Santo Ambrósio
Comentário ao Salmo 118
Cristo
bebeu as minhas amarguras para dar-me a suavidade de sua graça
Sou pequeno e desprezível, porém não esqueço
os teus decretos. Disponho da excelsa participação dos sacramentos
celestiais. Agora me cabe a honra de participar da mesa celestial; meus
banquetes já não os rega a água da chuva, não dependem dos produtos do campo,
nem do fruto das árvores. Para minha bebida não necessito recorrer aos rios nem
às fontes. Cristo é o meu alimento, Cristo é a minha bebida; a carne de Deus é
o meu alimento e o sangue de Deus é a minha bebida. Para saciar-me, já não
dependo da colheita anual, pois Cristo se oferece a mim diariamente.
Já não terei que
temer as intempéries do tempo ou a esterilidade do campo, enquanto persista em
uma empenhada e piedosa devoção. Já não desejo que desça sobre mim uma chuva de
codornizes, que antes provocavam minha admiração; nem tampouco o maná, que
antes preferia a todos os outros alimentos, pois os pais que comeram o maná
continuaram tendo fome. Meu alimento é tal que se alguém o come não passará
mais fome. Meu alimento não engorda o corpo, mas fortalece o coração do homem.
Antes
considerava maravilhoso o pão do céu, pois está escrito: Deu-lhes para comer o pão do céu. Porém, não era aquele o pão
verdadeiro, mas sombra do futuro. O pão do céu, o verdadeiro, o Pai o reservou
para mim. Do céu desceu para mim aquele pão de Deus que dá vida ao mundo. Este
é o pão da vida: e aquele que come a vida não pode morrer. Pois como pode
morrer quem se alimenta da vida?
Como irá
desfalecer quem possui em si mesmo uma substância vital? Aproximai-vos d’Ele e
saciai-vos, porque é pão; aproximai-vos d’Ele e bebei, porque Ele é a fonte;
aproximai-vos d’Ele e ficareis radiantes, porque Ele é luz; aproximai-vos d’Ele
e sereis libertados, porque onde está o
Espírito do Senhor, aí há liberdade; aproximai-vos d’Ele e sereis
absolvidos, porque Ele é o perdão dos pecados. Perguntais-me quem é este? Ouçam
a Ele mesmo, que diz: Eu sou o pão da
vida. Aquele que vem a mim não passará fome, e o que crê em mim não passará
sede. O ouvistes, o vistes e não crestes n’Ele: por isso estais mortos;
crede ao menos agora, para que possais viver. Do Corpo de Deus brotou para mim
uma fonte eterna; Cristo bebeu minhas amarguras para dar-me a suavidade de sua
graça.
Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp.
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