segunda-feira, 14 de junho de 2021

Sugestão de leitura: Liturgia Judaica

No mês de maio, quando apresentamos o livro O Ano Litúrgico: Sua história e seu significado segundo a renovação litúrgica, destacamos que o autor, Adolf Adam, dedica um capítulo às festas judaicas, que deram origem a algumas das celebrações cristãs.

Dando continuidade a este tema, propomos este mês como nossa sugestão de leitura a obra Liturgia Judaica: Fontes, estrutura, orações e festas, de autoria de Carmine Di Sante, publicado no Brasil pela Editora Paulus em 2004.

Publicada originalmente em italiano (La preghiera di Israele) em 1985, esta teve uma primeira tradução no Brasil pelas Edições Paulinas em 1989, intitulada Israel em oração: As origens da Liturgia cristã que, porém, já está fora de linha há muito tempo. Portanto, nos referimos aqui à tradução da Editora Paulus, que já está em sua 6ª reimpressão (2019).

Capa da edição brasileira

Introdução: A redescoberta do hebraísmo (pp. 11-18)
Na Introdução o autor destaca o grande passo dado pelo Concílio Vaticano II no diálogo judaico-cristão através da Declaração Nostra Aetate (1965), dentro do qual se insere esta obra: um esforço por parte de um autor cristão por compreender as origens judaicas da nossa Liturgia:

“Desta Liturgia, dos seus símbolos e de seus ritos, dos seus ecos e do seu silêncio, alimentaram-se o próprio Jesus, a Virgem Maria, os Apóstolos, as comunidades primitivas, os primeiros cristãos” (pp. 17-18).

I. As fontes da Liturgia Judaica (pp. 19-44)
Ao explorar as fontes da Liturgia Judaica, Carmine Di Sante parte do Novo Testamento, elencando as citações ao templo, ao sábado, às festas... Destacamos a análise das influências das orações judaicas sobre o Pai-nosso (pp. 30-34).

As outras duas fontes analisadas neste primeiro capítulo são a Mishnah, uma coleção de leis e normas judaicas que surgiu no ano 200 da Era cristã, mas que remete a tradições mais antigas; e o Siddur, ou Livro de Orações, que remonta ao século X, mas que também reúne tradições mais antigas.

II. A estrutura da Liturgia Judaica (pp. 45-149)
O segundo capítulo está dividido em quatro partes. Primeiramente o autor apresenta o núcleo da oração judaica: a berakah, geralmente traduzida como “bênção”, destacando as várias razões para bendizer e as atitudes que acompanham esta oração.

A seguir se enumeram as três “unidades estruturais” em volta da berakah, como três círculos concêntricos:

a) Shema’ Yisra’el (Ouve, Israel): a “profissão de fé” por excelência de Israel, recitada pela manhã e pela tarde, composta de três textos bíblicos (sendo o principal Dt 6,4-9) e de algumas berakot (bênçãos), três pela manhã e quatro à tarde.

b) Teffilah (A Oração): oração recitada três vezes ao dia - de manhã, ao meio-dia e à tarde -, composta de dezoito ou dezenove bênçãos (donde o seu outro nome, shemoneh-‘esreh, dezoito): três de louvor, doze ou treze de súplica e três de ação de graças. Nos dias festivos as súplicas são reduzidas e adaptadas ao contexto celebrativo.

c) Qeri’at Torah (Leitura da Torá): leitura do Pentateuco feita três vezes por semana, sobretudo aos sábados, bem como nos dias festivos, acompanhada de duas bênçãos pelo dom da Torá.

Capa da edição italiana

III. Momentos pessoais e comunitários da oração judaica (pp. 150-209)
Neste capítulo são apresentados os três setores nos quais o judeu vive sua religiosidade: pessoal, familiar e comunitário.

a) Berakot individuais: bênçãos que podem ser recitadas como oração pessoal em diversos momentos: pela manhã, à noite, em preparação à morte...

b) Liturgia familiar: nesta seção o autor elenca três ritmos de Liturgia familiar: diário, marcado pelas bênçãos das refeições; semanal, com os ritos do shabbat (sábado); e anual, centrado no seder pascal, isto é, na refeição da noite de Páscoa.

c) Liturgia das sinagogas: também a dimensão comunitária da oração, vivida na sinagoga, conhece três ritmos: diário, com as orações recitadas nos dias feriais; semanal, com os ritos próprios do shabbat; e festivo, isto é, por ocasião de acontecimentos particulares: o nascimento de uma criança, a passagem à idade adulta, o casamento e os funerais.

IV. A celebração das festas (pp. 210-246)
Após uma introdução sobre o sentido da festa, também este capítulo é dividido em três partes:

a) As festas de peregrinação: são as três principais festas do Judaísmo: Pessach (Páscoa), Shavu’ot (Festa das Semanas ou Pentecostes) e Sukkot (Festa das Tendas).

b) As festas austeras: as duas festas judaicas de caráter penitencial: Rosh ha-shanah, o ano novo judaico, e Yom kippur, o dia da expiação ou dia do “Grande Perdão”.

c) As festas menores: são assim chamadas por não serem citadas na Torá, uma vez que celebram eventos históricos posteriores: Hannukah, festa da dedicação do templo durante a revolta dos Macabeus (também conhecida como “festa das luzes”); e Purim, ligada à história de Ester.

V. Da ignorância ao conhecimento e à colaboração (pp. 247-254)
Por fim, este quinto capítulo serve como uma breve conclusão da obra, recordando mais uma vez a importância do diálogo judaico-cristão.

Completa o livro um Índice dos principais termos hebraicos e aramaicos (pp. 255-261), com seu significado e indicação das páginas onde cada um é citado.

Carmine Di Sante

Sobre o autor:
Carmine Di Sante nasceu em 1941 em Bisenti (Itália). É especialista em Ciências Litúrgicas pelo Pontifício Instituto Litúrgico Santo Anselmo e em Psicologia pela Universidade “La Sapienza” de Roma. Foi professor no Instituto Teológico de Assis e membro de comissões de diálogo judeu-cristão.

Foi também o autor do verbete “Cultura e Liturgia” no Dicionário de Liturgia organizado por Domenico Sartore e Achille Maria Triacca, também publicado no Brasil pela Paulus, que apresentamos aqui no blog em três partes, nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2020.

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