quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Ângelus: XIX Domingo do Tempo Comum - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 13 de agosto de 2023

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho de hoje narra um prodígio particular de Jesus: Ele, à noite, caminha sobre as águas do mar da Galileia para ir ao encontro dos discípulos que faziam a travessia em um barco (Mt 14,22-33). Perguntamo-nos: por que fez isto Jesus? Para dar espetáculo? Não! Mas por quê? Talvez por uma necessidade urgente e imprevisível, para ir em socorro dos seus que estavam encalhados por causa do vento contrário? Não, porque foi o Ele que programou tudo, que os fez partir ao fim da tarde, até - diz o texto - “obrigando-os” (v. 22). Talvez para lhes dar uma demonstração de grandeza e de poder? Mas isto não é próprio d’Ele, que é tão simples. Então, por que o fez? Por que quis caminhar sobre as águas

Por detrás do caminhar sobre as águas, há uma mensagem que não é imediata, uma mensagem que devemos captar. Naquele tempo, de fato, as grandes extensões de água eram consideradas como a sede de forças malignas que não podiam ser dominadas pelo homem; especialmente se agitados pela tempestade os abismos eram um símbolo do caos e lembravam as trevas do mundo subterrâneo. Naquele momento, os discípulos encontram-se no meio do lago, na escuridão: neles há o medo de afundar, de ser absorvidos pelo mal. E eis que surge Jesus, que caminha sobre as águas, isto é, sobre as forças do mal, Ele caminha sobre as forças do mal e diz aos seus: «Coragem, sou eu, não tenhais medo!» (v. 27). Tudo isto é uma mensagem que Jesus nos transmite. Eis o significado do sinal: os poderes malignos, que nos assustam e que não conseguimos dominar, com Jesus são imediatamente redimensionados. Ele, caminhando sobre as águas, quer dizer-nos: “Não tenhais medo, eu ponho os vossos inimigos debaixo dos pés” - bela mensagem: “Ponho os vossos inimigos debaixo dos pés” - não as pessoas! -, não são elas os inimigos, mas a morte, o pecado, o diabo: estes são os inimigos das pessoas, os nossos inimigos. E Jesus esmaga esses inimigos por nós.

Cristo repete hoje a cada um de nós: “Coragem, sou eu, não tenhais medo!”. Coragem, pois eu estou aqui, porque já não estás sozinho nas águas agitadas da vida. Então, o que fazer quando nos encontramos em alto mar e à mercê de ventos contrários? O que fazer no medo, que é um mar aberto, quando só vemos escuridão e nos sentimos perdidos? Devemos fazer duas coisas, que no Evangelho os discípulos fazem. O que fazem os discípulos? Invocam e acolhem Jesus. Nos momentos piores, mais escuros, mais tempestuosos, invocar Jesus e acolher Jesus.

Os discípulos invocam Jesus: Pedro caminha um pouco sobre as águas em direção de Jesus, mas depois tem medo, afunda e grita: «Senhor, salva-me!» (v. 30). Invoca Jesus, chama por Jesus. Esta oração é bonita, exprime a certeza de que o Senhor pode salvar-nos, que Ele vence o nosso mal e os nossos medos. Convido-vos a repeti-la agora todos juntos: Senhor, salva-me! Juntos, três vezes: Senhor salva-me, Senhor salva-me, Senhor salva-me!

E depois os discípulos acolhem. Primeiro invocam, depois acolhem Jesus no barco. O texto diz que, logo que Ele entra a bordo, «o vento cessou» (v. 32). O Senhor sabe que a barca da vida, assim como a barca da Igreja, está ameaçada por ventos contrários e que o mar no qual navegamos é muitas vezes agitado. Ele não nos livra do cansaço da navegação, pelo contrário - o Evangelho sublinha-o - exorta os seus a partir: isto é, convida-nos a enfrentar as dificuldades, para que também elas se tornem lugares de salvação, porque Jesus as vence, tornam-se oportunidades de encontro com Ele. De fato, nos nossos momentos de escuridão Ele vem ao nosso encontro, pedindo para ser acolhido, como naquela noite no lago.

Perguntemo-nos então: nos medos, nas dificuldades, como me comporto? Vou em frente sozinho, com as minhas forças, ou invoco o Senhor com confiança? E como está a minha fé? Acredito que Cristo é mais forte do que as ondas e os ventos adversos? Mas sobretudo: navego com Ele? Acolho-O, dou-Lhe lugar no barco da minha vida - nunca sozinho, sempre com Jesus - confio-Lhe o leme?
Maria, Mãe de Jesus, Estrela do Mar, ajuda-nos a procurar, nas travessias escuras, a luz de Jesus.

Jesus caminha sobre as águas
(Julius Sergius von Klever)

Fonte: Santa Sé.

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