domingo, 6 de junho de 2021

Ladainha do Sagrado Coração de Jesus meditada por João Paulo II (3)

Nas duas meditações que trazemos nessa postagem, o Papa reflete sobre a terceira, a quinta e a sexta invocações da Ladainha (a quarta invocação aparecerá na próxima parte):
Cor Iesu, Verbo Dei substantialiter unitum, miserere nobis. (...)
Cor Iesu, templum Dei sanctum, miserere nobis.
Cor Iesu, tabernaculum Altissimi, miserere nobis.

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5. Coração de Jesus, unido substancialmente ao Verbo de Deus
Ângelus do dia 09 de julho de 1989

Coração de Jesus, unido substancialmente ao Verbo de Deus, tende piedade de nós.
1. A expressão “Coração de Jesus” imediatamente nos faz pensar na humanidade de Cristo, e sublinha sua riqueza de sentimentos, sua compaixão pelos enfermos, sua predileção pelos pobres, sua misericórdia com os pecadores, sua ternura com as crianças, sua fortaleza na denúncia da hipocrisia, do orgulho e da violência, sua mansidão frente aos opositores, seu zelo pela glória do Pai e seu júbilo por seus desígnios de graça, misteriosos e providentes.
Em relação aos acontecimentos da Paixão, a expressão “Coração de Jesus” nos faz pensar também na tristeza de Cristo pela traição de Judas, a dor pela solidão, a angústia diante da morte, o abandono filial e obediente nas mãos do Pai. E nos fala sobretudo do amor que brota sem cessar do seu interior: amor infinito pelo Pai e amor sem limites pelo homem.

2. Ora, este Coração, humanamente tão rico, está - como nos recorda a invocação da Ladainha - “unido substancialmente ao Verbo de Deus”. Jesus é o Verbo de Deus encarnado: n’Ele há uma só Pessoa - a Pessoa eterna do Verbo -, subsistente em duas naturezas, a divina e a humana. Jesus é uno, na realidade indivisível do seu ser, e é, ao mesmo tempo, perfeito em sua divindade e perfeito na nossa humanidade; é igual ao Pai no que se refere à natureza divina, e igual a nós no que se refere à natureza humana; verdadeiro Filho de Deus e verdadeiro Filho do homem. O Coração de Jesus, portanto, desde o momento da Encarnação, esteve e sempre estará unido à Pessoa do Verbo de Deus.
Pela união do Coração de Jesus à Pessoa do Verbo de Deus, podemos dizer: em Jesus, Deus ama humanamente, sofre humanamente, se alegra humanamente. E vice-versa: em Jesus o amor humano, o sofrimento humano, a alegria humana adquirem intensidade e poder divinos.

3. Queridos irmãos e irmãs, reunidos para a oração do Ângelus, contemplemos com Maria o Coração de Cristo. A Virgem viveu na fé, dia a dia, junto a seu Filho Jesus: sabia que a carne de seu Filho havia florescido da sua carne virginal; porém, intuía que Ele, por ser “Filho do Altíssimo” (Lc 1,32), a transcendia infinitamente: o Coração do seu Filho estava “unido substancialmente ao Verbo de Deus”. Por isso ela o amava como seu Filho e ao mesmo tempo o adorava como seu Senhor e seu Deus. Que ela conceda também a nós amar e adorar a Cristo, Deus e homem, sobre todas as coisas, “com todo o coração, com toda a alma, e com todo o entendimento” (cf. Mt 22,37). Deste modo, seguindo o seu exemplo, seremos objeto das predileções divinas e humanas do Coração do seu Filho.

6. Coração de Jesus, templo santo de Deus; Coração de Jesus, tabernáculo do Altíssimo
Ângelus do dia 09 de junho de 1985

1. Na hora da comum oração do Ângelus, nos dirigimos, juntamente com Maria - por meio do seu Imaculado Coração - ao Coração Divino do seu Filho: Coração de Jesus, templo santo de Deus; Coração de Jesus, tabernáculo do Altíssimo.
Coração de um homem semelhante a tantos, a tantos outros corações humanos e, ao mesmo tempo, Coração de Deus-Filho. Portanto, se é verdade que cada um dos homens “habita”, de algum modo, em seu coração, então no Coração do homem de Nazaré, de Jesus Cristo, habita Deus. É “templo de Deus” por ser Coração deste homem.

2. Deus-Filho está unido ao Pai, como Verbo Eterno, “Deus de Deus, Luz da Luz... gerado, não criado”.
O Filho está unido com o Pai no Espírito Santo, que é o “sopro” do Pai e do Filho e é, na Divina Trindade, a Pessoa-Amor.
O Coração do homem Jesus Cristo é, pois, no sentido trinitário, “templo de Deus”: é o templo interior do Filho que está unido com o Pai no Espírito Santo mediante a unidade da divindade. Quão inescrutável permanece o mistério deste Coração, que é “templo de Deus” e “tabernáculo do Altíssimo”!

3. Ao mesmo tempo, é a verdadeira “morada de Deus entre os homens” (Ap 21,3), porque o Coração de Jesus, em seu templo interior, abraça a todos os homens. Todos habitam ali, abraçados pelo amor eterno. A todos podem dirigir-se - no Coração de Jesus - as palavras do Profeta: “Amei-te com amor eterno e te atraí com a misericórdia” (Jr 31,3).

4. Que esta força do amor eterno que está no Coração divino de Jesus se comunique hoje de modo particular aos jovens que recebem a Confirmação.
Neles deve habitar de modo particular o Espírito Santo.
Que se convertam, pois, também seus corações - à semelhança de Cristo - em “templo santo de Deus” e “tabernáculo do Altíssimo”.
Com frequência ouço os jovens cantar: “Vós não sabeis que sois um templo?”. Sim, somos templo de Deus e o Espírito Santo habita em nós, segundo as palavras de São Paulo (cf. 1Cor 3,16).

5. Por meio do Coração Imaculado de Maria permaneçamos na Aliança com o Coração de Jesus, que é o mais esplêndido “templo de Deus”, o mais perfeito “tabernáculo do Altíssimo”.

Imagem do Sagrado Coração de Jesus na porta de um tabernáculo
(Igreja de São Pedro e São Paulo - Hochfelden, França)

Fonte: Santa Sé - 09 de julho de 1989; 09 de junho de 1985 (italiano; tradução nossa)

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