As duas invocações da
Ladainha que trazemos aqui (a 22ª e a 23ª) estão diretamente ligadas ao
mistério da Paixão, como veremos na reflexão do Papa:
Cor Iesu, propitiatio
pro peccatis nostris, miserere nobis.
Cor Iesu, saturatum
opprobriis, miserere nobis.
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23. Coração de Jesus,
propiciação por nossos pecados
Ângelus do dia 17 de
agosto de 1986
1. Coração de Jesus,
propiciação por nossos pecados, tende piedade de nós.
O Coração de Jesus é fonte
de vida porque por meio d’Ele atua a vitória sobre a morte. É fonte de santidade porque n’Ele foi
vencido o pecado, que é adversário da santidade no coração do homem.
Jesus, que no domingo da Ressurreição entra pela porta fechada
no Cenáculo, diz aos Apóstolos: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os
pecados, eles lhes serão perdoados” (Jo
20,22-23). E, dizendo isto, lhes mostra as mãos e o lado, nos quais estão visíveis
os sinais da crucificação. Mostra o lado - lugar do Coração transpassado pela
lança do centurião.
2. Assim, pois, os Apóstolos foram chamados a voltar ao
Coração, que é propiciação pelos pecados do mundo. E com eles também nós somos
chamados.
A potência da remissão dos pecados, a potência da vitória
sobre o mal que habita no coração do homem, se encerra na Paixão e na Morte de
Cristo Redentor. Um sinal particular desta potência redentora é precisamente o Coração.
A Paixão de Cristo e a sua Morte se apoderaram de todo o seu
corpo. Cumpriram-se mediante todas as feridas que Ele recebeu durante a Paixão.
E cumpriram-se sobretudo no Coração, porque o Coração agonizava enquanto se
apagava todo o corpo. O Coração se consumia ao ritmo do sofrimento que produziam
todas as feridas.
3. Neste despojamento o Coração ardia de amor. Uma chama
viva de amor consumiu o Coração de Jesus na cruz.
Este amor do Coração foi a força propiciadora por nossos
pecados. Ele superou - e supera para sempre - todo o mal contido no pecado,
todo o afastamento de Deus, toda a rebelião da livre vontade humana, todo o mau
uso da liberdade criada, que se opõe a Deus e à sua santidade.
O amor que consumiu o Coração de Jesus - o amor que causou a
morte do seu Coração - era e é uma força invencível. Mediante o amor do Coração
divino, sua morte conquistou a vitória sobre o pecado. Converteu-se em fonte de vida e santidade.
4. Cristo mesmo conhece até o fundo este mistério redentor
do seu Coração. É testemunha imediata do mesmo. Quando diz aos Apóstolos: “Recebei
o Espírito Santo para a remissão dos pecados”, dá testemunho de que seu Coração
é propiciação pelos pecados do mundo.
Maria, que sois refúgio dos pecadores, aproxima-nos do
Coração do teu Filho!
24. Coração de Jesus,
saturado de opróbrios
Ângelus do dia 24 de
agosto de 1986
1. Coração de Jesus,
saturado de opróbrios, tende piedade de nós.
As palavras da Ladainha do Sagrado Coração nos ajudam a
reler o Evangelho da Paixão de Cristo.
Repassemos com os olhos da alma aqueles momentos e acontecimentos,
desde a oração e a captura no Getsêmani ao juízo de Anás e de Caifás, a prisão
noturna, a sentença matutina do Sinédrio, o tribunal do governador romano, o
tribunal de Herodes, a flagelação, a coroação de espinhos, a sentença de
crucificação, a “via crucis” até o
lugar do Gólgota, e, através da agonia sobre a árvore da ignomínia, até o
último “Tudo está consumado”.
Coração de Jesus, saturado
de opróbrios.
2. Coração de Jesus - o Coração humano do Filho de Deus -,
tão conhecedor da dignidade de todo homem, tão conhecedor da dignidade de
Deus-homem. Coração do Filho, que é “Primogênito de toda criatura” (Cl 1,15): tão conhecedor da peculiar
dignidade da alma e do corpo do homem quanto sensível por tudo o que ofende
esta dignidade: saturado de opróbios.
3. Recordemos as palavras do profeta Isaías: “Eis o meu
servo - eu o recebo; eis o meu eleito - nele se compraz minh’alma... Ele
promoverá o julgamento das nações. Ele não clama nem levanta a voz... Não
quebra uma cana rachada nem apaga um pavio que ainda fumega” (Is 42,1-3);
“Muitos ficaram pasmados ao vê-lo - tão desfigurado ele
estava que não parecia ser um homem ou ter aspecto humano” (Is 52,14);
“Homem coberto de dores, cheio de sofrimentos; passando por
ele, tapávamos o rosto; tão desprezível era, não fazíamos caso dele” (Is 53,3).
4. Coração de Jesus, saturado de opróbios! Coração de Jesus,
saturado de opróbios! Sinal de contradição...
“Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma...” (Lc 2,25).
"Tanto Deus amou o mundo..." (Jo 3,16) |
Fonte: Santa Sé - 17 de agosto e 24 de agosto de 1986
(italiano; tradução nossa).
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