Para
aqueles que iniciam seus estudos em qualquer área do conhecimento, um bom ponto
de partida é procurar um Dicionário específico da área, que apresente os
principais termos relacionados ao assunto que se deseja estudar.
Não
é diferente com o estudo da Liturgia. Por isso, em nossa sugestão de leitura
mensal gostaríamos de começar a apresentar o Dicionário de Liturgia editado por Domenico Sartore e Achille Maria Triacca,
publicado na Itália em 1984 e traduzido pela Editora Paulus em 1992.
A
obra reúne 110 verbetes elaborados por 57 especialistas em Liturgia, em sua
maioria italianos ou professores em universidades italianas (como o espanhol
Matias Augé ou o alemão Burkhard Neunheuser, ambos professores no Pontifício
Instituto Litúrgico Santo Anselmo em Roma).
Os
verbetes são precedidos por algumas propostas de leitura sistemática, com distintas ordens de leitura. Por exemplo, uma
leitura mais introdutória começaria pelo verbete “Liturgia”, passando em
seguida a alguns conceitos fundamentais como “Mistério”, “Mistério Pascal”,
“História da salvação” e assim por diante. Há também uma proposta de leitura
que segue o esquema da Constituição Sacrosanctum
Concilium.
Cada
verbete é integrado por um artigo bastante completo, com uma média de 10
páginas. Assim, dividiremos nossa apresentação do Dicionário em três partes. Aqui apresentaremos os verbetes 1 a 40, correspondentes às letras A-E (Adaptação até Existência cristã e Liturgia).
1.
Adaptação - Anscar Chupungco (pp. 1-12)
O
conceito litúrgico de “adaptação” é explorado a partir de sua evolução
histórica e de sua definição pela Constituição Sacrosanctum Concilium (nn. 37-40). Por fim, reflete-se sobre os
conceitos de “aculturação” e “inculturação”.
2. Advento - Augusto Bergamini (pp. 12-14)
Este é o
primeiro dos textos do Padre Augusto Bergamini sobre os tempos do Ano
Litúrgico. Aqui ele reflete sobre a teologia, a espiritualidade e a pastoral do
Advento.
3. Alfaias / Vasos e objetos / Paramentos
- Armando Cuva (pp. 14-20)
As alfaias, isto
é, os objetos utilizados nas celebrações litúrgicas, são vistas a partir de uma
síntese histórica e das orientações dos atuais documentos da Igreja. O autor
dedica ainda um espaço aos vasos eucarísticos e aos paramentos.
4. Ambrosiana, Liturgia - Achille Maria Triacca (pp. 20-48)
A Liturgia
Ambrosiana, própria da Arquidiocese de Milão (Itália), é vista em sua evolução
histórica e em suas particularidades, como o Ano Litúrgico e a estrutura da
Missa. A conclusão traz alguns aspectos da teologia litúrgica ambrosiana.
5. Animação - Luca Brandolini (pp. 48-58)
Sob o título de
“animação”, o autor reflete sobre a “ars
celebrandi”, a “arte de celebrar”, de forma a favorecer a participação dos
fiéis. São apresentados os seus fundamentos teológicos e algumas reflexões
pastorais.
6. Ano Litúrgico - Augusto Bergamini (pp. 58-63)
Consoante com
seus outros artigos, Bergamini apresenta brevemente a história do Ano Litúrgico,
para em seguida refletir sobre sua teologia, espiritualidade e pastoral.
7. Antropologia cultural - Aldo Natale Terrin (pp. 63-79)
Um dos artigos
“interdisciplinares” do Dicionário, aqui
o autor inicia apresentando as principais correntes da antropologia para então
estabelecer as relações entre antropologia e ritual e antropologia e Liturgia.
8. Arquitetura - Eugênio Abruzzini (pp. 80-87)
O arquiteto Eugênio
Abruzzini contribui aqui com um percurso histórico da arquitetura sacra, com alguns
princípios tanto para edifícios históricos quanto para novos edifícios e orientações práticas.
9. Arte - Vincenzo Gatti (pp. 87-94)
A relação entre
as diversas artes e a Liturgia é abordada à luz da história e da importância
dos símbolos. São apresentadas ainda as orientações vigentes para a arte sacra
e litúrgica, particularmente à luz da Sacrosanctum
Concilium.
10. Assembleia - Armando Cuva (pp. 94-104)
A assembleia
litúrgica é estudada em três dimensões: comemorativa (recorda a caminhada do
povo de Israel), demonstrativa (sinal da Igreja, novo Povo de Deus) e
escatológica (profecia da assembleia definitiva dos santos no céu).
11. Assembleias sem presbítero - Domenico Sartore (pp. 104-108)
A problemática
das celebrações na ausência dos presbíteros é apresentada aqui recolhendo
algumas experiências da Alemanha e da França nos anos 70 (lembrando que o Dicionário é de 1984). Trata-se,
portanto, de uma reflexão já desatualizada.
12. Batismo - Adrien Nocent (pp. 109-122)
O primeiro dos
sacramentos é apresentado em seus fundamentos bíblicos e na evolução dos seus
principais ritos nos três primeiros séculos (profissão de fé, unções, etc.).
Por fim, é feita uma síntese do Ritual do
Batismo das crianças (publicado em 1973).
13. Bênção - Manlio Sodi (pp. 122-135)
O tema das
bênçãos também parte do seu fundamento no Antigo e no Novo Testamento, passando
às duas concepções de bênçãos na Igreja: ascendente (bendizer, agradecer) e
descendente (pedir a bênção de Deus). São recordadas algumas bênçãos dentro da
Missa, mas falta a reflexão sobre o Ritual
de Bênçãos (publicado em 1984).
14. Bíblia e Liturgia - Achille Maria Triacca (pp. 135-151)
A ampla e
fundamental relação entre Bíblia e Liturgia é abordada a partir dos princípios
elencados no Concílio Vaticano II, destacando três dimensões: cristológica,
pneumatológica e eclesial.
15. Bispo - Enzo Lodi (pp. 151-157)
Outro elemento
resgatado pelo Concílio foi o papel do Bispo em relação à Liturgia. Aqui temos
os fundamentos bíblicos e a evolução histórica do ministério episcopal.
16. Canto e música - Felice Rainoldi; Eugenio Costa Jr. (pp. 158-175)
Este verbete
está dividido em duas partes: na primeira, Felice Rainoldi apresenta um
panorama histórico da relação entre música e Liturgia até o Concílio Vaticano
II; na segunda, Eugenio Costa Jr. tece um diálogo entre música, rito
e cultura.
17. Catequese e Liturgia - Domenico Sartore (pp. 175-183)
Outra importante
relação, com fundamentos na tradição patrística. Após refletir sobre suas
premissas, como a mistagogia, se elencam três aspectos da relação: a catequese,
iniciação à Liturgia; a Liturgia, catequese em ato; e a Liturgia, fonte da
catequese.
18. Celebração - Manlio Sodi (pp. 183-196)
Um dos
conceitos-chave no estudo da Liturgia, a “celebração” é apresentada sob vários
aspectos: antropológico, bíblico, teológico e pastoral. No aspecto teológico
destacam três elementos: o rito, a Palavra e a eucologia (oração).
19. Compromisso - Alessandro Pistoia (pp. 196-209)
O artigo explora
a relação entre compromisso social e Liturgia, à luz tanto da sua dimensão
“profética” quanto da sua dimensão “escatológica”. O autor destaca ainda o
gesto da oferta na celebração.
20. Concelebração Eucarística - Matias Augé (pp. 209-217)
Outro elemento
resgatado pelo Concílio, a concelebração é apresentada à luz da história e da
teologia, destacando a tríplice unidade que a concelebração evoca: único sacerdócio, único sacrifício e único Povo de Deus.
21. Confirmação - Rinaldo Falsini (pp. 217-236)
A reflexão sobre
o segundo dos sacramentos parte da “tradição eclesial” - fundamento bíblico e
evolução histórica -, passa em seguida ao novo Ritual (publicado em 1971) e conclui com aspectos teológicos e
pastorais (incluindo uma reflexão sobre a catequese).
22. Consagração das virgens - Ignacio María Calabuig; Rosella Barbieri
(pp. 236-250)
O sacramental da
consagração das virgens é visto a partir de uma síntese histórica até o
novo Ritual (publicado em 1970), além
de aspectos teológicos e jurídicos.
23. Crianças - Enrico Mazza (pp. 250-255)
O verbete
analisa o Diretório para Missas com
crianças (publicado em 1973, sem tradução oficial para o Brasil) e as três
Orações Eucarísticas para Missas com crianças.
24. Criatividade - Alessandro Pistoia (pp. 255-270)
O conceito de
“criatividade” é visto aqui à luz da história da Liturgia até o Concílio
Vaticano II. O autor apresenta alguns critérios para a “criatividade
litúrgica”: por exemplo, o uso inteligente de textos e ritos já disponíveis nos
livros litúrgicos.
25. Culto - Augusto Bergamini (pp. 270-276)
O importante
conceito de “culto” é analisado sobretudo a partir de seus fundamentos
bíblicos: o culto no Antigo Testamento e o culto do Novo Testamento, culto de
Cristo e da Igreja. Por fim estabelece-se a relação entre Liturgia e “culto
espiritual”.
26. Cultura e Liturgia - Carmine Di Sante (pp. 276-284)
Complementando o verbete “Antropologia
cultural”, aqui se reflete sobre como alguns aspectos do atual conceito de
“cultura” influem na Liturgia.
27. Dedicação das igrejas e dos altares - Pierre Jounel (pp. 285-296)
O sacramental da
dedicação da igreja e do altar é estudado em seu desenvolvimento histórico,
culminando no novo Ritual (publicado
em 1977). Os fundamentos bíblicos são vistos a partir dos próprios textos do
rito.
28. Direito litúrgico - Armando Cuva (pp. 296-305)
Este estudo do
direito litúrgico divide-se em três partes: as autoridades que regulamentam a
Liturgia, os documentos jurídico-litúrgicos e alguns princípios do direito
litúrgico (unidade e pluralidade, progresso e tradição, etc.).
29. Domingo - Luca Brandolini (pp. 305-318)
Após apresentar
alguns aspectos da atual reflexão sobre o domingo (como o problema da
secularização), o autor aborda os fundamentos bíblicos e teológicos do domingo
como “dia do Senhor” e “sacramento da Páscoa”, concluindo com reflexões
pastorais.
30. Ecumenismo - Pio Tamburrino (pp. 319-332)
O estudo da
relação entre ecumenismo e Liturgia parte de alguns pressupostos
teológico-litúrgicos, passando-se então à reflexão sobre alguns sacramentos:
Batismo, Eucaristia, Matrimônio, sacramentos de cura e Exéquias.
31. Elementos naturais - Stefano Rosso (pp. 332-348)
Após introduzir o
tema da relação entre natureza e Liturgia, o autor analisa quatro elementos presentes
nas celebrações: água, luz/fogo, óleo e pão/vinho. Conclui o verbete uma
reflexão sobre o valor e a pedagogia dos sinais.
32. Escatologia - Jesús Castellano (pp. 348-359)
A dimensão
escatológica da Liturgia é vista sob três aspectos: os dados do Novo
Testamento, a reflexão do Concílio Vaticano II e a escatologia em algumas
celebrações litúrgicas. Conclui o verbete uma análise dos termos escatológicos
nas orações litúrgicas (morte, juízo, parusia, ressurreição dos mortos, etc.).
33. Espírito Santo - Achille Maria Triacca (pp. 359-370)
A presença do
Espírito Santo na Liturgia, “história da salvação celebrada”, é abordada em
seus pressupostos bíblicos e teológicos. Analisa-se em seguida a dimensão pneumatológica
da linguagem litúrgica: a epiclese, os gestos, os símbolos, o silêncio. Por
fim, vê-se o Espírito como fundamento da espiritualidade e da pastoral
litúrgicas.
34. Espiritualidade litúrgica - Burkhard Neunheuser (pp. 370-388)
O estudo da
espiritualidade litúrgica parte de uma breve síntese histórica, passando então
à abordagem sistemática, centrada na reflexão sobre o mistério de Cristo. O
autor analisa algumas celebrações litúrgicas (Liturgia das Horas, Eucaristia,
Ano Litúrgico), constatando que a Liturgia é “ápice e fonte” da espiritualidade
autêntica.
35. Estilos celebrativos - Luca Brandolini (pp. 388-394)
Este texto é uma
repetição do que já foi dito no verbete “Animação”
sobre a “ars celebrandi” a serviço da
participação dos fiéis.
36. Eucaristia - Pelagio Visentin (pp. 395-415)
O terceiro dos
sacramentos é estudado sob três aspectos: primeiramente em sua origem e
evolução histórica, partindo dos fundamentos bíblicos; em seguida a
Celebração Eucarística parte por parte (ritos iniciais, Liturgia da Palavra,
Liturgia Eucarística e ritos finais), concluindo-se com o culto eucarístico
fora da Missa.
37. Eucologia - Matias Augé (pp. 415-423)
A eucologia é o
conjunto das orações litúrgicas. Aqui se foca na eucologia menor (orações do dia,
sobre as oferendas e após a Comunhão), uma vez que a eucologia maior (Oração
Eucarística) receberá um verbete próprio.
38. Evangelização e Liturgia - Franco Brovelli (pp. 423-426)
Neste breve
artigo o autor reflete sobre a força evangelizadora da Liturgia: “a Liturgia
anuncia a boa-nova celebrando-a”.
39. Exéquias - Franco Brovelli (pp. 426-436)
Após refletir
sobre o tema da morte na atualidade, o autor apresenta o novo Ritual das Exéquias (publicado em 1969)
e conclui com algumas orientações de caráter pastoral.
40. Existência cristã e Liturgia - Bernhard Häring (pp. 436-441)
O famoso
moralista Padre Bernhard Häring reflete aqui como na Liturgia toda a nossa
existência é inserida na história da salvação: o passado é feito
memória-gratidão, o presente é preenchido pela presença de Cristo e o futuro
abre-se à realização plena.
Para acessar a segunda parte dessa postagem, com os verbetes 41 a 76, referentes às letras F-O (Família até Orientais, Liturgias), clique aqui.
Para acessar a terceira parte dessa postagem, com os verbetes 77 a 110, referentes às letras P-V (Padres e Liturgia até Virgindade Consagrada), clique aqui.
Igreja de Santo Anselmo all'Aventino, Roma (Sede do Pontifício Instituto Litúrgico) |
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