quarta-feira, 29 de maio de 2013

Fotos do Domingo de Pentecostes em Nonoai

No ultimo dia 19 de Maio, Dom Antônio Carlos Rossi Keller, Bispo Diocesano de Frederico Westphalen (RS) presidiu a Celebração Eucarística do Domingo de Pentecostes na cidade de Nonoai, por ocasião da 49ª Romaria em honra dos Beatos Manuel e Adílio.

Apesar da forte chuva, acorreram à celebração um grande número de fieis, como pode ser visto nas fotos do Sem. Maurício Moskva:

Fieis sob a chuva
Ritos iniciais

Liturgia da Palavra
Imposição do incenso

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Fotos do Domingo de Pentecostes no Butiatuvinha

No último dia 18 de Março, o Revmo. Pe. Elmo Heck presidiu a Celebração Eucarística no Domingo de Pentecostes na Paróquia Nossa Senhora da Conceição em Butiatuvinha (Curitiba). A celebração contou com a participação dos jovens da comunidade que preparam-se para a Jornada Mundial da Juventude Rio 2013.

Procissão de entrada

Incensação do altar
Incensação do círio pascal

Fotos do Domingo de Pentecostes no Vaticano

No último dia 19 de maio, Domingo de Pentecostes, o Santo Padre o Papa Francisco presidiu a Concelebração Eucarística na Praça de São Pedro, com a presença de uma representação de vários Movimentos Eclesiais no contexto do Ano da Fé.

Assistiram ao Santo Padre no ofício de Cerimoniários os Monsenhores Guido Marini e Jean-Pierre Kwambamba Masi.

Seguem algumas fotos da celebração, publicadas pela Santa Sé e pela Rádio Vaticano:

Procissão de entrada

Bênção da água
Aspersão
Durante as leituras

Homilia do Papa: Domingo de Pentecostes 2013

Solenidade de Pentecostes
Santa Missa com os Movimentos Eclesiais
Homilia do Papa Francisco
Praça de São Pedro
Domingo, 19 de maio de 2013

Amados irmãos e irmãs,
Neste dia, contemplamos e revivemos na Liturgia a efusão do Espírito Santo realizada por Cristo ressuscitado sobre a sua Igreja; um evento de graça que encheu o Cenáculo de Jerusalém para se estender ao mundo inteiro.

Então que aconteceu naquele dia tão distante de nós e, ao mesmo tempo, tão perto que alcança o íntimo do nosso coração? São Lucas dá-nos a resposta na passagem dos Atos dos Apóstolos que ouvimos (At 2,1-11). O evangelista leva-nos a Jerusalém, ao andar superior da casa onde se reuniram os Apóstolos. A primeira coisa que chama a nossa atenção é o rombo improviso que vem do céu, «comparável ao de forte rajada de vento», e enche a casa; depois, as «línguas à maneira de fogo» que se iam dividindo e pousavam sobre cada um dos Apóstolos. Rombo e línguas de fogo são sinais claros e concretos, que tocam os Apóstolos não só externamente mas também no seu íntimo: na mente e no coração. Em consequência, «todos ficaram cheios do Espírito Santo», que esparge seu dinamismo irresistível com efeitos surpreendentes: «começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes inspirava que se exprimissem». Abre-se então diante de nós um cenário totalmente inesperado: acorre uma grande multidão e fica muito admirada, porque cada qual ouve os Apóstolos a falarem na própria língua. É uma coisa nova, experimentada por todos e que nunca tinha sucedido antes: «Ouvimo-los falar nas nossas línguas». E de que falam? «Das grandes obras de Deus».

À luz deste texto dos Atos, quereria refletir sobre três palavras relacionadas com a ação do Espírito: novidade, harmonia e missão.

1. A novidade causa sempre um pouco de medo, porque nos sentimos mais seguros se temos tudo sob controle, se somos nós a construir, programar, projectar a nossa vida de acordo com os nossos esquemas, as nossas seguranças, os nossos gostos. E isto verifica-se também quando se trata de Deus. Muitas vezes seguimo-Lo e acolhemo-Lo, mas até um certo ponto; sentimos dificuldade em abandonar-nos a Ele com plena confiança, deixando que o Espírito Santo seja a alma, o guia da nossa vida, em todas as decisões; temos medo que Deus nos faça seguir novas estradas, faça sair do nosso horizonte frequentemente limitado, fechado, egoísta, para nos abrir aos seus horizontes. Mas, em toda a história da salvação, quando Deus Se revela traz novidade – Deus traz sempre novidade - , transforma e pede para confiar totalmente n’Ele: Noé construiu uma arca, no meio da zombaria dos demais, e salva-se; Abraão deixa a sua terra, tendo na mão apenas uma promessa; Moisés enfrenta o poder do Faraó e guia o povo para a liberdade; os Apóstolos, antes temerosos e trancados no Cenáculo, saem corajosamente para anunciar o Evangelho. Não se trata de seguir a novidade pela novidade, a busca de coisas novas para se vencer o tédio, como sucede muitas vezes no nosso tempo. A novidade que Deus traz à nossa vida é verdadeiramente o que nos realiza, o que nos dá a verdadeira alegria, a verdadeira serenidade, porque Deus nos ama e quer apenas o nosso bem. Perguntemo-nos hoje a nós mesmos: Permanecemos abertos às «surpresas de Deus»? Ou fechamo-nos, com medo, à novidade do Espírito Santo? Mostramo-nos corajosos para seguir as novas estradas que a novidade de Deus nos oferece, ou pomo-nos à defesa fechando-nos em estruturas caducas que perderam a capacidade de acolhimento? Far-nos-á bem pormo-nos estas perguntas durante todo o dia.

2. Segundo pensamento: à primeira vista o Espírito Santo parece criar desordem na Igreja, porque traz a diversidade dos carismas, dos dons. Mas não; sob a sua ação, tudo isso é uma grande riqueza, porque o Espírito Santo é o Espírito de unidade, que não significa uniformidade, mas a recondução do todo à harmonia. Quem faz a harmonia na Igreja é o Espírito Santo. Um dos Padres da Igreja usa uma expressão de que gosto muito: o Espírito Santo «ipse harmonia est - Ele mesmo é a harmonia». Só Ele pode suscitar a diversidade, a pluralidade, a multiplicidade e, ao mesmo tempo, realizar a unidade. Também aqui, quando somos nós a querer fazer a diversidade fechando-nos nos nossos particularismos, nos nossos exclusivismos, trazemos a divisão; e quando somos nós a querer fazer a unidade segundo os nossos desígnios humanos, acabamos por trazer a uniformidade, a homogeneização. Se, pelo contrário, nos deixamos guiar pelo Espírito, a riqueza, a variedade, a diversidade nunca dão origem ao conflito, porque Ele nos impele a viver a variedade na comunhão da Igreja. O caminhar juntos na Igreja, guiados pelos Pastores - que para isso têm um carisma e ministério especial - é sinal da ação do Espírito Santo; uma característica fundamental para cada cristão, cada comunidade, cada movimento é a eclesialidade. É a Igreja que me traz Cristo e me leva a Cristo; os caminhos paralelos são muito perigosos! Quando alguém se aventura ultrapassando (proagon) a doutrina e a Comunidade eclesial - diz o Apóstolo João na sua Segunda Carta - e deixa de permanecer nelas, não está unido ao Deus de Jesus Cristo (2Jo 9). Por isso perguntemo-nos: Estou aberto à harmonia do Espírito Santo, superando todo o exclusivismo? Deixo-me guiar por Ele, vivendo na Igreja e com a Igreja?

3. O último ponto. Diziam os teólogos antigos: a alma é uma espécie de barca à vela; o Espírito Santo é o vento que sopra na vela, impelindo-a para a frente; os impulsos e incentivos do vento são os dons do Espírito. Sem o seu incentivo, sem a sua graça, não vamos para a frente. O Espírito Santo faz-nos entrar no mistério do Deus vivo e salva-nos do perigo de uma Igreja gnóstica e de uma Igreja narcisista, fechada no seu recinto; impele-nos a abrir as portas e sair para anunciar e testemunhar a vida boa do Evangelho, para comunicar a alegria da fé, do encontro com Cristo. O Espírito Santo é a alma da missão. O sucedido em Jerusalém, há quase dois mil anos, não é um facto distante de nós, mas um facto que nos alcança e se torna experiência viva em cada um de nós. O Pentecostes do Cenáculo de Jerusalém é o início, um início que se prolonga. O Espírito Santo é o dom por excelência de Cristo ressuscitado aos seus Apóstolos, mas Ele quer que chegue a todos. Como ouvimos no Evangelho, Jesus diz: «Eu apelarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito para que esteja sempre convosco» (Jo 14, 16). É o Espírito Paráclito, o «Consolador», que dá a coragem de levar o Evangelho pelas estradas do mundo! O Espírito Santo ergue o nosso olhar para o horizonte e impele-nos para as periferias da existência a fim de anunciar a vida de Jesus Cristo. Perguntemo-nos, se tendemos a fechar-nos em nós mesmos, no nosso grupo, ou se deixamos que o Espírito Santo nos abra à missão. Recordemos hoje estas três palavras: novidade, harmonia, missão.

A Liturgia de hoje é uma grande súplica, que a Igreja com Jesus eleva ao Pai, para que renove a efusão do Espírito Santo. Cada um de nós, cada grupo, cada movimento, na harmonia da Igreja, se dirija ao Pai pedindo este dom. Também hoje, como no dia do seu nascimento, a Igreja invoca juntamente com Maria: «Veni Sancte Spiritus… - Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor»! Amém.


Fonte: Santa Sé.

Palavras do Papa na Vigília de Pentecostes

VIGÍLIA DE PENTECOSTES COM OS MOVIMENTOS ECLESIAIS
PALAVRAS DO SANTO PADRE FRANCISCO
Praça de São Pedro
Sábado, 18 de Maio de 2013

Boa tarde a todos!
É uma alegria para mim encontrar-vos! Juntamo-nos, todos nós, nesta Praça [de São Pedro] para rezar, estar unidos e esperar o dom do Espírito Santo. Eu já conhecia as vossas perguntas e pensei nelas; não se trata, portanto, duma improvisação! A verdade, acima de tudo! Tenho-as aqui, escritas.
A primeira – «na sua vida, como pôde alcançar a certeza a respeito da fé; e que estrada nos indica para podermos, cada um de nós, vencer a fragilidade da fé? – é uma pergunta de história, pois refere-se à minha história, à história da minha vida.
Tive a graça de crescer numa família onde se vivia a fé de forma simples e concreta; mas foi sobretudo a minha avó, mãe do meu pai, que marcou o meu caminho de fé. Era uma mulher que nos explicava, falava de Jesus, ensinava o Catecismo. Lembro-me sempre que, na Sexta-Feira Santa, ela nos levava à noite à procissão de velas; no final desta procissão, passava o «Cristo jacente», e a avó fazia-nos – a nós crianças – ajoelhar e dizia-nos: «Olhai! Morreu, mas amanhã ressuscita». Recebi o primeiro anúncio cristão precisamente desta mulher, da minha avó! Tudo isto é muito belo! O primeiro anúncio em casa, com a família! Isto faz-me pensar no carinho que põem tantas mães e tantas avós na transmissão da fé. São elas que transmitem a fé. O mesmo acontecia nos primeiros tempos, porque São Paulo diz a Timóteo: «Recordo a fé da tua mãe e da tua avó» (cf. 2 Tm 1, 5). Oh vós todas, mães e avós que estais aqui, pensai nisto! A transmissão da fé… É que Deus coloca ao nosso lado pessoas que nos ajudam no nosso caminho de fé. Não encontramos a fé no indefinido, não! Mas há sempre uma pessoa que prega, que nos diz quem é Jesus, nos transmite a fé, nos dá o primeiro anúncio. E assim foi a primeira experiência de fé que tive.
Para mim, porém, há um dia muito importante: 21 de Setembro de 1953 (tinha quase 17 anos); celebrava-se o «Dia do Estudante», sendo, para nós, o início da Primavera, ao passo que, para vós, é o início do Outono. Antes de ir para a festa, passei pela paróquia que habitualmente frequentava: encontrei um padre, que não conhecia, e senti necessidade de me confessar. Esta foi para mim uma experiência de encontro: achei que alguém me esperava. Eu não sei o que se passou, não me lembro; não sei sequer por que motivo estivesse lá aquele padre que eu não conhecia, não sei porque senti aquela vontade de me confessar, mas a verdade é que alguém estava à minha espera. Esperava-me há muito tempo. Depois da confissão, senti que qualquer coisa tinha mudado; eu não era o mesmo. Tinha ouvido como que uma voz, uma chamada: fiquei convencido de que devia tornar-me sacerdote. Na fé, é importante esta experiência. Dizemos que devemos procurar Deus, ir ter com Ele para pedir perdão… Mas, quando chegamos, já Ele está à nossa espera, Ele chega primeiro! Em espanhol, temos uma palavra que explica bem isto: «O Senhor sempre nosprimerea», é o primeiro, está à nossa espera! E esta é uma graça mesmo grande: encontrar alguém que te espera. Tu vais pecador, e Ele está à tua espera para te perdoar. Esta é a experiência que os Profetas de Israel descreviam ao dizer que o Senhor é como a flor da amendoeira, a primeira flor da Primavera (cf. Jr 1, 11-12). Antes da chegada das outras flores, aparece ela: é ela que espera. O Senhor espera por nós. E, quando O procuramos, deparamos com esta realidade: é Ele que está à nossa espera, para nos acolher, para nos dar o seu amor. E isto infunde no teu coração uma maravilha tal que nem acreditas, e assim vai crescendo a fé… no encontro com uma pessoa, no encontro com o Senhor. Alguém poderá dizer: «Não, eu prefiro estudar a fé nos livros». É importante estudá-la, mas olhai que isso não basta! O mais importante é o encontro com Jesus, o encontro com Ele; é isto que te dá a fé, porque é precisamente Ele quem te la dá.
Na pergunta, faláveis também da fragilidade da fé: Como se pode vencê-la? O maior inimigo que tem a fragilidade é o medo. Curioso, não é!? Mas eu digo-vos: Não tenhais medo! Somos frágeis – bem o sabemos –, mas o Senhor é forte! Se tu caminhas com Ele, não há problema. Uma criança – hoje vi tantas! – é fragilíssima, mas, estando com o pai, com a mãe, sente-se segura! Com o Senhor, estamos seguros. A fé cresce com o Senhor, precisamente a partir da mão do Senhor; isto faz-nos crescer e torna-nos fortes. Às vezes, porém, pensamos que podemos arranjar-nos sozinhos; mas não! Pensemos no que aconteceu a Pedro: «Senhor, eu nunca te negarei» (cf. Mt 26, 33-35), mas, quando o galo cantou, já ele O tinha negado três vezes! (cf. vv. 69-75). Pensemos bem nisto: quando temos demasiada confiança em nós mesmos, somos mais frágeis; sim, mais frágeis. Sempre com o Senhor! E quando digo com o Senhor, pretendo dizer com a Eucaristia, com a Bíblia, com a oração..., mas também em família, também com a mãe, também com ela, porque é quem nos leva ao Senhor; é a mãe, é aquela sabe tudo. Por conseguinte, rezar também a Nossa Senhora e pedir-lhe que, como mãe, me faça forte. Isto é o que penso sobre a fragilidade; pelo menos, é a minha experiência. Uma coisa que me faz forte todos os dias é rezar o Terço a Nossa Senhora. Sinto uma força tão grande, porque vou ter com ela e sinto-me forte.
Passemos à segunda pergunta: «Penso que todos nós aqui presentes sentimos fortemente este desafio – o desfio da evangelização – que está no centro das nossas experiências. Por isso, gostaria de lhe pedir, Santo Padre, que me ajudasse, a mim e a todos nós, a compreender o modo como viver este desafio no nosso tempo. Na sua opinião, qual é a coisa mais importante para a qual todos nós – movimentos, associações e comunidades – devemos olhar para realizar esta tarefa a que somos chamados? Como podemos hoje comunicar, de maneira eficaz, a fé?»
Só vou dizer três palavras. A primeira: Jesus. Qual é a coisa mais importante? Jesus. Se pretendemos avançar com mais organização, com outras coisas – coisas certamente boas –, mas sem Jesus, não avançamos, não resulta. O mais importante é Jesus. Deixai-me fazer-vos aqui uma pequena advertência, mas fraternalmente, cá entre nós. Todos vós gritastes na Praça: «Francisco, Francisco, Papa Francisco». E Jesus, onde estava? Eu teria gostado que vós gritásseis: «Jesus, Jesus é o Senhor, e está verdadeiramente no meio de nós». Daqui para diante, não digais «Francisco», mas «Jesus»!
A segunda palavra é: oração. Olhar o rosto de Deus, mas sobretudo – e isto está ligado com o que disse antes – sentir-se olhado. O Senhor olha-nos: é o primeiro que olha. A minha experiência é aquilo que sinto diante do Sacrário quando vou rezar, à noite, diante do Senhor. Às vezes cabeceio um pouco, é verdade! O cansaço do dia faz adormecer. Mas Ele compreende-me. E sinto grande consolação, ao pensar que Ele me olha. Nós pensamos que devemos orar, falar, falar, falar... Não! Deixa-te olhar pelo Senhor. Quando Ele olha para nós, dá-nos força e ajuda-nos a testemunhá-lo. A pergunta era sobre o testemunho da fé, não era? Pois bem; primeiro «Jesus», depois «oração»: sentimos que Deus nos leva pela mão. Sublinho a importância disto: deixar-se guiar por Ele. Isto é mais importante do que qualquer um dos nossos cálculos. Somos verdadeiros evangelizadores, quando nos deixamos guiar por Ele. Pensemos neste caso de Pedro: estava ele talvez a fazer a sesta, quando teve uma visão – a visão da toalha com todos os animais – e ouviu Jesus que lhe dizia qualquer coisa, mas ele não entendia. Naquele momento, chegaram alguns não-judeus chamando-o para ir a certa casa; ele foi e viu como o Espírito Santo estava lá. Pedro deixou-se guiar por Jesus para chegar àquela primeira evangelização dos gentios, que não eram judeus; uma coisa então impensável (cf. Act 10, 9-48). E o mesmo se deu em toda a história… toda a história! Deixar-se guiar por Jesus. O líder é precisamente Ele; o nosso líder é Jesus.
E terceira: testemunho. Jesus, oração – a oração, este deixar-se guiar por Ele - e depois testemunho. Mas há mais qualquer coisa que gostava de dizer. Este deixar-se guiar por Jesus é abandonar-se às surpresas de Jesus. Pode-se pensar que devemos programar em pormenor a evangelização, pensando nas estratégias, fazendo planos. Mas isto são instrumentos, pequenos instrumentos. O importante é Jesus e deixar-se guiar por Ele. Então podemos fazer as estratégias, mas isso é secundário.
Finalmente, o testemunho: a comunicação da fé pode-se fazer unicamente através do testemunho; e este é o amor. Não com as nossas ideias, mas com o Evangelho vivido na própria existência, que o Espírito Santo faz viver no nosso íntimo. É como uma sinergia entre nós e o Espírito Santo; e isto leva ao testemunho. Quem faz avançar a Igreja são os Santos, porque são precisamente eles que dão este testemunho. Como disseram João Paulo II e também Bento XVI, o mundo de hoje tem tanta necessidade de testemunhas; precisa mais de testemunhas que de mestres. Devemos falar menos, mas falar com a vida toda: a coerência de vida. Precisamente, a coerência de vida! Uma coerência de vida que seja viver o cristianismo como um encontro com Jesus que me leva aos outros, e não como um facto social. Socialmente aparecemos assim: somos cristãos, cristãos fechados em nós mesmos. Isto não! O testemunho!
A terceira pergunta: «Deixe-me perguntar-lhe, Santo Padre: Como podemos, eu e todos nós, viver uma Igreja pobre e para os pobres? Como é que o doente é uma interpelação à nossa fé? Que contribuição podemos nós todos, enquanto movimentos e associações laicais, dar concreta e eficazmente à Igreja e à sociedade para enfrentar esta crise que toca a ética pública» – isto é importante! – «o modelo de desenvolvimento, a política, em suma, um novo modo de ser homens e mulheres?»
Recomeço do testemunho... Antes de mais nada, viver o Evangelho é a principal contribuição que podemos dar. A Igreja não é um movimento político, nem uma estrutura bem organizada. Não é isso! Não somos uma ONG, e quando a Igreja se torna uma ONG perde o sal, não tem sabor, não passa de uma organização vazia. Neste ponto sede sagazes, porque o diabo nos engana; há o perigo do eficientismo. Uma coisa é pregar Jesus, outra é a eficácia, ser eficientes. Isto, não; aquela é outro valor. Fundamentalmente, o valor da Igreja é viver o Evangelho e dar testemunho da nossa fé. A Igreja é sal da terra, é luz do mundo; é chamada a tornar presente na sociedade o fermento do Reino de Deus; e fá-lo, antes de mais nada, por meio do seu testemunho: o testemunho do amor fraterno, da solidariedade, da partilha. Quando se ouve alguns dizerem que a solidariedade não é um valor, mas uma «atitude primitiva» que deve desaparecer... é errado! Está-se a pensar na eficácia apenas mundana. Quanto as momentos de crise, como este que estamos vivendo… Antes tinhas dito que «estamos num mundo de mentiras». Atenção! A crise actual não é apenas económica; não é uma crise cultural. É uma crise do homem: o que está em crise é o homem! E o que pode ser destruído é o homem! Mas o homem é a imagem de Deus! Por isso, é uma crise profunda! Neste tempo de crise, não podemos preocupar-nos só com nós mesmos, fecharmo-nos na solidão, no desânimo, numa sensação de impotência face aos problemas. Não se fechem, por favor! Isto é um perigo: fecharmo-nos na paróquia, com os amigos, no movimento, com aqueles que pensam as mesmas coisas que eu... Sabeis o que sucede? Quando a Igreja se fecha, adoece, fica doente. Imaginai um quarto fechado durante um ano; quando lá entras, cheira a mofo e há muitas coisas que não estão bem. A uma Igreja fechada sucede o mesmo: é uma Igreja doente. A Igreja deve sair de si mesma. Para onde? Para as periferias existenciais, sejam eles quais forem…, mas sair. Jesus diz-nos: «Ide pelo mundo inteiro! Ide! Pregai! Dai testemunho do Evangelho!» (cf.Mc 16, 15). Entretanto que acontece quando alguém sai de si mesmo? Pode suceder aquilo a que estão sujeitos quantos saem de casa e vão pela estrada: um acidente. Mas eu digo-vos: Prefiro mil vezes uma Igreja acidentada, caída num acidente, que uma Igreja doente por fechamento! Ide para fora, saí! Pensai também nisto que diz o Apocalipse (é uma coisa linda!): Jesus está à porta e chama, chama para entrar no nosso coração (cf. Ap 3, 20). Este é o sentido do Apocalipse. Mas fazei a vós mesmos esta pergunta: Quantas vezes Jesus está dentro e bate à porta para sair, ir para fora, mas não O deixamos sair, por causa das nossas seguranças, por estarmos muitas vezes fechados em estruturas caducas, que servem apenas para nos tornar escravos, e não filhos de Deus que são livres? Nesta «saída», é importante ir ao encontro de…; esta palavra, para mim, é muito importante: o encontro com os outros. Porquê? Porque a fé é um encontro com Jesus, e nós devemos fazer o mesmo que Jesus: encontrar os outros. Vivemos numa cultura do desencontro, uma cultura da fragmentação, uma cultura na qual o que não me serve deito fora, a cultura das escórias. A propósito, convido-vos a pensar – e é parte da crise – nos idosos, que são a sabedoria de um povo, nas crianças... a cultura das escórias. Nós, pelo contrário, devemos ir ao encontro e devemos criar, com a nossa fé, uma «cultura do encontro», uma cultura da amizade, uma cultura onde encontramos irmãos, onde podemos conversar mesmo com aqueles que pensam diversamente de nós, mesmo com quantos possuem outra crença, que não têm a mesma fé. Todos têm algo em comum connosco: são imagens de Deus, são filhos de Deus. Ir ao encontro de todos, sem negociar a nossa filiação eclesial.
Outro ponto importante são os pobres. Se sairmos de nós mesmos, encontramos a pobreza. Hoje… – dizê-lo faz doer o coração - hoje encontrar um sem-tecto morto de frio não é notícia. Hoje é notícia, talvez, um escândalo. Um escândalo: ah, isso é notícia! Hoje pensar que muitas crianças não terão que comer não é notícia. Isto é grave; sim, grave! Não podemos ficar tranquilos! Bem! As coisas estão assim. Não podemos tornar-nos cristãos engomados, aqueles cristãos demasiado educados que falam de coisas teológicas enquanto tomam o chá, tranquilos. Isto não! Devemos tornar-nos cristãos corajosos e ir à procura daqueles que são precisamente a carne de Cristo, aqueles que são a carne de Cristo! Quando vou confessar – não aqui; aqui ainda não posso, porque sair para confessar... daqui não se pode sair, mas isso é outro problema – quando, na diocese anterior, ia confessar, vinham as pessoas e eu sempre lhes fazia esta pergunta: «Dá esmolas?» «Sim, padre!» «Muito bem!» Mas fazia-lhe mais duas: «Diga-me, quando dá esmola, fixa nos olhos aquele ou aquela a quem dá a esmola?» «Bem, não sei, não me dou conta». Segunda pergunta: «E quando dá esmola, toca a mão da pessoa a quem dá a esmola ou lança-lhe a moeda?» Este é o problema: a carne de Cristo, tocar a carne de Cristo, assumir este sofrimento pelos pobres. A pobreza, para nós cristãos, não é uma categoria sociológico, filosófica ou cultural. Não! É uma categoria teologal. Diria que esta é talvez a primeira categoria, porque aquele Deus, o Filho de Deus, humilhou-se, fez-se pobre para caminhar connosco ao longo da estrada. E esta é a nossa pobreza: a pobreza da carne de Cristo, a pobreza que nos trouxe o Filho de Deus com a sua Encarnação. A Igreja pobre para os pobres começa pelo dirigir-se à carne de Cristo. Se nos fixarmos na carne de Cristo, começamos a compreender qualquer coisa, a compreender o que é esta pobreza, a pobreza do Senhor. E isso não é fácil! Mas aos cristãos apresenta-se-lhes um problema que não lhes faz bem: o espírito do mundo, o espírito mundano, a mundanidade espiritual. Isto faz-nos sentir autónomos, viver o espírito do mundo, e não o de Jesus.
Quanto à pergunta que me fazíeis: como se deve viver para enfrentar esta crise que toca a ética pública, o modelo de desenvolvimento, a política? Pensar que esta é uma crise do homem, uma crise que destrói o homem, uma crise que despoja o homem da ética. Na vida pública, na política, se não houver a ética, uma ética de referimento, tudo é possível e tudo se pode fazer. E, quando lemos os jornais, vemos como a falta de ética na vida pública causa tanto dano à humanidade inteira.
Gostaria de contar-vos uma história. Já o fiz duas vezes esta semana, mas farei uma terceira convosco. É a história que narra um midrash bíblico de um rabino do século XII. Ao contar a história da construção da Torre de Babel, diz ele que, para construir a Torre de Babel, era necessário fazer os tijolos. Que significa isto? Ir, empastar o barro, trazer a palha, misturar tudo, e depois… forno. E quando o tijolo estava pronto tinha de ser carregado lá para cima, para a construção da Torre de Babel. Enfim, o tijolo era um tesouro, considerando todo o trabalho que se requeria para o fazer. Quando caía um tijolo, era uma tragédia nacional e o trabalhador culpado era punido; era tão precioso um tijolo que, se caísse, era um drama. Mas, se caía um trabalhador, não sucedia nada; era um caso completamente diverso. O mesmo sucede hoje: se os investimentos em bancos caem um pouco, é uma tragédia! Que havemos de fazer? Mas, se as pessoas morrem de fome, se não têm que comer, se não têm saúde, isso não importa! Esta é a nossa crise de hoje! E o testemunho de uma Igreja pobre para os pobres vai contra essa mentalidade.
A quarta pergunta: «Vendo estas situações, parece-me que a minha confissão, o meu testemunho seja tímido e desajeitado. Gostaria de fazer mais, mas o quê? E como ajudar estes nossos irmãos? Como aliviar o seu sofrimento, não tendo possibilidade de fazer nada, ou pelo menos muito pouco, para mudar o seu contexto político e social?»
Para anunciar o Evangelho, são necessárias duas virtudes: a coragem e a paciência. Eles [os cristãos que sofrem] estão na Igreja da paciência. Eles sofrem e há mais mártires hoje do que nos primeiros séculos da Igreja. Sim, mais mártires! Irmãos e irmãs nossos, que sofrem! Levam a fé até ao martírio. Mas o martírio nunca é uma derrota; o martírio é o grau mais alto do testemunho que devemos dar. Nós estamos a caminho do martírio, de pequenos martírios: ao renunciar a isto, ao fazer aquilo... vamos a caminho. E eles, coitados, dão a vida, mas dão-na – acabámos de ouvir a situação no Paquistão – por amor de Jesus, testemunhando Jesus. Um cristão deve ter sempre esta atitude de mansidão, de humildade; precisamente a atitude que têm eles, confiando em Jesus, confiando-se a Jesus. É preciso notar que, muitas vezes, estes conflitos não têm uma origem religiosa; frequentemente há outras causas de tipo social e político, e infelizmente as filiações religiosas acabam por ser utilizadas como gasolina sobre o fogo. Um cristão sempre deve ser capaz de responder ao mal com o bem, ainda que muitas vezes seja difícil. A estes irmãos e irmãs, procuremos fazer-lhes sentir que estamos profundamente unidos à sua situação, que sabemos que são cristãos «entrados na paciência». Quando Jesus vai ao encontro da Paixão, entra na paciência. Eles entraram na paciência: há que fazê-lo saber a eles, mas também fazê-lo saber ao Senhor. Deixai que vos faça uma pergunta: Rezais por estes irmãos e estas irmãs? Rezais por eles, na oração de todos os dias? Eu não vou pedir agora que levantem a mão aqueles que rezam. Não o pedirei... Mas tende-o bem em conta. Na oração de cada dia, digamos a Jesus: «Senhor, olha este irmão, olha esta irmã que sofre tanto, tanto!» Eles fazem a experiência do limite, precisamente do limite entre a vida e a morte. E esta experiência deve levar-nos também a promover a liberdade religiosa para todos, para todos! Cada homem, cada mulher deve ser livre na sua própria confissão religiosa, seja ela qual for. Porquê? Porque aquele homem e aquela mulher são filhos de Deus.
E, assim, creio ter respondido de algum modo às vossas perguntas. Peço desculpas se fui demasiado longo. Muito obrigado! Obrigado a todos vós! E não esqueçais: não queremos uma Igreja fechada, mas uma Igreja que sai, que vai às periferias da existência. Que o Senhor nos guie nelas! Obrigado!


Fonte: Santa Sé

Catequese do Papa: A ação do Espírito Santo

Papa Francisco
Audiência Geral
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 15 de maio de 2013

A ação do Espírito Santo


Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje, gostaria de meditar sobre a ação que o Espírito Santo realiza ao guiar a Igreja e cada um de nós para a Verdade. O próprio Jesus diz aos discípulos: o Espírito Santo «ensinar-vos-á toda a verdade» (Jo 16,13), dado que Ele mesmo é «o Espírito da Verdade» (cf. Jo 14,17; 15,26; 16,13).
Vivemos numa época em que se é bastante cético em relação à verdade. Bento XVI falou muitas vezes de relativismo, ou seja, da tendência a considerar que não existe nada de definitivo e a pensar que a verdade depende do consenso ou daquilo que nós queremos. Surge a interrogação: existe verdadeiramente «a» verdade? O que é «a» verdade? Podemos conhecê-la? Conseguimos encontrá-la? Aqui vem ao meu pensamento a pergunta do Procurador Romano Pôncio Pilatos, quando Jesus lhe revela o sentido profundo da sua missão: «Que é a verdade?» (Jo 18,37.38). Pilatos não consegue entender que «a» Verdade está diante dele, não consegue ver em Jesus o rosto da verdade, que é o rosto de Deus. E no entanto, Jesus é precisamente isto: a Verdade que, na plenitude dos tempos, «se fez carne» (Jo 1,1.14), veio habitar no meio de nós para que nós a conhecêssemos. A verdade não se captura como uma coisa, mas a verdade encontra-se. Não é uma posse, é um encontro com uma Pessoa.
Mas quem nos faz reconhecer que Jesus é «a» Palavra da verdade, o Filho unigênito de Deus Pai? São Paulo ensina que «ninguém pode dizer: “Jesus é o Senhor”, a não ser sob a ação do Espírito Santo» (1Cor 12,3). É precisamente o Espírito Santo, o dom de Cristo ressuscitado, que nos faz reconhecer a Verdade. Jesus define-o o «Paráclito», ou seja, «aquele que vem em ajuda», que está ao nosso lado para nos sustentar, neste caminho de conhecimento; e, durante a última Ceia, Jesus garante aos discípulos que o Espírito Santo há-de ensinar todas as coisas, recordando-lhes as suas palavras (cf. Jo 14,26).
Então, qual é a ação do Espírito Santo na nossa vida e na existência da Igreja, para nos guiar rumo à verdade? Antes de tudo, recorda e imprime nos corações dos fiéis as palavras que Jesus disse e, precisamente através de tais palavras, a lei de Deus - como tinham anunciado os profetas do Antigo Testamento - inscreve-se no nosso coração e em nós torna-se princípio de avaliação das escolhas e de orientação nas obras quotidianas, torna-se princípio de vida. Realiza-se a grande profecia de Ezequiel: «Derramarei sobre vós águas puras, que vos purificarão de todas as vossas manchas e de todas as vossas abominações. Dar-vos-ei um coração novo e em vós porei um espírito novo... Dentro de vós colocarei o meu espírito, fazendo com que obedeçais às minhas leis e sigais e observeis os meus preceitos» (36,25-27). Com efeito, é do íntimo de nós mesmos que nascem as nossas obras: é precisamente o coração que deve converter-se a Deus, e o Espírito Santo transforma-o, se nós nos abrirmos a Ele.
Além disso o Espírito Santo, como Jesus promete, orienta-nos «para toda a verdade» (Jo 16,13); guia-nos não só para o encontro com Jesus, plenitude da Verdade, mas fá-lo inclusive «dentro» da Verdade, ou seja, faz-nos entrar numa comunhão cada vez mais profunda com o próprio Jesus, proporcionando-nos a compreensão das realidades de Deus. E não a podemos alcançar só com as nossas forças. Se Deus não nos iluminar interiormente, o nosso ser cristãos será superficial. A Tradição da Igreja afirma que o Espírito da verdade age no nosso coração, suscitando aquele «sentido da fé» (sensus fidei) através do qual, como afirma o Concílio Vaticano II, o Povo de Deus, sob a guia do Magistério, adere indefectivelmente à fé transmitida, aprofunda-a com juízo reto e aplica-a mais plenamente na vida (cf. Constituição Dogmática Lumen gentium, 12). Procuremos perguntar-nos: estou aberto à ação do Espírito Santo, peço-lhe que me conceda a luz, que me torne mais sensível às realidades de Deus? Esta é uma oração que devemos recitar todos os dias: «Espírito Santo, fazei com que o meu coração permaneça aberto à Palavra de Deus, que o meu coração esteja aberto ao bem, que o meu coração se abra à beleza de Deus todos os dias». Gostaria de dirigir uma pergunta a todos: quantos de vós rezam todos os dias ao Espírito Santo? Serão poucos, mas nós temos que satisfazer este desejo de Jesus e rezar todos os dias ao Espírito Santo, para que abra o nosso coração a Jesus.
Pensemos em Maria, que «conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração» (Lc 2,19.51). Para que se torne vida, o acolhimento das palavras e das verdades da fé realiza-se e desenvolve-se sob a obra do Espírito Santo. Neste sentido, é necessário aprender de Maria, reviver o seu «sim», a sua disponibilidade total a receber o Filho de Deus na sua vida, que se transforma a partir daquele momento. Através do Espírito Santo, o Pai e o Filho passam a habitar em nós: nós vivemos em Deus e de Deus. Mas a nossa vida é verdadeiramente animada por Deus? Quantas coisas ponho antes de Deus?
Estimados irmãos e irmãs, temos necessidade de nos deixarmos inundar pela luz do Espírito Santo, para que Ele nos introduza na Verdade de Deus, que é o único Senhor da nossa vida. Durante esteAno da fé interroguemo-nos se, concretamente, demos alguns passos para conhecer mais Cristo e as verdades da fé, lendo e meditando a Sagrada Escritura, estudando o Catecismo, frequentando com constância os Sacramentos. Mas perguntemo-nos, contemporaneamente, que passos estamos a dar a fim de que a fé oriente toda a nossa existência. Não se é cristão «a tempo parcial», apenas em determinados momentos, em certas circunstâncias, nalgumas escolhas. Não se pode ser cristão assim, somos cristãos em cada momento! Totalmente! A verdade de Cristo, que o Espírito Santo nos ensina e nos concede, diz respeito sempre e totalmente à nossa vida quotidiana. Invoquemo-lo mais frequentemente, a fim de que nos oriente pelo caminho dos discípulos de Cristo. Invoquemo-lo todos os dias. Faço-vos esta proposta: invoquemos o Espírito Santo todos os dias, e assim o Espírito Santo aproximar-nos-á de Jesus Cristo.


Fonte: Santa Sé

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Fotos do VII Domingo da Páscoa no Vaticano

No último dia 12 de maio, VII Domingo da Páscoa, o Santo Padre o Papa Francisco presidiu a Celebração Eucarística na Praça de São Pedro, por ocasião da Canonização dos Beatos Antônio Primaldo e Companheiros, Laura Montoya e María Guadalupe García Zavala.

Assistiram como cerimoniários os Monsenhores Guido Marini e Diego Giovanni Ravelli.

Seguem algumas fotos da celebração, publicadas pela Santa Sé e pela Rádio Vaticano:

Procissão de entrada


Ósculo do altar
Incensação do altar

Homilia do Papa no VII Domingo da Páscoa

SANTA MISSA E CANONIZAÇÕES
HOMILIA DO SANTO PADRE FRANCISCO
Praça de São Pedro
VII Domingo de Páscoa, 12 de Maio de 2013

Prezados irmãos e irmãs
Neste sétimo Domingo do Tempo de Páscoa reunimo-nos com alegria para celebrar uma festa da santidade. Demos graças a Deus que fez resplandecer a sua glória, a glória do Amor, sobre os Mártires de Otranto, sobre Madre Laura Montoya e sobre Madre María Guadalupe García Zavala. Saúdo todos vós que viestes para esta festa - da Itália, da Colômbia, do México e de muitos outros países - e agradeço-vos!
Queremos olhar para os novos Santos à luz da Palavra de Deus há pouco proclamada. Uma Palavra que nos convidou à fidelidade a Cristo, inclusive até ao martírio; que chamou a nossa atenção para a urgência e a beleza de anunciar Cristo e o seu Evangelho a todos; e que nos falou do testemunho da caridade, sem a qual até o martírio e a missão perdem o seu saber cristão.
Quando nos falam do diácono Estêvão, o protomártir, os Actos dos Apóstolos insistem em dizer que ele era um homem «cheio de Espírito Santo» (6, 5; 7, 55). Que significa isto? Significa que estava cheio do Amor de Deus, que toda a sua pessoa, a sua vida, estava animada pelo Espírito de Cristo ressuscitado, a ponto de seguir Jesus com uma fidelidade total, até ao dom de si próprio.
Hoje a Igreja propõe à nossa veneração uma plêiade de mártires, que em 1480 foram chamados juntos ao testemunho supremo do Evangelho. Cerca de oitocentas pessoas, que sobreviveram ao cerco e à invasão de Otranto, foram decapitadas nos arredores daquela cidade. Rejeitaram negar a própria fé e morreram confessando Cristo ressuscitado. Onde encontraram a força para permanecer fiéis? Precisamente na fé, que nos leva a ver além dos limites do nosso olhar humano, além dos confins da vida terrena, que nos faz contemplar «os céus abertos» - como diz santo Estêvão - e o Cristo vivo à direita do Pai. Queridos amigos, conservemos a fé que recebemos e que constitui o nosso tesouro verdadeiro; renovemos a nossa fidelidade ao Senhor, até no meio dos obstáculos e das incompreensões; Deus nunca nos fará faltar força e serenidade. Enquanto veneramos os Mártires de Otranto, peçamos a Deus que ajude os numerosos cristãos que, precisamente nesta época e em muitas regiões do mundo, ainda hoje sofrem violências, e lhes dê a coragem da fidelidade e de responder ao mal com o bem.

A segunda ideia podemos tirá-la das palavras de Jesus, que ouvimos no Evangelho: «Não rogo somente por eles, mas também por aqueles que pela sua palavra hão-de crer em mim. Para que todos sejam um só, assim como Tu, ó Pai, estás em mim e Eu em ti, para que também eles estejam em Nós e o mundo creia que tu me enviaste» (Jo 17, 20). Santa Laura Montoya foi um instrumento de evangelização, primeiro como mestra e depois como mãe espiritual dos indígenas, nos quais infundiu a esperança, acolhendo-os com este amor aprendido de Deus, e levando-os até Ele com uma pedagogia eficaz que respeitava a sua cultura e não se opunha a ela. Na sua obra de evangelização, Madre Laura fez-se verdadeiramente toda por todos, segundo a expressão de são Paulo (cf. 1 Cor 9, 22). Também hoje as suas filhas espirituais levam o Evangelho aos lugares mais recônditos e necessitados, como uma espécie de vanguarda da Igreja.
Esta primeira santa nascida na linda terra colombiana ensina-nos a ser generosos com Deus, a não viver a fé solitariamente - como se fosse possível viver a fé de modo isolado - mas a comunicá-la, a irradiar a alegria do Evangelho com a palavra e o testemunho de vida, onde quer que nos encontremos. Seja qual for o lugar onde vivemos, devemos irradiar esta vida do Evangelho. Ensina-nos a ver o rosto de Jesus reflectido no outro, a vencer a indiferença e o individualismo, que corrói as comunidades cristãs e o nosso próprio coração, e ensina-nos também a acolher todos sem preconceitos, sem discriminação nem reticências, com um amor autêntico, oferecendo-lhes o melhor de nós mesmos e, sobretudo, compartilhando com eles o que possuímos de mais precioso, que não são as nossas obras nem as nossas organizações, não! O que temos de mais valioso é Cristo e o seu Evangelho.
Por fim, uma terceira reflexão. No Evangelho de hoje, Jesus reza ao Pai com as seguintes palavras: «Dei-lhes a conhecer o Teu nome e dá-lo-ei a conhecer para que o amor com que me amaste esteja neles e Eu esteja neles também» (Jo 17, 26). A fidelidade dos mártires até à morte e a proclamação do Evangelho a todos enraízam-se, encontram a sua raiz, no amor de Deus que foi derramado nos noss0s corações pelo Espírito Santo (cf. Rm 5, 5) e no testemunho que devemos dar deste amor na nossa própria vida. Santa Guadalupe García Zavala sabia-o bem. Renunciando a uma vida cómoda - quantos danos causa a vida cómoda, o bem-estar! O aburguesamento do coração paralisa-nos - e renunciando a uma vida cómoda para seguir o chamamento de Jesus, ensinava a amar a pobreza, para poder amar em maior medida os pobres e os enfermos. Madre «Lupita» ajoelhava-se no chão do hospital diante dos doentes, dos abandonados, para os servir com ternura e compaixão. E isto chama-se «tocar a carne de Cristo». Os pobres, os abandonados, os enfermos e os marginalizados são a carne de Cristo. E Madre «Lupita» tocava a carne de Cristo, ensinando-nos este modo de agir: não nos devemos envergonhar, não devemos ter medo, não devemos sentir repugnância de «tocar a carne de Cristo». Madre «Lupita» tinha entendido o que significa este «tocar a carne de Cristo». Também hoje as suas filhas espirituais procuram reflectir o amor de Deus nas obras de caridade, sem evitar sacrifícios e enfrentando-os com mansidão e constância apostólica (hypomonē), suportando com coragem qualquer obstáculo.
Esta nova santa mexicana convida-nos a amar como Jesus nos amou, e isto exige que não nos fechemos em nós mesmos, nos nossos problemas, nas nossas ideias, nos nossos interesses, neste pequeno mundo que nos causa tantos danos, mas que saiamos para ir ao encontro de quantos precisam de atenção, de compreensão e de ajuda, para lhes levar a proximidade calorosa do amor de Deus através de gestos concretos de delicadeza, de carinho sincero e de amor.
Fidelidade a Cristo e ao seu Evangelho, para o anunciar com a palavra e com a vida, dando testemunho do amor de Deus através do nosso amor, com a nossa caridade para com todos: são exemplos e ensinamentos luminosos, que nos oferecem os santos hoje proclamados, mas que suscitam também perguntas na nossa vida cristã: como sou fiel a Cristo? Levemos em nós mesmos esta interrogação, para pensar nela durante o dia: como sou fiel a Cristo? Sou capaz de «fazer ver» a minha fé com respeito, mas também com coragem? Estou atento ao próximo, dou-me conta de quem tem necessidades, vejo em todas as pessoas, irmãos e irmãs que devo amar? Peçamos, por intercessão da Bem-Aventurada Virgem Maria e dos novos santos, que o Senhor faça transbordar a nossa vida com o júbilo do seu amor. Assim seja!

Fonte: Santa Sé

Catequese do Papa: "Creio no Espírito Santo"

Papa Francisco
Audiência Geral
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 8 de maio de 2013

"Creio no Espírito Santo"

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
O tempo pascal, que com alegria estamos a viver guiados pela Liturgia da Igreja, é por excelência o tempo do Espírito Santo doado «sem medida» (cf. Jo 3,34) por Jesus Crucificado e Ressuscitado. Este tempo de graça concluir-se-á com a festa do Pentecostes, na qual a Igreja revive a efusão do Espírito sobre Maria e os Apóstolos reunidos em oração no Cenáculo.
Mas quem é o Espírito Santo? No Credo professamos com fé: «Creio no Espírito Santo que é Senhor e dá a vida». A primeira verdade à qual aderimos no Credo é que o Espírito Santo é Kyrios, Senhor. Isto significa que Ele é verdadeiramente Deus como o Pai e o Filho, objeto do mesmo ato de adoração e glorificação que dirigimos ao Pai e ao Filho. De fato, o Espírito Santo é a terceira Pessoa da Santíssima Trindade; é o grande dom de Cristo Ressuscitado que abre a nossa mente e o nosso coração à fé em Jesus como o Filho enviado pelo Pai e que nos guia para a amizade e a comunhão com Deus.
Mas gostaria de refletir principalmente sobre o fato de que o Espírito Santo é a fonte inesgotável da vida de Deus em nós. O homem de todos os tempos e lugares deseja uma vida plena e boa, justa e serena, uma vida que não seja ameaçada pela morte, mas que possa amadurecer e crescer até à sua plenitude. O homem é como um viajante que, ao atravessar os desertos da vida, tem sede de água viva, jorrante e fresca, capaz de saciar profundamente o seu desejo de luz, amor, beleza e paz. Todos nós sentimos este desejo! E Jesus doa-nos esta água viva: ela é o Espírito Santo, que procede do Pai e que Jesus derrama nos nossos corações. «Vim para que tenhais vida e vida em abundância», diz-nos Jesus (Jo 10,10).
Jesus promete à Samaritana que dará a «água viva», em abundância e para sempre, a todos aqueles que o reconhecerem como o Filho enviado pelo Pai para nos salvar (cf. Jo 4,5-26; 3,17). Jesus veio para nos dar esta «água viva» que é o Espírito Santo, para que a nossa vida seja guiada, animada e alimentada por Deus. Quando dizemos que o cristão é um homem espiritual entendemos precisamente isto: é uma pessoa que pensa e age em conformidade com Deus, segundo o Espírito Santo. Mas pergunto-me: e nós, pensamos segundo Deus? Agimos em conformidade com Deus? Ou deixamo-nos guiar por muitas outras coisas que não são propriamente Deus? Cada um deve responder a isto no profundo do seu coração.
Nesta altura podemos perguntar-nos: por que esta água pode saciar-nos profundamente? Sabemos que a água é essencial para a vida; sem água morremos; ela sacia, purifica e torna a terra fecunda. Na Carta aos Romanos encontramos esta expressão: «O amor de Deus foi derramado em nossos corações, pelo Espírito Santo, que nos foi concedido» (5,5). A «água viva», o Espírito Santo, Dom do Ressuscitado que passa a habitar em nós, purifica-nos, ilumina-nos, renova-nos e transforma-nos porque nos torna partícipes da própria vida de Deus que é Amor. Por isso, o Apóstolo Paulo afirma que a vida do cristão é animada pelo Espírito e pelos seus frutos, que são «caridade, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, temperança» (Gl 5,22-23). O Espírito Santo introduz-nos na vida divina como «filhos no Filho Unigênito».Noutro trecho da Carta aos Romanos, que recordamos várias vezes, São Paulo sintetiza-o com estas palavras: «Na verdade, todos aqueles que são movidos pelo Espírito de Deus, são filhos de Deus. Vós não recebestes um espírito de escravidão, para cair de novo no temor; recebestes, pelo contrário, um espírito de adoção, pelo qual chamamos: “Abbá, Pai”. O próprio Espírito atesta em união com o nosso espírito que somos filhos de Deus; filhos e igualmente herdeiros - herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo - se sofremos com Ele, é para sermos também glorificados com Ele» (8,14-17). Este é o dom precioso que o Espírito Santo derrama nos nossos corações: a própria vida de Deus, vida de filhos verdadeiros, uma relação de intimidade, liberdade e confiança no amor e na misericórdia de Deus, que tem como efeito também um olhar novo para os outros, próximos e distantes, vistos sempre como irmãos e irmãs em Jesus, que devem ser respeitados e amados. O Espírito Santo ensina-nos a ver com os olhos de Cristo, a viver e a compreender a vida como Ele o fez . Eis por que a água viva que é o Espírito Santo sacia a nossa vida, porque nos diz que somos amados por Deus como filhos, que podemos amar Deus como seus filhos e com a sua graça podemos viver como filhos de Deus, como Jesus. E nós, escutamos o Espírito Santo? O que nos diz? Diz-nos: Deus ama-te. É o que nos diz. Deus ama-te, gosta de ti. Nós amamos deveras Deus e os outros, como Jesus? Deixemo-nos guiar pelo Espírito Santo, permitamos que Ele nos fale ao coração e nos diga: Deus é amor, Deus espera-nos, Deus é Pai, ama-nos como verdadeiro pai, ama-nos verdadeiramente e só o Espírito Santo diz isto ao nosso coração. Ouçamos o Espírito Santo, escutemos o Espírito Santo e vamos em frente por este caminho de amor, misericórdia e perdão. Obrigado!


Fonte: Santa Sé

terça-feira, 14 de maio de 2013

Semana Santa na Ucrânia

Entre os dias 28 de Abril e 05 de Maio a Igreja Greco-Católica Ucraniana celebrou a Semana Santa. Ainda que em plena comunhão com Roma, os católicos ucranianos seguem o calendário juliano, no qual há uma diferença da data da Páscoa em relação aos católicos romanos, que seguem o calendário gregoriano.

As celebrações, no Rito Bizantino Ucraniano, foram presididas pelo Arcebispo-Maior, Sua Beatitude Sviatoslav Shevshuk, na Catedral da Ressurreição e na igreja de São Basílio Magno, ambas na cidade de Kiev.

Seguem algumas fotos, do site da UGCC.TV:

Domingo de Ramos:
Litania da Paz
Homilia
Profissão de Fé
Comunhão
Aspersão dos ramos
Quinta-feira Santa:

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Fotos do VI Domingo da Páscoa no Vaticano

No último dia 05 de maio, VI Domingo da Páscoa, o Santo Padre o Papa Francisco presidiu a Celebração Eucarística na Praça de São Pedro, por ocasião do Dia das Confrarias e da Piedade Popular no Ano da Fé.

Concelebraram com o Santo Padre os Oficiais do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, cujo prefeito é o Arcebispo Rino Fisichella. Assistiram como cerimoniários os Monsenhores Guido Marini e Stefano Sanchirico.

Seguem algumas fotos da celebração, publicadas pela Santa Sé:

Procissão de entrada

Saudação de D. Rino Fisichella
Ritos iniciais
Evangelho

Homilia do Papa: VI Domingo da Páscoa - Ano C

Santa Missa por ocasião do Dia das Confrarias e da Piedade Popular
Homilia do Santo Padre Francisco
Praça de São Pedro
VI Domingo de Páscoa, 05 de maio de 2013

Amados irmãos e irmãs, fostes corajosos em vir com esta chuva… O Senhor vos abençoe infinitamente!
No caminho do Ano da Fé, sinto-me feliz em celebrar esta Eucaristia especialmente dedicada às Irmandades: uma realidade com grande tradição na Igreja, que foi objecto de renovação e redescoberta nos últimos tempos. Com afeto vos saúdo a todos, e de modo especial às Irmandades vindas das mais diversas partes do mundo. Obrigado pela vossa presença e pelo vosso testemunho!
1. No Evangelho, ouvimos uma passagem tirada dos discursos de despedida de Jesus, referidos pelo evangelista João no contexto da Última Ceia. Jesus confia aos apóstolos seus últimos pensamentos, como se fosse um testamento espiritual, antes de os deixar. O texto de hoje põe em evidência que toda a fé cristã está centrada no relacionamento com o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Quem ama o Senhor Jesus, no seu íntimo acolhe a Ele e ao Pai e, graças ao Espírito Santo, acolhe no seu próprio coração e na vida pessoal o Evangelho. Indica-se aqui o centro do qual tudo deve partir e ao qual tudo deve conduzir: amar a Deus, ser discípulos de Cristo, vivendo o Evangelho. Ao dirigir-se a vós, Bento XVI usou esta palavra: evangelicidade. Queridas Irmandades, a piedade popular, de que sois uma importante manifestação, é um tesouro que a Igreja tem e que os bispos latino-americanos, significativamente, definiram como uma espiritualidade, uma mística, que é um «espaço de encontro com Jesus Cristo». Bebei sempre em Cristo, fonte inesgotável; reforçai a vossa fé, tendo a peito a formação espiritual, a oração pessoal e comunitária, a liturgia. Ao longo dos séculos, as Irmandades têm sido uma forja de santidade para muitas pessoas, que viveram com simplicidade uma relação intensa com o Senhor. Caminhai decididamente para a santidade; não vos contenteis com uma vida cristã medíocre, mas a vossa pertença sirva de estímulo, a começar por vós mesmos, para amar mais a Jesus Cristo.
2. Também a passagem que ouvimos dos Atos dos Apóstolos nos fala do que é essencial. Na Igreja nascente, houve imediatamente necessidade de discernir o que era essencial, e o que não o era, para uma pessoa ser cristã, para seguir Cristo. Os apóstolos e os demais anciãos fizeram uma reunião importante em Jerusalém, o primeiro «concílio», sobre este tema, devido aos problemas que surgiram depois que o Evangelho havia sido pregado aos pagãos, aos não judeus. Tratou-se de uma ocasião providencial para compreender melhor o que é essencial: acreditar em Jesus Cristo morto e ressuscitado pelos nossos pecados e amarmo-nos como Ele nos amou. Notai, porém, como as dificuldades foram superadas, não fora, mas dentro da Igreja. E aqui está um segundo elemento que gostaria de vos assinalar, como fez Bento XVI: a eclesialidade. A piedade popular é uma estrada que leva ao essencial, se for vivida na Igreja em profunda comunhão com os vossos Pastores. Amados irmãos e irmãs, a Igreja ama-vos! Sede uma presença activa na comunidade: células vivas, pedras vivas. Os bispos latino-americanos escreveram que a piedade popular, de que sois expressão, é «uma maneira legítima de viver a fé, um modo de se sentir parte da Igreja» (Documento de Aparecida, 264). Isto é importante! Uma maneira legítima de viver a fé, um modo de se sentir parte da Igreja. Amai a Igreja! Deixai-vos guiar por ela! Nas paróquias, nas dioceses, sede um verdadeiro pulmão de fé e de vida cristã, uma aragem fresca! Nesta Praça [de São Pedro], vejo uma grande variedade, antes, de guarda-chuvas e, agora, de cores e de sinais. Assim é a Igreja: uma grande riqueza e variedade de expressões em que tudo é reconduzido à unidade; a variedade reconduzida à unidade e a unidade é o encontro com Cristo.
3. Gostaria de acrescentar uma terceira palavra, que vos deve caracterizar: missionariedade. Vós tendes a missão específica e importante de manter viva a relação entre a fé e as culturas dos povos a que pertenceis, e fazei-lo através da piedade popular. Quando, por exemplo, levais em procissão o Crucifixo com tanta veneração e amor ao Senhor, não cumpris um mero acto exterior; mas indicais a centralidade do mistério pascal do Senhor, da sua Paixão, Morte e Ressurreição, que nos redimiu, e indicais, primeiramente a vós próprios e depois à comunidade, que é preciso seguir Cristo ao longo do caminho concreto da vida para que nos transforme. De igual modo, quando manifestais uma profunda devoção pela Virgem Maria, apontais a mais alta realização de existência cristã: Aquela que, pela sua fé e obediência à vontade de Deus e também pela sua meditação da Palavra e das acções de Jesus, é a discípula perfeita do Senhor (cf. Lumen gentium, 53). Esta fé, que nasce da escuta da Palavra de Deus, manifestai-la em formas que envolvem os sentidos, os sentimentos, os símbolos das diferentes culturas... E, deste modo, ajudais a transmiti-la ao povo, e especialmente às pessoas simples, àqueles que Jesus chama no Evangelho «os pequeninos». Na realidade, «o caminhar juntos para os santuários e o participar em outras manifestações da piedade popular, levando também os filhos ou convidando a outras pessoas, é em si mesmo um gesto evangelizador» (Documento de Aparecida, 264). Quando ides aos santuários, quando levais a família, os vossos filhos, estais precisamente a fazer uma acção de evangelização. É preciso continuar a fazê-lo! Sede também vós verdadeiros evangelizadores! As vossas iniciativas sejam «pontes», estradas que levem a Cristo a fim de caminhardes com Ele. E, neste espírito, permanecei sempre atentos à caridade. Cada cristão e cada comunidade é missionária na medida em que transmite e vive o Evangelho e testemunha o amor de Deus por todos, especialmente por quem se encontra em dificuldade. Sede missionários do amor e da ternura de Deus! Sede missionários da misericórdia de Deus, que sempre nos perdoa, sempre espera por nós e nos ama tanto!
Evangelicidade, eclesialidade, missionariedade. Três palavras! Não as esqueçais! Evangelicidade, eclesialidade, missionariedade. Peçamos ao Senhor que oriente sempre a nossa mente e o nosso coração para Ele, como pedras vivas da Igreja, para que cada uma das nossas atividades e toda a nossa vida cristã sejam um luminoso testemunho da sua misericórdia e do seu amor. E assim caminharemos para a meta da nossa peregrinação terrena, para aquele santuário belíssimo, para a Jerusalém do Céu. Lá já não há templo algum: o próprio Deus e o Cordeiro são o seu templo; e a luz do sol e da lua cedem o lugar à glória do Altíssimo. Assim seja.


Fonte: Santa Sé