Nesta postagem
trazemos as meditações do Papa sobre a 16ª e a 17ª invocações da Ladainha do
Sagrado Coração:
Cor Iesu, in quo Pater sibi bene complacuit, miserere nobis.
Cor Iesu, de cuius
plenitudine omnes nos accepimus, miserere nobis.
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17. Coração de Jesus,
no qual o Pai pôs todas as suas complacências
Ângelus do dia 22 de
junho de 1986
1. Coração de Jesus,
no qual o Pai pôs todas as suas complacências, tende piedade de nós.
Rezando assim, particularmente agora, no mês de junho,
meditamos naquela complacência eterna que o Pai tem no Filho: Deus em Deus, Luz
na Luz. Esta complacência significa também Amor: este Amor ao qual tudo o que
existe deve sua vida: sem ele, sem Amor, e sem o Verbo-Filho, “nada se fez de
tudo que foi feito” (Jo 1,3).
Esta complacência do Pai encontrou sua manifestação na obra
da criação, em particular na criação do homem, quando Deus “viu tudo quanto
havia feito, e eis que tudo era muito bom” (Gn
1,31).
Não é, pois, o Coração de Jesus esse “ponto” no qual também
o homem pode voltar a encontrar plena confiança em todo o criado? Vê os
valores, vê a ordem e a beleza do mundo. Vê o sentido da vida.
2. Coração de Jesus,
no qual o Pai pôs todas as suas complacências...
Dirigimo-nos à margem do Jordão. Dirigimo-nos ao monte
Tabor. Em ambos os acontecimentos descritos pelos evangelistas se ouve a voz do
Deus invisível, e é a voz do Pai: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus
todo meu agrado. Escutai-o!” (Mt
17,5).
A eterna complacência do Pai acompanha o Filho, quando Ele
se fez homem, quando acolheu a missão messiânica a desenvolver no mundo, quando
dizia que seu alimento era “fazer a vontade do Pai” (Jo 4,34).
Cristo cumpriu esta vontade até o fim, fazendo-se obediente
até à morte de cruz (cf. Fl 2,8), e então essa eterna complacência
do Pai no Filho, que pertence ao mistério íntimo do Deus-Trino, se tornou parte
da história do homem. Com efeito, o próprio Filho se fez homem e enquanto tal
teve um Coração de homem, com o qual amou e respondeu ao amor. Antes de tudo ao
amor do Pai.
E por isso neste Coração, no Coração de Jesus, se concentrou
a complacência do Pai. É a complacência salvífica. Com efeito, o Pai abraça com
ela - no Coração do seu Filho - a todos aqueles pelos quais este Filho se fez
homem. Todos aqueles pelos quais tem o Coração. Todos aqueles pelos quais morreu
e ressuscitou.
No Coração de Jesus o homem e o mundo voltam a encontrar a
complacência do Pai. Este é o Coração do nosso Redentor. É o Coração do Redentor
do mundo.
3. Em nossa oração do Ângelus,
unamo-nos a Maria. Unamo-nos a ela, da qual o Filho de Deus tomou um coração
humano. Peçamos-lhe que nos aproxime d’Ele. Peçamos que ela, no Coração do Filho,
aproxime ao homem e ao mundo a complacência do Pai, o Amor do Pai, a
Misericórdia de Deus.
18. Coração de Jesus,
de cuja plenitude todos nós recebemos
Ângelus do dia 13 de
julho de 1986
1. Coração de Jesus,
de cuja plenitude todos nós recebemos, tende piedade de nós.
Reunidos para rezar o Ângelus,
nos unimos a Maria no momento da Anunciação, quando o Verbo se fez carne e veio
habitar sob o seu Coração: o Coração da Mãe. Unimo-nos, pois, ao Coração da Mãe
que desde o momento da concepção conhece melhor o coração humano de seu divino
Filho: “De sua plenitude todos nós recebemos graça sobre graça”, assim escreve
o evangelista João (Jo 1,16).
2. O que determina a plenitude do coração? Quando podemos dizer
que o coração está “pleno”? De que está pleno o Coração de Jesus?
Está pleno de amor.
O amor é decisivo para esta plenitude do Coração do Filho de
Deus, à qual nos dirigimos hoje na oração.
É um Coração pleno do amor do Pai: pleno de maneira divina e
ao mesmo tempo humana. Com efeito, o Coração de Jesus é verdadeiramente o
coração humano de Deus Filho. Está, pois, pleno de amor filial: tudo o que Ele
fez e disse na terra dá testemunho precisamente desse amor filial.
3. Ao mesmo tempo o amor filial do Coração de Jesus revelou
- e revela continuamente ao mundo - o amor do Pai. O Pai, com efeito, “amou
tanto o mundo, que deu o seu Filho Unigênito” (Jo 3,16) para a salvação do mundo; para a salvação do homem, para
que ele “não pereça, mas tenha a vida eterna” (ibid.).
O Coração de Jesus está, portanto, pleno de amor ao homem.
Está pleno de amor à criatura. Pleno de amor ao mundo. Está totalmente pleno! Essa
plenitude não se esgota nunca. Quando a humanidade gasta os recursos materiais
da terra, da água, do ar, estes recursos diminuem, e pouco a pouco se acabam.
Fala-se muito, sobre este tema, em relação à exploração
acelerada desses recursos que acontece em nossos dias. Daqui derivam
advertências tais como: “Não explorar além da medida”. O contrário sucede com o
amor. O contrário sucede com a plenitude do Coração de Jesus. Não se esgota
nunca, nem se esgotará jamais.
Desta plenitude todos nós recebemos graça sobre graça. É
necessário apenas dilatar a medida do nosso coração, nossa disponibilidade para
colher dessa superabundância de amor.
Fonte:
Santa Sé - 22 de junho e 13 de julho de 1986 (italiano; tradução nossa).
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