Santa Missa Crismal
Homilia do Papa Francisco
Basílica de São Pedro
Quinta-feira Santa, 06 de abril de 2023
«O Espírito do Senhor está sobre mim» (Lc 4,18):
partindo deste versículo começou a pregação de Jesus e, do mesmo versículo,
partiu a Palavra que hoje escutamos (cf. Is 61,1).
Portanto, no princípio, está o Espírito do Senhor.
E é sobre Ele que hoje quero refletir
convosco, amados irmãos, pois sem o Espírito do Senhor não há vida cristã e sem
a sua unção não há santidade. O Espírito é o protagonista e é
bom hoje, no dia do nascimento do sacerdócio, reconhecer que Ele está na origem
do nosso ministério, da vida e da vitalidade de cada Pastor. Com efeito, a
santa Mãe Igreja ensina-nos a professar que é o Espírito Santo que «dá a vida» [1], como
afirmou Jesus, quando disse: «É o Espírito quem dá a vida» (Jo 6,63);
ensinamento retomado pelo Apóstolo Paulo quando escreve que «a letra mata,
enquanto o Espírito dá vida» (2Cor 3,6) e fala da «lei
do Espírito, que dá a vida (...) em Cristo Jesus» (Rm 8,2).
Sem Ele nem sequer a Igreja seria a Esposa viva de Cristo, mas, no máximo, uma
organização religiosa, mais ou menos boa; não seria o Corpo de Cristo, mas um
templo construído por mãos de homem. Então, como edificar a Igreja senão a
partir do fato de sermos «templos do Espírito Santo» (1Cor 6,19; 3,16),
que habita em nós? Não podemos deixá-Lo fora de casa ou arrumá-Lo em qualquer
área devocional, mas colocá-Lo no centro. Precisamos diariamente de dizer:
«Vinde, porque sem a vossa força e favor clemente, nada há no homem que seja
inocente» [2].
Cada um de nós pode dizer: O
Espírito do Senhor está sobre mim. E não é presunção, é realidade, já que
cada cristão, e de modo particular cada sacerdote, pode fazer suas as palavras
que se lhe seguem: «porque o Senhor me consagrou com a unção» (Is 61,1).
Irmãos, sem mérito nosso, por pura graça, recebemos uma unção que nos fez pais
e pastores no Povo santo de Deus. Detenhamo-nos, pois, neste aspecto do
Espírito: a unção.
Depois da primeira «unção» que
aconteceu no ventre de Maria, o Espírito desceu sobre Jesus no Jordão. Em
seguida, como explica São Basílio, «cada ação [de Cristo] gozava da
com-presença do Espírito Santo» [3]. Com o poder daquela unção, Ele pregava e realizava sinais, em
virtude daquela unção «emanava d’Ele uma força que a todos curava» (Lc 6,19).
Jesus e o Espírito trabalham sempre juntos, como se fossem as duas mãos do Pai -
assim o diz Santo Irineu [4] - que, estendidas para nós, nos abraçam e levantam. E, por elas,
foram marcadas as nossas mãos, ungidas pelo Espírito de Cristo. Sim, irmãos, o
Senhor não Se limitou a escolher-nos e chamar-nos ora daqui ora dali, mas
infundiu em nós a unção do seu Espírito, o mesmo que desceu sobre os Apóstolos.
Irmãos, somos «ungidos».
Fixemos então o nosso olhar nos
Apóstolos. Jesus escolheu-os e, à sua chamada, deixaram os barcos, as redes, a
casa... A unção da Palavra mudou-lhes a vida. Com entusiasmo, seguiram o Mestre
e começaram a pregar, convencidos que, depois, realizariam coisas ainda
maiores; até que chegou a Páscoa. Parece que então tudo ficou suspenso:
chegaram a negar e abandonar o Mestre. Não devemos ter medo, sejamos corajosos
a ler a nossa própria vida e as nossas quedas. Chegaram a negar e abandonar o
Mestre, a começar por Pedro. Puderam dar-se conta do grande desajustamento
entre a visão deles e a de Jesus, e perceberam que não O tinham compreendido: a
frase «não conheço esse homem» (Mc 14,71), que Pedro alegou no
pátio do sumo sacerdote depois da Última Ceia, não é mera defesa impulsiva, mas
uma admissão de ignorância espiritual: ele e os outros talvez estivessem à
espera de uma vida de sucessos atrás de um Messias que arrastava multidões e
fazia prodígios, mas não reconheciam o escândalo da cruz, que esfarelou as suas
certezas. Jesus sabia que eles, sozinhos, não conseguiriam e, por isso,
prometeu-lhes o Paráclito. E foi precisamente aquela «segunda unção», no
Pentecostes, que transformou os discípulos, levando-os a apascentar o rebanho
de Deus, e já não a si mesmos. Esta é a contradição que temos de resolver: sou
pastor do povo de Deus ou de mim mesmo? E, para me ensinar a estrada, temos o
Espírito. Foi aquela unção de fogo que extinguiu uma religiosidade centrada
neles mesmos e nas próprias capacidades: acolhido o Espírito, evaporam-se os
medos e as hesitações de Pedro; Tiago e João, consumidos pelo anseio de dar a
vida, deixam de procurar lugares de honra (cf. Mc 10,35-45)
- o nosso carreirismo, irmãos; os outros deixam de estar fechados e temerosos
no Cenáculo, mas saem e tornam-se Apóstolos pelo mundo inteiro. É o Espírito
que muda o nosso coração, que o coloca em um plano diverso.
Irmãos, um itinerário semelhante abraça
a nossa vida sacerdotal e apostólica. Também para nós houve uma primeira unção,
com início em uma chamada cheia de amor que nos arrebatou o coração. Por ela
soltamos as amarras e, sobre um genuíno entusiasmo, desceu a força do Espírito
que nos consagrou. Depois, segundo os tempos de Deus, havia de chegar para cada
um a etapa pascal, que marca a hora da verdade. Trata-se de um momento de
crise, que possui várias formas. A todos sucede, mais cedo ou mais tarde,
experimentar desilusões, cansaços e fraquezas, com o ideal que parece diluir-se
perante as exigências da realidade, substituído por uma certa rotina; e algumas
provações - difíceis de imaginar antes - fazem aparecer a fidelidade mais incômoda
do que outrora. Esta etapa - a da tentação, da prova que todos nós tivemos,
temos e teremos - esta etapa representa, para quem recebeu a unção, um cume
decisivo. Dele pode-se sair mal, deixando-se planar rumo a uma certa
mediocridade, arrastando-se cansado em uma «normalidade» cinzenta onde se
insinuam três perigosas tentações: a da acomodação, na qual a pessoa se
contenta com o que pode fazer; a da substituição, na qual se tenta
«recarregar» o espírito com algo diferente da nossa unção; a do desânimo -
a mais comum -, na qual, insatisfeitos, se avança por inércia. E aqui está o
grande risco: permanecem intactas as aparências - sou sacerdote, sou padre -,
enquanto a pessoa se fecha em si mesma e conduz a vida na apatia; a fragrância
da unção deixou de perfumar a vida, e o coração, em vez de se dilatar, restringe-se,
envolvido pelo desencanto. É um destilado, sabeis? Quando o sacerdócio desliza
lentamente para o clericalismo e o padre esquece-se de ser pastor do povo, para
se tornar um clérigo de Estado.
Mas aquela crise pode tornar-se também
um ponto de viragem no sacerdócio, a «etapa decisiva da vida espiritual, em que
se deve efetuar a última escolha entre Jesus e o mundo, entre a heroicidade da
caridade e a mediocridade, entre a cruz e um certo bem-estar, entre a santidade
e uma honesta fidelidade ao compromisso religioso» [5]. No
final desta celebração vão dar-vos de presente um clássico, um livro que trata
deste problema: «A segunda chamada». É um clássico do Padre Voillaume,
que aborda este problema. Lede-o! Com efeito, todos nós precisamos refletir
sobre este momento do nosso sacerdócio. É o momento abençoado em que nós, como
os discípulos na Páscoa, somos chamados a ser «suficientemente humildes para
nos confessarmos vencidos por Cristo humilhado e crucificado, e para aceitarmos
iniciar um novo caminho, o do Espírito, da fé e de um amor forte e
sem ilusões» [6]. É
o kairós, no qual se descobre que «o todo não se reduz a abandonar
o barco e as redes para seguir Jesus durante um certo tempo, mas exige ir até
ao Calvário, acolher a sua lição e fruto, e ir com a ajuda do Espírito Santo até
ao fim de uma vida que deve terminar na perfeição da Caridade divina» [7]. Com a ajuda do
Espírito Santo: é o tempo para nós, como o foi para os Apóstolos, de uma
«segunda unção», tempo de uma segunda chamada que devemos escutar para receber
a segunda unção, em que se acolhe o Espírito não sobre o entusiasmo dos nossos
sonhos, mas na fragilidade da nossa realidade. É uma unção que mostra a verdade
no mais fundo de nós mesmos e que permite ao Espírito ungir as nossas
fragilidades, os nossos cansaços, a nossa pobreza interior. Então a unção volta
a perfumar d’Ele, não de nós. Neste momento, interiormente, recordo alguns de
vós que estão em crise - digamos assim -, que estão desorientados e não sabem
como retomar o caminho, como voltar ao caminho nesta segunda unção do Espírito.
A estes irmãos - tenho-os presente - digo simplesmente: Coragem, o Senhor é
maior que as tuas fraquezas, os teus pecados. Entrega-te ao Senhor e deixa-te
chamar uma segunda vez, esta vez com a unção do Espírito Santo. A vida dupla
não te ajudará; lançar tudo pela janela também não. Olha para a frente,
deixa-te acariciar pela unção do Espírito Santo.
E o caminho para este passo de
amadurecimento é admitir a verdade da própria fragilidade. A isto nos exorta «o
Espírito da Verdade» (Jo 16,13), que nos leva a olhar profundamente
dentro de nós mesmos, a perguntarmo-nos: a minha realização depende da minha habilidade,
da função que consigo obter, dos elogios que recebo, da carreira que faço, dos
superiores ou colaboradores que tenho, das comodidades que me posso assegurar,
ou então depende da unção que perfuma a minha vida? Irmãos, a maturidade
sacerdotal passa pelo Espírito Santo, realiza-se quando Ele Se torna o
protagonista da nossa vida. Então tudo muda de perspectiva, inclusive as
desilusões e amarguras - mesmo os pecados -, porque já não se trata de procurar
aperfeiçoar-se ajustando qualquer coisa, mas de nos entregarmos, sem nada reter
para nós, Àquele que nos impregnou na sua unção e quer descer até ao fundo de
nós mesmos. Irmãos, então voltaremos a descobrir que a vida espiritual se torna
livre e feliz não quando se salvam as aparências e se coloca um remendo, mas
quando se deixa a iniciativa ao Espírito e, abandonados aos seus desígnios, nos
dispomos a servir onde e como nos for pedido: o nosso sacerdócio cresce, não
com remendos, mas por transbordamento!
Se deixarmos agir em nós o Espírito da
Verdade, guardaremos a unção - guardar a unção -, porque virão
imediatamente à luz do dia as falsidades - as hipocrisias clericais -, as
falsidades com que somos tentados a viver. E o Espírito, que «lava o que [no
homem] há de impuro», nos sugerirá sem descanso para não mancharmos minimamente
a unção. Vem-me à mente aquela frase do Qohélet, que diz: «Uma mosca
morta infecta e estraga o azeite perfumado» (Ecl 10,1). É verdade! Toda
a duplicidade - incluindo a duplicidade clerical -, toda a duplicidade que se
insinua é perigosa: não deve ser tolerada, mas levada à luz do Espírito.
Porque, se não há «nada mais enganador que o coração, tantas vezes perverso» (Jr 17,9),
o Espírito Santo, e só Ele, nos cura das infidelidades (cf. Os 14,5).
Para nós, trata-se de uma luta imprescindível: de fato, é indispensável, como
escreveu São Gregório Magno, que «quem anuncia a Palavra de Deus, antes se
debruce sobre o seu próprio modo de viver, para que, haurindo da própria vida,
aprenda o que dizer e como dizê-lo. (...) Ninguém presuma dizer fora o que
antes não ouviu dentro» [8]. E o mestre interior que devemos escutar é o
Espírito, sabendo que não há nada em nós que Ele não queira ungir. Irmãos,
guardemos a unção: a invocação do Espírito seja não uma prática ocasional, mas
a respiração de cada dia. Vinde, vinde, guardai a unção. Eu, consagrado pelo
Espírito, sou chamado a mergulhar n’Ele, a deixar entrar a sua luz nas minhas
opacidades - temos tantas -, para reencontrar a verdade daquilo que sou.
Deixemo-nos impelir por Ele no combate às falsidades que se agitam dentro de
nós; e deixemo-nos regenerar por Ele na adoração, porque, quando adoramos o
Senhor, Ele derrama nos nossos corações o seu Espírito.
«O Espírito do Senhor está sobre mim,
porque o Senhor me ungiu: enviou-me para levar a boa-nova» (Is 61,1;
cf. Lc 4,18-19) e levar - lê-se na sequência da
profecia - libertação, cura e graça; em uma palavra, para levar harmonia onde
não há. Pois, como diz São Basílio, «o Espírito é harmonia», é Ele que faz a
harmonia. Depois de vos ter falado da unção, quero dizer-vos algo sobre esta
harmonia, que é sua consequência. De fato, o Espírito Santo é harmonia; antes
de tudo, no céu: São Basílio explica que «toda aquela harmonia supraceleste e
inefável no serviço de Deus e na sinfonia mútua das potências supracósmicas, é
impossível conservá-la a não ser pela autoridade do Espírito» [9]. E,
depois, na terra: na Igreja, Ele é realmente aquela «Harmonia divina e musical»
[10] que tudo une. Imaginai um presbitério sem harmonia, sem o Espírito: não
funciona. Ele suscita a diversidade dos carismas e recompõe-na na unidade, cria
uma concórdia que não se funda na uniformização, mas na criatividade da
caridade. Assim cria harmonia entre muitos. Assim faz harmonia em um
presbitério. Durante os anos do Concílio Vaticano II, que foi um dom do
Espírito, um teólogo publicou um estudo no qual falava do Espírito em chave não
individual, mas plural. Convidou a imaginá-Lo como uma Pessoa divina não tanto
singular, mas «plural», como o «nós de Deus», o nós do Pai e do Filho, porque é
a sua ligação; é, em Si mesmo, concórdia, comunhão, harmonia [11]. Recordo-me
que, quando li este tratado teológico - estava na teologia, nos meus estudos -
fiquei escandalizado: parecia uma heresia, porque, na nossa formação, não se
compreendia bem como era o Espírito Santo.
Tudo o que deseja é criar harmonia,
principalmente através daqueles sobre quem derramou a sua unção. Irmãos,
construir a harmonia entre nós não é tanto um método bom, para que a comunidade
eclesial caminhe melhor, não é bailar o minueto, nem é questão de
estratégia ou de cortesia, mas é sobretudo uma exigência interna na vida do
Espírito. Peca-se contra o Espírito, que é comunhão, quando nos tornamos, mesmo
por frivolidade, instrumentos de divisão, por exemplo - e voltamos ao mesmo
tema - com a murmuração. Quando nos tornamos instrumentos de divisão, pecamos
contra o Espírito. E faz-se o jogo do inimigo, que nunca sai a descoberto, mas
gosta de boatos e insinuações, fomenta partidos e facções, alimenta a nostalgia
do passado, a desconfiança, o pessimismo, o medo. Por favor, estejamos atentos
a não manchar a unção do Espírito e o vestido da Santa Mãe Igreja com a
desunião, com as polarizações, com qualquer falta de caridade e comunhão.
Recordemos que o Espírito, «o nós de Deus», prefere a forma comunitária, isto
é, a disponibilidade acima das exigências próprias, a obediência acima dos
próprios gostos, a humildade acima das próprias pretensões.
A harmonia não é apenas uma virtude
entre outras. São Gregório Magno escreve: «Quanto vale a virtude da concórdia
demonstra-o o fato de que, sem ela, todas as outras virtudes não valem
absolutamente nada» [12]. Ajudemo-nos, irmãos, a conservar a harmonia,
conservar a harmonia - este seria o meu dever de casa - começando não pelos
outros, mas por mim mesmo, perguntando-me: nas minhas palavras, nos meus
comentários, naquilo que digo e escrevo, há a marca do Espírito ou a do mundo?
Penso também na gentileza do sacerdote - tantas vezes nós,
padres, somos uns mal-educados -, pensemos na gentileza do sacerdote: se o
povo, até em nós, encontra pessoas insatisfeitas, pessoas descontentes,
solteirões, que criticam e acusam, onde poderá ver a harmonia? Quantos não se
aproximam ou até se afastam porque na Igreja não se sentem acolhidos e amados,
mas olhados com desconfiança e julgados! Em nome de Deus, acolhamos e perdoemos
sempre! E lembremo-nos de que ser ríspido e lamuriento, além de não produzir
nada de bom, corrompe o anúncio, porque é contratestemunho de Deus, que é
comunhão e harmonia. E isto desagrada tanto e sobretudo ao Espírito Santo, que
o Apóstolo Paulo nos exorta a não entristecer (cf. Ef 4,30).
Irmãos, deixo-vos estes pensamentos que
me vieram do coração e concluo dirigindo-vos uma palavra simples e importante: Obrigado!
Obrigado pelo vosso testemunho, obrigado pelo vosso serviço; obrigado por tanto
bem escondido que fazeis, obrigado pelo perdão e a consolação que ofereceis em
nome de Deus: perdoai sempre, por favor, nunca negueis o perdão; obrigado pelo
vosso ministério, que muitas vezes se desenrola no meio de tantas fadigas,
incompreensões e pouco reconhecimento. Irmãos, o Espírito de Deus, que não
desilude quem coloca n’Ele a própria confiança, vos encha de paz e leve a bom
termo aquilo que em vós começou, para serdes profetas da sua unção e apóstolos
de harmonia.
Notas:
[1] Símbolo Niceno-Constantinopolitano.
[2] Sequência da Solenidade
de Pentecostes.
[3] Basílio Magno, Liber
de Spiritu Sancto XVI, 39.
[4] cf. Irineu, Adversus
haereses IV, 20, 1.
[5] R. Voillaume, «La
seconda chiamata», in: S. Stevan [ed.], La seconda chiamata.
Il coraggio della fragilità. Bologna, 2018, 15.
[6] ibid.,
24.
[7] ibid.,
16.
[8] Gregório Magno,
Homiliae in Ezechielem I, X, 13-14.
[9] Basílio Magno, Liber
de Spiritu Sancto XVI, 38.
[10] idem, In Psalmos 29,
1.
[11] cf. H.
Mühlen, Der Heilige Geist als Person. Ich - Du - Wir. Münster, 1963.
[12] Gregório Magno, Homiliae in Ezechielem I, VIII, 8.
Fonte: Santa Sé.
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