terça-feira, 30 de junho de 2015

Fotos da Solenidade dos Santos Pedro e Paulo no Vaticano

No último dia 29 de junho o Papa Francisco celebrou na Basílica Vaticana a Santa Missa da Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, durante a qual abençoou os pálios destinados a 46 novos Arcebispos (veja quais são clicando aqui).

Esteve presente uma delegação do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, presidida pelo Metropolita de Pérgamo, Joannis Zizioulas. O Metropolita e o Papa desceram ao final da celebração ao túmulo do Apóstolo Pedro, onde rezam juntos por alguns instantes.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Guido Marini e Marco Agostini. O livreto da celebração pode ser visto aqui.


Papa saúda o Metropolita  Zizioulas no início da celebração
Ritos iniciais
Diáconos trazem os pálios do túmulo de S. Pedro

Homilia do Papa: Solenidade de São Pedro e São Paulo 2015

Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo
Santa Missa e Bênção dos pálios para os novos Arcebispos Metropolitanos
Homilia do Papa Francisco
Basílica Vaticana
Segunda-feira, 29 de junho de 2015

A leitura tirada dos Atos dos Apóstolos fala-nos da primeira comunidade cristã assediada pela perseguição. Uma comunidade duramente perseguida por Herodes, que «mandou matar à espada Tiago (...) e mandou também prender Pedro (...). Depois de mandar prendê-lo, meteu-o na prisão» (At 12,2-4).

Mas não quero deter-me nas atrozes, desumanas e inexplicáveis perseguições, infelizmente ainda hoje presentes em tantas partes do mundo, muitas vezes sob o olhar e o silêncio de todos. Prefiro hoje venerar a coragem dos Apóstolos e da primeira comunidade cristã; a coragem de levar por diante a obra de evangelização, sem medo da morte nem do martírio, no contexto social dum império pagão; venerar a sua vida cristã, que para nós, crentes de hoje, é um forte apelo à oração, à fé e ao testemunho.

Um apelo à oração. A comunidade era uma Igreja em oração: «Enquanto Pedro estava encerrado na prisão, a Igreja orava a Deus, instantemente, por ele» (At 12,5). E, pensando em Roma, as catacumbas não eram lugares para escapar das perseguições, mas principalmente lugares de oração, para santificar o domingo e para elevar, do seio da terra, uma adoração a Deus que nunca esquece os seus filhos.

A comunidade de Pedro e Paulo ensina-nos que uma Igreja em oração é uma Igreja de pé, sólida, em caminho! Na verdade, um cristão que reza é um cristão protegido, guardado e sustentado, mas sobretudo não está sozinho.

E a 1ª Leitura continua: «Diante da porta estavam sentinelas de guarda à prisão. De repente apareceu o anjo do Senhor e a masmorra foi inundada de luz. O anjo despertou Pedro, tocando-lhe no lado (…) e as correntes caíram-lhe das mãos» (At 12, 6-7).

Pensamos porventura nas vezes sem conta que o Senhor respondeu à nossa oração enviando-nos um Anjo? Aquele Anjo que, inesperadamente, vem ao nosso encontro para nos salvar de situações difíceis? Para nos arrancar das mãos da morte e do maligno; para nos apontar o caminho perdido; para reacender em nós a chama da esperança; para nos fazer uma carícia; para consolar o nosso coração dilacerado; para nos despertar do sono existencial; ou simplesmente para nos dizer: «Não estás sozinho».

Quantos anjos coloca Ele no nosso caminho, mas nós, dominados pelo medo ou a incredulidade ou então pela euforia, deixamo-los fora da porta - precisamente como aconteceu a Pedro quando bateu à porta da casa e «uma serva chamada Rode veio atender. Reconheceu a voz de Pedro e com alegria, em vez de abrir, correu a anunciar que Pedro se encontrava em frente da porta» (At 12,13-14).

Nenhuma comunidade cristã pode prosseguir sem o apoio da oração perseverante! A oração que é o encontro com Deus, com Deus que jamais desilude; com o Deus fiel à sua palavra; com Deus que não abandona os seus filhos. Assim Jesus nos punha a questão: «E Deus não fará justiça aos seus eleitos, que a Ele clamam dia e noite?» (Lc 18,7). Na oração, o crente exprime a sua fé, a sua confiança, e Deus exprime a sua proximidade, inclusive através do dom dos Anjos, os seus mensageiros.

Um apelo à fé. Na 2ª Leitura, São Paulo escreve a Timóteo: «O Senhor, porém, esteve comigo e deu-me forças, a fim de que, por meu intermédio, o anúncio [do Evangelho] fosse plenamente proclamado (...). Assim fui arrebatado da boca do leão. O Senhor me livrará de todo o mal e me levará a salvo para o seu Reino celeste» (2Tm 4,17-18). Deus não tira os seus filhos do mundo ou do mal, mas dá-lhes a força para vencê-los. Só quem acredita pode verdadeiramente dizer: «O Senhor é meu pastor, nada me falta» (Sl 22,1).

Ao longo da história, quantas forças procuraram - e procuram - aniquilar a Igreja, tanto a partir do exterior como do interior, mas todas foram aniquiladas e a Igreja permanece viva e fecunda! Inexplicavelmente, permanece firme para poder - como diz São Paulo - aclamar, «a Ele, a glória pelos séculos dos séculos» (2Tm 4,18).

Tudo passa, só Deus resta. Na verdade, passaram reinos, povos, culturas, nações, ideologias, potências, mas a Igreja, fundada sobre Cristo, não obstante as inúmeras tempestades e os nossos muitos pecados, permanece fiel ao depósito da fé no serviço, porque a Igreja não é dos Papas, dos Bispos, dos padres e nem mesmo dos fiéis; é só e unicamente de Cristo. Só quem vive em Cristo promove e defende Igreja com a santidade da vida, a exemplo de Pedro e Paulo.

Em nome de Cristo, os crentes ressuscitaram os mortos; curaram os enfermos; amaram os seus perseguidores; demonstraram que não existe uma força capaz de derrotar quem possui a força da fé!

Um apelo ao testemunho. Pedro e Paulo, como todos os Apóstolos de Cristo que na vida terrena fecundaram a Igreja com o seu sangue, beberam o cálice do Senhor e tornaram-se os amigos de Deus.

Em tom comovente, Paulo escreve a Timóteo: «Quanto a mim, já estou pronto para oferecer-me como sacrifício; avizinha-se o tempo da minha libertação. Combati o bom combate, terminei a corrida, permanecia fiel. A partir de agora, já me aguarda a merecida coroa, que me entregará, naquele dia, o Senhor, justo juiz; e não somente a mim, mas a todos os que anseiam pela sua vinda» (2Tm 4,6-8).

Uma Igreja ou um cristão sem testemunho é estéril; um morto que pensa estar vivo; uma árvore ressequida que não dá fruto; um poço seco que não dá água! A Igreja venceu o mal, através do testemunho corajoso, concreto e humilde dos seus filhos. Venceu o mal, graças à convicta proclamação de Pedro: «Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo», e à promessa eterna de Jesus (Mt 16,13-18).

Amados Arcebispos que, hoje, recebestes o pálio! Este é o sinal que representa a ovelha que o pastor carrega aos seus ombros como Cristo, Bom Pastor, sendo, pois, símbolo da vossa tarefa pastoral; é «sinal litúrgico da comunhão que une a Sé de Pedro e o seu Sucessor aos Metropolitas e, através deles, aos outros Bispos do mundo» (Bento XVI, Ângelus, 29 de junho de 2005).
Hoje, com o pálio, quero confiar-vos este apelo à oração, à fé e ao testemunho.

A Igreja quer-vos homens de oração, mestres de oração: que ensinam ao povo que o Senhor vos confiou que a libertação de todas as prisões é apenas obra de Deus e fruto da oração; que Deus, no momento oportuno, envia o seu anjo para nos salvar das muitas escravidões e das inúmeras cadeias mundanas. E sede vós também, para os mais necessitados, anjos e mensageiros da caridade!

A Igreja quer-vos homens de fé, mestres de fé: que ensinem os fiéis a não terem medo de tantos Herodes que afligem com perseguições, com cruzes de todo o género. Nenhum Herodes é capaz de apagar a luz da esperança, da fé e da caridade daquele que crê em Cristo!

A Igreja quer-vos homens de testemunho: como dizia São Francisco aos seus frades, pregai sempre o Evangelho e, se for necessário, também com as palavras! (Fontes Franciscanas, 43). Não há testemunho sem uma vida coerente! Hoje sente-se necessidade não tanto de mestres, mas de testemunhas corajosas, convictas e convincentes; testemunhas que não se envergonham do Nome de Cristo e da sua Cruz, nem diante dos leões que rugem nem perante as potências deste mundo. Seguindo o exemplo de Pedro e Paulo e de muitas outras testemunhas ao longo de toda a história da Igreja; testemunhas que, embora pertencendo a diferentes confissões cristãs, contribuíram para manifestar e fazer crescer o único Corpo de Cristo. Apraz-me sublinhá-lo na presença - sempre muito grata - da Delegação do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, enviada pelo querido irmão Bartolomeu.

O motivo é muito simples: o testemunho mais eficaz e mais autêntico é aquele que não contradiz, com o comportamento e a vida, aquilo que se prega com a palavra e aquilo que se ensina aos outros!
Ensinai a oração, orando; anunciai a fé, acreditando; dai testemunho, vivendo!


Fonte: Santa Sé.

Bênção da nova iconostase da Catedral Ucraniana de Curitiba

No último domingo, dia 28 de junho, Dom Volodemer Koubetch, Arquieparca da Metropolia São João Batista para os Greco-Católicos Ucranianos, celebrou na Catedral São João Batista  em Curitiba (PR) a Divina Liturgia por ocasião da festa do padroeiro.

Na ocasião, foi abençoada a nova iconostase da Catedral. A iconostase, elemento típico das igrejas de rito bizantino, consiste em uma espécie de "parede" que separa o presbitério da nave e na qual se colocam os ícones das grandes festas litúrgicas e de alguns santos.

Nova iconostase da Catedral São João Batista


Pinturas no teto do presbitério
Bênção da iconostase

Ângelus do Papa: XIII Domingo do Tempo Comum - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 28 de junho de 2015

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho de hoje apresenta a narração da ressurreição de uma jovem de doze anos, filha de um dos chefes da sinagoga, o qual se lança aos pés de Jesus e suplica: «A minha filha pequena está à beira da morte! Vem, impõe as tuas mãos sobre ela, para que seja curada e viva» (Mc 5,23). Nesta oração sentimos a preocupação de cada pai pela vida e pelo bem dos seus filhos. Mas sentimos também a grande fé que aquele homem tem em Jesus. E quando chega a notícia de que a jovem morreu, Jesus diz-lhe: «Não temas, crê somente!» (v. 36). Estas palavras de Jesus infundem coragem! E di-las também a nós, muitas vezes: «Não temas, crê somente!». Ao entrar em casa, o Senhor despede todas as pessoas que choram e gritam e diz à menina morta: «Filhinha! Eu te ordeno, levanta-te!» (v. 41). E imediatamente a menina se levantou e se pôs a caminhar. Vê-se aqui o poder absoluto de Jesus sobre a morte, que para Ele é como um sono do qual nos pode despertar.

Nesta narração, o Evangelista insere outro episódio: a cura de uma mulher que havia doze anos sofria de hemorragias. Por causa desta doença que, segundo a cultura da época, a tornava «impura», ela tinha que evitar qualquer contato humano: coitada, estava condenada a uma morte civil. Esta mulher anónima, no meio da multidão que segue Jesus, diz consigo mesma: «Se eu conseguir apenas tocar-lhe as vestes, serei curada» (v. 28). E assim aconteceu: a necessidade de ser libertada leva-a a ousar e, por assim dizer, a fé «arranca» ao Senhor a cura. Quem crê «toca» Jesus e obtém d’Ele a graça que salva. A fé é isto: tocar Jesus e obter d’Ele a graça que salva. Salva-nos, salva a nossa vida espiritual, salva-nos de tantos problemas. Jesus apercebe-se e, no meio do povo, procura o rosto daquela mulher. Ela cai-lhe aos pés tremendo e Ele diz-lhe: «Filha, a tua fé te salvou» (v. 34). É a voz do Pai celeste que fala em Jesus: «Filha, não estás amaldiçoada, não és excluída, és minha filha!». E todas as vezes que Jesus se aproxima de nós, quando o procuramos com fé, ouvimos isto do Pai: «Tu és meu filho, tu és minha filha! Tu estás curado, tu estás curada. Eu perdoo todos, tudo. Eu curo todos e tudo».

Estes dois episódios - uma cura e uma ressurreição - têm um único centro: a fé. A mensagem é clara, e pode resumir-se numa pergunta: acreditamos que Jesus nos pode curar e despertar da morte? Todo o Evangelho está escrito à luz desta fé: Jesus ressuscitou, venceu a morte, e por esta sua vitória também nós ressuscitaremos. Esta fé, que era certa para os primeiros cristãos, pode ofuscar-se e tornar-se incerta, a ponto que alguns confundem ressurreição com reencarnação. A Palavra de Deus deste domingo convida-nos a viver na certeza da ressurreição: Jesus é o Senhor, Jesus tem o poder sobre o mal e sobre a morte, e deseja levar-nos à casa do Pai, onde reina a vida. E ali todos nos encontraremos, nós que estamos aqui hoje na praça, encontrar-nos-emos na casa do Pai, na vida que Jesus nos dará.

A Ressurreição de Cristo age na história como princípio de renovação e de esperança. Quem estiver desesperado e cansado até à morte, se confiar em Jesus e no seu amor pode recomeçar a viver. Também recomeçar uma nova vida, mudar de vida é uma maneira de ressurgir, de ressuscitar. A fé é uma força de vida, dá plenitude à nossa humanidade; e quem crê em Cristo deve reconhecer-se porque promove a vida em qualquer situação, para fazer experimentar a todos, sobretudo aos mais débeis, o amor de Deus que liberta e salva.

Peçamos ao Senhor, por intercessão da Virgem Maria, o dom de uma fé forte e corajosa, que nos estimule a ser difusores de esperança e de vida entre os nossos irmãos.


Fonte: Santa Sé.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Arcebispos que receberam o pálio em 2015

Conheça os Arcebispos que receberam o pálio esta manhã, 29 de junho de 2015, do Papa Francisco em celebração na Basílica de São Pedro (lembrando que o pálio será imposto aos Arcebispos pelos Núncios Apostólicos em suas próprias Arquidioceses):

1. Cardeal Rainer Maria Woelki
Arcebispo de Colônia (Alemanha)

2. Cardeal Antonio Cañizares Llovera
Arcebispo de Valência (Espanha)

3. Dom Julian Leow Beng Kim
Arcebispo de Kuala Lumpur (Malásia)

4. Dom Eduardo Eliseo Martín
Arcebispo de Rosário (Argentina)

5. Dom Florentino Galang Lavarias
Arcebispo de San Fernando (Filipinas)

domingo, 28 de junho de 2015

Fotos do Consistório para Causas de Canonização

Na manhã do último sábado, dia 27 de junho, o Papa Francisco presidiu no Palácio Apostólico a um Consistório Ordinário Público para algumas causas de canonização, no qual aprovou a canonização de quatro novos santos.

O Consistório realizou-se juntamente com a recitação da Hora Terça (9h) da Liturgia das Horas.

O Santo Padre foi assistido por Monsenhor Guido Marini, Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias.





Pais de Santa Teresinha serão canonizados

Na manhã do último sábado, dia 27 de junho, o Papa Francisco presidiu no Palácio Apostólico a um Consistório Ordinário Público para algumas causas de canonização, no qual aprovou a canonização de quatro novos santos:

Vincenzo Grossi, sacerdote, fundador do Instituto das Filhas do Oratório (beatificado em 1975);

Maria da Imaculada Conceição, religiosa, Superiora-Geral da Congregação das Irmãs da Companhia da Cruz (beatificada em setembro de 2010);

Luis Martin e Zélia Guérin Martin, leigos (beatificados em outubro de 2008).

Beatos Luis e Zélia Martin
Merece destaque a canonização de Luis Martin e Zélia Guérin, que são os pais de Santa Teresinha do Menino Jesus. Será a primeira vez que um casal de cônjuges será canonizado na mesma celebração.

A canonização destes quatro beatos acontecerá em Roma, no dia 18 de outubro deste ano, no contexto do Sínodo Ordinário sobre a família.

Relíquia dos Beatos Luis e Zélia, venerada no Sínodo de 2014

XXI Catequese do Papa sobre a Família

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 24 de Junho de 2015
A Família (21): As feridas na família (I)

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Nas últimas catequeses falamos da família que vive as fragilidades da condição humana, a pobreza, a doença, a morte. Ao contrário, hoje refletimos sobre as feridas que se abrem precisamente no seio da convivência familiar. Ou seja, quando na própria família nos magoamos reciprocamente. O aspecto mais negativo!
Sabemos bem que em nenhuma história familiar faltam momentos em que a intimidade dos afetos mais queridos é ofendida pelo comportamento dos seus membros. Palavras e ações (e omissões!) que, em vez de exprimir amor, o subtraem ou, pior ainda, o mortificam. Quando estas feridas, ainda remediáveis, são descuidadas, agravam-se: transformam-se em prepotência, hostilidade, desprezo. E a este ponto podem tornar-se lacerações profundas, que separam marido e esposa, que induzem a procurar alhures entendimentos, apoio e consolação. Mas frequentemente estes «apoios» não pensam no bem da família!
O esvaziamento do amor conjugal difunde ressentimento nas relações. E muitas vezes a desunião «desaba» sobre os filhos.
Então, os filhos. Gostaria de analisar um pouco este ponto. Não obstante a nossa sensibilidade aparentemente evoluída, e todas as nossas requintadas análises psicológicas, pergunto-me se não nos entorpecemos também em relação às feridas da alma das crianças. Quanto mais se procura compensar com presentes e docinhos, tanto mais se perde o sentido das feridas - mais dolorosas e profundas - da alma. Falamos muito sobre distúrbios de comportamento, saúde psíquica, bem-estar da criança, ansiedade dos pais e dos filhos... Mas sabemos porventura o que é uma ferida da alma? Sentimos o peso da montanha que esmaga a alma de uma criança, nas famílias onde as pessoas se magoam reciprocamente e causam mal umas às outras, até quebrar o vínculo da fidelidade conjugal? Que peso tem nas nossas escolhas - escolhas erradas, por exemplo - quanta importância tem a alma das crianças? Quando os adultos perdem o raciocínio, quando cada um só pensa em si mesmo, quando o pai e a mãe se ferem, a alma das crianças sofre muito, prova um sentido de desespero. E são feridas que deixam a marca para toda a vida.
Na família, tudo está interligado: quando a sua alma está ferida em qualquer ponto, a infecção contagia todos. E quando um homem e uma mulher, que se comprometeram a ser «uma só carne» e a formar uma família, pensam obsessivamente nas próprias exigências de liberdade e de gratificação, este desvio corrói profundamente o coração e a vida dos filhos. Muitas vezes as crianças escondem-se para chorar sozinhas... Devemos compreender bem isto. Marido e esposa são uma só carne. Mas as suas criaturas são carne da sua carne. Se pensarmos na severidade com a qual Jesus admoesta os adultos para que não escandalizassem os pequeninos - ouvimos o trecho do Evangelho - (cf. Mt 18,6), podemos compreender melhor também a palavra sobre a grande responsabilidade de preservar o vínculo conjugal que dá início à família humana (cf. Mt 19,6-9). Quando o homem e a mulher se tornam uma só carne, todas as feridas e todos os abandonos do pai e da mãe incidem sobre a carne viva dos filhos.
Por outro lado, é verdade que há casos em que a separação é inevitável. Por vezes, pode tornar-se até moralmente necessária, quando se trata de defender o cônjuge mais frágil, ou os filhos pequenos, das feridas mais graves causadas pela prepotência e a violência, pela humilhação e a exploração, pela alienação e a indiferença.
Graças a Deus não faltam aqueles que, apoiados pela fé e pelo amor aos filhos, testemunham a sua fidelidade e um vínculo no qual acreditaram, embora pareça impossível fazê-lo reviver. Contudo, nem todos os separados sentem esta vocação. Nem todos reconhecem, na solidão, um apelo que o lhes Senhor dirige. Ao nosso redor encontramos diversas famílias em situações chamadas irregulares - eu não gosto desta palavra - e colocamo-nos muitas interrogações. Como podemos ajudá-las? Como podemos acompanhá-las? Como podemos acompanhá-las para que as crianças não se tornem reféns do pai ou da mãe?
Peçamos ao Senhor uma fé grande, a fim de ver a realidade com o olhar de Deus; e uma grande caridade, para aproximar as pessoas ao seu Coração misericordioso.


Fonte: Santa Sé

Nota do autor do blog:
Gostaria de ressaltar que quando o Papa fala que a separação do casal às vezes é necessária, ele não diz nenhuma novidade. Esta afirmação está em conformidade com o Catecismo da Igreja Católica, n. 2383.

sábado, 27 de junho de 2015

Papa Francisco entregará o pálio aos novos Arcebispos

Na próxima segunda-feira, dia 29 de junho, Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, Sua Santidade o Papa Francisco celebrará a Santa Missa na Basílica de São Pedro, durante a qual abençoará os pálios destinados aos Arcebispos Metropolitanos nomeados este ano.


Como anunciado em janeiro, não será mais o Papa a impor o pálio aos Arcebispos, mas sim os Núncios Apostólicos, em uma celebração na própria Arquidiocese.

Assim, o rito da celebração da próxima segunda-feira é distinto do utilizado nos últimos anos:

Após o sinal da cruz e saudação, os diáconos trarão os pálios de junto do túmulo de São Pedro. O Cardeal Proto-Diácono (Cardeal Raffaele Martino) então apresentará os novos Arcebispos e estes proferem um juramento de obediência ao Romano Pontífice. Em seguida o Papa profere a oração de bênção dos pálios, estes são levados para a sacristia, e a Missa prossegue como de costume.


Após a Missa, na sacristia, o Papa entregará o pálio (provavelmente já fechado numa caixa) a cada um dos Arcebispos e os saudará.

Este ano serão 46 Arcebispos a receberem o pálio. Apenas um é brasileiro; Dom José Antonio Peruzzo, Arcebispo Metropolitano de Curitiba. Para ver a lista completa clique aqui.


A celebração será transmitida ao vivo pelo canal do Vaticano no Youtube a partir das 4h30min desta segunda-feira. Para assistir, clique aqui.

Fotos de Ordenação Diaconal no Rito Bizantino

No último dia 21 de junho, Dom Volodemer Koubetch, Metropolita da Arquieparquia de São João Batista para os Ucranianos Católicos, celebrou a Divina Liturgia na comunidade São João Batista, município de Porto União (SC), durante a qual ordenou Diácono o Seminarista Neomir Doopiat Gasperin.

Acolhida do Bispo com pão e sal

Ordenação Diaconal: Ósculo dos quatro cantos do altar

Oração com a imposição do omophorion

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Fotos da Missa do Papa em Turim

No último dia 21 de junho o Papa Francisco celebrou a Santa Missa do XII Domingo do Tempo Comum na Praça Vittorio Veneto em Turim, por ocasião de sua visita à cidade.

O Santo Padre foi assistido por Mons. Guido Marini, Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias.

Procissão de entrada


Incensação do altar

Homilia do Papa: Missa em Turim

Visita Pastoral a Turim
Missa do XII Domingo do Tempo Comum (Ano B)
Homilia do Papa Francisco
Praça Vittorio
Domingo, 21 de junho de 2015

Na oração da coleta rezamos: «Concede ao teu povo, ó Pai, que viva na veneração e no amor pelo teu santo nome, pois tu nunca privas da tua graça quantos estabeleceste na rocha do teu amor». E as Leituras que ouvimos mostram-nos como é este amor de Deus para conosco: é um amor fiel, um amor que recria tudo, um amor estável e seguro.

O Salmo convidou-nos a dar graças ao Senhor porque «o seu amor é eterno». Eis o amor fiel, a fidelidade: é um amor que não desilude, nunca falta. Jesus encarna este amor, dele dá testemunho. Ele nunca se cansa de nos amar, suportar, perdoar, e assim acompanha-nos no caminho da vida, segundo a promessa que fez aos discípulos: «E Eu estarei sempre convosco, todos os dias, até ao fim do mundo» (Mt 28,20). Por amor fez-se homem, por amor morreu e ressuscitou, e por amor está sempre ao nosso lado, nos momentos bons e difíceis. Jesus ama-nos sempre, até ao fim, sem limites e sem medidas. E ama-nos a todos, a ponto que cada um de nós pode dizer: «Deu a vida por mim». Por mim! A fidelidade de Jesus nunca se rende nem sequer diante da nossa infidelidade. Recorda-nos isto São Paulo: «Nós somos infiéis, mas Ele permanece fiel, porque não pode renegar-se a si mesmo» (2Tm 2,13). Jesus permanece fiel até quando erramos, e espera por nós para nos perdoar: Ele é o rosto do Pai misericordioso. Eis o amor fiel.

O segundo aspecto: o amor de Deus tudo regenera, ou seja, faz novas todas as coisas, como nos recordou a 2ª Leitura. Reconhecer os próprios limites, as próprias debilidades, é a porta que abre ao perdão de Jesus, ao seu amor que nos pode renovar profundamente, que nos pode recriar. A salvação pode entrar no coração quando nos abrimos à verdade e reconhecemos os nossos erros, os nossos pecados; então façamos experiência, a boa experiência d’Aquele que veio não para os sadios, mas para os doentes, não para os justos, mas para os pecadores (cf. Mt 9,12-13); experimentemos a sua paciência - tem tanta! - a sua ternura, a sua vontade de salvar todos. E qual é o sinal? O sinal que nos tornamos «novos» e fomos transformados pelo amor de Deus é saber-se despojar das vestes desgastadas e velhas dos rancores e das inimizades para vestir a túnica pura da mansidão, da benevolência, do serviço aos outros, da paz do coração, própria dos filhos de Deus. O espírito do mundo está sempre em busca de novidades, mas só a fidelidade de Jesus é capaz da verdadeira novidade, de nos tornar homens novos, de nos recriar.

Por fim, o amor de Deus é estável e seguro, como os penedos rochosos que impedem a violência das ondas. Jesus manifesta-o no milagre narrado pelo Evangelho, quando domina a tempestade, aplacando o vento e o mar (cf. Mc 4,41). Os discípulos têm medo porque percebem que não vão conseguir, mas Ele abre-lhes o coração à coragem da fé. Face ao homem que brada: «Não tenho mais força», o Senhor vai ao seu encontro, oferece a rocha do seu amor, à qual cada um se pode agarrar com a certeza que não cai. Quantas vezes sentimos que não aguentamos mais! Mas Ele está ao nosso lado com a mão estendida e o coração aberto.

Amados irmãos e irmãs turineses e piemonteses, os nossos antepassados sabiam bem o que significa dizer «rocha», o que significa dizer «solidariedade». Dela dá um bom testemunho um famoso poeta nosso:
«Diretos e sinceros, aquilo que são, mostram:
cabeças retas, pulso firme e fígado sadio,
falam pouco mas sabem o que dizem,
mesmo se caminham devagar, vão longe.
Gente que não poupa tempo nem suor -
a nossa raça livre e teimosa. 
Todo o mundo sabe quem é e,
quando passa... todo o mundo olha para ela».

Podemos perguntar-nos se hoje estamos firmes nesta rocha que é o amor de Deus. Como vivemos o amor fiel de Deus para conosco. Há sempre o risco de esquecer aquele grande amor que o Senhor nos mostrou. Também nós cristãos corremos o risco de nos deixarmos paralisar pelos receios do futuro e procurar certezas em coisas passageiras, ou num modelo de sociedade fechada que tende mais a excluir do que a incluir. Cresceram nesta terra tantos santos e beatos que receberam o amor de Deus e o difundiram pelo mundo, santos livres e teimosos. Nas pegadas destas testemunhas, também nós podemos viver a alegria do Evangelho praticando a misericórdia; podemos partilhar as dificuldades de tantas pessoas, das famílias, sobretudo das mais frágeis e marcadas pela crise económica. As famílias precisam de sentir a carícia materna da Igreja para ir em frente na vida conjugal, na educação dos filhos, no cuidado dos idosos e também na transmissão da fé às jovens gerações.

Acreditamos que o Senhor é fiel? Como vivemos a novidade de Deus que todos os dias nos transforma? Como vivemos o amor firme do Senhor, que se coloca como uma barreira segura contra as ondas do orgulho e das falsas novidades? O Espírito Santo nos ajude a estar sempre cientes deste amor «rochoso» que nos torna estáveis e fortes nos sofrimentos pequenos ou grandes, capazes de não nos fechar face às dificuldades, de enfrentar a vida com coragem e olhar para o futuro com esperança. Como outrora no lago da Galileia, também hoje no mar da nossa existência Jesus é Aquele que vence as forças do mal e as ameaças do desespero. A paz que Ele nos doa é para todos; também para tantos irmãos e irmãs que fogem de guerras e perseguições em busca de paz e liberdade.

Caríssimos, ontem festejastes a Bem-Aventurada Virgem Consolata, «la Consola’», que «está ali: baixa e robusta, sem pompa: como uma boa mãe». Confiemos à nossa Mãe o caminho eclesial e civil desta terra: Ela nos ajude a seguir o Senhor para ser fiéis, para nos deixarmos renovar todos os dias e permanecer firmes no amor. Assim seja.


Fonte: Santa Sé.

Papa Francisco visita o Santo Sudário

No último dia 21 de junho, o Papa Francisco visitou a cidade de Turim na Itália por ocasião da exposição do Santo Sudário.

O Santo Padre visitou o Santo Sudário exposto na Catedral São João Batista, onde rezou silenciosamente por alguns instantes.

Papa venera o crucifixo à porta de Catedral
Oração diante do Santo Sudário



Confira também um vídeo deste momento:


Nota de falecimento: Patriarca Nerses Bedros XIX Tarmouni

Faleceu hoje, 25 de junho, Sua Beatitude Nerses Bedros XIX Tarmouni, Patriarca da Igreja Católica Armênia.



Nerses Tarmouni nasceu em 17 de janeiro de 1940, no Cairo (Egito). Após completar seus estudos no Pontifício Colégio Armeno em Roma, foi ordenado sacerdote em 15 de agosto de 1965, assumindo a paróquia dos católicos armênios na cidade do Cairo.

Em 21 de agosto de 1899 foi nomeado Bispo de Alexandria dos Católicos Armênios, responsável pelos católicos armênios no Egito e Sudão. Foi ordenado em 18 de fevereiro do ano seguinte, pelo então Patriarca Jean Pierre XVIII Kasparian.

Em 07 de outubro de 1999 foi eleito o 19º Patriarca de Cilícia dos Armênios Católicos, passando a chamar-se Nerses Bedros XIX (na Igreja Armênia, os Patriarcas agregam ao seu nome o título de Bedros, isto é, Pedro).

Recentemente esteve presente na Missa celebrada pelo Papa Francisco para os fieis armênios, durante a qual foi proclamado Doutor da Igreja São Gregório de Narek.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Dom Rafael Biernaski nomeado Bispo de Blumenau

Dom Rafael Biernaski, até então Bispo Titular de Ruspe e Auxiliar de Curitiba, foi nomeado esta manhã pelo Papa Francisco como novo Bispo de Blumenau (SC).

Dom Rafael Biernaski
Dom Rafael nasceu em 01 de Novembro de 1955, em Curitiba. Em 1968 ingressou no Seminário Menor São José, passando em 1975 para o Seminário Maior Rainha dos Apóstolos.

Foi ordenado sacerdote por Dom Pedro Fedalto, então Arcebispo de Curitiba, em 13 de Dezembro de 1981, na Paróquia Santa Teresinha. Como presbítero, trabalhou na Comissão de Liturgia e foi professor no Seminário São José, além de colaborar na Paróquia de Santa Teresinha.

Em 1988 foi para Roma para os estudos de Teologia Dogmática, concluindo o Doutorado em 2007. Des 1995 até 2010, trabalhou na Congregação para os Bispos, em vários ofícios.

No dia 10 de fevereiro de 2010 foi nomeado pelo Papa Bento XVI Bispo Titular de Ruspe e Auxiliar de Curitiba. Foi ordenado bispo em 15 de abril do mesmo ano, na Catedral da Arquidiocese, pelo Cardeal Geraldo Majella Agnelo.

Ordenação Episcopal de Dom Rafael
Em 01 de julho de 2014, devido à morte do Arcebispo de Curitiba, Dom Moacyr José Vitti, foi eleito pelo Colégio de Consultores como Administrador Arquidiocesano. Ocupou este ofício até a posse do atual Arcebispo, Dom José Antônio Peruzzo, em 19 de março deste ano.

Seu lema episcopal é: "Evangelizare misit me" (Enviou-me para evangelizar).

Louvamos a Deus pelo ministério desempenhado por Dom Rafael na Arquidiocese de Curitiba e rezamos por sua missão na Diocese de Blumenau. Ad multos annos!

Dom Rafael com o autor deste blog

terça-feira, 23 de junho de 2015

XX Catequese do Papa sobre a Família

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 17 de Junho de 2015
A Família (20): Família e luto

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
No percurso de catequeses sobre a família, hoje inspiramo-nos diretamente no episódio narrado pelo evangelista Lucas, que há pouco ouvimos (cf. Lc 7,11-15). Trata-se de uma cena muito comovedora, que nos mostra a compaixão de Jesus por quantos sofrem - neste caso, uma viúva que perdeu o seu único filho - e nos manifesta também o poder de Jesus sobre a morte.
A morte é uma experiência que diz respeito a todas as famílias, sem excepção alguma. Faz parte da vida; e no entanto, quando atinge os afetos familiares, a morte nunca consegue parecer-nos natural. Para os pais, sobreviver aos próprios filhos é algo de particularmente desolador, que contradiz a natureza elementar das relações que dão sentido à própria família. A perda de um filho ou de uma filha é como se o tempo parasse: abre-se um abismo que engole o passado e também o futuro. A morte, que leva embora o filho pequeno ou jovem, é uma bofetada às promessas, aos dons e aos sacrifícios de amor jubilosamente confiados à vida que fizemos nascer. Muitas vezes vêm à Missa em Santa Marta pais com a fotografia de um filho, filha, criança, rapaz, moça, e dizem-me: «Ele foi-se, ela foi-se!». E o seu olhar está cheio de dor. A morte acontece, e quando se trata de um filho, fere profundamente. A família inteira permanece como que paralisada, emudecida. E algo semelhante padece também a criança que permanece sozinha, com a perda de um dos pais, ou de ambos. E pergunta: «Mas onde está o meu pai? Onde está a minha mãe?» - Está no Céu!» - «Mas por que não o vejo?». Esta pergunta oculta uma angústia no coração da criança que permanece sozinha. O vazio do abandono que se abre dentro dela é ainda mais angustiante porque ela nem sequer tem a experiência suficiente para «dar um nome» àquilo que lhe aconteceu. «Quando volta o meu pai? Quando volta a minha mãe?». Que responder, quando a criança sofre? Assim é a morte em família.
Nestes casos, a morte é como um buraco negro que se abre na vida das famílias e ao qual não sabemos dar explicação alguma. E às vezes chega-se até a dar a culpa a Deus! Quantas pessoas - entendo-as - ficam com raiva de Deus e blasfemam: «Por que me tiraste o filho, a filha? Não há Deus, Deus não existe! Por que me fez Ele isto?». Muitas vezes ouvimos frases como esta. Mas a raiva é um pouco aquilo que provém do cerne de uma grande dor; a perda de um filho ou de uma filha, do pai ou da mãe, é uma dor enorme! Isto acontece continuamente nas famílias. Em tais casos, como eu disse, a morte é como que um buraco. Mas a morte física possui «cúmplices» que são até piores do que ela, e que se chamam ódio, inveja, soberba, avareza; em síntese, o pecado do mundo que trabalha para a morte, tornando-a ainda mais dolorosa e injusta. Os afetos familiares parecem as vítimas predestinadas e inermes destes poderes auxiliares da morte, que acompanham a história do homem. Pensemos na absurda «normalidade» com que, em certos momentos e lugares, os acontecimentos que acrescentam horror à morte são provocados pelo ódio e pela indiferença de outros seres humanos. O Senhor nos livre de nos habituarmos a isto!
No povo de Deus, com a graça da sua compaixão conferida em Jesus, muitas famílias demonstram concretamente que a morte não tem a última palavra: trata-se de um verdadeiro acto de fé. Todas as vezes que a família em luto - até terrível - encontra a força de conservar a fé e o amor que nos unem a quantos amamos, ela impede desde já que a morte arrebate tudo. A escuridão da morte deve ser enfrentada com um esforço de amor mais intenso. «Meu Deus, ilumina as minhas trevas!», é a invocação de liturgia da noite. À luz da Ressurreição do Senhor, que não abandona nenhum daqueles que o Pai lhe confiou, nós podemos privar a morte do seu «aguilhão», como dizia o apóstolo Paulo (1Cor 15,55); podemos impedir que ela envenene a nossa vida, que torne vãos os nossos afetos, que nos leve a cair no vazio mais obscuro.
Nesta fé, podemos consolar-nos uns aos outros, conscientes de que o Senhor venceu a morte de uma vez para sempre. Os nossos entes queridos não desapareceram nas trevas do nada: a esperança assegura-nos que eles estão nas mãos bondosas e vigorosas de Deus. O amor é mais forte do que a morte. Por isso, o caminho consiste em fazer aumentar o amor, em torná-lo mais sólido, e o amor preservar-nos-á até ao dia em que todas as lágrimas serão enxugadas, quando «já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor» (Ap 21,4). Se nos deixarmos amparar por esta fé, a experiência do luto poderá gerar uma solidariedade de vínculos familiares mais fortes, uma renovada abertura ao sofrimento das outras famílias, uma nova fraternidade com as famílias que nascem e renascem na esperança. Nascer e renascer na esperança, é isto que nos propicia a fé. Contudo, gostaria de ressaltar a última frase do Evangelho que ouvimos hoje (cf. Lc 7,11-15). Depois que Jesus restituiu à vida este jovem, filho da mãe que era viúva, o Evangelho reza: «Jesus entregou-o à sua mãe». Esta é a nossa esperança! O Senhor restituir-nos-á todos os nossos entes queridos que já partiram, e encontrar-nos-emos todos juntos. Esta esperança não desilude! Recordemos bem este gesto de Jesus: «Jesus entregou-o à sua mãe», assim fará o Senhor com todos os nossos amados familiares!
Esta fé protege-nos da visão niilista da morte, assim como das falsas consolações do mundo, de tal maneira que a verdade cristã «não corra o risco de se misturar com mitologias de vários tipos», cedendo aos ritos da superstição, antiga ou moderna» (Bento XVI, Angelus de 2 de Novembro de 2008). Hoje é necessário que os Pastores e todos os cristãos exprimam de modo mais concreto o sentido da fé em relação à experiência familiar do luto. Não se deve negar o direito de chorar - devemos chorar no luto - pois até Jesus «começou a chorar» e sentiu-se «intensamente comovido» pelo grave luto de uma família que Ele amava (Jo 11,33-37). Ao contrário, podemos haurir do testemunho simples e vigoroso de numerosas famílias que souberam ver, na dificílima passagem da morte, também a passagem certa do Senhor, crucificado e ressuscitado, com a sua promessa irrevogável da ressurreição dos mortos. O esforço amoroso de Deus é mais forte do que a obra da morte. É deste amor, precisamente deste amor, que nos devemos tornar «cúmplices» laboriosos, com a nossa fé! E recordemos aquele gesto de Jesus: «Jesus entregou-o à sua mãe»; assim fará Ele com todos os nossos entes queridos e também connosco, quando nos encontrarmos, quando a morte for derrotada definitivamente em nós. Ela é vencida pela cruz de Jesus. Jesus restituir-nos-á todos à família!


Fonte: Santa Sé