Nas duas meditações
que trazemos nessa postagem, o Papa reflete sobre a terceira, a quinta e a
sexta invocações da Ladainha (a quarta invocação aparecerá na próxima parte):
Cor Iesu, Verbo Dei
substantialiter unitum, miserere nobis. (...)
Cor Iesu, templum Dei
sanctum, miserere nobis.
Cor Iesu, tabernaculum
Altissimi, miserere nobis.
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5. Coração de Jesus, unido substancialmente
ao Verbo de Deus
Ângelus do dia 09 de julho de 1989
Coração de Jesus,
unido substancialmente ao Verbo de Deus, tende piedade de nós.
1. A expressão “Coração de Jesus” imediatamente nos faz
pensar na humanidade de Cristo, e sublinha sua riqueza de sentimentos, sua
compaixão pelos enfermos, sua predileção pelos pobres, sua misericórdia com os
pecadores, sua ternura com as crianças, sua fortaleza na denúncia da
hipocrisia, do orgulho e da violência, sua mansidão frente aos opositores, seu
zelo pela glória do Pai e seu júbilo por seus desígnios de graça, misteriosos e
providentes.
Em relação aos acontecimentos da Paixão, a expressão
“Coração de Jesus” nos faz pensar também na tristeza de Cristo pela traição de
Judas, a dor pela solidão, a angústia diante da morte, o abandono filial e
obediente nas mãos do Pai. E nos fala sobretudo do amor que brota sem cessar do
seu interior: amor infinito pelo Pai e amor sem limites pelo homem.
2. Ora, este Coração, humanamente tão rico, está - como nos
recorda a invocação da Ladainha - “unido substancialmente ao Verbo de Deus”.
Jesus é o Verbo de Deus encarnado: n’Ele há uma só Pessoa - a Pessoa eterna do
Verbo -, subsistente em duas naturezas, a divina e a humana. Jesus é uno, na
realidade indivisível do seu ser, e é, ao mesmo tempo, perfeito em sua
divindade e perfeito na nossa humanidade; é igual ao Pai no que se refere à
natureza divina, e igual a nós no que se refere à natureza humana; verdadeiro
Filho de Deus e verdadeiro Filho do homem. O Coração de Jesus, portanto, desde
o momento da Encarnação, esteve e sempre estará unido à Pessoa do Verbo de
Deus.
Pela união do Coração de Jesus à Pessoa do Verbo de Deus,
podemos dizer: em Jesus, Deus ama humanamente, sofre humanamente, se alegra humanamente.
E vice-versa: em Jesus o amor humano, o sofrimento humano, a alegria humana
adquirem intensidade e poder divinos.
3. Queridos irmãos e irmãs, reunidos para a oração do Ângelus, contemplemos com Maria o
Coração de Cristo. A Virgem viveu na fé, dia a dia, junto a seu Filho Jesus:
sabia que a carne de seu Filho havia florescido da sua carne virginal; porém,
intuía que Ele, por ser “Filho do Altíssimo” (Lc 1,32), a transcendia infinitamente: o Coração do seu Filho
estava “unido substancialmente ao Verbo de Deus”. Por isso ela o amava como seu
Filho e ao mesmo tempo o adorava como seu Senhor e seu Deus. Que ela conceda
também a nós amar e adorar a Cristo, Deus e homem, sobre todas as coisas, “com
todo o coração, com toda a alma, e com todo o entendimento” (cf. Mt 22,37). Deste modo, seguindo o
seu exemplo, seremos objeto das predileções divinas e humanas do Coração do seu
Filho.
6. Coração de Jesus, templo santo de Deus; Coração de Jesus, tabernáculo do Altíssimo
Ângelus do dia 09 de junho de 1985
1. Na hora da comum oração do Ângelus, nos dirigimos, juntamente com Maria - por meio do seu
Imaculado Coração - ao Coração Divino do seu Filho: Coração de Jesus, templo santo de Deus; Coração de Jesus, tabernáculo do Altíssimo.
Coração de um homem semelhante a tantos, a tantos outros
corações humanos e, ao mesmo tempo, Coração de Deus-Filho. Portanto, se é
verdade que cada um dos homens “habita”, de algum modo, em seu coração, então
no Coração do homem de Nazaré, de Jesus Cristo, habita Deus. É “templo de Deus”
por ser Coração deste homem.
2. Deus-Filho está unido ao Pai, como Verbo Eterno, “Deus de
Deus, Luz da Luz... gerado, não criado”.
O Filho está unido com o Pai no Espírito Santo, que é o
“sopro” do Pai e do Filho e é, na Divina Trindade, a Pessoa-Amor.
O Coração do homem Jesus Cristo é, pois, no sentido
trinitário, “templo de Deus”: é o templo interior do Filho que está unido com o
Pai no Espírito Santo mediante a unidade da divindade. Quão inescrutável
permanece o mistério deste Coração, que é “templo de Deus” e “tabernáculo do
Altíssimo”!
3. Ao mesmo tempo, é a verdadeira “morada de Deus entre os
homens” (Ap 21,3), porque o Coração de Jesus, em seu templo interior, abraça a
todos os homens. Todos habitam ali, abraçados pelo amor eterno. A todos podem
dirigir-se - no Coração de Jesus - as palavras do Profeta: “Amei-te com amor
eterno e te atraí com a misericórdia” (Jr
31,3).
4. Que esta força do amor eterno que está no Coração divino
de Jesus se comunique hoje de modo particular aos jovens que recebem a
Confirmação.
Neles deve habitar de modo particular o Espírito Santo.
Que se convertam, pois, também seus corações - à semelhança
de Cristo - em “templo santo de Deus” e “tabernáculo do Altíssimo”.
Com frequência ouço os jovens cantar: “Vós não sabeis que
sois um templo?”. Sim, somos templo de Deus e o Espírito Santo habita em nós,
segundo as palavras de São Paulo (cf.
1Cor 3,16).
5. Por meio do Coração Imaculado de Maria permaneçamos na
Aliança com o Coração de Jesus, que é o mais esplêndido “templo de Deus”, o
mais perfeito “tabernáculo do Altíssimo”.
Imagem do Sagrado Coração de Jesus na porta de um tabernáculo (Igreja de São Pedro e São Paulo - Hochfelden, França) |
Fonte: Santa Sé - 09 de julho de 1989; 09 de junho de 1985 (italiano; tradução nossa)
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