terça-feira, 31 de janeiro de 2023

A viagem do Papa Francisco ao Congo e ao Sudão do Sul

De 31 de janeiro a 05 de fevereiro de 2023 o Papa Francisco realiza sua 40ª Viagem Apostólica, com destino à República Democrática do Congo e ao Sudão do Sul.

Logotipo da viagem do Papa ao Congo

Esta será a 5ª vez que o continente africano recebe o Papa Francisco e a 3ª vez que a República Democrática do Congo recebe o Sucessor de Pedro. São João Paulo II, com efeito, visitou o país de 02 a 05 de maio de 1980 e de 14 a 16 de agosto de 1985, quando ainda se chamava República do Zaire.

Nas duas ocasiões a visita do Papa polonês inseriu-se no contexto de uma viagem mais ampla a vários países africanos. Na primeira visita João Paulo II esteve apenas na capital, Kinshasa, enquanto em 1985 visitou também a cidade de Lubumbashi. Nesta segunda visita beatificou a religiosa congolesa Marie-Clémentine Anuarite Nengapeta (†1964).

Naturalmente nenhum Papa visitou o Sudão do Sul, país que se tornou independente apenas em 2011, ao separar-se do Sudão. João Paulo II visitou o Sudão em fevereiro de 1993, porém esteve apenas na capital, Cartum.

Dois anos após a independência, o Sudão do Sul entrou em uma Guerra Civil, uma vez que diferentes etnias discordavam sobre os rumos que devia tomar o novo país. Um cessar-fogo foi assinado em 2020, com a promessa da criação de um governo de unidade nacional.

A visita do Papa Francisco ao Sudão do Sul será uma “Peregrinação Ecumênica de Paz”, proposta que surgiu em 2019, mas teve de ser adiada devido à pandemia de Covid-19. Programada para os dias 02 a 07 de julho de 2022, foi novamente adiada por causa dos problemas no joelho do Papa Francisco.

Nessa visita o Santo Padre será acompanhado por dois líderes protestantes: Justin Welby, Arcebispo de Canterbury, Primaz da Comunhão Anglicana, e Iain Greenshields, Moderador da Assembleia Geral da Igreja da Escócia.

Logotipo da viagem do Papa ao Sudão do Sul

Programa da viagem: República Democrática do Congo

31 de janeiro (terça-feira)

O Papa Francisco chega a Kinshasa na tarde de 31 de janeiro, encontrando-se primeiramente com as autoridades civis no Palais de la Nation.

01 de fevereiro (quarta-feira)

Pela manhã o Papa preside a Santa Missa “pela conservação da paz e da justiça” no Aeroporto de Ndolo em Kinshasa e à tarde encontra-se com vítimas da violência do leste do país e com representantes de algumas obras de caritativas na sede da Nunciatura Apostólica.


IV Domingo do Tempo Comum no Monte das Bem-aventuranças

No dia 29 de janeiro de 2023, o Patriarca Latino de Jerusalém, Dom Pierbatista Pizzaballa, celebrou a Santa Missa do IV Domingo do Tempo Comum (Ano A) no Santuário do Sermão da Montanha, no Monte das Bem-aventuranças. Nesse dia, com efeito, a Igreja proclama o Evangelho das Bem-aventuranças (Mt 5,1-12).

Para saber mais sobre essa igreja, clique aqui.

Santuário do Sermão da Montanha
Procissão de entrada


Incensação

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Ângelus: IV Domingo do Tempo Comum - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 29 de janeiro de 2023

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
Na Liturgia de hoje são proclamadas as bem-aventuranças segundo o Evangelho de Mateus (Mt 5,1-12). A primeira é fundamental e diz: «Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o reino dos céus» (v. 3).

Quem são os “pobres em espírito”? São aqueles que sabem que não bastam a si mesmos, que não são autossuficientes, e vivem como “mendigos de Deus”: sentem necessidade de Deus e reconhecem que o bem vem d’Ele, como dom, como graça. Quem é pobre em espírito, guarda o que recebe; por isso deseja que nenhum dom seja desperdiçado. Hoje gostaria de me concentrar neste aspecto típico dos pobres em espírito: não desperdiçar. Os pobres em espírito procuram não desperdiçar nada. Jesus mostra-nos a importância de não desperdiçar, por exemplo após a multiplicação dos pães e dos peixes, quando pede para recolher a comida que sobra para que nada se perca (Jo 6,12). Não desperdiçar permite-nos apreciar o valor de nós mesmos, das pessoas e das coisas. Infelizmente, contudo, este princípio é frequentemente ignorado, especialmente nas sociedades mais abastadas, onde dominam as culturas do desperdício e do descarte: ambas são uma peste. Gostaria, portanto, de propor três desafios contra a mentalidade do desperdício e do descarte.

Primeiro desafio: não desperdiçar o dom que nós somos. Cada um de nós é um bem, independentemente dos dotes que temos. Cada mulher, cada homem é rico não só de talentos, mas também de dignidade, é amado por Deus, vale, é precioso. Jesus lembra-nos que somos abençoados não pelo que temos, mas pelo que somos. E quando uma pessoa desanima e se dissipa, desperdiça-se a si própria. Lutemos, com a ajuda de Deus, contra a tentação de nos considerarmos inadequados, errados, e de nos lamentarmos.

Depois, o segundo desafio: não desperdiçar os dons que temos. Resulta que todos os anos no mundo cerca de um terço da produção total de alimentos é desperdiçada. E isto acontece enquanto tantos estão morrendo de fome! Os recursos da criação não podem ser utilizados dessa forma; os bens devem ser guardados e partilhados, para que a ninguém falte o necessário. Não desperdicemos o que temos, mas difundamos uma ecologia de justiça e caridade, de partilha.

Por fim, o terceiro desafio: não descartar as pessoas. A cultura do descarte diz: uso-te enquanto me serves; quando já não me interessas ou és um obstáculo para mim, ponho-te de lado. E é especialmente assim que são tratados os mais frágeis: os nascituros, os idosos, os necessitados e os desfavorecidos. Mas as pessoas não podem ser jogadas fora, os desfavorecidos não podem ser jogados fora! Cada um é um dom sagrado, cada um é um dom único, em todas as idades e em todas as condições. Respeitemos e promovamos a vida sempre! Não descartemos a vida!

Estimados irmãos e irmãs, façamo-nos algumas perguntas. Antes de tudo, como vivo a pobreza de espírito? Dou espaço a Deus, acredito que Ele é o meu bem, a minha verdadeira e grande riqueza? Acredito que Ele me ama, ou desanimo com tristeza, esquecendo que sou um dom? E depois: tenho o cuidado de não desperdiçar, sou responsável na utilização das coisas, dos bens? E estou disposto a partilhá-los com os outros, ou sou egoísta? Por fim: considero os mais frágeis como dons preciosos, dos quais Deus me pede para cuidar? Lembro-me dos pobres, daqueles que não têm o necessário?

Ajude-nos Maria, Mulher das Bem-aventuranças, a testemunhar a alegria de que a vida é um dom e a beleza de fazer de nós uma dádiva.

“Bem-aventurados os pobres em espírito...”

Fonte: Santa Sé.

sábado, 28 de janeiro de 2023

Homilia: IV Domingo do Tempo Comum - Ano A

São Gregório de Nissa
Sermão sobre as Bem-aventuranças
Tenha por modelo o Deus que quis fazer-se pobre

Pela pobreza de espírito entendo a humildade da qual Jesus Cristo nos deu o modelo em sua pessoa. Porque o orgulho perdeu ao homem; Jesus Cristo, para repará-lo, fez da humildade a primeira das virtudes e a fonte de suas bem-aventuranças. Para conhecer bem a vaidade do orgulho, basta considerar o homem em si mesmo, e não o que está ao seu redor. Portanto, o que é o homem? Esse, de todos os livros, onde é comentado com todas as pompas da dignidade do homem, faz remontar a sua origem a um pouco de lama. Pois do berço comum do gênero humano desceis ao nascimento dos indivíduos que o compõem...

Mas tentemos desvendar o véu deste mistério: Não revele, diz a Escritura, a vergonha de teu pai e de tua mãe! Argila animada, em seguida poeira contaminada, você não se envergonha de se entregar ao orgulho? Você esqueceu, pois, as duas extremidades da vida humana, o lugar de onde partiste e aquele aonde vais terminar? Isso que vos ensoberbece, a sua juventude, sua beleza, a agilidade de seus músculos, a riqueza ou a elegância de vossos adornos: tudo isso não é vós.

Contemplai-vos no espelho e aprendei a vos conhecer. Não fostes inteirar-se dos segredos da nossa natureza em um desses lugares destinados às sepulturas? Não fostes contemplar esses montões de ossos confusamente dispersos e acumulados uns sobre os outros? Esses crânios desnudos, essas cabeças mutiladas cujo aspecto imprime pavor e repugnância; essas cavidades profundas que substituem os olhos, esses restos de uma boca sem forma, esses pedaços de membros sem laço que os uma ao mesmo corpo... Aí está vossa imagem!

Onde está a flor de uma brilhante juventude, o frescor das cores, os lábios sorridentes, os olhos intensos de onde jorram arrogância e desdém, a cabeleira solta sobre os ombros, as mãos hábeis que lançam as flechas e o dardo, os pés ágeis e vigorosos? Onde está a exuberante púrpura que vos ornamenta? O que aconteceu com tudo isso? Um sonho vão do qual não restou sequer um rastro...

Mas, diga-me ainda, o que te enche de tanto orgulho? É vossa dignidade no mundo, as magistraturas, os cargos que ali ocupais; o brilhante papel que desempenhais no jogo da vida? Máscara de teatro, que reténs fora do espetáculo ao personagem emprestado do qual és encarregado no momento da representação! Acreditam que possuem o poder do próprio Deus, porque dispõem do direito de vida e de morte sobre aqueles que dependem de sua autoridade. Ah! Como se pode ter direito sobre a vida de outro quando não se é senhor da sua própria?

Se és pobre de espírito, tenhas por modelo o Deus que quis fazer-se bem pobre, indigente por amor a nós, que fixa seu olhar sob a comum condição de todos os homens, e banirá de seu coração todo esse fausto emprestado. Essa pobreza de espírito não exclui o outro tipo de pobreza, que serve para adquirir as riquezas do céu. Ambas levam à bem-aventurança. Qual é então o pobre de espírito? É aquele que troca a opulência terrestre pelos bens espirituais, o que se liberta de todo apego humano para tomar um impulso mais livre para a Divindade.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 125-126. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de São Cromácio de Aquileia para este domingo clicando aqui.

Missa pelo Papa Bento XVI em Milão

No dia 26 de janeiro de 2023 o Arcebispo de Milão (Itália), Dom Mario Enrico Delpini, presidiu a Santa Missa em Rito Ambrosiano (próprio da Arquidiocese) na Basílica de Santo Ambrósio em sufrágio pelo Papa Bento XVI, falecido no dia 31 de dezembro de 2022.

Procissão de entrada
Saudação
Evangelho


sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Vésperas da Conversão de São Paulo em Roma

No dia 25 de janeiro de 2023 o Papa Francisco presidiu a oração das Vésperas da Conversão de São Paulo na Basílica de São Paulo fora dos muros na conclusão da 56ª Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.

Destaca-se neste ano a presença do Conselho Pan-Ucraniano de Igrejas e Organizações Religiosas, incluindo o Arcebispo-Maior da Igreja Greco-Católica Ucraniana, Dom Sviatoslav Shevchuk, e o Metropolita Epifânio de Kiev, Primaz da Igreja Ortodoxa da Ucrânia.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Diego Giovanni Ravelli e Krzysztof Marcjanowicz. O livreto da celebração pode ser visto aqui.

Oração diante do túmulo de São Paulo

Representantes das Igrejas na Ucrânia junto aos monges beneditinos da Basílica
Oração das Vésperas
Salmodia

Homilia do Papa: Vésperas da Conversão de São Paulo

Vésperas da Conversão de São Paulo Apóstolo
56ª Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos
Homilia do Papa Francisco
Basílica de São Paulo Fora dos Muros
Quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Acabamos de ouvir a Palavra de Deus que acompanhou esta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (Is 1,12-18). São palavras fortes, tão fortes que poderiam parecer inoportunas no meio desta alegria que temos de nos encontrar como irmãos e irmãs em Cristo para celebrar uma solene Liturgia em seu louvor. Hoje, quando já não faltam notícias tristes e preocupantes, de bom grado dispensaríamos «censuras sociais» da Escritura. Mas, se prestamos ouvidos às inquietações deste tempo em que vivemos, com maior razão deveríamos interessar-nos por aquilo que faz sofrer o Senhor, por Quem vivemos; e se nos reunimos em seu nome, a única possibilidade que nos resta é colocar no centro a sua Palavra. Esta é profética: de fato, Deus, pela voz de Isaías, adverte-nos, convidando à mudança. Advertência e mudança são as duas palavras à volta das quais vos quero oferecer algumas ideias nesta tarde.


1. Advertência. Voltemos a escutar algumas das palavras divinas: «Ao pisardes o meu santuário, (...) não Me ofereçais mais dons inúteis. (...) Quando levantais as vossas mãos, afasto de vós os meus olhos; podeis multiplicar as vossas preces, que Eu não as atendo» (vv. 12-13.15). O que suscita a indignação do Senhor, a ponto de censurar com tons assim indignados o povo que tanto ama? O texto revela-nos dois motivos. Em primeiro lugar, censura o fato de que aquilo que se faz em seu nome, no seu templo, não é o que Ele quer: não deseja incenso nem ofertas, mas que se socorra o oprimido, seja feita justiça ao órfão, seja defendida a causa da viúva (v. 17). Na sociedade do tempo do profeta, encontrava-se difusa a tendência - infelizmente sempre atual - de considerar abençoados por Deus os ricos e quantos faziam muitas ofertas, e desprezar os pobres. Mas isto é compreender mal o Senhor, que proclama felizes os pobres (cf. Lc 6,20) e, na parábola do juízo final, identifica-Se com os famintos, os sedentos, os forasteiros, os necessitados, os doentes, os presos (cf. Mt 25,35-36). Temos aqui o primeiro motivo de indignação: Deus sofre quando nós, que nos dizemos seus fiéis, antepomos a nossa visão à d’Ele, seguimos os critérios da terra em vez dos do Céu, contentando-nos com um ritualismo exterior e permanecendo indiferentes face àqueles que mais Lhe estão a peito. Assim Deus sofre, poderíamos dizer, pela nossa indiferença e incompreensão.

Vésperas ecumênicas em honra de Bento XVI em Londres

No dia 24 de janeiro de 2023, no contexto da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, o Arcebispo de Westminster,  Cardeal Vincent Gerard Nichols, presidiu a oração das Vésperas Ecumênicas  na Catedral do Preciosíssimo Sangue em Londres em honra do Papa Bento XVI, falecido no dia 31 de dezembro de 2022.

A homilia ficou a cargo de Rowan Williams, que foi o Arcebispo de Canterbury e Primaz da Comunhão Anglicana de 2002 a 2012 e encontrou-se diversas vezes com Bento XVI. Também esteve presente o atual Arcebispo de Canterbury, Justin Welby, além de outros Bispos católicos e anglicanos e representantes de outras Igrejas e comunidades eclesiais.

O Papa Bento XVI visitou a Inglaterra em setembro de 2010. Durante a visita presidiu a Santa Missa na Catedral do Preciosíssimo Sangue e participou de uma Celebração Ecumênica na Abadia de Westminster.

Bento XVI e Rowan William durante a Celebração Ecumênica na Abadia de Westminster (2010)
Cardeal Nichols dá início à oração das Vésperas
Rowan Williams, Stephen Cottrel (Arcebispo de York) e Justin Welby
Homilia de Rowan Williams

quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Discurso do Papa: Viver plenamente a ação litúrgica

No dia 20 de janeiro de 2023 o Papa Francisco recebeu os participantes do Curso “Viver plenamente a ação litúrgica”, promovido pelo Pontifício Instituto Litúrgico Santo Anselmo.

O curso foi voltado as responsáveis pela Liturgia nas Dioceses, particularmente ao “mestre das celebrações litúrgicas”, como o Papa indica em seu discurso, que reproduzimos a seguir:

Papa Francisco
Discurso aos participantes do Curso “Viver plenamente a ação litúrgica”
Sala do Consistório
Sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Caros irmãos e irmãs, bom dia e bem-vindos!
Agradeço ao Padre Abate Primaz por suas palavras. Saúdo o Magnífico Reitor e o Presidente do Pontifício Instituto Litúrgico, os professores e os alunos [1]. Saúdo o Cardeal Prefeito e o Arcebispo Secretário do Dicastério para o Culto Divino: obrigado por estarem aqui [2]. Estou contente em acolher-vos e aprecio a iniciativa de organizar um itinerário formativo dirigido àqueles que preparam e guiam a oração da comunidade diocesana, em comunhão com os Bispos e a serviço das Dioceses.


Este curso, que chega agora à sua conclusão, corresponde às indicações da Carta Apostólica Desiderio desideravi sobre a formação litúrgica. Com efeito, o cuidado das celebrações exige preparação e empenho. Nós, Bispos, em nosso ministério, estamos bem cientes disso, porque precisamos da colaboração de quem prepara as Liturgias e nos ajuda a cumprir nosso mandato de presidir a oração do povo santo. Este vosso serviço à Liturgia requer, além de um conhecimento aprofundado, um profundo sentido pastoral. Alegra-me, portanto, ver que mais uma vez renovais o vosso empenho no estudo da Liturgia. Esta - como dizia São Paulo VI - é «fonte primária daquele divino intercâmbio no qual nos é comunicada a vida divina, é a primeira escola da nossa vida espiritual» (Discurso no Encerramento da 2ª Sessão do Concílio Vaticano II, 04 de dezembro de 1963). Por isso a Liturgia nunca é possuída totalmente, não é aprendida como noções, ofícios, competências humanas. É a arte primeira da Igreja, aquela que a constitui e a caracteriza.

Gostaria de vos propor alguns pontos de reflexão para este vosso serviço, que se insere no contexto da implementação da reforma litúrgica.

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio: Deus Pai 27

Concluindo a seção sobre os anjos dentro das suas Catequeses sobre Deus Pai, o Papa São João Paulo II dedicou dois encontros ao tema da “queda dos anjos rebeldes” (nn. 46-47).

Para acessar o índice com os links para todas as Catequeses sobre o Creio, clique aqui.

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio
CREIO EM DEUS PAI

46. A queda dos anjos rebeldes
João Paulo II - 13 de agosto de 1986

1. Continuando o tema das catequeses anteriores, dedicadas ao artigo da fé a respeito dos anjos, criaturas de Deus, vamos explorar hoje o mistério da liberdade que alguns deles utilizaram contra Deus e contra seu plano de salvação para com os homens.
Como testemunha o evangelista Lucas, no momento em que os discípulos retornavam ao Mestre cheios de alegria pelos frutos recolhidos em suas primeiras tarefas missionárias, Jesus pronuncia uma frase que faz-nos pensar: “Eu vi Satanás cair do céu como um relâmpago” (Lc 10,18). Com estas palavras o Senhor afirma que o anúncio do Reino de Deus é sempre uma vitória sobre o diabo, mas ao mesmo tempo revela também que a edificação do Reino está continuamente exposta às insídias do espírito do mal. Interessar-se por isto, como buscamos fazer com a catequese de hoje, significa preparar-se para o estado de luta que é próprio da vida da Igreja neste tempo final da história da salvação, assim como afirma o Livro do Apocalipse (cf. Ap 12,7). Por outro lado, isto permite esclarecer a reta fé da Igreja frente àqueles que a alteram, exagerando a importância do diabo, ou daqueles que negam ou minimizam seu poder maligno.
As precedentes catequeses sobre os anjos nos prepararam para compreender a verdade que a Sagrada Escritura revelou e que a Tradição da Igreja transmitiu sobre Satanás, isto é, sobre o anjo caído, o espírito maligno, chamado também diabo ou demônio.

2. Esta “queda”, que representa o caráter de rejeição a Deus com o consequente estado de “condenação”, consiste na livre escolha feita por aqueles espíritos criados que radical e irrevogavelmente rejeitaram Deus e o seu reino, usurpando os seus direitos soberanos e tentando subverter a economia da salvação e a própria ordem de toda a criação. Um reflexo desta atitude se encontra nas palavras do tentador aos nossos primeiros pais: “Sereis como Deus” ou “como deuses” (cf. Gn 3,5). Assim o espírito maligno tenta transplantar no homem a atitude de rivalidade, de insubordinação e de oposição a Deus, que se tornou como que a motivação de toda a sua existência.

A queda dos anjos rebeldes
(Domenico Beccafumi)

3. No Antigo Testamento, a narração da queda do homem, recolhida no Livro do Gênesis, contém uma referência à atitude de antagonismo que Satanás quer comunicar ao homem para induzi-lo à transgressão (cf. Gn 3,5). Também no Livro de Jó lemos que Satanás tenta provocar a rebelião no homem que sofre (cf. 1,11; 2,5.7). No Livro da Sabedoria Satanás é apresentado como o artífice da morte, que entra na história do homem junto com o pecado (cf. Sb 2,24).

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Solenidade de São Vicente em Lisboa

No dia 22 de janeiro de 2023 o Patriarca de Lisboa, Cardeal Manuel José Macário do Nascimento Clemente, presidiu a Santa Missa na Catedral Patriarcal de Santa Maria Maior por ocasião da Solenidade de São Vicente de Saragoça, Diácono e Mártir (†304), padroeiro do Patriarcado e da cidade de Lisboa.

Imagem de São Vicente, Diácono e Mártir, venerada na Sé de Lisboa
Procissão de entrada

Um diácono conduz as relíquias de São Vicente

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Ângelus: III Domingo do Tempo Comum - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 22 de janeiro de 2023

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho da Liturgia de hoje (Mt 4,12-23) narra o chamado dos primeiros discípulos que, no lago da Galileia, deixam tudo para seguir Jesus. Alguns deles já O tinham conhecido, graças a João Batista, e Deus tinha posto neles a semente da fé (cf. Jo 1,35-39). E eis que agora Jesus volta para procurá-los onde vivem e trabalham. O Senhor procura-nos sempre; o Senhor aproxima-se sempre de nós, sempre.  E desta vez dirige-lhes uma chamada direta: «Vinde!» (Mt 4,19). E eles «imediatamente deixaram as redes e seguiram-no» (v. 20). Reflitamos sobre esta cena: é o momento do encontro decisivo com Jesus, aquele que recordarão para o resto da vida e que entra no Evangelho. A partir daí, seguem Jesus e, para segui-Lo, deixam.

Deixar para seguir. Com Jesus é sempre assim. Pode-se começar de alguma forma a sentir o seu fascínio, talvez graças a outros. Depois o conhecimento pode tornar-se mais pessoal e acender uma luz no coração. Torna-se algo belo para partilhar: “Sabes, aquela passagem do Evangelho comoveu-me, aquela experiência de serviço tocou-me”. Algo que toca o coração. E assim devem ter feito também os primeiros discípulos (cf. Jo 1,40-42). Contudo, mais cedo ou mais tarde chega o momento no qual é necessário deixar para o seguir (cf. Lc 11,27-28). E há que tomar uma decisão: deixo algumas certezas e parto para uma nova aventura, ou permaneço como sou? É um momento decisivo para cada cristão, porque nisto está em questão o sentido de todo o resto. Se não encontrarmos a coragem de nos colocarmos a caminho, há o risco de permanecermos espectadores da própria existência e de viver a fé sem convicção.

Por conseguinte, estar com Jesus requer a coragem de deixar, de se pôr a caminho. O que devemos deixar? Certamente os nossos vícios, os nossos pecados, que são como âncoras que nos bloqueiam na margem e impedem de nos fazermos ao largo. Para começar a deixar, é justo que comecemos por pedir perdão: perdão pelas coisas que não eram boas: deixo aquilo e vou em frente. Mas também devemos deixar para trás o que nos impede de viver plenamente; por exemplo: medos, cálculos egoístas, garantias de permanecer em segurança vivendo sem arriscar. E também se deve renunciar ao tempo que se perde em tantas coisas inúteis. Como é belo deixar tudo isto para trás para experimentar, por exemplo, o risco cansativo mas gratificante do serviço, ou dedicar tempo à oração, de modo a crescer em amizade com o Senhor. Penso também em uma jovem família, que deixa a vida tranquila para se abrir à imprevisível e bela aventura da maternidade e da paternidade. É um sacrifício, mas basta olhar para as crianças para compreender que foi correto deixar certos ritmos e confortos para ter esta alegria. Penso em certas profissões, por exemplo um médico ou um agente da saúde que renunciou a tanto tempo livre para estudar e preparar-se, e agora fazem o bem dedicando muitas horas do dia e da noite, muita energia física e mental aos doentes. Penso nos trabalhadores que deixam as comodidades, que abandonam o não fazer nada a fim de levar o pão para casa. Em suma, para realizar a vida, é preciso aceitar o desafio de deixar. A isto convida Jesus cada um de nós.

E sobre isto deixo-vos algumas perguntas. Antes de tudo: lembro-me de algum “momento forte” no qual me encontrei com Jesus? Cada um de nós pense na própria história: na minha vida houve algum momento forte em que me encontrei com Jesus? E houve algo belo e significativo que aconteceu na minha vida por ter deixado para trás outras coisas menos importantes? E hoje, há alguma coisa a que Jesus me pede para renunciar? Quais são as coisas materiais, os modos de pensar, os hábitos que preciso deixar para lhe dizer verdadeiramente “sim”?

Maria ajude-nos a dizer, como ela, um sim pleno a Deus, a saber deixar algo para trás a fim de segui-Lo melhor. Não tenhais medo de deixar se for para seguir Jesus, sempre nos sentiremos melhor e seremos melhores.

Chamado dos primeiros discípulos: Pedro e André
(Lorenzo Veneziano)

Fonte: Santa Sé.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Fotos da Missa do III Domingo do Tempo Comum no Vaticano

No dia 22 de janeiro de 2023 o Papa Francisco presidiu sem celebrar a Santa Missa do III Domingo do Tempo Comum (Ano A) na Basílica de São Pedro por ocasião do Domingo da Palavra de Deus.

A Liturgia Eucarística, por sua vez, foi celebrada por Dom Rino Fisichella (Dicastério para a Evangelização), assistido pelo Monsenhor Krzysztof Marcjanowicz.

Durante a celebração o Papa conferiu os Ministérios de Leitor e de Catequista a alguns homens e mulheres de diversas partes do mundo, sendo três Leitores e sete Catequistas.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Diego Giovanni Ravelli e Ján Dubina. Para ver o livreto da celebração, clique aqui.

Procissão de entrada
Evangelho


Homilia

Homilia do Papa: III Domingo do Tempo Comum - Ano A

Santa Missa no Domingo da Palavra de Deus
Homilia do Papa Francisco
Basílica de São Pedro
Domingo, 22 de janeiro de 2023

Jesus deixa a vida tranquila e incógnita de Nazaré, mudando-se para Cafarnaum, cidade situada junto do mar da Galileia, lugar de passagem, encruzilhada de povos e culturas diferentes. A instância que O impele é o anúncio da Palavra de Deus, que deve ser levada a todos. Vemos realmente no Evangelho que o Senhor convida todos à conversão, e chama também os primeiros discípulos para transmitirem aos outros a luz da Palavra (cf. Mt 4,12-23). Assumamos este dinamismo, que nos ajuda a viver o Domingo da Palavra de Deus: a Palavra é para todos, a Palavra chama à conversão, a Palavra torna-nos anunciadores.


A Palavra de Deus é para todos. O Evangelho apresenta-nos Jesus sempre em movimento, saindo ao encontro dos outros. Em nenhuma ocasião da sua vida pública nos dá a ideia de ser um mestre estático, um professor sentado na sua cátedra; pelo contrário, O vemos itinerante, O vemos peregrino, percorrendo cidades e aldeias, encontrando rostos e história. Os seus pés são os do mensageiro que anuncia a boa-nova do amor de Deus (cf. Is 52,7-8). Como observa o texto, lá onde Jesus prega, na Galileia dos gentios, ao longo do caminho do mar, na região de além do Jordão, jazia um povo mergulhado nas trevas: estrangeiros, pagãos, mulheres e homens de variadas regiões e culturas (Mt 4,15-16). E agora também eles podem ver a luz. Assim Jesus «amplia as fronteiras»: a Palavra de Deus, que sara e levanta, não se destina apenas aos justos de Israel, mas a todos; quer alcançar os que estão longe, curar os doentes, salvar os pecadores, reunir as ovelhas perdidas e encorajar a quantos têm o coração cansado e oprimido. Em suma, Jesus ultrapassa os confins para nos dizer que a misericórdia de Deus é para todos. Não esqueçamos isto: a misericórdia de Deus é para todos e para cada um de nós. Cada um pode dizer: «a misericórdia de Deus é para mim».

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Festa da Teofania em Kiev

No dia 19 de janeiro de 2023 (que corresponde ao dia 06 de janeiro no calendário juliano, utilizado pela maioria das Igrejas Orientais) o Arcebispo-Maior da Igreja Greco-Católica Ucraniana, Dom Sviatoslav Shevchuk (Святосла́в Шевчу́к), celebrou a Divina Liturgia da Festa da Teofania na Catedral da Ressurreição em Kiev, seguida da Grande Bênção das Águas às margens do rio Dnipro (Дніпро, às vezes traduzido como Dniepre).

Para saber mais sobre essa celebração, confira nossas postagens sobre a história da Festa do Batismo do Senhor e sobre o ícone da Teofania.

Catedral da Ressurreição em Kiev (Ucrânia)
Ícone da Teofania
O Arcebispo abençoa os fiéis
Incensação
Evangelho

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio: Deus Pai 26

Prosseguindo com suas meditações sobre “Deus, Criador das coisas invisíveis” em suas Catequeses sobre Deus Pai, São João Paulo refletiu nos encontros nn. 44-45 sobre a presença dos anjos na história da salvação.

Confira o índice com os links para todas as Catequeses sobre o Creio do Papa polonês clicando aqui.

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio
CREIO EM DEUS PAI

44. Criador das coisas “invisíveis”: Os anjos
João Paulo II - 30 de julho de 1986

1. Na Catequese anterior nos concentramos sobre o artigo do Credo com o qual proclamamos e confessamos Deus criador não só de todo o mundo visível, mas também das “coisas invisíveis”, e nos detivemos no tema da existência dos anjos chamados a declarar-se a favor de Deus ou contra Deus mediante um ato radical e irreversível de adesão ou de recusa da sua vontade de salvação.
Sempre de acordo com a Sagrada Escritura, os anjos, enquanto criaturas puramente espirituais, se apresentam à reflexão da nossa mente como uma especial realização da “imagem de Deus”, Espírito perfeitíssimo, como o próprio Jesus recorda à mulher samaritana com as palavras “Deus é espírito” (Jo 4,24). Os anjos são, deste ponto de vista, as criaturas mais próximas ao modelo divino. O nome que a Sagrada Escritura lhes atribui indica que o que mais importa na Revelação é a verdade sobre as tarefas dos anjos em relação aos homens: anjo (do grego angelos e do latim angelus) quer dizer, com efeito, “mensageiro”. O termo hebraico “malak”, usado no Antigo Testamento, significa mais propriamente “delegado” ou “embaixador”. Os anjos, criaturas espirituais, exercem função de mediação e de ministério nas relações entre Deus e os homens. Sob este aspecto a Carta aos Hebreus dirá que a Cristo foi dado um “nome” - e, portanto, um ministério de mediação - muito superior ao dos anjos (cf. Hb 1,4).

Sinaxe dos Santos Anjos (ao centro, o ícone de Cristo)
(Igreja do Salvador, São Petersburgo - Rússia)

2. O Antigo Testamento destaca sobretudo a especial participação dos anjos na celebração da glória que o Criador recebe como tributo de louvor por parte do mundo criado. De modo especial os salmos se fazem intérpretes de tal voz quando proclamam, por exemplo: “Louvai o Senhor do alto dos céus, louvai-o nas alturas! Louvai-o, todos os seus anjos...” (Sl 148,1-2). De modo semelhante o Salmo 102: “Bendizei ao Senhor todos os seus anjos, poderosos em força, executores de sua palavra, logo que ouvis a voz do seu comando” (v. 20). Este último versículo do Salmo 102 indica que os anjos tomam parte, à sua maneira, no governo de Deus sobre a criação, como “poderosos executores de suas ordens” segundo o plano estabelecido pela Divina Providência. Aos anjos é confiado de modo particular um especial cuidado e solicitude para com os homens, em favor dos quais apresentam a Deus os seus pedidos e orações, como nos recorda, por exemplo, o Livro de Tobias (cf. especialmente Tb 3,17; 12,12), enquanto o Salmo 90 proclama: “A seus anjos Ele mandou, a teu respeito, que te guardem em todos os teus caminhos. Eles te levarão em suas mãos, para que não tropeces com o pé nalguma pedra” (Sl 90,11-12). Seguindo o Livro de Daniel podemos afirmar que as funções dos anjos como embaixadores do Deus vivo se estendem não só a cada um dos homens e àqueles que possuem funções especiais, mas também a nações inteiras (cf. Dn 10,13-21).

quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Discurso do Papa às Confrarias italianas

No dia 16 de janeiro de 2023 o Papa Francisco encontrou-se com a Confederação das Confrarias das Dioceses da Itália. Embora as Confrarias ou Irmandades (associações de fiéis leigos que promovem uma determinada devoção) não sejam tão comuns no Brasil, reproduzimos aqui seu discurso, que se aplica à piedade popular como um todo.

Em seu discurso, com efeito, Francisco retoma basicamente sua homilia no Dia das Confrarias e da Piedade Popular no Ano da Fé (2013).

Papa Francisco
Discurso à Confederação das Confrarias das Dioceses da Itália
Sala do Consistório
Segunda-feira, 16 janeiro de 2023

Caros irmãos e irmãs, bom dia e bem vindos!
Estou contente por encontrar-vos. Agradeço ao Presidente, Dr. Rino Bisignano, e a Dom Michele Pennisi, Assistente Eclesiástico Nacional, assim como aos membros do Conselho Diretivo da Confederação das Confrarias das Dioceses da Itália, aos Coordenadores e aos Assistentes Regionais aqui presentes.

Fundada no ano 2000, no contexto do Grande Jubileu, vossa Confederação trabalha já há mais de vinte anos para acolher, sustentar e coordenar a riquíssima e variada presença das Confrarias nas Dioceses da Itália. Agora vos preparais para celebrar, daqui a dois anos, o vosso 25º aniversário no contexto de outro Jubileu, o de 2025, que tem como tema “Peregrinos da esperança”. Estamos nos preparando para este momento forte da vida da Igreja, e vós sois uma realidade muito significativa nesta preparação e depois na celebração.


Em primeiro lugar, por sua presença capilar no território nacional e pela quantidade de pessoas que envolveis, com cerca de com cerca de três mil e duzentas Confrarias inscritas - e tantas outras existentes, mas não inscritas - e dois milhões de membros; e a estes se soma a comunidade ampliada de familiares e amigos que se unem às suas atividades. É um quadro impressionante, que recorda o que disse o Concílio Vaticano II sobre a natureza e a missão dos leigos na Igreja, ou seja, que sois “chamados por Deus para contribuir, quase de dentro como fermento, para a santificação do mundo” (Constituição Dogmática Lumen gentium, n. 31).

terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Sugestão de leitura: Liturgia, exercício do sacerdócio de Cristo

“A Liturgia é tida como o exercício do sacerdócio de Jesus Cristo. Nela, o Corpo Místico, Cabeça e membros, presta a Deus o culto público integral” (cf. Sacrosanctum Concilium, n. 7).

Como parte da preparação para o Jubileu de 2025, neste ano de 2023 somos convidados a “revisitar” as quatro grandes Constituições do Concílio Vaticano II: Dei Verbum, Lumen Gentium, Gaudium et Spes e Sacrosanctum Concilium, a 60 anos da sua publicação.

Em relação à Constituição Sacrosanctum Concilium (SC) sobre a sagrada Liturgia, desde novembro de 2022 estamos apresentando aqui em nosso blog, como sugestão de leitura mensal, os quatro volumes da Coleção “50 anos da Sacrosanctum Concilium, publicados pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) entre 2013 e 2014.


Nessa Coleção foram reproduzidas as conferências do Seminário Nacional de Liturgia promovido pela CNBB e pela ASLI (Associação dos Liturgistas do Brasil) em 2012, com o tema “Releitura da Sacrosanctum Concilium no contexto do Vaticano II e dos documentos latino-americanos”.

Os primeiros dois volumes da Coleção, que apresentamos nos meses anteriores, intitulam-se:



Nesta postagem, portanto, propomos o volume 3, intitulado “Liturgia, exercício do sacerdócio de Jesus Cristo, Cabeça e membros”, publicado pelas Edições CNBB em 2014.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Ângelus: II Domingo do Tempo Comum - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 15 de janeiro de 2023

Estimados irmãos e irmãs, bom domingo!
O Evangelho da Liturgia de hoje (Jo 1,29-34) relata o testemunho de João Batista sobre Jesus, depois de tê-lo batizado no rio Jordão. Lê-se assim: «Dele é que eu disse: “Depois de mim vem um homem que passou à minha frente, porque existia antes de mim”» (vv. 29-30).

Esta declaração, este testemunho, revela o espírito de serviço de João. Ele tinha sido enviado para preparar o caminho ao Messias e tinha-o feito sem se poupar. Humanamente falando, poderíamos pensar que lhe seria concedido um “prêmio”, um lugar relevante na vida pública de Jesus. Mas não. João, tendo cumprido a sua missão, sabe afastar-se, retira-se de cena para dar lugar a Jesus. Viu o Espírito descer sobre Ele (vv. 33-34), indicou-o como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, e agora, por sua vez, põe-se em humilde escuta. De profeta torna-se discípulo. Ele pregou ao povo, reuniu discípulos e formou-os durante muito tempo. No entanto, não vincula ninguém a si. E isto é difícil, mas é o sinal do verdadeiro educador: não ligar as pessoas a si mesmo. João faz isto: coloca os seus discípulos nas pegadas de Jesus. Não está interessado em ter um séquito para si, em obter prestígio e sucesso, mas testemunha e depois dá um passo atrás, para que muitos possam ter a alegria de encontrar Jesus. Podemos dizer: ele abre a porta e sai.

Com este espírito de serviço, com a sua capacidade de dar lugar a Jesus, João Batista ensina-nos algo importante: a libertação dos apegos. Sim, porque é fácil apegar-se a papéis e posições, à necessidade de ser estimado, reconhecido e recompensado. E isto, embora seja natural, não é uma coisa boa, porque o serviço requer gratuidade, cuidar dos outros sem benefício para si mesmo, sem segundas intenções, sem esperar retribuição. Também a nós fará bem cultivar, como João, a virtude de nos afastarmos no momento apropriado, testemunhando que o ponto de referência na vida é Jesus. Pôr-se de lado, aprender a despedir-se: cumpri esta missão, este encontro, afasto-me e deixo espaço ao Senhor. Aprender a afastar-se, a não pretender algo como uma retribuição para nós.

Pensemos em como isto é importante para um sacerdote, que é chamado a pregar e a celebrar, não por protagonismo ou interesse, mas para acompanhar os outros a Jesus. Pensemos como isto é importante para os pais, que criam os filhos com tantos sacrifícios, mas depois têm de deixá-los livres para seguirem o próprio caminho no trabalho, no matrimônio, na vida. É bom e correto que os pais continuem a assegurar a sua presença, dizendo aos seus filhos: “Não vos deixaremos sozinhos”, mas discretamente, sem intrusões. A liberdade de crescer. E o mesmo se aplica a outros âmbitos, como a amizade, a vida de casal, a vida comunitária. Libertar-se dos apegos do próprio ego e saber afastar-se custa, mas é muito importante: é o passo decisivo para crescer no espírito de serviço, sem procurar retribuição.

Irmãos, irmãs, procuremos perguntar-nos: somos capazes de deixar espaço aos outros? De ouvi-los, de deixá-los livres, de não os atar a nós, pretendendo reconhecimentos? Inclusive de deixá-los falar, às vezes. Não dizer: “Mas não sabes nada!”. Deixar falar, dar espaço aos outros. Atraímos os outros para Jesus ou para nós mesmos? E ainda, seguindo o exemplo de João: sabemos como nos regozijar que as pessoas empreendam o próprio caminho e sigam a sua chamada, mesmo que isso signifique um pouco de desapego de nós? Regozijamo-nos com as suas realizações, com sinceridade e sem inveja? Isto significa deixar que os outros cresçam.

Que Maria, a serva do Senhor, nos ajude a libertar-nos dos apegos, a dar espaço ao Senhor e aos demais.

"Eis o Cordeiro de Deus" (Masolino da Panicale)

Fonte: Santa Sé.

Exéquias do Cardeal George Pell

No dia 14 de janeiro de 2023 o Cardeal Giovanni Battista Re, Decano do Colégio Cardinalício, presidiu no altar da Cátedra da Basílica de São Pedro a Santa Missa Exequial do Cardeal George Pell, Prefeito Emérito da Secretaria para a Economia da Santa Sé, falecido em Roma no dia 10 de janeiro aos 81 anos.

O Papa Francisco presidiu os ritos da Última Encomendação e Despedida no final da celebração, assistido pelos Monsenhores Diego Giovanni Ravelli e Ján Dubina (este último também assistiu o Cardeal Re durante a Missa).

Cardeal George Pell (†2023)
Mons. Ravelli depõe o Evangeliário sobre o féretro

Incensação do altar
Ritos iniciais