sexta-feira, 4 de junho de 2021

Ladainha do Sagrado Coração de Jesus meditada por João Paulo II (1)

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1. Introdução (I)
Ângelus do dia 27 de junho de 1982

Coração de Jesus formado pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria, tende piedade de nós.
Assim rezamos na Ladainha do Sagrado Coração de Jesus.
Esta invocação refere-se diretamente ao mistério que meditamos recitando o Ângelus: por obra do Espírito Santo foi formada no seio da Virgem de Nazaré a Humanidade de Cristo, Filho do Eterno Pai.
Por obra do Espírito Santo foi formado nesta Humanidade o Coração! O Coração, que é o órgão central do organismo humano de Cristo e, ao mesmo tempo, o verdadeiro símbolo da sua vida interior: do pensamento, da vontade, dos sentimentos. Mediante este Coração a Humanidade de Cristo é, de modo particular, “o templo de Deus” e contemporaneamente, mediante este Coração, ela permanece sem cessar aberta para o homem e para tudo o que é “humano”: Coração de Jesus, de cuja plenitude nós todos recebemos.

2. O mês de junho é, de modo particular, dedicado à devoção ao Coração Divino. Não apenas um dia - a festa litúrgica que geralmente cai em junho -, mas todos os dias. Com isto se coliga a devota prática de recitar ou cantar cada dia a Ladainha do Sagrado Coração de Jesus.
É a maravilhosa oração, de modo integral centralizada no mistério interior de Cristo: Deus-Homem.
A Ladainha do Coração de Jesus atinge abundantemente as fontes bíblicas e, ao mesmo tempo, reflete as mais profundas experiências dos corações humanos. É também prece de devoção e de autêntico diálogo.
Nela falamos do coração e, ao mesmo tempo, permitimos aos corações falarem com este único Coração, que é fonte de vida e de santidade e desejo das colinas eternas. Com o Coração que é paciente e de grande misericórdia e generoso para com todos os que o invocam.
Esta oração, recitada e meditada, torna-se uma verdadeira escola do homem interior: a escola do cristão.

3. A solenidade do Sagrado Coração de Jesus recorda-nos sobretudo os momentos em que este Coração foi transpassado pela lança e, mediante isto, aberto de modo “visível” para o homem e para o mundo.
Ao recitarmos a Ladainha - e em geral venerando o Coração Divino - aprendemos o mistério da Redenção em toda a sua divina e ao mesmo tempo humana profundidade.
Contemporaneamente, tornamo-nos sensíveis à necessidade de reparação. Cristo abre-nos o seu Coração para que na sua reparação nos unamos com Ele para a salvação do mundo. O falar do Coração trespassado evidencia toda a verdade do seu Evangelho e da Páscoa.

2. Introdução (II)
Ângelus do dia 01 de julho de 1984

Durante todo o mês de junho a Igreja coloca diante de nós os mistérios do Coração de Jesus, Deus-Homem. Estes mistérios são expressos de um modo penetrante e profundo na Ladainha do Sagrado Coração, a qual pode ser cantada, pode ser rezada, mas sobretudo deve ser meditada.
Nos dias do mês de junho todos estes mistérios são propostos, na sua globalidade, pela Liturgia da Solenidade do Sagrado Coração.
Eis as palavras do Apóstolo São João:
“Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de reparação pelos nossos pecados” (1Jo 4,10), “para que tenhamos vida por meio d’Ele” (v. 9).
Eis aqui a síntese de todos os mistérios escondidos no Coração do Filho de Deus: o amor “preveniente”, o amor “satisfatório”, o amor “vivificante”.
Este Coração bate com seu sangue humano, que foi derramado na Cruz. Este Coração bate com todo o seu inesgotável amor que está eternamente em Deus. Com este amor Ele permanece sempre aberto a nós, através da ferida produzida pela lança do centurião na cruz.
“Se Deus nos amou assim, nós também devemos amar-nos uns aos outros” (1Jo 4,11). O amor faz nascer o amor, desencadeia o amor e se realiza mediante o amor. Cada partícula de amor verdadeiro no coração humano contém em si algo daquele amor com que o Coração do Deus-Homem está cheio, sem limites.
Por isso Ele nos pede na Liturgia da Solenidade do Sagrado Coração: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração” (Mt 11,28-29).

Tu, ó Mãe de Cristo, obedeceste por primeiro esta chamada.
Meditando, na oração do Ângelus, sobre o mistério da Anunciação, te pedimos:
Ensina-nos a abrir os nossos corações ao amor que há no Coração de Jesus, como tu lhe abriste o teu Coração desde o primeiro “fiat”, e como o abriste sempre.
Ensina-nos, Mãe, a permanecer em intimidade, na verdade e no amor, com o Coração divino do teu Filho.

Sagrado Coração de Jesus
(Pompeo Batoni - Igreja do Santíssimo Nome de Jesus, Roma)

Fonte: Santa Sé - 27 de junho de 1982 (português); 01 de julho de 1984 (italiano; tradução nossa).

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