segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Missa de despedida de Dom Rafael em Curitiba

No último dia 27 de agosto Dom Rafael Biernaski, Bispo Eleito de Blumenau (SC), presidiu a Santa Missa na Catedral Nossa Senhora da Luz dos Pinhais em ação de graças por seu ministério episcopal na Arquidiocese (2010-2015).

Concelebraram o Arcebispo de Curitiba, Dom José Antonio Peruzzo, o Bispo Auxiliar, Dom José Mário, e vários sacerdotes. Houve também uma considerável presença de fieis leigos.

No início da celebração Dom Rafael ganhou uma casula como sinal de gratidão da Arquidiocese.


Dom Rafael saúda o Arcebispo Dom Peruzzo
Apresentação das oferendas
Consagração
Comunhão
Agradecimento de um representante do clero

Imagens: Arquidiocese de Curitiba

XXV Catequese do Papa sobre a Família

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 26 de Agosto de 2015
A Família (25): Família e oração

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
Depois de ter reflectido sobre o modo como a família vive os tempos da festa e do trabalho, consideremos agora o tempo da oração. A reclamação mais frequente dos cristãos refere-se precisamente ao tempo: «Deveria rezar mais...; gostaria de o fazer, mas com frequência falta-me o tempo». Ouvimos isto continuamente. Sem dúvida, o desagrado é sincero porque o coração humano procura sempre a oração, até sem o saber; e se não a encontra não tem paz. Mas para que se encontrem é preciso cultivar no coração um amor «fervoroso» a Deus, um amor afetivo.
Podemos fazer-nos uma pergunta muito simples. É positivo acreditar em Deus com todo o coração, esperar que nos ajude nas dificuldades, sentir-nos na obrigação de o agradecer. Tudo certo. Mas amamos um pouco o Senhor? O pensamento de Deus comove-nos, admira-nos, enternece-nos?
Pensemos na formalidade do grande mandamento, que fundamenta todos os outros: «Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a sua alma e com todas as tuas forças» (Dt 6,5; cf. Mt 22,37). A fórmula usa a linguagem intensiva do amor, derramando-o em Deus. Pois bem, o espírito de oração reside sobretudo aqui. E se reside aqui, permanece o tempo todo e nunca acaba. Conseguimos pensar em Deus como a carícia que nos mantém em vida, antes da qual nada existe? Uma carícia da qual nada, nem a morte, nos pode separar? Ou pensamos nele só como o grande Ser, o Todo-Poderoso que fez todas as coisas, o Juiz que controla cada ação? Naturalmente, tudo isto é verdade. Mas só quando Deus é o carinho de todos os nossos afetos, o significado destas palavras torna-se pleno. Então sentimo-nos felizes, e até um pouco confusos, porque Ele pensa em nós mas sobretudo ama-nos! Não é impressionante? Não é impressionante que Deus nos acaricie com amor de pai? É muito bonito! Podia simplesmente fazer-se reconhecer como o Ser supremo, apresentar os seus mandamentos e esperar os resultados. Mas Deus realizou e realiza infinitamente mais do que isto. Acompanha-nos no caminho da vida, protege-nos, ama-nos.
Se o afeto a Deus não acender o fogo, o espírito da oração não aquecerá o tempo. Podemos inclusive multiplicar as nossas palavras, «como fazem os pagãos», diz Jesus; ou então exibir os nossos ritos, «como fazem os fariseus» (cf. Mt 6,5.7). Um coração habitado pelo afeto a Deus torna oração até um pensamento sem palavras, ou uma invocação diante de uma imagem sagrada, ou um beijo lançado a uma igreja. É bonito quando as mães ensinam os filhos pequenos a lançar um beijo a Jesus ou a Nossa Senhora. Quanta ternura há nisto! Naquele momento o coração das crianças transforma-se em lugar de oração. E é um dom do Espírito Santo. Nunca nos esqueçamos de pedir este dom para cada um de nós! Porque o Espírito de Deus tem aquele seu modo especial de dizer no nosso coração «Abbá» - «Pai», ensina-nos a dizer «Pai» precisamente como o dizia Jesus, um modo que nunca poderemos aprender sozinhos (cf. Gl 4,6). É em família que se aprende a pedir e apreciar este dom do Espírito. Se o aprendermos com a mesma espontaneidade com a qual aprendemos a dizer «pai» e «mãe», aprendê-lo-emos para sempre. Quando acontece isto, o tempo da inteira vida familiar é envolvido no ventre do amor de Deus e procura espontaneamente o tempo da oração.
O tempo da família, como se sabe, é complicado e movimentado, ocupado e preocupado. É sempre pouco, nunca é suficiente, há muitas coisas para fazer. Quem tem uma família logo aprende a resolver uma equação que nem os grandes matemáticos sabem solucionar: em vinte e quatro horas fazem caber o dobro! Há mães e pais que poderiam ganhar o Nobel por esta razão. De 24 horas fazem 48: não sei como fazem mas movimentam-se e fazem-no! Há muito trabalho em família!
O espírito da oração restitui o tempo a Deus, sai da obsessão de uma vida à qual sempre falta o tempo, reencontra a paz das coisas necessárias e descobre a alegria de dons inesperados. Boas guias para isto são as duas irmãs Marta e Maria, sobre as quais fala o Evangelho que ouvimos; elas aprenderam de Deus a harmonia dos ritmos familiares: a beleza da festa, a serenidade do trabalho e o espírito da oração (cf. Lc 10,38-42). A visita de Jesus, ao qual amavam, era a sua festa. Contudo, um dia Marta aprendeu que o trabalho da hospitalidade, embora importante, não é tudo, mas ouvir o Senhor, como fazia Maria, era verdadeiramente essencial, a «melhor parte» do tempo. A oração brota da escuta de Jesus, da leitura do Evangelho. Não vos esqueçais, todos os dias de ler um trecho do Evangelho. A oração brota da intimidade com a Palavra de Deus. Existe esta confidência na nossa família? Temos o Evangelho em casa? Abrimo-lo às vezes para o ler juntos? Meditamo-lo, recitando o terço? O Evangelho lido e meditado em família é como um pão saboroso que nutre o coração de todos. E de manhã e à noite, e quando sentamos à mesa, aprendamos a fazer uma oração juntos, com muita simplicidade: é Jesus que vem entre nós, como ia visitar a família de Marta, Maria e Lázaro. Algo que me está muito a peito e vi nas cidades: há crianças que não aprenderam a fazer o sinal da cruz! Mas tu mãe, pai, ensina a criança a rezar, a fazer o sinal da cruz: esta é uma linda tarefa das mães e dos pais!
Na oração da família, nos seus momentos fortes e nas passagens difíceis, confiemo-nos uns aos outros, para que cada um de nós, em família, seja protegido pelo amor de Deus.


Fonte: Santa Sé

Primeira Divina Liturgia presidida pelo Pe. Neomir

Recentemente publicamos as fotos da Ordenação Diaconal e da Ordenação Sacerdotal do Padre Neomir Doopiat Gasperin, do clero da Metropolia São João Batista para os fieis ucranianos católicos. No último dia 23 de agosto o neo-sacerdote celebrou sua primeira Divina Liturgia em Rito Bizantino-Ucraniano na sua comunidade de origem, São João Batista da Colônia Legru (Porto União - SC).

Destaca-se o costume de algumas jovens ladearem o neo-sacerdote com uma grinalda de flores, tradição compartilhada por outros povos eslavos, como os poloneses.

Procissão de entrada: neo-sacerdote ladeado pela grinalda de flores

Incensação

Anáfora

Ângelus: XXI Domingo do Tempo Comum - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 23 de agosto de 2015

Queridos irmãs e irmãs, bom dia!
Conclui-se hoje a leitura do capítulo 6 do Evangelho de João, com o discurso sobre o «Pão da vida», pronunciado por Jesus no dia seguinte ao milagre da multiplicação dos pães e dos peixes. No final daquele discurso, o grande entusiasmo do dia anterior apagou-se, porque Jesus tinha afirmado ser Pão descido do céu, e que teria dado a sua carne como alimento e o seu sangue como bebida, aludindo assim claramente ao sacrifício da sua própria vida. Aquelas palavras suscitaram desilusão nas pessoas, que as julgaram indignas do Messias, não «vencedoras». Portanto, alguns olhavam para Jesus: como um Messias que devia falar e agir de forma que a sua missão tivesse sucesso, imediatamente. Mas precisamente sobre isso eles enganavam-se: acerca do modo de conceber a missão do Messias! Nem sequer os discípulos conseguem aceitar aquela linguagem inquietante do Mestre. E o trecho de hoje refere as suas apreensões: «Isto é muito duro! - diziam - Quem o pode admitir?» (Jo 6,60).

Na realidade, eles compreenderam bem o discurso de Jesus. Tão bem que não queriam ouvi-lo, porque é um discurso que põe em crise a sua mentalidade. As palavras de Jesus sempre nos põem em crise, por exemplo diante do espírito do mundo, da mundanidade. Mas Jesus oferece a chave para superar as dificuldades: uma chave composta por três elementos. Primeiro, a sua origem divina: Ele desceu do céu e subirá «para onde estava antes» (v. 62). Segundo: as suas palavras só podem ser compreendidas através da acção do Espírito Santo, Aquele «que dá a vida» (v. 63) é precisamente o Espírito Santo que nos faz entender bem Jesus. Terceiro: a verdadeira causa da incompreensão das suas palavras é a falta de fé: «Mas há alguns entre vós que não creem» (v. 64), diz Jesus. Com efeito, desde então, está escrito no Evangelho, «muitos dos seus discípulos se retiraram e voltaram atrás» (v. 66). Perante estas deserções, Jesus não faz concessões e não atenua as suas palavras, aliás obriga a fazer uma escolha específica: estar com Ele ou separar-se d’Ele, e diz aos Doze: «Quereis vós também retirar-vos?» (v. 67).

A este ponto Pedro faz a sua confissão de fé em nome dos outros Apóstolos: «Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna» (v. 68). Não diz «para onde iremos?», mas «para quem iremos?». O problema fundamental não é ir e abandonar a obra empreendida, mas é para quem ir. A partir desta interrogação de Pedro, compreendemos que a fidelidade a Deus é questão de fidelidade a uma pessoa, com o qual nos unimos para caminhar juntos pela mesma estrada. E esta pessoa é Jesus. Tudo o que temos no mundo não sacia a nossa fome de infinito. Precisamos de Jesus, de estar com Ele, de alimentarmo-nos à sua mesa, com as suas palavras de vida eterna! Acreditar em Jesus significa torná-lo centro, o sentido da nossa vida. Cristo não é um elemento acessório: é o «pão vivo», o alimento indispensável. Unir-se a Ele, numa verdadeira relação de fé e de amor, não significa estar acorrentado, mas profundamente livre, sempre a caminho. Cada um de nós pode questionar-se: quem é Jesus para mim? É um nome, uma ideia, só um personagem histórico? Ou é verdadeiramente aquela pessoa que me ama, que deu a sua vida por mim e caminha comigo? Para ti, quem é Jesus? Estás com Jesus? Procuras conhecê-lo mediante a sua palavra? Lês o Evangelho, todos os dias um trecho do Evangelho para conhecer Jesus? Tens contigo um pequeno Evangelho no bolso, na bolsa, para o ler, em todos os lugares? Por que quanto mais estivermos com Ele tanto mais crescerá o desejo de permanecer com Ele. Agora peço-vos gentilmente, façamos um momento de silêncio e cada um de nós em silêncio, no seu coração, pergunte a si mesmo: «Quem é Jesus para mim?». Em silêncio, cada um responda no seu coração.

A Virgem Maria nos ajude a «ir» sempre ter com Jesus para experimentar a liberdade que Ele nos oferece, e que nos permita limpar as nossa escolhas das incrustações mundanas e dos medos.


Fonte: Santa Sé.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Ordenação Presbiteral em Foz do Iguaçu

No último dia 21 de agosto Dom Dirceu Vegini, Bispo Diocesano de Foz do Iguaçu (PR) celebrou a Santa Missa para a Ordenação Presbiteral do Diácono Nivaldo Rodrigo Aguilera Pereira na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro em Foz do Iguaçu.

O Padre Nivaldo apareceu algumas vezes em nosso blog enquanto atuava como diácono nas celebrações da Catedral de Foz do Iguaçu.

Homilia
Ladainha

Imposição das mãos
Oração consecratória

Seminário Teológico de Curitiba celebra sua padroeira

O Seminário Maior Teológico da Arquidiocese de Curitiba celebrou as I Vésperas da solenidade de sua padroeira, Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos, no último dia 21 de agosto.

A Santa Missa foi presidida por Dom José Mário Scalon Angonese, Bispo Auxiliar de Curitiba, e concelebrada pelos padres formadores da Arquidiocese. Estiveram presentes também todos os seminaristas arquidiocesanos.

Imagem de Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos
Incensação
Dom José Mário com os reitores dos Seminários da Arquidiocese
Bênção ao sacerdote para o Evangelho
Evangelho

Papa Francisco assiste a Missa no dia de São Pio X

No último dia 21 de agosto  o Papa Francisco, após celebrar a Missa na Capela da Casa Santa Marta, dirigiu-se à Basílica de São Pedro para rezar diante do túmulo de São Pio X, cuja memória litúrgica a Igreja celebra neste dia.

Após rezar por alguns instantes, o Papa assistiu a Missa que foi celebrada no altar da Apresentação de Nossa Senhora, sob o qual está o túmulo de São Pio X. Quem celebrou a Missa foi o italiano Monsenhor Lucio Bonora, que trabalha na Secretaria de Estado da Santa Sé.

O Papa permaneceu junto aos fieis e com eles recebeu a Comunhão. Que isto sirva de exemplo para muitos sacerdotes que comungam por conta quando não estão concelebrando, além de diáconos e mesmo leigos (confira-se a este respeito a Introdução Geral do Missal Romano e a Instrução Redemptionis Sacramentum). O Papa dá o exemplo!

Ao final da Missa, o Papa disse ao Monsenhor Lucio Bonora: "Eu vim para uma oração pessoal, pois já havia celebrado a missa cedo, mas, vi que vinhas em direção ao altar celebrar e então resolvi ficar... Havia dito a você que sou devoto de São Pio X!"


Com informações da Rádio Vaticano

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

História da devoção a Nossa Senhora de Czestochowa

A história da Matki Bożej Częstochowskiej (Mãe de Deus de Częstochowa) está intimamente ligada à própria história da Polônia. A devoção mariana é um elemento constitutivo da identidade do povo polonês desde sua conversão ao cristianismo em 966.


A origem do santuário mariano na cidade de Częstochowa, sobre a colina denominada Monte Claro (em polonês, Jasna Góra), remonta ao século XIV. Em 1382 o príncipe Władysław Opolczyk mandou construir ali um mosteiro, confiado aos cuidados dos monges paulinos (Eremitas de São Paulo) vindos da Hungria. Dois anos após sua chegada, o mosteiro recebeu um ícone de Nossa Senhora, cuja autoria a tradição atribui a São Lucas. Em pouco tempo este mosteiro se converteria em um santuário nacional e principal centro de peregrinações da Polônia.

Em 1430 o mosteiro é atacado pelos hussitas tchecos, que golpeiam à espada o ícone, gerando dois cortes na face direita da imagem de Maria, que permanecem até hoje. Este ato iconoclasta só reforçou a devoção dos poloneses à Virgem de Częstochowa. À sua intercessão atribuem-se as sucessivas vitórias contra as invasões estrangeiras nos séculos seguintes: os tártaros em 1487 e 1527, os russos em 1514, os turcos em 1621 e 1675, entre outras.

As duas maiores vitórias atribuídas à intercessão da Virgem foram contra os suecos em 1660, o chamado “Dilúvio”, quando o rei Jan II Kazimierz fez um voto de reconhecer a Virgem Maria como Regina Poloniae (Rainha da Polônia ou, em polonês, Królowa Polski), e contra os turcos em 1683, sob o reinado de Jan III Sobieski.

Em 08 de setembro de 1717, o ícone é solenemente coroado e a Virgem Maria é oficialmente reconhecida como Rainha da Polônia, sob o pontificado de Clemente XI. Nos anos seguintes, a devoção mariana será, com efeito, o grande baluarte da unidade do povo polonês durante as sucessivas invasões das potências estrangeiras. Częstochowa se transforma então na “capital espiritual” da Polônia.


O ápice do “martírio do povo polonês” deu-se no século XX, sob os regimes nazista alemão (1939-1945) e comunista russo (1945-1989). Primeiramente os nazistas, que proíbem as peregrinações a Częstochowa e chegam a ocupar o santuário. O ícone é então escondido pelos monges paulinos. A padroeira como que partilha da sorte de seu povo, que vive um catolicismo clandestino.

Com a queda do nazismo em 1945, quando tudo parecia melhorar, a situação só piora. O regime comunista, ateu e anti-religioso, proíbe a construção de novas igrejas, prende e executa inúmeros bispos e sacerdotes e persegue incansavelmente a devoção à Virgem de Częstochowa. Entre 1957 e 1966, para comemorar o milênio do Batismo da Polônia, se organiza uma peregrinação nacional de uma réplica do ícone. O governo, porém o confisca, o que não desanima a fé do povo, como recorda São João Paulo II:

Quando por iniciativa do episcopado, e em particular do cardeal Stefan Wyszynski, partiu de Częstochowa a peregrinação com a “Nossa Senhora Negra”, que deveria visitar cada paróquia e cada comunidade da Polônia, as autoridades comunistas fizeram de tudo para o impedir. E quando o Ícone foi “sequestrado” pela polícia, a peregrinação continuou com a moldura vazia, e sua mensagem se tornou ainda mais eloquente. Naquela moldura privada de imagem podia-se ler o sinal mudo da falta de liberdade religiosa. O povo sabia que era direito seu reavê-la e rezou com ainda mais fervor para que isso acontecesse. Aquela peregrinação durou quase 25 anos e contribuiu para reforçar no país, de modo extraordinário, a fé, a esperança e a caridade
(JOÃO PAULO II. Levantai-vos! Vamos! São Paulo: Planeta do Brasil, 2004, p. 62).

Com a eleição de Karol Wojtyła ao Papado em 1978, cresce a devoção à Virgem de Częstochowa. Com suas visitas ao país, e de maneira especial ao Santuário de Jasna Góra, São João Paulo II encorajou o povo polonês a trabalhar pela unidade e manter-se fiel à sua identidade católica.


Podemos concluir com as palavras de Pio XII, citadas por João Paulo II: “A Polônia não desapareceu e não desaparecerá, uma vez que a Polônia crê, a Polônia ora, a Polônia tem Jasna Góra” (JOÃO PAULO II, op. cit., p. 62).

REFERÊNCIAS

BOFF, Clodovis. Mariologia social: O significado da Virgem para a sociedade. São Paulo: Paulus, 2006.

DE FIORES, Stefano; MEO, Salvatore (Org.). Dicionário de Mariologia. São Paulo; Paulus, 1995.

JOÃO PAULO II. Levantai-vos! Vamos! São Paulo: Planeta do Brasil, 2004.

XXIV Catequese do Papa sobre a Família

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 19 de Agosto de 2015
A Família (24): Família e trabalho

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
Depois de ter reflectido sobre o valor da festa na vida da família, hoje meditemos sobre o elemento complementar, que é o trabalho. Ambos fazem parte do desígnio criador de Deus, a festa e o trabalho.
O trabalho, diz-se normalmente, é necessário para manter a família, criar os filhos, garantir aos próprios entes queridos uma vida digna. De uma pessoa séria, honesta, o que de mais bonito se possa dizer é: «É um trabalhador», precisamente uma pessoa que trabalha, que na comunidade não vive às custas dos outros. Há muitos argentinos aqui, vejo-vos, e direi como dizemos nós: «No vive de arriba».
Com efeito, o trabalho nas suas mil formas, a partir daquele doméstico, cuida também do bem comum. E onde se aprende este estilo de vida laboriosa? Antes de mais aprende-se em família. A família educa para o trabalho com o exemplo dos pais: pai e mãe que trabalham para o bem da família e da sociedade.
No Evangelho, a Sagrada Família de Nazaré aparece como uma família de trabalhadores, e o próprio Jesus é chamado «filho do carpinteiro» (cf. Mt 13,55) ou até «o carpinteiro» (cf. Mc 6,3). São Paulo não deixa de advertir os cristãos: «Quem não quiser trabalhar, não tem o direito de comer» (2Ts 3,10). Esta é uma boa receita para emagrecer, não trabalhas, não comes! O apóstolo refere-se explicitamente ao falso espiritualismo de alguns que, de facto, vivem às custas dos seus irmãos e irmãs «ocupando-se de futilidades» (2Ts 3,11). O compromisso do trabalho e a vida do espírito, na concepção cristã, não estão absolutamente em contraste entre si. É muito importante entender isto! Oração e trabalho podem e devem estar juntos, em harmonia, como ensina são Bento. A falta de trabalho prejudica também o espírito, assim como a falta de oração deteriora inclusive a atividade prática.
Trabalhar - repito, nas suas mil formas - é próprio da pessoa humana. Exprime a sua dignidade de ter sido criada à imagem de Deus. Por isso, diz-se que o trabalho é sagrado. E portanto a gestão do emprego é uma grande responsabilidade humana e social, que não pode ser deixada nas mãos de poucos nem acabar num «mercado» divinizado. Causar uma perda de lugares de trabalho significa provocar um grave dano social. Entristeço-me quando vejo que há pessoas sem trabalho, que não encontram emprego e não têm a dignidade de levar o pão para casa. Alegro-me muito quando vejo que os governantes fazem grandes esforços para criar postos de trabalho a fim de que todos o tenham. Ele é sagrado, confere dignidade à família. Devemos rezar para que não falte trabalho na família.
Por conseguinte, também o trabalho, como a festa, faz parte do desígnio de Deus Criador. No livro do Gênesis, o tema da terra como casa-jardim, confiada aos cuidados e ao trabalho do homem (cf. 2,8.15), é antecipado com um trecho muito comovedor: «Quando o Senhor Deus fez a terra e os céus, não havia arbusto algum pelos campos, nem sequer uma planta germinara ainda, porque o Senhor Deus não tinha feito chover sobre a terra e não havia homem para a cultivar. Mas da terra elevava-se um vapor que regava toda a superfície» (2,5-6). Não é romantismo, é revelação de Deus; e nós temos a responsabilidade de a compreender e assimilar até ao fundo. A Encíclica Laudato si’, que propõe uma ecologia integral, contém também esta mensagem: a beleza da terra e a dignidade do trabalho existem para estar juntas. Caminham juntas: a terra torna-se bonita quando é trabalhada pelo homem. Quando o trabalho se afasta da aliança de Deus com o homem e a mulher, quando se separa das suas qualidades espirituais, quando é refém só da lógica do lucro e despreza os afetos da vida, o aviltamento da alma contamina tudo: inclusive o ar, a água, as ervas, os alimentos... A vida civil corrompe-se e o habitat deteriora-se. E as consequências atingem sobretudo os mais pobres e as famílias mais pobres. A moderna organização do trabalho às vezes mostra uma perigosa tendência a considerar a família como um obstáculo, um peso, uma passividade, para a produtividade do trabalho. Mas esquecemo-nos: qual produtividade? E para quem? A chamada «cidade inteligente» sem dúvida é rica de serviços e organização; contudo, por exemplo, com frequência é hostil a crianças e idosos.
Às vezes quem projeta está interessado na gestão da força de trabalho individual, para montar e utilizar ou descartar de acordo com a conveniência econômica. A família é um grande teste. Quando a organização do trabalho a mantém refém, ou até lhe impede o caminho, então estamos certos de que a sociedade humana começou a agir contra si mesma!
As famílias cristãs recebem desta conjuntura um grande desafio e uma grande missão. Elas apresentam os fundamentos da criação de Deus: a identidade e o vínculo do homem e da mulher, a geração dos filhos, o trabalho que torna a terra doméstica e habitável. A perda desses fundamentos é um problema muito sério, e já temos demasiadas fendas na casa comum! A tarefa não é fácil. Às vezes as associações de famílias podem ter a impressão de ser como David diante de Golias... mas sabemos como se concluiu aquele desafio! São necessárias fé e astúcia. Deus nos conceda receber com alegria e esperança a sua chamada, neste momento difícil da nossa história, a chamada ao trabalho para dar dignidade a nós mesmos e à própria família.


Fonte: Santa Sé

Ordenação sacerdotal no Rito Bizantino

No último dia 16 de agosto Dom Volodemer Koubetch, Metropolita da Arquieparquia de São João Batista para os Católicos Ucranianos celebrou na Paróquia São Basílio Magno de União da Vitória (PR) a Divina Liturgia para a Ordenação Sacerdotal do Diácono Neomir Doopiat Gasperin.

Seguem algumas fotos do site da Metropolia:

Acolhida ao Bispo com pão e sal
Divina Liturgia

Evangelho
Homilia

Solenidade da Assunção na Catedral de São Paulo

No último dia 16 de agosto a Catedral Metropolitana de São Paulo celebrou sua padroeira, Nossa Senhora da Assunção. A Missa solene foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo.

Também no sábado houve Missa solene, celebrada por Dom Edmar Peron, Bispo Auxiliar de São Paulo.

Missa do Sábado, dia 15:
Dom Edmar Peron
Ritos iniciais
Homilia
Oração Eucarística

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Ângelus: XX Domingo do Tempo Comum - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 16 de agosto de 2015

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
Ao longo destes domingos, a Liturgia vai propondo-nos, do Evangelho de João, o discurso de Jesus sobre o Pão da vida, que é Ele mesmo e que constitui também o sacramento da Eucaristia. O trecho hodierno (Jo 6,51-58) apresenta a última parte de tal discurso e fala sobre algumas pessoas do meio do povo que se escandalizam ao ouvirem Jesus dizer: «Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia» (v. 54). O assombro dos ouvintes é compreensível; com efeito, Jesus recorre ao estilo típico dos profetas, para provocar nas pessoas  e também em nós interrogações e, afinal, suscitar uma decisão. Antes de tudo, interrogações: o que significa «comer a carne e beber o sangue» de Jesus? É apenas uma imagem, um modo de dizer, um símbolo, ou indica algo de real? Para responder, é necessário intuir o que acontece no Coração de Jesus, ao partir os pães para os distribuir à multidão faminta. Consciente de que deverá morrer na cruz por nós, Jesus identifica-se com aquele pão partido e compartilhado, tornando-se para Ele o «sinal» do Sacrifício que o espera. Este processo encontra o seu ápice na última Ceia, onde o pão e o vinho se tornam realmente o seu Corpo e o Sangue. É a Eucaristia, que Jesus nos deixa com uma finalidade específica: que nós possamos tornar-nos um só com Ele. Efetivamente, Ele diz: «Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e Eu nele» (v. 56). «Permanecer»: Jesus em nós, e nós em Jesus. Comunhão é assimilação: comendo a sua carne, tornamo-nos como Ele. Contudo, isto requer o nosso «sim», a nossa adesão de fé!

Às vezes, a propósito da Santa Missa, ouve-se a seguinte objecção: «Mas para que serve a Missa? Vou à igreja quando tenho vontade, ou rezo melhor quando estou sozinho». Mas a Eucaristia não é uma oração particular, nem uma bonita experiência espiritual; não é uma simples comemoração daquilo que Jesus realizou na última Ceia. Para entender bem, nós dizemos que a Eucaristia é um «memorial», ou seja, um gesto que atualiza e torna presente o acontecimento da morte e da ressurreição de Jesus: o pão é realmente o seu Corpo entregue por nós; o vinho é deveras o seu Sangue derramado por nós.

A Eucaristia é o próprio Jesus que se entrega inteiramente por nós. Alimentar-nos dele e permanecermos nele mediante a Comunhão eucarística, se o fizermos com fé, transforma a nossa vida, transforma-a num dom a Deus e aos irmãos. Alimentar-nos daquele «Pão da vida» significa entrar em sintonia com o Coração de Cristo, assimilar as suas escolhas, os seus pensamentos e os seus comportamentos. Significa entrar num dinamismo de amor oblativo, tornando-nos pessoas de paz, pessoas de perdão, de reconciliação e de partilha solidária. Aquilo que Jesus fez.

Jesus conclui o seu discurso com as seguintes palavras: «Quem comer deste pão viverá eternamente» (Jo 6,58). Sim, viver em comunhão concreta, real, com Jesus nesta terra já nos faz passar da morte para a vida. O Céu começa precisamente nesta comunhão com Jesus, e deste modo fechamos os olhos para o mundo presente, na certeza de que no último dia ouviremos a voz de Jesus Ressuscitado que nos há de chamar, e despertaremos para permanecer sempre com Ele e com a grande família de santos.

E no Céu já nos espera Maria, nossa Mãe  ontem pudemos celebrar este mistério. Que ela nos alcance a graça de nos alimentarmos sempre com fé de Jesus, Pão da vida!


Fonte: Santa Sé.

Ordenações presbiterais em Sydney

No último dia 15 de agosto, Solenidade da Assunção da Virgem Maria, o Arcebispo de Sydney (Austrália), Dom Anthony Colin Fisher, O.P., celebrou a Santa Missa na Catedral de Santa Maria, durante a qual conferiu a ordenação presbiteral a dois diáconos de sua Arquidiocese.

Procissão de entrada

Promessa de obediência

Ladainha

Ângelus: Solenidade da Assunção de Maria 2015

Solenidade da Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria
Papa Francisco
Ângelus
Sábado, 15 de agosto de 2015

Amados irmãos e irmãs, bom dia e feliz festa de Nossa Senhora!
Hoje a Igreja celebra uma das festas mais importantes dedicadas à Bem-Aventurada Virgem Maria: a solenidade da sua Assunção. No final da sua vida terrena, a Mãe de Cristo foi elevada de alma e corpo ao Céu, ou seja, à glória da vida eterna, em plena comunhão com Deus.

A página evangélica de hoje (Lc 1,39-56) apresenta-nos Maria que, imediatamente depois de ter concebido por obra do Espírito Santo, vai visitar a sua idosa parente Isabel, também ela milagrosamente à espera de um filho. Neste encontro repleto de Espírito Santo, Maria exprime a sua alegria com o cântico do Magnificat, porque adquiriu plena consciência do significado das maravilhas que se realizam na sua vida: é através dela que alcança o seu cumprimento toda a expectativa do seu povo.

Contudo, o Evangelho mostra-nos também qual é o motivo mais verdadeiro da grandeza de Maria e da sua bem-aventurança: o motivo é a fé! Com efeito, Isabel saúda-a com as seguintes palavras: «Bem-aventurada és Tu que creste, porque se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!» (Lc 1,45). A fé é o âmago de toda a história de Maria; Ela é a crente, a grande crente! Ela sabe e di-lo que sobre a história pesam a violência dos prepotentes, o orgulho dos ricos, a arrogância dos soberbos. No entanto, Maria acredita e proclama que Deus não deixa sozinhos os seus filhos, humildes e pobres, mas socorre-os com misericórdia e solicitude, derrubando os poderosos dos seus tronos e dispersando os orgulhosos nas tramas dos seus corações. Esta é a fé da nossa Mãe, esta é a fé de Maria!

O cântico de Nossa Senhora, permite-nos também intuir o sentido completo da vicissitude de Maria: se a misericórdia do Senhor é o motor da história, então não podia «conhecer a corrupção do sepulcro Aquela que gerou o Senhor da vida» (Prefácio). Tudo isto não se refere unicamente a Maria. As «maravilhas» que o Todo-Poderoso realizou nela tocam-nos profundamente, falam-nos da nossa viagem na vida, recordam-nos a meta que nos espera: a casa do Pai. A nossa existência, vista à luz de Maria elevada ao Céu, não é um perambular sem sentido, mas uma peregrinação que, apesar de todas as suas incertezas e sofrimentos, tem uma meta segura: a casa do nosso Pai, que nos espera com amor. É bom pensar nisto: nós temos um Pai que nos espera com amor, e também a nossa Mãe Maria está lá em cima e nos aguarda com amor.

Mas enquanto a vida passa, Deus faz resplandecer «para o seu povo, peregrino sobre a terra, um sinal de consolação e de esperança segura» (ibid.). Aquele sinal tem um rosto e um nome: o rosto luminoso da Mãe do Senhor, o nome abençoado de Maria, cheia de graça, bem-aventurada porque acreditou na palavra do Senhor: a grande crente! Como membros da Igreja, estamos destinados a participar na glória da nossa Mãe porque, graças a Deus, também nós cremos no sacrifício de Cristo na cruz e, mediante o Baptismo, estamos inseridos neste mistério de salvação.

Hoje oremos todos juntos a Ela a fim de que, enquanto percorremos o nosso caminho nesta terra, nos dirija o seu olhar misericordioso, ilumine a nossa vereda, nos indique a meta e, depois deste exílio, nos mostre Jesus, fruto abençoado do seu seio. E juntos digamos: ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria!


Fonte: Santa Sé.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

XXIII Catequese do Papa sobre a Família

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 12 de Agosto de 2015
A Família (23): Família e festa

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje inauguramos um breve percurso de reflexão em três dimensões, que, por assim dizer, cadenciam o ritmo da vida familiar: a festa, o trabalho e a oração.
Encetemos pela festa. Hoje falaremos sobre a festa. E digamos imediatamente que a festa é uma invenção de Deus. Recordemos o desfecho da narração da criação no Livro do Gênesis, que há pouco ouvimos: «Tendo Deus terminado no sétimo dia a obra que tinha feito, descansou do seu trabalho. Ele abençoou o sétimo dia e consagrou-o, porque nesse dia repousara de toda a obra da Criação» (2,2-3). É o próprio Deus que nos ensina a importância de dedicar tempo à contemplação e à fruição daquilo que foi bem feito mediante o trabalho. Naturalmente, falo de trabalho não apenas no sentido do ofício e da profissão, mas no seu sentido mais amplo: cada gesto com que nós, homens e mulheres, podemos colaborar para a obra criadora de Deus.
Portanto, a festa não é a indolência de ficar sentado na poltrona, nem a ebriedade de um escapismo insensato; não, a festa é antes de tudo um olhar amoroso e agradecido sobre o trabalho bem feito; festejemos um trabalho! Também vós, recém-casados, festejais a labuta de um bom tempo de noivado: e isto é bonito! É o tempo para olhar os filhos, os netos que crescem, e pensar: que bonito! É o tempo para olhar a nossa casa, os amigos que hospedamos, a comunidade que nos circunda, e pensar: que bom! Deus agiu assim, quando criou o mundo. E ainda age continuamente assim, porque Deus cria sempre, até neste momento!
Pode acontecer que uma festa chegue em circunstâncias difíceis e dolorosas, e talvez seja celebrada «com um nó na garganta». E no entanto, até nestes casos, peçamos a Deus a força para não a esvaziar completamente. Vós, mães e pais, sabeis bem isto: quantas vezes, por amor aos filhos, sois capazes de superar os desgostos para permitir que eles vivam bem a festa, saboreando o bom sentido da vida! Há tanto amor nisto!
Inclusive no ambiente de trabalho, às vezes - sem faltar aos próprios deveres! - nós sabemos «inserir» algumas centelhas de festa: um aniversário, um casamento, um nascimento, assim como a despedida ou a chegada de alguém... é importante. É importante fazer festa! São momentos de familiaridade na engrenagem da máquina de produção: faz-nos bem!
Contudo, o verdadeiro tempo da festa suspende o trabalho profissional e é sagrado, porque recorda ao homem e à mulher que são feitos à imagem de Deus, o qual não é escravo do trabalho mas Senhor, e portanto também nós nunca devemos ser escravos do trabalho, mas «senhores». Para isto existe um mandamento, um mandamento que se refere a todos, sem excluir ninguém! E no entanto, sabemos que existem milhões de homens e mulheres, e até crianças, escravos do trabalho! Nesta época existem escravos, pessoas que são exploradas, escravos do trabalho, e isto é contra Deus e contra a dignidade da pessoa humana! A obsessão do lucro econômico e o eficientismo da técnica ameaçam os ritmos humanos da existência, porque a vida tem os seus ritmos humanos. O tempo do descanso, sobretudo dominical, é-nos destinado para podermos gozar daquilo que não se produz e não se consume, que não se compra e não se vende. E no entanto, vemos que a ideologia do lucro e do consumo quer devorar também a festa: até ela, às vezes, é reduzida a um «negócio», a um modo de ganhar dinheiro e de gastá-lo. Mas é para isto que trabalhamos? A ganância do consumo, que acarreta o desperdício, é um vírus ruim que, de resto, no final nos faz sentir mais cansados do que antes. Prejudica o trabalho autêntico e consome a vida. Os ritmos desregrados da festa provocam vítimas, muitas vezes jovens.
Enfim, o tempo da festa é sagrado porque Deus o habita de uma maneira especial. A Eucaristia dominical leva à festa toda a graça de Jesus Cristo: a sua presença, o seu amor, o seu sacrifício, o seu fazer-nos comunidade, o seu estar connosco... E assim cada realidade recebe o seu pleno sentido: o trabalho, a família, as alegrias e as dificuldades de cada dia, mas também o sofrimento e a morte; tudo é transfigurado pela graça de Cristo.
A família é dotada de uma competência extraordinária para compreender, orientar e promover o valor autêntico do tempo da festa. Mas como as festas em família são bonitas, belíssimas! E em particular a festa do domingo. Sem dúvida, não é por acaso que as festas nas quais há lugar para a família inteira são as mais bem sucedidas!
A própria vida familiar, contemplada com os olhos da fé, parece-nos melhor do que os esforços que ela nos custa. Manifesta-se-nos como uma obra-prima de simplicidade, bonita precisamente porque não é artificial nem postiça, mas capaz de incorporar em si todos os aspectos da vida real. Parece-nos como algo «muito bom», como Deus disse no final da criação do homem e da mulher (cf. Gn 1,31). Por conseguinte, a festa é um presente precioso de Deus; um dom inestimável que Deus ofereceu à família humana: não o estraguemos!


Fonte: Santa Sé

Ângelus: XIX Domingo do Tempo Comum - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 09 de agosto de 2015

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Neste domingo prossegue a leitura do capítulo 6 do Evangelho de João, no qual Jesus, depois de ter realizado o grande milagre da multiplicação dos pães, explica às pessoas o significado daquele «sinal» (Jo 6,41-51).

Como já tinha feito precedentemente com a Samaritana, partindo da experiência da sede e do sinal da água, aqui Jesus parte da experiência da fome e do sinal do pão, para revelar-se a si mesmo e convidar a crer n’Ele.

O povo procura-o, o povo escuta-o, porque ficou entusiasmado com o milagre - queria torná-lo rei! - mas quando Jesus afirma que o verdadeiro pão, doado por Deus, é Ele mesmo, muitos se escandalizam, não compreendem e começam a murmurar entre si: «Porventura - diziam - não é ele Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe conhecemos? Como, pois, diz ele: “Desci do céu?”» (Jo 6,42). E começam a murmurar. Então Jesus responde: «Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o atrair» e acrescenta: «quem crê em mim tem a vida eterna» (vv44.47).

Esta palavra do Senhor surpreende-nos e faz-nos refletir. Ela introduz na dinâmica da fé, que é uma relação: a relação entre a pessoa humana - todos nós - e a Pessoa de Jesus, onde um papel decisivo é desempenhado pelo Pai, e naturalmente também pelo Espírito Santo - que aqui está subentendido. Não basta encontrar Jesus para acreditar n’Ele, não basta ler a Bíblia, o Evangelho - isto é importante, mas não basta - nem é suficiente assistir a um milagre, como a multiplicação dos pães. Muitas pessoas estiveram em estreito contato com Jesus e não acreditaram n’Ele, pelo contrário, desprezaram-no e condenaram-no. E eu pergunto-me: por que isso? Não foram atraídas pelo Pai? Não, isso aconteceu porque os seus corações estavam fechados à ação do Espírito de Deus. E se tiveres o coração fechado, a fé não entrará. Deus Pai sempre nos atrai a Jesus: somos nós que abrimos ou fechamos o nosso coração. Ao contrário, a fé, que é como uma semente no profundo do coração, desabrocha quando nos deixamos «atrair» pelo Pai rumo a Jesus, e «vamos ter com Ele» de coração aberto, sem preconceitos; então reconhecemos no seu rosto a Face de Deus e nas suas palavras a Palavra de Deus, porque o Espírito Santo nos fez entrar na relação de amor e de vida que existe entre Jesus e Deus Pai. E ali nós recebemos o dom, o presente da fé.

Então, com esta atitude de fé, podemos compreender também o sentido do «Pão da vida» que Jesus nos doa, e que Ele exprime assim: «Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo» (Jo 6,51). Em Jesus, na sua «carne» - ou seja, na sua humanidade concreta - está presente todo o amor de Deus, que é o Espírito Santo. Quem se deixa atrair por este amor caminha rumo a Jesus, vai com fé e d’Ele recebe a vida, a vida eterna.

Quem viveu essa experiência de forma exemplar foi a Virgem de Nazaré, Maria: a primeira pessoa humana que acreditou em Deus acolhendo a carne de Jesus. Aprendamos dela, nossa Mãe, a alegria e a gratidão pelo dom da fé. Um dom que não é «privado», um dom que não é propriedade particular mas é um dom a ser partilhado: um dom «para a vida do mundo»!


Fonte: Santa Sé.