sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Congresso Eucarístico: Eucaristia, fonte da vida cristã

No contexto da preparação para o 52º Congresso Eucarístico Internacional, que acontece em Budapeste (Hungria) entre os dias 05 e 12 de setembro de 2021, após traçarmos um breve histórico dos Congressos Eucarísticos Internacionais, começamos a apresentar o texto base do Congresso.

Inicialmente programado para 2020, sendo adiado devido à pandemia de Covid-19, o Congresso de Budapeste tem como tema “‘Todas as minhas fontes estão em ti’ (Sl 86[87],7): A Eucaristia: fonte da vida e da missão cristã”.

A Última Ceia - Juan de Juanes

Em nossa postagem anterior apresentamos o capítulo 2 do documento-base, divulgado pelo Pontifício Comitê para os Congressos Eucarísticos Internacionais, com reflexões teológicas e pastorais.

Enquanto o capítulo 2 trazia os fundamentos bíblicos do tema do Congresso, o capítulo 3, que reproduzimos a seguir, reflete sobre “A Eucaristia, fonte da vida cristã”, no Novo Testamento e na história da Igreja.

A Eucaristia, fonte da vida cristã

1. Os fundamentos no Novo Testamento

Desde o início da sua história, a Igreja, fiel ao mandamento do Senhor - “fazei isto em memória de mim” (Lc 22,19; 1Cor 11,24) -, celebrou a Eucaristia, definindo-a com dois títulos fundamentais: “Ceia do Senhor” (1Cor 11,20) e “fração do pão” (At 2,42).
Estes dois títulos ligam entre si o mistério eucarístico ao acontecimento histórico da última Ceia vivida por Jesus com os seus discípulos e às reuniões celebrativas da Igreja apostólica.

A “Ceia do Senhor”

A “Ceia do Senhor” põe em evidência como a ação eucarística foi entendida desde o início como o gesto de “reviver” o mistério da Páscoa do Kyrios (Senhor), recordando quanto Ele disse e fez na noite em que foi entregue.
Na última Ceia Jesus oferece-se nos gestos do pão e do vinho com uma ação profética que antecipa o Mistério Pascal de morte e vida: o pão partido equivale ao seu Corpo entregue e o vinho distribuído ao seu Sangue derramado. O dom realiza-se na forma de uma refeição - “tomai e comei... tomai e bebei...” - e oferece-se como evento de comunhão e de perdão. Assim, a última Ceia aparece como a exegese de toda a existência de Jesus antes e depois dos acontecimentos pascais; uma existência que se desenrola como um mistério de morte e de vida, para que os crentes possam obter n’Ele uma vida de ressuscitados.
A última Ceia de Jesus situa-se no quadro das refeições tomadas pelo Mestre com os pecadores durante a sua existência e das refeições tomadas com os discípulos após a Ressurreição. Sentando-se à mesa com os pecadores, Jesus proclamara que com Ele estava agora em ato o perdão universal anunciado pelos profetas para os tempos messiânicos e manifestara que todos são chamados a participar no banquete escatológico da salvação (Is 25,6).
Quanto às refeições do Senhor Ressuscitado com os Onze, mais do que convencer os discípulos da realidade da Ressurreição, elas asseguram que o Kyrios continua a tornar-se presente entre os seus mediante o sinal pascal da refeição. Isto é particularmente evidente na forma dada ao episódio dos discípulos de Emaús (Lc 24,13-35), testemunho notável da fé eucarística da comunidade apostólica. Ali, o Ressuscitado manifesta-se e é reconhecido presente no acolhimento da sua palavra e no gesto de partir o pão com Ele.
Se para Jesus celebrar a Páscoa significou passar da morte à vida “amando os seus até ao fim” (Jo 13,1), também para os seus discípulos o memorial eucarístico é um ato que faz passar incessantemente da morte à vida proclamando a presença de Cristo Ressuscitado na sua Igreja.

Os discípulos de Emaús - Walter Rane

A “fração do pão”

Esta expressão recupera uma realidade já presente no ambiente judaico, e refere-se à comunhão que se realiza sempre que os cristãos se reúnem para partir o único pão e comer à única mesa convertendo-se num só corpo, o de Cristo Jesus.
Nos Atos dos Apóstolos a fração do pão é inserida num contexto eclesial significativo. Todos os que aderiam à fé “partiam o pão em suas casas e tomavam o alimento com alegria e simplicidade de coração” (At 2,46) e “eram assíduos ao ensinamento dos Apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações” (At 2,42).
A esta fração do pão em memória da nova Páscoa estavam unidas: a escuta da Palavra de Deus, ilustrada pelos responsáveis da comunidade; uma refeição fraterna (ágape) com a partilha de bens; e as orações em comum dirigidas ao Pai de Jesus Cristo, o Messias dos tempos esperados.
Com a ação de graças sobre os dons da mesa, a comunidade experimenta a presença do Senhor Ressuscitado em continuidade com a experiência dos Apóstolos e dos discípulos de Emaús, e celebra o acontecimento salvífico realizado uma vez para sempre na Morte e Ressurreição do Salvador. Convicção análoga se encontra também no relato da fração do pão celebrada por Paulo em Trôade durante a sua última viagem missionária (At 20,7-8.11).

O testemunho de Paulo

A partir dos anos cinquenta, São Paulo transmitira à comunidade de Corinto tudo o que recebera no momento da sua conversão e dos seus primeiros contatos com as comunidades de Antioquia e de Jerusalém. Na Primeira Carta aos Coríntios (1Cor 11,17-34), o Apóstolo dá por sabido que a comunidade se encontra em assembleia eucarística para celebrar a Ceia do Senhor. O que o preocupa é chamar a atenção dos seus interlocutores para o conteúdo da Eucaristia e para o modo como deve ser acreditada, celebrada e vivida.
Em Corinto a celebração da Eucaristia era precedida de uma refeição em comum, que devia manifestar a comunhão fraterna. Isto correspondia às circunstâncias históricas nas quais Jesus celebrara a última Ceia e nas quais nascera a ação eucarística. Assim, a reunião eucarística estava ligada à fraternidade e à solidariedade.
Mas esta reunião, em vez de exprimir comunhão e solidariedade para com os mais pobres, tornara-se ocasião para dividir os ânimos e para evidenciar as desigualdades. Isto, diz Paulo, já não é “comer e beber a Ceia do Senhor”, porque já não manifesta o verdadeiro sentido da ceia de Jesus com os seus. Se não se respeita a fraternidade, não se pode reconhecer naquilo que se celebra o que o Senhor mandou fazer como seu memorial e despreza-se o significado profundo da Eucaristia.
É por isso que Paulo volta a propor aquilo que ele próprio recebeu, ou seja, o relato da última Ceia. Se a Eucaristia é a memória viva da Morte do Senhor, comungar o pão e o cálice é entrar em comunhão de vida com o seu Corpo e Sangue e tornar-se assim um só corpo com Ele. Não se pode acolher a realidade do Corpo de Cristo entregue e do Sangue de Cristo derramado se não se responde à exigência da comunhão fraterna.

"Eu sou o pão vivo descido do céu"
(Giovanni da San Giovanni)

João e o “pão da vida”

O evangelista João conhecia certamente as práticas eucarísticas da Igreja apostólica, e se não transmite a narração da instituição é porque esta narração já era conhecida pela sua comunidade e utilizada na Liturgia. Mas há também uma razão mais profunda: o evangelista ajuda a compreender a Eucaristia no contexto mais amplo de toda a experiência de Jesus que veio ao meio de nós para nos dar a vida e voltou ao Pai para nos atrair a Si.
A vida de Jesus desenvolveu-se como uma grande passagem pascal do Pai ao mundo (a Encarnação) e do mundo ao Pai (Morte e Ressurreição). É nesta passagem que se manifesta e se realiza a salvação da humanidade. O discurso sobre o pão da vida (Jo 6), situa-se neste movimento de descida e de ascensão. A Eucaristia é o pão vivo descido do céu, que faz voltar a subir para o Pai. Perante as objeções dos judeus, a catequese de Jesus desenrola-se de modo progressivo até o anúncio explícito de uma comida e de uma bebida que são definidos como a sua carne e o seu sangue, dados pela vida do mundo: “A minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida... quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele” (Jo 6,55-56).
A palavra “carne” evoca a íntima relação existente entre a Encarnação, a Cruz e a Eucaristia: nesta, o crente alimenta-se do Filho de Deus feito homem e morto por nós, e na fé vive com Ele e n’Ele, o Ressuscitado. Assim Jesus apresenta-se aos crentes como vítima oferecida em sacrifício (carne e sangue) e como dom da redenção universal.

2. Da Ceia do Senhor à Eucaristia da Igreja

Dispomos de relativamente poucos textos sobre o desenvolvimento da Eucaristia no período dos Padres da Igreja [1]. Inácio de Antioquia (†115) faz-lhe alusão várias vezes, mas não recorda nada da sua celebração ritual. O primeiro documento que faz explicitamente referência à Eucaristia é provavelmente a Didaqué, que contém três orações com fundo eucarístico e uma breve narração da ceia eucarística no dia do Senhor [2]. Por volta do ano 112, salienta-se o testemunho de Plínio, o Jovem, governador romano da Bitínia e do Ponto, que numa carta ao imperador Trajano recorda que os cristãos tinham o costume de se reunir “num dia determinado, antes do nascer do Sol, para cantarem entre si, alternadamente, um hino a Cristo” e que “tinham o costume de se separar, voltando a reunir-se de novo para tomar a sua refeição, a qual, diga-se o que se disser, é comum e inocente” [3].
A identidade da ação eucarística é claramente expressa por volta do ano 160, na Primeira Apologia de Justino, onde se descreve a comunidade dos batizados como uma assembleia celebrante na qual todos se saúdam com um beijo de paz, se apresentam os dons do pão e do vinho, se proclama uma longa oração de louvor e súplica ao Pai, em nome do seu Filho Jesus Cristo, à qual todos respondem “Amém, Amém”. Segue-se a comunhão dos dons consagrados, reservando uma porção de pão para levar aos ausentes. Pouco depois Justino propõe uma profunda síntese da doutrina eucarística e a descrição da ação eucarística celebrada no “dia do Sol” [4]. A formação de uma Liturgia Eucarística unificada é já disponível no ordenamento eclesiástico de Hipólito do início do século III, com uma oração que celebra a obra salvadora de Deus em Cristo na memória eucarística da comunidade [5].
Nos séculos da Antiguidade tardia e início da alta Idade Média, a celebração e a participação na Eucaristia são vistas como elementos constitutivos em cada comunidade cristã. Assim, na história da Igreja podemos admirar, cheios de gratidão, “o desenvolvimento ordenado no tempo, das formas rituais em que fazemos memória do acontecimento da nossa salvação. A partir das variadas formas dos primeiros séculos, ainda resplandecentes nos ritos das antigas Igrejas do Oriente, até à difusão do Rito Romano; desde as indicações claras do Concílio de Trento e do Missal de São Pio V até a renovação litúrgica desejada pelo Concílio Vaticano II: em cada época da história da Igreja a Celebração Eucarística, qual fonte e cume da sua vida e missão, resplandece no rito litúrgico em toda a sua multiforme riqueza” [6].

"Disputa" do Santíssimo Sacramento
(Frans Francken II)

3. Uma síntese medieval

O Concílio Vaticano II recorda-nos, de acordo com o ensinamento do “Doutor Angélico” [7] que “todos os sacramentos, assim como todos os ministérios eclesiásticos e obras de apostolado, estão estreitamente unidos à santíssima Eucaristia e a ela estão ordenados. Com efeito, na santíssima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, a nossa Páscoa e pão vivo” [8].
Será o próprio Santo Tomás de Aquino a oferecer, na sua Summa Theologica, aquela síntese da doutrina eucarística medieval que constituirá a matriz de grande parte do ensino eucarístico subsequente. Tomás sublinha dois pontos de vista [9]. Antes de tudo, a Eucaristia é o sacramento mais importante, porque nela está presente essencialmente Cristo, enquanto nos outros sacramentos Cristo vem para ajudar somente pela sua graça e força.
Os outros sacramentos estão ordenados à Eucaristia, que é o fim último da vida sacramental. De fato, o Sacramento da Ordem tem a finalidade de torná-la presente; o Batismo e em parte a Confirmação a de recebê-la; a Penitência e a Unção dos Enfermos perdoam-nos os pecados para se receber dignamente o Corpo de Cristo; por fim, no Matrimônio, sinal da comunhão de Cristo com a Igreja, a celebração da Eucaristia sela a comunhão dos esposos entre si e com Cristo.
Na celebração da Eucaristia torna-se presente o sacrifício redentor de Cristo, a sua Páscoa de Morte e de Ressurreição. Por isso a Santa Missa é o quadro propício para administrar também os outros sacramentos que, por sua natureza, remetem à Eucaristia [10].

4. A “Reforma Protestante” e o Concílio de Trento

“Ó sagrado banquete em que se recebe Cristo e se comemora a sua Paixão, em que a alma se enche de graça e nos é dado o penhor da futura glória”. Na antífona do cântico evangélico das II Vésperas da Solenidade do Corpus Christi [12], a Liturgia da Igreja manifesta a sua inesgotável admiração pelo milagre da Eucaristia, e sintetiza a fé católica sobre a essência deste sacramento [13].
A Eucaristia não só contém a graça, como os outros sacramentos, mas o próprio autor da graça, Cristo e a sua obra salvífica, o sacrifício de salvação; por isso se trata do dom maior [14]. O Concílio de Trento não pretendeu construir um tratado global e completo sobre a Eucaristia, mas apenas responder aos problemas colocados pela “Reforma” [13] e conservar a integridade do mistério.
Sobre a presença real de Cristo na Eucaristia, o Concílio ensina que “no admirável sacramento da santa Eucaristia, depois da consagração do pão e do vinho, se contém verdadeira, real e substancialmente nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, sob a aparência daquelas coisas sensíveis” [15]. Tal presença real permanente acontece mediante a transubstanciação: “pela consagração do pão e do vinho realiza-se a conversão de toda a substância do pão na substância do Corpo de Cristo nosso Senhor, e de toda a substância do vinho na substância do seu Sangue. A esta conversão chamou a Igreja católica, adequada e apropriadamente, transubstanciação” [16].
Como alternativa ao termo tridentino de transubstanciação, têm sido propostos, nos últimos tempos, os termos transignificação e transfinalização. Poderiam propor-se ainda outros como mais adequados à cultura de hoje, para descrever esta mudança simultaneamente real e misteriosa. No entanto, nenhum desses termos pode escapar ao limite e à provisoriedade linguística e filosófica do termo transubstanciação [17].
Sobre o caráter sacrificial da Santa Missa o Concílio de Trento ensina que: “o nosso Deus e Senhor... na última Ceia, na noite em que foi entregue (1Cor 11,23ss), para deixar à igreja, sua Esposa muito amada, um sacrifício visível (como o exige a natureza humana), pelo qual fosse significado aquele sacrifício cruento que iria consumar-se uma única vez sobre a cruz, para lhe prolongar a memória até ao fim dos tempos, aplicando a sua eficácia salvífica à remissão dos nossos pecados quotidianos... ofereceu a Deus Pai o seu Corpo e o seu Sangue sob as espécies do pão e do vinho” [18].
A Santa Missa não é, portanto, um sacrifício novo, como se o sacrifício único e perfeito de Cristo não tivesse sido eficaz ou suficiente (cf. Hb 10,12), mas é uma “re-presentificação”: por ela entramos no eterno presente do sacrifício de Cristo. O que se repete é o ato sacramental e a possibilidade da nossa oblação [19].
Entre estes temas que reproduzem essencialmente os tratados medievais, falta o tema da Eucaristia como sinal de unidade, característico da grande tradição patrística, citado pelo Concílio apenas numa perspectiva moral: “Este santo sínodo com afeto paternal exorta, roga e suplica ‘pelas entranhas de misericórdia do nosso Deus’ (Lc 1,78), que todos e cada um dos que são chamados cristãos, se unam e estejam de acordo, ao menos por uma vez, neste ‘sinal de unidade’, neste ‘vínculo de caridade’, neste símbolo de concórdia...” [20].

Adoração do Santíssimo Sacramento
(Cristóbal de Villalpando)

Confira também nossa postagem sobre a história da Solenidade de Corpus Christi, na qual destacamos a contribuição de Santo Tomás de Aquino.

Notas:
[1] cf. J. A. JUNGMANN, Missarum sollemnia, Casale, 1953, pp. 20ss.
[2] cf. Didachè 9-10 e 14-15; in: Sources Chrétiennes (Sch), 248bis.
[3] C. Plini Caecili Secundi, Epistularum, X, 96; Oxford, 1963.
[4] JUSTINO, Apologia I, 65. 67; in: Sch, 597.
[5] HIPÓLITO, Traditio Apostolica, 4; in: Sch, 11bis.
[6] BENTO XVI, Exortação Apostólica Pós-sinodal Sacramentum Caritatis, 2007, n. 03.
[7] Assim foi definido Tomás de Aquino por São Pio V em 1567. Pio XI, na Encíclica Studiorum Ducem (AAS XV, 1923, 309-326), o define “Eucharistiae praeco et vates maximus”.
[8] CONCÍLIO VATICANO II, Decreto Presbyterorum Ordinis, 1965, n. 05.
[9] cf. TOMÁS DE AQUINO, Summa Theologica, III, q. 65,3; Bologna, 2014, vol. IV, p. 781.
[10] cf. ibid., III, q. 79,1; vol. IV, p. 1007.
[11] cf. JOÃO PAULO II, Carta Apostólica Mane Nobiscum Domine, 2004, 29.
[12] cf. OFÍCIO DIVINO. Liturgia das Horas segundo o Rito Romano. Tradução para o Brasil da segunda edição típica. São Paulo: Paulus, 1999, v. III, p. 559.
[13] “A Eucaristia diz-se hóstia enquanto contém o próprio Cristo, que é ‘hóstia salutar’”: Summa Theologica III, q. 73.a.4. a 3; vol. IV, p. 912.
[14] cf. H. DENZINGER, Enchiridion Symbolorum [DH], Bologna, 2009, n. 1725.
[15] ibid., n. 1636.
[16] ibid., n. 1651.
[17] C. GIRAUDO, In unum corpus, Cinesello Balsamo, 2000, p. 453.
[18] DH, nn. 1739-1740.
[19] cf. C. JOURNET, Le mystère de l'Eucharistie, Paris, 1980, p. 33.
[20] DH, n. 1649.

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