Viagem Apostólica a Portugal
XXXVII Jornada Mundial da Juventude
Via Sacra com os jovens
Discurso do Papa Francisco
Parque Eduardo VII (Colina do Encontro), Lisboa
Sexta-feira, 04 de agosto de 2023
Queridos irmãos e irmãs, boa tarde!
Hoje, caminhareis com Jesus. Jesus é o Caminho e nós
caminharemos com Ele, porque Ele caminha. Quando estava entre nós, Jesus
caminhou: caminhou, curando os doentes, prestando assistência aos pobres,
fazendo justiça; caminhou pregando, ensinando-nos. Jesus caminha, mas o caminho
que temos mais gravado no nosso coração é o caminho do Calvário, o caminho da
Cruz. E hoje vós, nós (eu também), rezando, seguiremos novamente o caminho da
Cruz. Contemplaremos Jesus que passa e caminharemos com Ele. O caminho de Jesus
é Deus que sai de Si mesmo; sai de Si mesmo para caminhar entre nós. É aquilo
que ouvimos tantas vezes na Missa: «O Verbo se fez carne e caminhou entre nós».
Lembrais-vos? O Verbo se fez homem e caminhou entre nós. E fá-lo por amor; faz
isso por amor. E a Cruz que acompanha cada Jornada Mundial da Juventude é o
ícone, é a figura deste caminho. A Cruz é o sentido maior do maior amor,
daquele amor com que Jesus quer abraçar a nossa vida. A nossa? Sim! A tua vida,
a daquele, a daquele outro, a de cada um de nós. Jesus caminha por mim. Temos
de dizê-lo a todos. Jesus empreende este caminho por mim, para dar a sua vida
por mim. E ninguém tem maior amor do que quem dá vida pelos seus amigos, quem
que dá a vida pelos outros. Não vos esqueçais disto: ninguém tem maior amor do
que quem dá a vida. Assim o ensinou Jesus. Por isso, quando contemplamos o
Crucificado, naquela condição tão dolorosa, tão dura, vemos a beleza do Amor
que dá a sua vida por cada um de nós.
Uma pessoa de grande fé dizia uma frase que me tocou muito:
«Senhor, pela vossa inefável agonia, posso crer no amor». Sim, Senhor, pela
vossa inefável agonia, posso crer no amor. E Jesus caminha, mas anela por
qualquer coisa, espera a nossa companhia, aguarda o nosso olhar... Como hei de
dizer? Espera abrir as janelas da minha alma, da tua alma, da alma de cada um
de nós. Como são feias as almas fechadas, que semeiam dentro, sorriem dentro!
Mas isto não tem sentido. Jesus caminha e espera com o seu amor, espera com a
sua ternura, para nos dar consolação, enxugar as nossas lágrimas.
Agora faço-vos uma pergunta, mas não deveis responder em voz
alta; cada um responda dentro de si mesmo. Choro eu de vez em quando? Há coisas
na vida que me fazem chorar? Todos nós na vida já choramos, e continuamos ainda
a chorar. Nesses momentos, Jesus está conosco. Ele chora conosco, porque nos
acompanha na escuridão que nos faz chorar.
Façamos um pouco de silêncio, e cada um diga a Jesus por que
chora na vida. Cada um de nós diga-o para si mesmo agora, em silêncio.
(Momento de silêncio)
Com a sua ternura, Jesus enxuga as nossas lágrimas
escondidas. Jesus espera cumular, com a sua proximidade, a nossa solidão. Como
são tristes os momentos de solidão! Neles está Jesus, Ele quer preencher tal
solidão. Jesus quer preencher o nosso medo, o teu medo, o meu medo... Ele quer
preencher esses medos obscuros com a sua consolação. Ele espera impelir-nos a
abraçar o risco de amar. Porque, como sabeis (sabei-lo melhor do que eu), amar
é arriscado. É preciso correr o risco de amar. É um risco, mas vale a pena
corrê-lo; nisso, acompanha-nos Jesus. Sempre nos acompanha, sempre caminha;
durante a vida, sempre está junto de nós.
Não quero acrescentar mais nada. Hoje faremos o caminho com
Ele, o caminho do seu sofrimento, o caminho das nossas ansiedades, o caminho
das nossas solidões.
Agora, durante uns momentos, façamos silêncio e cada um de
nós pense no próprio sofrimento, pense na própria ansiedade, pense nas próprias
misérias. Não tenhais medo, pensai nisso e pensai também no desejo de que a
alma volte a sorrir.
(Momento de silêncio)
E Jesus caminha para a Cruz, morre na Cruz, para que a nossa
alma possa sorrir. Amém.
Fonte: Santa Sé.
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