Já apresentamos aqui em nosso blog, como sugestão de leitura
mensal, três volumes da coleção “Liturgia
Fundamental” da Editora Paulinas:
A Liturgia da Igreja: Teologia, história, espiritualidade e pastoral, de Dom Julián López Martín
(janeiro de 2020);
Introdução à Teologia Litúrgica, do Padre Juan Javier Flores (agosto de 2020);
Liturgia e vida espiritual: Teologia, celebração, experiência, do Padre Jesús Castellano
(agosto de 2021).
Nesta postagem apresentamos o quarto volume: Sinais
do mistério de Cristo: Teologia litúrgica dos sacramentos, espiritualidade e Ano
Litúrgico, de autoria do grande teólogo da Liturgia Salvatore Marsili.
Na verdade a obra reúne as apostilas que o Abade Marsili havia preparado para suas aulas no Pontifício Instituto Litúrgico Santo
Anselmo de Roma. Esta compilação foi publicada em italiano em 1987 (I segni del mistero di Cristo),
quatro anos após sua morte, e traduzida para o Brasil pela Editora Paulinas em
2009.
O livro reúne oito tratados: os seis primeiros dedicados aos
sacramentos, o sétimo ao Ano Litúrgico e o oitavo à espiritualidade litúrgica,
em um total de 700 páginas.
Capa da edição brasileira |
A apresentação do livro (pp.
11-21) foi feita pelo Padre Michele Alberta (1947-2019), também monge
beneditino da Abadia de Finalpia e grande estudioso das Sagradas Escrituras. Em
seu texto, destaca Salvatore Marsili como “teólogo da Liturgia” por excelência
(junto com Odo Casel). Seus estudos nos levam à fonte da Liturgia e da
teologia: o mistério de Cristo.
A seguir apresentamos brevemente os oito tratados que
compõem a obra:
I. Pontos de teologia
sacramental (pp. 25-166)
Este amplo tratado sobre a teologia dos sacramentos está
dividido em três partes:
1. Os sinais sagrados: aqui o Abade Marsili investiga os sinais
sagrados do Antigo e do Novo Testamento, centrando-se no “sinal-Cristo”, o
sacramento fontal ou primordial;
2. A instituição dos sacramentos: recorrendo mais uma vez à
Escritura - sobretudo para o Batismo e a Eucaristia -, o autor dialoga com as
reflexões do Concílio de Trento sobre a instituição dos sacramentos;
3. A eficácia dos sacramentos: outro tema clássico da reflexão
do Concílio de Trento, com a qual Marsili dialoga recorrendo à Escritura e aos
Padres da Igreja.
II. Os sacramentos (pp.
169-177)
Este breve mas denso tratado serve de introdução aos quatro
seguintes. Aqui o autor reforça a centralidade do mistério de Cristo em todos e
cada um dos sacramentos.
III. Os sacramentos
da Iniciação Cristã (pp. 181-283)
O terceiro tratado traz os primeiros dois sacramentos da
Iniciação Cristã: o Batismo e a Confirmação, após uma breve introdução ao
conceito de “iniciação” e uma breve discussão sobre a ordem desses três
sacramentos.
1. Batismo: a reflexão sobre esse sacramento compreende duas
partes bíblicas - o batismo no Judaísmo e a instituição do Batismo cristão - e
uma parte teológica - a dimensão salvífica no Batismo -, bem alicerçada na
reflexão dos Padres da Igreja.
2. Confirmação: a exposição da Confirmação, por sua vez, está
dividida em quatro partes: uma premissa, de caráter mais pastoral; um breve
percurso histórico; uma reflexão histórico-teológica (instituição, ministro,
efeitos); e uma reflexão teológica, centrada na dimensão pneumatológica do
sacramento.
IV. A Eucaristia (pp.
285-387)
Como indica Marsili na Introdução, o tratado sobre a
Eucaristia, subdividido em três partes, tem como pressuposto sua celebração,
isto é, a Missa:
1. Quadro histórico do desenvolvimento formal da Missa: a
história da Celebração Eucarística no Rito Romano é apresentada em duas fases:
o período de formação (do Novo Testamento à época patrística) e o período de
estabilização (do século V ao Concílio de Trento);
2. Teologia da Missa: paralelamente à história da celebração,
se apresenta aqui uma breve história das “ideias teológicas” sobre a
Eucaristia, da época patrística ao Concílio de Trento;
3. Teologia litúrgica da Missa: aqui Marsili apresenta a sua
teologia da Eucaristia: “a Missa é celebração do Mistério Pascal”.
V. A Penitência (pp.
391-447)
Após os três sacramentos da Iniciação Cristã, o grande Abade
abordará os dois sacramentos de cura. Como o anterior, o tratado sobre o
sacramento da Reconciliação ou Penitência está dividido em três partes:
1. A história do sacramento da Penitência: subdividida em três
períodos: a pré-história (Antigo Testamento), as origens (Novo Testamento) e o
desenvolvimento histórico até o Concílio Vaticano II;
2. O rito do sacramento da Penitência: breve consideração sobre
o novo Ritual da Penitência,
publicado em 1973;
3. A teologia do sacramento da Penitência: fundamentada nos dados bíblicos sobre conversão, penitência,
reconciliação.
VI. A Unção dos
Enfermos (pp. 451-480)
O mais breve dos tratados sobre os sacramentos, dividido em
duas partes: a história do sacramento da Unção dos Enfermos (centrada na
contribuição do Concílio de Trento) e sua teologia, à luz dos dados sobre a
doença na Sagrada Escritura.
VII. Ano Litúrgico (pp.
483-626)
Este tratado, tão amplo quanto o primeiro, após uma breve introdução
sobre o ano cósmico, o ano litúrgico judaico e o ano litúrgico cristão, está
dividido em duas grandes partes: uma mais histórica e outra mais teológica.
1ª parte: Linhas de
história do Ano Litúrgico (pp.
497-548)
Subdividida em dois capítulos, dedicados aos grandes ciclos
do Ano Litúrgico:
1. Ciclo Pascal: Marsili parte da Páscoa semanal, o domingo,
para então falar da Páscoa anual - Tríduo Pascal - e das celebrações que dela
derivam (Pentecostes e Quaresma);
2. Ciclo Natalino: como acima, são apresentadas primeiramente
as grandes solenidades desse ciclo - Natal e Epifania - passando-se então à sua
preparação (Advento).
2ª parte: Linhas de
teologia do Ano Litúrgico (pp.
551-626)
Após uma introdução com a história das “ideias teológicas” a
respeito do Ano Litúrgico, esta segunda parte do tratado está subdividida em
quatro capítulos:
1. O tempo na história da salvação: reflexão sobre tempo
(cósmico, histórico e sagrado) e história da salvação, sobretudo à luz dos
dados bíblicos;
2. Teologia do domingo: germe e síntese do Ano Litúrgico, o
domingo é apresentado em suas várias dimensões: dia do Senhor, dia pascal, dia
da criação, oitavo dia...
3. Teologia da Páscoa: da “Páscoa semanal”, o domingo, passa-se
à Páscoa anual, vista como mistério cósmico e humano;
4. Teologia do Advento: breves considerações sobre esse tempo
litúrgico, destacando sua dimensão escatológica.
VIII. Espiritualidade
litúrgica (pp. 629-703)
Por fim, o oitavo e último tratado é dedicado à
espiritualidade litúrgica, sendo dividido em dois capítulos:
1. Problema histórico: um panorama da história da
espiritualidade litúrgica, dividida em três períodos: tempo de
coexistência-compenetração (Antiguidade), tempo da dissociação (Idade Média e
Idade Moderna) e tempo de posição polêmica (do Movimento Litúrgico ao Concílio
Vaticano II).
2. Princípios de espiritualidade litúrgica: aqui, o Abade
Salvatore Marsili elenca as “notas” da espiritualidade litúrgica:
cristocêntrica, pascal, bíblica, sacramental...
Sobre o autor
Salvatore Marsili nasceu em 10 de agosto de 1910 em Roma.
Monge beneditino da Abadia de Santa Maria de Finalpia, foi ordenado sacerdote
em 1933. Se tornaria o abade de 1972 a 1979.
Estudou no Pontifício Ateneu Santo Anselmo em Roma e na
Abadia de Maria Laach com Odo Casel. Em 1961 foi um dos fundadores do
Pontifício Instituto Litúrgico Santo Anselmo de Roma, do qual foi diretor e
professor de teologia litúrgica por muitos anos.
Faleceu na Abadia de Finalpia em 27 de novembro de 1983.
Foi também o autor de três dos mais importantes verbetes (Liturgia, Sacramentos, Teologia
litúrgica) no Dicionário de Liturgia
organizado por Domenico Sartore e Achille Maria Triacca, que apresentamos aqui
no blog nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2020.
Para
adquirir o livro no site da editora, clique aqui.
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