O Jubileu tem
origem na tradição hebraica (Lv 25,8-17). A cada cinquenta anos (sete vezes
sete mais um, número que indica plenitude) celebrava-se um ano especial de
reconciliação e perdão: os escravos eram libertos e os terrenos arrendados eram
devolvidos aos seus donos. O início do ano jubilar era marcado pelo toque de
uma corneta de chifre de carneiro (yobel,
donde o termo jubileu).
O livro de
Isaias anuncia um profeta que viria para “proclamar um ano de graça do Senhor”
(Is 61,1-3). Jesus, ao ler este texto na sinagoga de Nazaré, acrescenta: “Hoje
se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir” (Lc 4,16-21).
Assim, todo ano santo tem como fundamento o próprio Cristo e sua ação
salvadora.
Na tradição
cristã, o primeiro Jubileu foi celebrado em 1300, convocado pelo Papa Bonifácio
VIII através da bula Privilegium. O
Papa concedeu durante este ano uma especial indulgência aos fieis que
visitassem os túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo, respectivamente nas Basílicas
de São Pedro no Vaticano e São Paulo fora-dos-muros.
Bonifácio VIII proclama o Jubileu de 1300 |
A princípio, o
Jubileu seria celebrado apenas a cada cem anos. Porém, em 1342 os fieis romanos
pedem ao Papa Clemente VI (que se encontrava na época em Avignon, França) que o
Jubileu possa ser celebrado a cada 50 anos, respeitando assim a tradição
hebraica e favorecendo que mais pessoas lucrassem a indulgência jubilar. Assim,
o Papa convoca o Jubileu de 1350, acrescentando a peregrinação á Basílica de
São João do Latrão.
O Papa Urbano VI
convocou o terceiro Jubileu para 1390, desejoso de observar a partir de então
um intervalo de 33 anos, em atenção aos anos da vida terrena de Cristo. Também
neste Jubileu o Papa acrescenta a peregrinação à Basílica de Santa Maria Maior,
completando assim o grupo das quatro Basílicas Maiores.
Em 1400, um
grupo numeroso de fieis desejava celebrar a passagem do século com
peregrinações a Roma. O Papa Bonifácio IX, então, proclama o Jubileu de 1400. A
partir deste Jubileu, começasse a pensar em um cuidado maior para com os
peregrinos: a Igreja alemã empenha-se em construir um hospital (Santa Maria
Dell’Anima) e um cemitério (o Campo Santo Teutônico).
Em 1423,
Martinho V retoma o intervalo dos 33 anos proposto por Urbano VI e convoca um
novo Jubileu. Neste Jubileu foi aberta pela primeira vez uma Porta Santa, na
Basílica do Latrão. A Porta Santa é uma porta aberta apenas por ocasião dos
Jubileus, permanecendo fechada fora deles.
Martinho V: Primeiro Papa a abrir uma Porta Santa |
Em 1450,
acontece mais um Jubileu, convocado pelo Papa Nicolau V. O próprio Papa visitou
as Basílicas várias vezes descalço, em sinal de humildade. Também determinou
que neste Ano Santo fossem frequentemente expostas as relíquias dos santos aos
fieis, para favorecer sua piedade.
Em 1470, o Papa Paulo
II publica a Bula Ineffabilis Providentia,
que fixa o intervalo que permanece até hoje: 25 anos. Isto se deve à baixa
expectativa de vida da época: muitas pessoas morriam sem nunca ter podido
participar de um Jubileu. A Bula também determina que os Jubileus sejam sempre
iniciados e concluídos na Solenidade do Natal do Senhor. O Jubileu de 1475, convocado pelo Papa Sisto
IV, maca o início desta normativa.
Para o Jubileu
de 1500, o Papa Alexandre VI determina que se preparem Portas Santas nas quatro
Basílicas Maiores. O então cerimoniário do Papa, Monsenhor Johannes Burckardt
(em italiano, Giovanni Burcardo), prepara então os ritos de abertura e
conclusão do Jubileu, que permanecem praticamente iguais até hoje: o Papa abre
e fecha a Porta Santa da Basílica de São Pedro, e Cardeais Legados fazem o mesmo
às demais.
Papa Alexandre VI |
Os Jubileus
seguintes seguem basicamente a mesma estrutura, com algumas particularidades:
1525: Papa
Clemente VII
1550: Papa Júlio
III (surge a Confraria da Santíssima Trindade dos Peregrinos, que cuidava do
atendimento aos peregrinos, independentemente de nacionalidade)
1575: Gregório
XIII (neste Jubileu, São Filipe Neri organiza a acolhida aos peregrinos e
estabelece o tradicional itinerário das “sete igrejas de peregrinação”: além
das quatro Basílicas Maiores, as Basílicas de São Lourenço fora dos muros,
Santa Cruz em Jerusalém e São Sebastião fora dos muros)
1600: Papa
Clemente VIII
1625: Papa
Urbano VIII (pela primeira vez, estende-se a indulgência jubilar a todos que
não podiam ir a Roma: doentes, anacoretas, etc.)
1650: Papa
Inocêncio X
1675: Papa
Clemente X
1700: Papas
Inocêncio XII e Clemente XI (Inocêncio XII convocou e abriu o Jubileu, mas
faleceu em setembro de 1500. Seu sucessor, Clemente XI, concluiu o Ano Santo)
1725: Papa Bento
XIII
1750: Papa Bento
XIV (o Papa convocou algumas catequeses especiais para este Jubileu,
confiando-as a São Leonardo de Porto Maurício e outros insignes pregadores)
1775: Papas
Clemente XIV e Pio VI (outro “Jubileu de dois Papas”: Clemente XIV convocou o
Jubileu, mas morreu pouco antes de seu início. O Ano Santo foi celebrado então
pelo seu sucessor, Pio VI)
1825: Papa Leão
XII (o Jubileu de 1800 não pode ser celebrado, devido à ocupação francesa de
Roma. O Jubileu de 1825 realiza-se com grande dificuldade)
1875: Papa Pio
IX (devido aos conflitos, este Jubileu não foi celebrado na forma habitual: não
houve abertura das Portas Santas nem peregrinações. O Papa, porém, estendeu a
indulgência jubilar a todo o mundo)
1900: Papa Leão
XIII
1925: Papa Pio
XI (neste Jubileu, o Papa institui a Solenidade de Cristo Rei)
Pio XI abre o Jubileu de 1925 |
Em 1933, o Papa
Pio XI convocou um Jubileu Extraordinário, para comemorar os 1900 anos da Morte
de Cristo (ocorrida por volta do ano 33). Este Jubileu, conhecido como “Ano
Santo da Redenção” aconteceu do Domingo de Ramos de 1933 até a Páscoa de 1934.
O Jubileu de
1950, convocado por Pio XII, deu grande ênfase à paz, no contexto pós Segunda
Guerra Mundial. Destacam-se também a proclamação do dogma da Assunção de Maria
(01 de novembro de 1950) e a inauguração da nova Porta Santa da Basílica de São
Pedro, esculpida em bronze por Vico Consorti, que permanece até hoje.
Pio XII abre a Porta Santa no Jubileu de 1950 |
Em 1975,
celebrou-se o primeiro Jubileu após o Concílio Vaticano II, sob o pontificado
de Paulo VI. A partir deste Jubileu, simplificam-se os ritos de abertura e
fechamento da Porta Santa.
No ano de 1983,
celebra-se mais um Jubileu Extraordinário, convocado pelo Papa São João Paulo
II através da Bula “Aperite portas Redemptori”. Trata-se de mais um “Ano Santo da Redenção”, para celebrar os
1950 anos da Morte de Cristo. Este Ano iniciou-se na Solenidade da Anunciação
de 1983 e concluiu-se na Páscoa de 1984. O grande sinal deste Jubileu foi uma
grande cruz de madeira colocada na Basílica de São Pedro, e depois confiada aos
jovens, que a levam pelo mundo até hoje, nas Jornadas Mundiais da Juventude.
João Paulo II abre a Porta Santa no Jubileu de 1983 |
Por fim,
chegamos ao Grande Jubileu do ano 2000, que abria o Terceiro Milênio da Era
Cristã, mais uma vez convocado por João Paulo II, com a Bula “Incarnationis Mysterium”. Este Jubileu
foi antecedido, conforme as orientações da Carta Apostólica “Tertio Milennio Adveniente”, por três
anos de preparação, cada um dedicado a uma das Pessoas da Santíssima Trindade (1997
foi o Ano de Jesus Cristo, 1998 o Ano do Espírito Santo e 1999 o Ano de Deus
Pai). Os grandes sinais do Jubileu do ano 2000 foram o perdão e o seu alcance
ecumênico.
Chegamos, assim,
ao Jubileu Extraordinário da Misericórdia, convocado pelo Papa Francisco no
último dia 11 de abril com a Bula “Misericordiae vultus”. Este Jubileu se iniciará no próximo dia 08 de dezembro, Solenidade
da Imaculada Conceição, e se encerrará no dia 20 de novembro de 2016,
Solenidade de Cristo Rei.
João Paulo II na Abertura do Grande Jubileu do ano 2000 |
1933 ....Ano que minha mãe TEREZINHA nasceu !!! 🙏👏👏👏👏
ResponderExcluirMerece uma benção no pergaminho próprio do Papa ...Como conseguir ?
ResponderExcluirSobre a Bênção Apostólica em pergaminho, confira as informações no site da Esmolaria Apostólica (Elemosineria Apostolica):
Excluirhttps://www.elemosineria.va/papal-blessing-parchments/?lang=pt-pt
Portanto Jubileu dela de 90 anos 👍
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