segunda-feira, 5 de março de 2012

A celebração da Missa da Ceia do Senhor

“A cruz de nosso Senhor Jesus Cristo deve ser a nossa glória: n’Ele está nossa vida e ressurreição; foi Ele que nos salvou e libertou” (cf. Gl 6,14).

O que se deve preparar:

- Todo o necessário para a celebração da Missa
- Paramentos brancos para o sacerdote, como para a Missa
- Turíbulo e naveta com incenso. Para a Transladação do Santíssimo Sacramento pode ser usado um segundo turíbulo
- Cruz processional
- Dois a seis castiçais com velas
- Sinetas
- Missal Romano
- Livro dos Evangelhos
- Cadeiras para os fiéis designados para o Lava-pés
- Jarro com água, bacia e toalhas para o rito do Lava-pés
- Gremial ou toalha para o sacerdote cingir-se
- O necessário para o sacerdote lavar as mãos
- Véu de âmbula (se houver)
- Véu umeral
- Genuflexório
- Velas para os ministros
- Quatro ou seis tochas

O Papa Francisco preside o rito do Lava-pés (2017)

O uso do incenso é sempre facultativo na Missa (cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano [IGMR], 3ª edição, nn. 276-277), sendo especificamente indicado pelo Cerimonial dos Bispos (n. 88) para essa celebração.

O altar seja ornado com flores, embora com certa moderação, de modo a não “antecipar” a alegria da Páscoa.

Antes dessa celebração o sacrário ou tabernáculo deve estar vazio (cf. Paschalis Sollemnitatis, n. 48; Missal Romano, p. 247), permanecendo aberto e com a lâmpada apagada. Se há reserva eucarística esta pode ser conservada na sacristia ou em outro lugar adequado fora da igreja, de forma digna (por exemplo, na casa paroquial).

Nessa Missa sejam consagradas hóstias suficientes para a Comunhão dos fiéis na própria celebração e no dia seguinte (Celebração da Paixão do Senhor).

Além disso, prepare-se o altar da reposição em local adequado da igreja, onde se conserva as hóstias para a Comunhão da Sexta-feira Santa. Esta capela da reposição deve contar com um sacrário fechado e convém ser ornada com flores e velas com a devida sobriedade (cf. Paschalis Sollemnitatis, n. 49; Cerimonial dos Bispos, n. 299). Essa capela nunca deve ter a forma de um “sepulcro” (cf. Paschalis Sollemnitatis, n. 55)

Se há igreja há uma capela do Santíssimo Sacramento separada do presbitério, prepara-se nessa mesma capela o altar da reposição.

Capela do Santíssimo Sacramento da Basílica de São Pedro

Acolhida dos Santos Óleos

A Carta Circular Paschalis Sollemnitatis recomenda em seu n. 36 realizar “o acolhimento aos santos óleos (...) em cada uma das paróquias, antes da celebração da Missa Vespertina da Ceia do Senhor”. Os Óleos dos Catecúmenos, dos Enfermos e do Crisma, com efeito, são abençoados pelo Bispo Diocesano na Missa Crismal, que costuma ser celebrada na manhã da Quinta-feira Santa.

O Secretariado Nacional de Liturgia de Portugal publicou em 2019 uma proposta para esse “Rito da acolhida dos Santos Óleos”: os recipientes com os Óleos são entronizados na procissão de entrada (logo após a cruz). Após a saudação inicial, o sacerdote profere uma breve monição e se entoa uma aclamação para cada um dos Óleos, que são então depositados em uma mesa em um lugar adequado do presbitério.

Para acessar nossa postagem sobre o Rito para acolhida dos Santos Óleos na Missa da Ceia do Senhor, clique aqui.

1. Ritos iniciais e Liturgia da Palavra

A celebração inicia-se como de costume, com a procissão de entrada:
- Acólitos com o turíbulo e a naveta do incenso
- Acólito com a cruz ladeado por dois a seis acólitos com velas acesas
- Acólitos e demais ministros
- Diácono com o Livro dos Evangelhos, se houver
- Sacerdote, paramentado para a Missa (com a casula branca ou festiva).

Procissão de entrada da Missa da Ceia do Senhor (2013)

Durante a procissão convém entoar um canto inspirado na antífona de entrada indicada no Missal (p. 247): “A cruz de nosso Senhor Jesus Cristo deve ser a nossa glória...” (cf. Gl 6,14). Com efeito, a Missa da Ceia do Senhor dá início ao 1º dia do Tríduo Pascal, o “Dia do Crucificado”, que vai do pôr-do-sol da Quinta-feira Santa ao pôr-do-sol da Sexta-feira Santa.

Para acessar nossa postagem sobre os cantos litúrgicos para a Missa da Ceia do Senhor, clique aqui.

Após venerar e incensar o altar, como de costume, o sacerdote inicia a celebração com o sinal da cruz e a saudação presidencial, seguidos pelo Ato Penitencial.

Durante o Glória tocam-se os sinos da igreja. A partir de então os sinos não poderão ser tocados até o Glória da Vigília Pascal (cf. Paschalis Sollemnitatis, n. 50; Cerimonial dos Bispos, n. 300). Da mesma forma, durante esse intervalo de tempo os instrumentos musicais só podem ser utilizados para sustentar o canto.

Missa da Ceia do Senhor (2013)

Após o Glória, os ritos iniciais concluem-se com a oração do dia: “Ó Pai, estamos reunidos para a santa ceia...” (Missal Romano, p. 247).

Segue-se a Liturgia da Palavra, como de costume, até a homilia inclusive: Ex 12,1-8.11-14; Sl 115; 1Cor 11,23-26; Jo 13,1-15. Ao Evangelho realiza-se a procissão com o incenso e duas velas. Não se entoa, porém, o Aleluia (omitido até a Vigília Pascal), substituído pelo refrão indicado no Lecionário: “Glória a vós, ó Cristo, verbo de Deus”, unido ao versículo: Eu vos dou este novo Mandamento...” (cf. Jo 13,34).

2. Rito do Lava-pés

Após a homilia, se for oportuno, tem início o rito do Lava-pés, que é sempre facultativo (cf. Paschalis Sollemnitatis, n. 51; Cerimonial dos Bispos, n. 301).

Lava-pés (2013)

Até 2015 nesse rito participava um grupo de homens escolhidos. Através do Decreto In Missa in Cena Domini, de janeiro de 2016, a Congregação para o Culto Divino alterou essa normativa, indicando que sejam “pessoas escolhidas entre o povo de Deus”:

“Os pastores poderão escolher um pequeno grupo de fiéis que sejam representantes da variedade e da unidade de cada porção do povo de Deus. Tal grupo poderá ser constituído por homens e mulheres, e de modo conveniente, por jovens e idosos, pessoas sãs ou doentes, clero, consagrados ou leigos”.

Note-se que nem o Decreto nem os livros litúrgicos mencionam o número “doze”. Com efeito, o lava pés não é uma “encenação” da última Ceia, mas sim a “atualização” do mandamento do Senhor (Jo 13,12-15). Evite-se, portanto, todo elemento que dê a ideia de uma encenação.

Da mesma forma, não convém que as pessoas escolhidas para o Lava-pés permaneçam no presbitério desde o início da celebração: o Cerimonial dos Bispos indica que eles são “conduzidos pelos ministros para os assentos preparados em lugar adequado” após a homilia (n. 301), destacando assim que são “tirados” do meio da assembleia, representando todo o povo de Deus.

Lava-pés (2018)

Para o lava-pés o sacerdote depõe a casula, deixando-a na cadeira ou entregando-a a um acólito para que a coloque em um lugar adequado, e cinge-se com um gremial ou toalha.

Aproxima-se então de cada uma das pessoas escolhidas e, auxiliado pelo diácono e pelos acólitos, derrama água em seus pés e os enxuga (ou, ao menos, lava e enxuga um pé). O gesto de o sacerdote beijar o pé do fiel não é indicado nos livros litúrgicos, embora tenha se tornado costume em muitos lugares.

Quanto aos acólitos que auxiliam o sacerdote, podem proceder da seguinte forma: do lado esquerdo, um acólito sustenta a bacia; do lado direito, o diácono ou um acólito sustenta a jarra de água; e, um pouco atrás, um ou dois acólitos ministram as toalhas.

Durante o rito do Lava-pés, cantam-se as antífonas propostas pelo Missal (pp. 248-249) ou outro canto adequado.

Lava-pés (2018)

Terminado o rito, o sacerdote lava as mãos, depõe o gremial ou toalha e retoma a casula. Não se recita a profissão de fé (Creio). A Missa prossegue, portanto, com a Oração dos Fiéis (Preces).

3. Liturgia Eucarística

É muito conveniente organizar uma procissão dos fiéis que conduzem ao altar os dons do pão e do vinho a serem consagrados (isto é, patena e âmbulas com hóstias e galhetas com vinho e água), além de donativos para os pobres, enquanto canta-se o hino Ubi caritas (“Onde o amor e a caridade”; cf; Missal Romano, p. 249) ou outro canto adequado.

Na ação litúrgica, o sinal sempre deve “realizar aquilo que significa” (cf. Constituição Sacrosanctum Concilium, n. 6). Portanto, nessa procissão das oferendas devem ser entronizadas unicamente “oferendas”, e não meros “símbolos”. O que é levado nessa procissão é literalmente oferecido, doado, entregue.

Procissão das oferendas (2019):
Uma âmbula, as galhetas e a patena com a hóstia

A apresentação das oferendas faz-se como de costume, inclusive com o uso do incenso. Toma-se o Prefácio da Santíssima Eucaristia I: “Eucaristia, sacrifício e sacramento de Cristo” (Missal Romano, p. 439). Durante o canto do Sanctus (“Santo, Santo, Santo...”) faz-se a procissão com incenso e velas, mas não se tocam as sinetas após a Consagração.

Missa da Ceia do Senhor (2020)

Recomenda-se vivamente rezar a Oração Eucarística I, que possui partes próprias para esta Missa: “Em comunhão com toda a Igreja...”, “Recebei, ó Pai, com bondade, a oferenda...” e a própria narrativa da instituição: “Na noite em que ia ser entregue para padecer pela salvação de todos, isto é, hoje...” (Missal Romano, pp. 250-251).

Para acessar nossa postagem sobre quando usar cada Oração Eucarística, clique aqui.

Consagração (2020)

4. Transladação do Santíssimo Sacramento

Após a Comunhão, permanece sobre o altar o corporal estendido e uma âmbula, coberta com o véu de âmbula (se houver), com as hóstias para a Comunhão do dia seguinte.

Convém deixar no altar apenas uma âmbula, que será transladada pelo sacerdote, destacando a “unidade”: o sacramento da Eucaristia é memorial do único sacrifício de Cristo. Para a transladação, com efeito, os livros litúrgicos sempre se referem à âmbula ou cibório no singular.

As demais âmbulas, se houver, podem ser transladadas para o sacrário da reposição em outro momento, após a celebração, ou então conservadas na sacristia ou outro lugar adequado.

Transladação do Santíssimo Sacramento (2013)

Nunca se pode fazer a exposição com o ostensório (cf. Paschalis Sollemnitatis, n. 55), dada a sobriedade desse dia. A reserva da Eucaristia nessa celebração, com efeito, não visa a adoração, mas possui um caráter “prático”: “conservar o pão eucarístico para a comunhão que será distribuída na Sexta-feira da Paixão do Senhor” (ibid.).

Com efeito, se porventura na igreja não se celebra a Ação Litúrgica da Paixão do Senhor, não se faz a procissão e a reposição do Santíssimo Sacramento (cf. Paschalis Sollemnitatis, n. 54).

Recitada a Oração após a Comunhão, o sacerdote, diante do altar, impõe o incenso em um ou dois turíbulos, e, ajoelhado, toma um turíbulo e incensa o Santíssimo Sacramento.

Em seguida, recebe o véu umeral do acólito, genuflete e toma a âmbula nas mãos, cobertas com o véu. O Cerimonial não menciona o uso do pluvial para essa transladação: portanto, o sacerdote continua com a casula, colocando sobre ela o véu umeral. O uso da casula em todos os ritos do Tríduo Pascal (Missa da Ceia do Senhor, Celebração da Paixão, Vigília Pascal) indica a “unidade” das celebrações desses dias.

O Cardeal Re preside a Transladação em nome do Papa Francisco (2021)

Forma-se então a procissão através da igreja até o altar da reposição:
- Acólito com a cruz ladeado pelos acólitos com velas acesas
- Acólitos e demais ministros, com velas acesas nas mãos
- Acólitos com o turíbulo e a naveta do incenso
- Sacerdote com o Santíssimo Sacramento, ladeado por quatro ou seis acólitos com tochas. Na ausência de tochas, podem utilizar-se quatro ou seis castiçais com velas.

Um acólito pode ainda conduzir a umbela sobre o sacerdote (não porém o pálio, que é próprio das procissões eucarísticas fora da igreja).

Durante a procissão canta-se o hino Pange lingua gloriósi (“Vamos todos louvar juntos”; Missal Romano, pp. 252-253) ou outro canto eucarístico.

Ao chegar ao altar da reposição, o sacerdote coloca a âmbula dentro do sacrário, depõe o véu umeral e ajoelha-se em um genuflexório preparado.

Incensação durante o "Tão Sublime" (2021)

Estando todos ajoelhados, entoam-se as últimas duas estrofes do hino Pange língua, isto é, Tantum ergo Sacraméntum (“Tão sublime sacramento”; Missal Romano, p. 253), enquanto o sacerdote incensa o Santíssimo Sacramento.

Terminado o canto, o diácono ou o próprio sacerdote fecha a porta do sacrário. Após alguns momentos de oração silenciosa, o sacerdote e os ministros levantam-se, genufletem e retiram-se em silêncio.

Adoração silenciosa (2021)

5. A desnudação dos altares e a “vigília eucarística”

Em tempo oportuno, após a celebração, o altar é desnudado: retiram-se a toalha, as velas e as flores. As cruzes da igreja e as imagens dos santos são retiradas ou cobertas com um véu vermelho ou roxo, a não ser que já estejam cobertas desde o V Domingo da Quaresma.

As cruzes permanecerão cobertas até o final da Celebração da Paixão do Senhor; as imagens até o início da Vigília Pascal (cf. Paschalis Sollemnitatis, nn. 26.57; Cerimonial dos Bispos, n. 310).

Os fiéis sejam convidados a permanecer na igreja durante essa noite e durante a manhã do dia seguinte em oração diante do Santíssimo Sacramento. Após a meia-noite, porém, esta oração seja feita sem solenidade (cf. Paschalis Sollemnitatis, nn. 56; Cerimonial dos Bispos, n. 311).

Não se trata, com efeito, de uma “adoração eucarística”, mas sim de uma vigília em comunhão com o Senhor, que no Horto das Oliveiras exortou aos Apóstolos: “Vigiai e orai” (Mt 26,38.40-41 e paralelos).

Imagem do "Homem das Dores" junto ao altar da reposição (Cracóvia, 2021)


Sobre as demais celebrações da Semana Santa, confira:

ALDAZÁBAL, José. Instrução Geral sobre o Missal Romano: Texto e Comentário. São Paulo: Paulinas, 2007.

CERIMONIAL DOS BISPOS. Cerimonial da Igreja. Tradução portuguesa da edição típica. São Paulo: Paulus, 1988, pp. 99-102.

CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO. Paschalis Sollemnitatis: A preparação e celebração das festas pascais. Brasília: Edições CNBB, 2018, pp. 22-25. Coleção: Documentos da Igreja, n. 38.

MISSAL ROMANO. Tradução portuguesa da 2ª edição típica para o Brasil. São Paulo: Paulus, 1991, pp. 247-253.

Para acessar o texto completo da Carta Paschalis Sollemnitatis, clique aqui.

Postagem publicada originalmente em 05 de março de 2012. Revista e ampliada em 20 de fevereiro de 2022.

32 comentários:

  1. Olá, o sacrário da reposição deve ser um fixo ? Ou pode ser preparado em algum local somente para esta celebração ?

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    1. A Instrução Paschalis Sollemnitatis no n. 49 afirma que se na igreja há Capela do Santíssimo, a reserva eucarística pode ser levada para ela. Portanto, será usado o sacrário fixo já existente na igreja.
      O mesmo número, porém, deixa aberta a possibilidade de se preparar uma Capela da Reposição em outro lugar da igreja. Neste caso, deve ser preparado um sacrário próprio para este fim.

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    2. Neste caso a Basilica onde sirvo, tem a capela do Ssmo porem a trasladacao sera feita em outro lugar fora da Igreja, ornamentado de acordo, as reservas q serao consumidas na sexta feira santa podem ficar na capela do Ssmo e a vigilia ser feita fora da Igreja em outro sacrario?

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    3. As normas não especificam, mas, para garantir a autenticidade do sinal, convém que a reserva eucarística seja feita em um lugar só: a capela da reposição, que os livros litúrgicos indicam que deve ser preparada dentro da igreja.
      Se as âmbulas para a Comunhão da Sexta-feira não cabem no sacrário da capela da reposição, é comum que sejam conservadas em um lugar adequado (na sacristia, na casa paroquial), porém fora da vista dos fiéis, para não "duplicar" o sinal.

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  2. Bom dia!
    *Durante o Glória, tocam-se todos os sinos da igreja, inclusive as sinetas. Os sinos a partir de então não poderão ser usados até o Glória da Vigília Pascal.Na consagração pode-se tocar matracas?
    *Na procissão até o altar da reposição na falta da umbela pode-se usar o pálio? E toca-se algum objeto nessa procissão?

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    1. 1. O uso das matracas provém da piedade popular, sendo usadas nas procissões devocionais da Semana Santa (procissão do Senhor morto, procissão do encontro). Portanto, seu toque não está previsto para a Missa da Ceia do Senhor.
      2. O pálio é prescrito para as procissões eucarísticas fora da igreja, como a procissão de Corpus Christi. Portanto, não deve ser usado dentro da igreja.
      3. Durante a transladação da Reserva Eucarística canta-se o hino "Vamos todos louvar juntos" ou outro canto adequado. Não está previsto nenhum outro som para este momento. O toque das matracas, por exemplo, só serviria para abafar o canto, sendo portanto inadequado.

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    2. Então se o toque das matracas não está previsto para a Missa da Ceia do Senhor o que será tocado na hora da consagração?

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    3. Nada. A elevação das Sagradas Espécies se faz em silêncio, como inclusive pode ser feito em todas as Missas (o uso das sinetas é sempre facultativo).

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  3. Para a comunhão do dia seguinte pode ser pego as hostias conservadas na sacristia ? Pode-se levar antes da celebração para a sacristia do lugar de reposição ?

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    1. Não sei se entendi bem suas perguntas, mas tanto na Missa da Ceia do Senhor quanto na Celebração da Paixão se comungam as hóstias consagradas na Missa da Ceia do Senhor (Paschalis Sollemnitatis, n. 48). Estas são levadas no final da Missa para o sacrário da reposição (que pode ser o próprio sacrário da igreja) ou, se não for possível, para outro lugar digno.
      Na Celebração da Paixão ao menos uma âmbula é transladada desse sacrário ao altar antes da Comunhão. As demais são trazidas deste mesmo sacrário ou de outro lugar adequado.

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  4. Caso se consagre hóstias a mais de uma ambula (na quinta-feira) todas elas devem ser transladada ? ou apenas uma, conservando as demais em um local na sacristia, e usando estas para a comunhão de sexta-feira ?

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    1. Convém transladar apenas uma âmbula (o Missal e o Cerimonial falam sempre "a âmbula", no singular), para expressar a unidade do mistério. As demais podem ser levadas logo após a Comunhão para um lugar adequado.

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  5. Penso que não se deve proibir o que a Igreja não proíbe. As rubricas do Missal simplesmente não mencionam as matracas, mas não proíbem. O costume do uso das matracas é uma forma de preservar uma prática do Rito Tradicional Romano. Não abafa o canto se não forem tocadas de forma intermitente, mas tocadas com pausas de alguns segundos ou intercaladas com as estrofes do Pange Lingua como já vi na Catedral de Campinas.

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    1. Em nenhum momento usamos a palavra "proibido", mas sim "inadequado". Mesmo na Forma Extraordinária do Rito Romano as matracas não estavam previstas para a Missa da Ceia do Senhor. Elas se originaram e têm o seu lugar nas procissões próprias da piedade popular.

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    2. O livro Curso de Liturgia do Pe. Réus, fala sobre deixar a matraca na credência no início da Missa in Coena Domini, mas não menciona os momentos em que deve ser tocada, voltará a falar sobre a matraca na Missa dos Pré-santificados, na "elevação" da Hóstia antes da Comunhão do sacerdote. Teria que ver se no Memoriale Ritum fala sobre as matracas. Já o Cerimonial da Semana Santa depois da Reforma de Pio XII, fala sobre a matraca na Consagração da Missa in Coena Domini, mas não fala delas no Translado.

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  6. Olá, se alguém puder me tirar uma dúvida ficarei grato. Tem um trecho do texto dizendo "Com efeito, se porventura na igreja não se celebra a Ação Litúrgica da Paixão do Senhor, não se faz a procissão e a reposição do Santíssimo Sacramento (cf. Paschalis Sollemnitatis, n. 54).", só que nesse documento não diz o que fazer com a ambula caso a igreja entre nesse caso. Gostaria de saber o que pode ser feito e se tem algum outro documento explicitando essa situação. Desde já agradeço

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    1. Quando não se realiza a reposição do Santíssimo Sacramento, a Missa encerra-se como de costume: após a Comunhão guarda-se a âmbula no sacrário, como se faz em cada Missa. O sacerdote recita então a oração após a Comunhão e encerra a celebração com a bênção e a despedida.
      Tal orientação é dada pela 3ª edição do Missal Romano (ainda sem tradução para o Brasil): "Si in eadem ecclesia celebratio Passionis Domini feria VI sequenti locum non habet, Missa concluditur more solito et Ss.mum Sacramentum in tabernaculo reponitur".

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  7. Salve Maria!

    Caso tenham 2 turíbulos, na hora da Transladação, quais são seus lugares? Um com a cruz e o outro com a âmbula?

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    1. Não. Os dois turíbulos diante do Santíssimo Sacramento (Cerimonial dos Bispos, n. 307). O mesmo vale para qualquer procissão eucarística (como a de Corpus Christi).

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  8. Uma dúvida. Nas comunidades onde se conserva o costume de velar as imagens e cruzes, o que devemos fazer com a cruz processional? Usá-la também velada?

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    1. Antes da reforma litúrgica, a cruz processional devia sim estar coberta (com um véu roxo a partir do V Domingo da Quaresma, como as demais imagens, e com um véu branco na Missa da Ceia do Senhor).
      Atualmente não há essa obrigatoriedade. Vale lembrar que a antífona de entrada da Missa da Ceia do Senhor é Gl 6,14: “A cruz de nosso Senhor Jesus Cristo deve ser a nossa glória...”. Portanto, convém que a cruz esteja visível.

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  9. Na hora da Transladação, pode ter mais de uma âmbula para a adoração? Aqui na paróquia é reservada duas, já para a celebração da Paixão.

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    1. Outra coisa: já vi ritos de desnudaçao do Altar, após a Transladação. É louvável fazê-lo? Está em algum documento?

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    2. 1. Como indicamos na postagem, para essa Transladação os livros litúrgicos sempre se referem à âmbula no singular, de modo a garantir a autenticidade do sinal (uma Eucaristia, um sacrifício, um Cristo).
      Portanto, convém que o sacerdote translade apenas uma âmbula. As demais, se houver, podem ser conduzidas para o sacrário da reposição em outro momento, após a celebração, ou então conservadas na sacristia ou outro lugar adequado.

      2. A desnudação dos altares após a Missa da Ceia do Senhor é indicada nas normas litúrgicas (Paschalis Sollemnitatis, n. 57; Cerimonial dos Bispos, n. 310). Contudo, não há um "rito" próprio para tanto: simplesmente se retiram a toalha, as flores, as velas e a cruz em silêncio.

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  10. As reservas eucarísticas presentes no sacrário antes da Missa da ceia do senhor só voltam ao sacrário no Domingo de Páscoa ou devem ser consumidas antes.

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    1. O ideal é consumir a reserva eucarística antes da Missa da Ceia do Senhor, de modo que todas as hóstias sejam consagradas "ex novo". Se não for possível, convém reservar essas hóstias em um lugar adequado, as quais podem ser devolvidas ao sacrário no final da Vigília Pascal ou após a Celebração da Paixão (cf. Cerimonial dos Bispos, n. 328).

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  11. Boa tarde.
    A Trasladacao e sempre por fora da Igreja, porem a capela de reposicao pode ser fora ds Igreja ne? Exemplo um salao ornado de acordo com o que se pede na Carta Paschalis Solemnitatis?

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    1. A Paschalis Sollemnitatis nunca menciona a capela da reposição fora da igreja. Se há Capela do Santíssimo, é nela que se faz reposição (n. 49). O mesmo documento indica que a procissão "passando pela igreja, acompanha o Santíssimo Sacramento ao lugar da reposição" (n. 54). Ou seja, a transladação tem lugar dentro da igreja, e não fora dela.
      A única ocasião em que se prevê tirar a Eucaristia da igreja no Tríduo Pascal é após a Celebração da Paixão do Senhor (n. 70), para expressar o "grande vazio" do Sábado Santo. Nesse caso a Eucaristia é levada para um lugar reservado (como a casa paroquial ou outro lugar adequado). Tal gesto, porém, não é obrigatório (Cerimonial dos Bispos, n. 328).

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    2. Bom dia Andre. Olhando a Paschalis Sollemnitatis, a capela de reposição também não menciona que deve ser dentro da Igreja, mas fala que a capela seja ornada com sobriedade...Pode me detalhar mais informações por gentileza ?
      A Ambula que será transladada será colocada no salão fora da Igreja para a hora santa após a missa da Ceia e na Sexta Feira durante as horas santas até ao 12h, esta correto tb dessa forma, certo ?

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    3. A Paschalis Sollemnitatis não diz abertamente que a capela da reposição deve ser dentro da igreja, tampouco menciona que possa ser preparada fora da igreja.
      Como indiquei em respostas anteriores, deduz-se que a capela da reposição deve ser dentro da igreja pela indicação a prepará-la na própria Capela do Santíssimo, se houver (n. 49), e pela referência à transladação da reserva eucarística, que "passa pela igreja", isto é, "através da igreja" (n. 54).
      Não obstante, é costume em algumas comunidades preparar a capela fora da igreja (no salão paroquial, por exemplo), oferecendo um espaço mais amplo para a oração.
      Embora não seja previsto diretamente pelos livros litúrgicos, esse gesto pode ser considerado um costume válido, desde que a âmbula seja conservada sempre em um sacrário fechado (Paschalis Sollemnitatis, n. 49).

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  12. Obrigado Andre, uma ultima duvida, a ambula que sera trasladada na quinta feira santa pode ser levada para a hora santa fora da Igreja, um salao paroquial por exemplo? Ou ela deve ficar dentro da Igreja para a vigilia ?
    Na sexta feira santa na hora santa a ambula estar nesse mesmo salao?

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    1. As normas litúrgicas indicam que a capela da reposição deve ser dentro da igreja. Contudo, sei que algumas comunidades a preparam fora da igreja, como no salão paroquial, oferecendo um espaço mais amplo para a oração.
      Tal costume não é previsto nas normas, mas tampouco constitui um abuso litúrgico. Sempre há margem para legítimas adaptações, conforme os costumes e a realidade das comunidades.

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