Santo Agostinho
Sermão atribuído na Natividade
Aquela
que o deu à luz é mãe e virgem
Nosso Salvador,
por quem foi feito todo dia e nascido do Pai sem dia, quis que este dia que
hoje celebramos fosse a data de seu nascimento na terra. Quem quer que sejas tu
que te admiras deste dia, admira-te, antes, do Dia Eterno que permanece ante
todo dia, que cria todo dia, que nasce no dia e livra da malícia do dia.
Admira-te ainda mais: aquela que o deu à luz é mãe e virgem; o nascido não
fala, sendo a Palavra. Com razão falaram os céus, se congratularam os anjos, se
alegraram os pastores, se transformaram os magos, se estremeceram os reis e
foram coroados os meninos.
Amamenta, ó Mãe,
ao nosso alimento; amamenta ao pão que vem do céu e foi colocado em um presépio
como sustento para os piedosos jumentos. Ali o boi conheceu a seu dono, e o asno o presépio de seu amo, ou seja,
a circuncisão e o prepúcio, unindo-se na pedra angular, cujas primícias foram
os pastores e os magos. Amamenta a quem te fez tal que Ele mesmo pode fazer-se
em ti; a quem te concedeu o dom da fecundidade ao concebê-lo sem privar-te ao
nascer da honra da virgindade; a quem já antes de nascer elegeu o seio e o dia
em que ia nascer. Ele mesmo criou o que elegeu para sair dali como esposo de
seu tálamo, a fim de poder ser contemplado por olhos mortais a atestar,
mediante o aumento da luz nesses dias do ano, que havia vindo como luz das
mentes.
Os profetas
pregaram que o Criador do céu e da terra iria aparecer na terra entre os
homens; o anjo anunciou que o Criador da carne e do espírito viria na carne.
João saudou desde o seio ao Salvador, que estava também no seio; o ancião
Simeão reconheceu a Deus no menino que não falava; a viúva Ana, a virgem Mãe.
Estes são os
testemunhos de teu nascimento, Senhor Jesus, antes que as ondas se submetessem
a ti quando as pisavas e as ordenavas acalmarem-se; antes que o vento se
calasse por tua ordem, que o morto voltasse à vida diante do teu chamamento,
que o sol se obscurecesse diante de tua morte, que a terra estremecesse ao
ressuscitar, que o céu se abrisse em tua ascensão; antes que fizesses estas e
outras maravilhas na idade juvenil de teu corpo. Ainda te levavam os braços de
tua mãe e já eras reconhecido como Senhor do orbe. Tu eras um menino pequeno da
raça de Israel, e tu também eras o Emanuel, o Deus conosco.
Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp.
295-296. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.
Confira também uma homilia de São Basílio de Selêucia para essa Solenidade clicando aqui.
Feliz ano novo ao administrador do Blog! Eu, assim como ele, estou na etapa de formação de seminário Diocesano. Que Deus nos abençoe hoje e sempre!
ResponderExcluirMuito obrigado por suas felicitações! Desejo-lhe um novo ano repleto das bênçãos de Deus!
Excluir