No
último dia 15 de outubro, em nossa sugestão de leitura mensal, começamos a
apresentar aqui no blog o Dicionário de
Liturgia editado por Domenico Sartore
e Achille Maria Triacca, publicado
na Itália em 1984 e traduzido pela Editora Paulus para o Brasil em 1992.
O
Dicionário reúne 110 verbetes,
elaborados por 57 especialistas em Liturgia. Devido à sua extensão, dividimos
nossa apresentação da obra em três partes:
Verbetes 1 a 40: Letras A-E (Adaptação até Existência cristã e Liturgia);
Verbetes 41 a 76: Letras F-O (Família até Orientais, Liturgias);
Verbetes
77 a 110: Letras P-V (Padres e Liturgia
até Virgindade Consagrada).
77. Padres e Liturgia - Michele Pellegrino (pp. 880-885)
O termo “Padres”
aqui se refere aos Padres da Igreja, escritores cristãos dos primeiros séculos.
Sua relação com a Liturgia é riquíssima. Para manter a brevidade necessária ao
contexto, o autor elenca três pontos: a piedade objetiva e comunitária dos
Padres, seu sentido de mistério e o valor dado à Palavra de Deus.
78. Participação - Achille Maria Triacca (pp. 886-904)
O conceito de
“participação” foi bastante destacado pela Sacrosanctum
Concilium. O autor recolhe os dados “do ontem” e “do hoje” para refletir
sobre a importância da participação como exercício do sacerdócio batismal e
progressiva configuração a Cristo. Faltam, porém, as “notas” da participação
(ativa, consciente, piedosa, frutuosa, plena).
79. Pastoral litúrgica - Luigi Della Torre (pp. 904-920)
Após estabelecer
a relação entre Liturgia e pastoral (a Liturgia é pastoral, a Liturgia exige
zelo pastoral), o autor qualifica a pastoral litúrgica dentro da Teologia
pastoral e reflete sobre sua aplicação aos ritos. Por fim, traz orientações
para a pastoral litúrgica a nível nacional, diocesano e paroquial.
80. Penitência - Pelagio Visentin (pp. 920-937)
O estudo do
sacramento da Penitência (ou Reconciliação) traz, primeiramente, uma breve
compilação de seus fundamentos bíblicos e evolução histórica. Segue-se a
análise do novo Ritual (publicado em
1973) e uma reflexão sobre a pastoral desse sacramento.
81. Prece Eucarística - Franco Brovelli (pp. 937-946)
O autor
apresenta o tema da Oração Eucarística a partir de sua evolução histórica,
desde a influência da tradição judaica até a formação das orações dos diversos
ritos. Segue-se um olhar para a reforma do Concílio Vaticano II, especialmente
para as três novas Orações (II, III e IV). Concluem o artigo algumas reflexões
teológico-pastorais.
82. Procissão - Stefano Rosso (pp. 947-953)
Um dos gestos
litúrgicos mais importantes é o caminhar. As procissões são estudadas, após uma
breve abordagem antropológica, em seu fundamento bíblico e evolução histórica,
tanto as procissões litúrgicas como as devocionais. O artigo traz ainda uma
reflexão pastoral, especialmente sobre as procissões devocionais.
83. Profissão de fé - Antonio Donghi (pp. 953-961)
A profissão de
fé ou o Símbolo da fé (popularmente conhecida como o “Creio”) possui uma estreita
relação com a Liturgia. Após recordar as circunstâncias em que surgiram as
profissões de fé, em um diálogo entre Liturgia (particularmente batismal) e
catequese, o autor recorda fórmulas da Escritura e conclui com uma perspectiva
pastoral.
84. Profissão religiosa - Matias Augé (pp. 961-971)
O estudo do
sacramental da profissão religiosa divide-se em duas partes: uma síntese sobre
a evolução histórica do rito (nas ordens monásticas, nas ordens mendicantes,
etc.) e uma análise litúrgica e teológica do novo Ritual (publicado em 1970).
85. Promoção humana e Liturgia - Mariano Magrassi (pp. 971-977)
A Liturgia é
apresentada aqui como a “mestra” dos valores. O autor justifica esta afirmação
elencando as “potencialidades” da Liturgia em relação à promoção humana: ela
abrange o homem todo, nela Deus fala hoje, ela atualiza nossa missão batismal,
etc.
86. Psicologia - Lucio Pinkus (pp. 977-982)
Um dos verbetes
“interdisciplinares” do Dicionário,
aqui se propõe um diálogo entre Liturgia e Psicologia, partindo do pressuposto
de que a Liturgia celebra experiências humanas (nascimento, morte, etc.).
Destacando sua dimensão simbólica, o autor demonstra como a Liturgia pode
contribuir no processo de maturidade psicológica.
87. Quaresma - Augusto Bergamini (pp. 983-985)
Um dos breves
artigos sobre os tempos do Ano Litúrgico, aqui se analisa a história, a
teologia e a espiritualidade da Quaresma, além de uma palavra sobre a Semana
Santa.
88. Reforma litúrgica - Gottardo Pasqualetti (pp. 986-1001)
Este verbete, de
certa forma, continua a história do “Movimento
Litúrgico”, descrevendo como as reformas do Concílio Vaticano II foram
postas em prática, incluindo a elaboração dos livros litúrgicos e mesmo as
reações à reforma.
89. Religiões não cristãs e festas - Pietro Rossano (pp. 1001-1006)
Complementando o
verbete sobre o conceito de “festa”, aqui o autor introduz brevemente as festas
das religiões não-cristãs, “cósmico-místicas” (hinduísmo, budismo) e
“monoteístas-proféticas” (judaísmo e islamismo).
90. Religiosidade popular e Liturgia - Aldo Natale Terrin; Jesús Castellano (pp.
1006-1021)
Este artigo é
dividido em duas partes: na primeira, Aldo Terrin analisa a religiosidade
popular do ponto de vista antropológico; na segunda parte, Jesús Castellano
analisa à luz da teologia, elencando alguns princípios doutrinais para a
religiosidade popular e refletindo sobre sua relação com a Liturgia.
91. Rito / Ritos - Silvano Maggiani (pp. 1021-1028)
O Padre Maggiani
parte de uma tentativa de definição do conceito de “rito”, tanto em contexto
religioso quanto fora dele, identificando três tipos de ritos: obsessivos
(superstições), de interação (ritos sociais) e instituídos (ritos religiosos).
O autor traz ainda a relação entre mito e rito, culminando na reflexão sobre a
ritualidade cristã.
92. Sacerdócio - Bonifacio Baroffio (pp. 1029-1044)
O estudo inicia
com o sacerdócio de Israel e o sacerdócio de Cristo no Novo Testamento. Em
seguida são indicadas as duas formas de participação no sacerdócio de Cristo:
“sacerdócio comum” pelo Batismo e “sacerdócio ministerial” pelo sacramento da
Ordem. Por fim, traça-se um panorama do tema ao longo da história da Igreja.
93. Sacramentais - Antonio Donghi (pp. 1045-1058)
Após uma
introdução histórica, o autor apresenta alguns elementos para uma teologia dos
sacramentais: relação homem-mundo, centralidade de Cristo e ministério da
Igreja. Em seguida é proposta sua divisão (consagrações, bênçãos e exorcismos)
e se reflete sobre sua relação com os sacramentos.
94. Sacramentos - Salvatore Marsili (pp. 1058-1069)
“Sinais do
mistério de Cristo”, o Abade Marsili reflete sobre os sacramentos como sinais,
sobre Cristo como autor dos sacramentos e sobre os sacramentos na tradição
eclesial, sobretudo à luz do Concílio de Trento no tema da eficácia
sacramental.
95. Sacrifício - Burkhard Neunheuser (pp. 1069-1083)
O tema do
“sacrifício” se aplicasobretudo à Eucaristia. Aqui se faz um resgate tanto do
Antigo quanto do Novo Testamento, passando à história da Igreja (Patrística,
Escolástica, Concílio de Trento), culminando na reflexão do Concílio Vaticano
II.
96. Sagrado / Sacro - Aldo Natale Terrin; Domenico Sartore (pp. 1083-1094)
O conceito de
“sagrado” é estudado aqui sob dois aspectos: primeiramente, Aldo Terrin reflete
à luz das ciências humanas, recorrendo a autores como Rudolf Otto e Mircea
Eliade; na segunda parte, Domenico Sartore traz a perspectiva
teológico-litúrgica.
97. Salmos - Jordi Gilbert Tarruel (pp. 1095-1109)
Após uma breve
introdução ao Livro dos Salmos, o
autor apresenta um histórico do seu uso nas Liturgias do Oriente e do Ocidente.
Por fim, se analisa sua presença na Liturgia romana atual: na Missa, na
Liturgia das Horas e nos demais sacramentos e sacramentais.
98. Santos, Culto dos. - Pierre Jounel (pp. 1110-1123)
Este estudo
parte da história do culto dos santos na Liturgia e na devoção popular, até a
reforma do Concílio Vaticano II, com a revisão do calendário e das celebrações.
Por fim se reflete sobre a teologia e a pastoral do culto dos santos.
99. Secularização - Manlio Sodi (pp. 1123-1135)
Após uma
apresentação do fenômeno da secularização, o autor reflete sobre como ele
questiona a Liturgia, elencando: a secularização dos objetos, dos lugares, dos
tempos e das pessoas. Propõe-se a busca de uma linguagem litúrgica adequada ante
o fenômeno.
100. Silêncio - Domenico Sartore (pp. 1135-1142)
É digno de nota
que o Dicionário de Liturgia dedique
um verbete ao silêncio. O artigo começa com uma coletânea de textos
pós-conciliares sobre o tema. Em seguida, qualificando-o como elemento
estrutural das celebrações, o autor o divide em quatro tipos: silêncio de
recolhimento, de assimilação, de meditação e de adoração.
101. Sinal / Símbolo - Domenico Sartore (pp. 1142-1151)
Partindo das
definições de “sinal” e “símbolo”, o autor reflete sobre a importância do
simbolismo no cristianismo e particularmente na Liturgia. Partindo da reflexão
do Concílio Vaticano II, se sintetiza as “leis” do simbolismo cristão e
apresenta suas “crises” e “oportunidades”, destacando a importância da educação
para o simbólico.
102. Sociologia - Silvano Maggiani (pp. 1151-1162)
Mais um dos
verbetes “interdisciplinares” do Dicionário,
primeiramente o autor define a sociologia, especificando em seguida a
sociologia da religião, para enfim estabelecer um diálogo com a Liturgia,
identificando sua “função social”.
103. Tempo e Liturgia - Achille Maria Triacca (pp. 1163-1174)
Partindo das
diversas concepções de tempo (profano e religioso), o autor fala da relação de
Cristo com o tempo, à luz da Encarnação. É a partir da centralidade de Cristo
que se pode falar de tempo litúrgico, da relação entre a história da salvação e
o ciclo anual.
104. Teologia litúrgica - Salvatore Marsili (pp. 1174-1187)
A complexa
relação entre Teologia e Liturgia é abordada aqui à luz da história, desde a
antiguidade, quando a Liturgia era o locus
theologicus fundamental, passando pelo distanciamento entre ambas e
chegando à reformulação da “teologia litúrgica” com teólogos como Romano
Guardini, Odo Casel e Cipriano Vagaggini.
105. Trabalho - Domenico Sartore (pp. 1187-1191)
A Liturgia é
etimologicamente um trabalho (derivada das palavras laós, povo, e ergon,
trabalho ou serviço, significando “serviço em favor do povo”). Aqui essa
relação é abordada sob três aspectos: bíblico, antropológico e
teológico-litúrgico.
106. Tradução litúrgica - Gianfranco Venturi (pp. 1191-1198)
Após um breve
histórico da tradução dos textos litúrgicos, o autor recolhe as orientações do
Concílio Vaticano II e reflete sobre algumas perspectivas tanto linguísticas
quanto teológicas.
107. Tríduo Pascal - Augusto Bergamini (pp. 1198-1202)
Último dos breves
artigos sobre os tempos do Ano Litúrgico. Após falar da origem da celebração
anual da Páscoa, o Padre Bergamini comenta cada um dos dias do Tríduo Pascal e
conclui com uma brevíssima referência ao Tempo Pascal.
Cumpre notar que a edição espanhola do
Dicionário optou por dividir este verbete em dois: o Tríduo Pascal e o Tempo
Pascal, acrescentando também um artigo sobre o Tempo Comum, ausente no original
(e na tradução brasileira).
108. Unção dos Enfermos - Gianni Colombo (pp. 1203-1213)
Após uma
introdução sobre a doença na sociedade atual, o autor recolhe os fundamentos
bíblicos e a evolução histórica desse sacramento, para então comentar o novo Ritual (publicado em 1972). Reflete-se
ainda sobre algumas questões teológicas, como o efeito e o sujeito do
sacramento, e pastorais.
109. Virgem Maria - Jesús Castellano (pp. 1214-1235)
Partindo dos
fundamentos teológicos da presença de Maria na Liturgia, o autor traça um breve
histórico do seu culto, para identificar sua presença na Liturgia romana atual:
Eucaristia, sacramentos, sacramentais, Liturgia das Horas, Ano Litúrgico. Na
sequência o autor apresenta brevemente as celebrações marianas e reflete sobre suas
devoções
110. Virgindade consagrada na Igreja - Ignacio María Calabuig; Rosella Barbieri
(pp. 1235-1249)
Este artigo é uma
introdução ao verbete “Consagração das
virgens”. Aqui se apresenta a realidade da virgindade consagrada na
história da Igreja.
Pequeno vocabulário litúrgico - Aurelio Nosetti e Carlo Cibien (pp.
1250-1279)
Além dos 110
verbetes, o Dicionário reúne neste
vocabulário termos que não necessitam de uma reflexão mais longa. São elencados
aqui, por exemplo, os nomes de objetos e livros litúrgicos do Oriente e do
Ocidente.
Índice analítico (pp. 1280-1289)
Completa o Dicionário ainda este índice analítico,
que apresenta diversos temas tratados no volume. Por exemplo, para o tema da
“formação litúrgica”, o índice analítico remete não apenas aos verbetes 44 e
45, mas também aos verbetes 46 (formação para os gestos litúrgicos), 55
(formação litúrgica dos jovens), entre outros.
Abside da igreja de Santo Anselmo all'Aventino em Roma (Sede do Pontifício Instituto Litúrgico) |
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