosso”? Não será fácil responder. Falta uma palavra. Pensem todos: o que falta no “Pai nosso”? Pensem, o que falta? Uma palavra que nos nossos tempos - mas talvez sempre - todos têm grande consideração. Qual é a palavra que falta no “Pai nosso” que rezamos todos os dias? Para economizar tempo eu direi: falta a palavra “eu”. Nunca se diz “eu”. Jesus ensina a rezar tendo nos lábios antes de tudo o “Tu” porque a oração cristã é diálogo: “seja santificado o teu nome, venha o teu reino, seja feita a vossa vontade”. Não o meu nome, o meu reino, a minha vontade. Eu não, não vai. E depois passa ao “nós”. Toda a segunda parte do “Pai nosso” é declinada à primeira pessoa do plural: “o pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai as nossas ofensas, não nos deixeis cair em tentação, livrai-nos do mal”. Até mesmo as perguntas mais elementares do homem – como aquela de ter comida para acabar com a fome – são todas no plural. Na oração cristã, ninguém pede o pão para si: dai-me o pão de hoje, não, dai-nos, pede-o para todos, para todos os pobres do mundo. Não esquecer isso, falta a palavra “eu”. Reza-se com o tu e com o nós. É um bom ensinamento de Jesus, não o esqueçam.
Por que? Porque não há espaço para o individualismo no diálogo com Deus. Não há ostentação dos próprios problemas como se nós fôssemos os únicos no mundo a sofrer. Não há oração elevada a Deus que não seja a oração de uma comunidade de irmãos e irmãs, o nós: estamos em comunidade, somos irmãos e irmãs, somos um povo que reza, “nós”. Uma vez o capelão de um presídio me fez uma pergunta: “Diga-me, padre, qual é a palavra contrária ao ‘eu’?. E eu, ingênuo, disse: “Tu”. “Este é o início da guerra. A palavra oposta ao ‘eu’ é ‘nós’, onde há a paz, todos juntos”. É um belo ensinamento que eu recebi daquele padre.
Na oração, um cristão leva todas as dificuldades das pessoas que lhe vivem próximo: quando cai a noite, conta a Deus as dores que encontrou naquele dia; coloca diante Dele tantos rostos, amigos e também hostis; não os afasta com distrações perigosas. Se a pessoa não percebe que à sua volta há tanta gente que sofre, se não se padece pelas lágrimas dos pobres, se é habituado a tudo, então significa que o seu coração…como é? Murcho? Não, pior: é de pedra. Neste caso é bom suplicar ao Senhor que nos toque com o seu Espírito e amoleça o nosso coração: “Amolece, Senhor, o meu coração”. É uma bela oração: “Senhor, amolece o meu coração, para que possa entender e cuidar de todos os problemas, todas as dores dos outros”. O Cristo não passou ileso pelas misérias do mundo: toda vez que percebia uma solidão, uma dor do corpo ou do espírito, provava um sentido forte de compaixão, como o ventre de uma mãe. Esse “sentir compaixão” – não esqueçamos esta palavra tão cristã: sentir compaixão – é um dos verbos-chave do Evangelho: é o que leva o bom samaritano a aproximar-se do homem ferido à beira da estrada, ao contrário dos outros que têm o coração duro.
Podemos nos perguntar: quando rezo, abro-me ao grito de tantas pessoas próximas e distantes? Ou penso na oração como em uma espécie de anestesia, para poder estar mais tranquilo? Jogo ali a pergunta, cada um se responda. Neste caso, serei vítima de um terrível equívoco. Certo, a minha não seria mais uma bela oração cristã. Porque aquele “nós”, que Jesus nos ensinou, me impede de estar em paz sozinho, e me faz sentir responsável pelos meus irmãos e irmãs.
Há homens que aparentemente não procuram Deus, mas Jesus nos faz rezar também por eles, porque Deus procura essas pessoas mais que todos. Jesus não veio para os sãos, mas para os doentes, para os pecadores (cf. Lc 5,31) – isso é, para todos, porque quem pensa ser são, na realidade não o são. Se trabalhamos pela justiça, não nos sintamos melhores que os outros: o pai faz surgir o seu sol sobre os bons e sobre os maus (cf. Mt 5,45). Ama todos o Pai! Aprendemos de Deus que é sempre bom com todos, ao contrário de nós que conseguimos ser bons somente com alguns, com algum que me agrada.
Irmãos e irmãs, santos e pecadores, somos todos irmãos amados do mesmo Pai. E, na noite da vida, seremos julgados sobre o amor, sobre como amamos. Não um amor somente sentimental, mas compassivo e concreto, segundo a regra evangélica – não a esqueçam! - “Todas as vezes que fizestes isso a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes” (Mt 25,40). Assim diz o Senhor. Obrigado.


Fonte: Canção Nova