De 28 de agosto a 02 de setembro de 2022 teve lugar junto ao
Santuário Nacional de Aparecida a 59ª Assembleia Geral da CNBB (Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil). Durante a Assembleia, os Bispos aprovaram a tradução da
3ª edição típica do Missal Romano, livro que contém todas as orações para a
celebração da Missa.
Dom Edmar e Padre Leonardo Pinheiro com o Missal (Esta é a forma típica, em latim, que serviu de base para a tradução) |
No Brasil nós utilizamos desde 1991 a 2ª
edição do Missal Romano, que foi publicada em sua forma típica (em
latim) no ano de 1975. A 3ª edição típica do Missale
Romanum, por sua vez, foi promulgada por São João Paulo II em 2002 e revista em 2008, com pequenas correções e o acréscimo de
alguns santos.
Antes, na Quinta-feira Santa do ano 2000, já havia sido promulgada a Instrução Geral sobre o
Missal Romano (IGMR), isto é, a Introdução do Missal, com as orientações
para a celebração da Missa. Esta Instrução
foi traduzida oficialmente pela CNBB em 2004.
O processo de tradução do
Missal propriamente dito, nos anos seguintes, foi realizado pela Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos
(Cetel), presidida por Dom Joviano de Lima Júnior (2007-2011), Dom
Armando Bucciol (2011-2019) e Dom Edmar Peron (desde 2019), tendo como
Secretário nesses últimos anos o Padre Leonardo Pinheiro.
A tradução foi concluída em 2019 e apresentada durante a 57ª
Assembleia Geral da CNBB. Após um processo de revisão, na Assembleia deste ano de 2022, como indicamos acima, os Bispos aprovaram a
versão final da tradução, que agora será encaminhada ao Dicastério para o Culto
Divino e a Disciplina dos Sacramentos para sua confirmação.
Dom Armando Bucciol fala sobre a tradução do Missal (57ª Assembleia da CNBB - 2019)
Durante a coletiva de imprensa na tarde da quinta-feira, 01
de setembro, Dom Edmar Peron, Presidente da Comissão para a Liturgia da CNBB, tomou a palavra (07-16min do vídeo), destacando a importância do Missal: nele está toda a fé da Igreja. O Bispo enfatizou que nós cremos o que celebramos e celebramos o que cremos. Portanto, o Missal é fonte de vida espiritual e de comunhão eclesial.
Dom Edmar Peron, Presidente da Comissão para a Liturgia |
Seguiu-se a intervenção de Dom Armando Bucciol, que falou sobre o
retiro dos Bispos na manhã da quinta-feira, e o espaço para as perguntas dos jornalistas
presentes.
Interrogado sobre como valorizar as orações do Missal
(26-30min), Dom Edmar frisou a importância das equipes de celebração, as quais não devem se limitar a distribuir funções, mas sim rezar, aprofundar os textos
litúrgicos. Também o sacerdote que preside a celebração é chamado a “deixar-se
educar” pelos textos litúrgicos, fazendo uma “leitura orante” dos mesmos, como se faz com a Palavra de Deus.
Na sequência (30-33min), Dom Edmar indicou que, conforme o Motu proprio Magnum Principium
do Papa Francisco (2017), cabe agora ao Dicastério para o Culto
Divino a confirmação (confirmatio) da
tradução dos textos e o reconhecimento (recognitio)
das adaptações feitas pela CNBB.
Com efeito, se antecipou que foram propostos cinco novos Prefácios que não estão presentes na edição típica,
inspirados na edição italiana, a qual conta com dez Prefácios inéditos. Já na tradução da 2ª edição do Missal foram
acolhidos alguns Prefácios da edição italiana (Advento IA
e IIA, Quaresma V, Domingos do Tempo Comum IX), que certamente
permanecerão na nova edição.
Também aguardamos o reconhecimento da Santa Sé para as novas orações próprias dos santos
brasileiros: Santa Paulina do Coração Agonizante de
Jesus (09 de julho), Santos André de Soveral, Ambrósio Francisco Ferro e
companheiros (03 de outubro), Santo Antônio de Sant’Ana Galvão (25 de outubro)
e Santa Dulce Lopes Pontes (13 de agosto).
Capa do Missal utilizado atualmente no Brasil (Tradução da 2ª edição típica) |
Questionado sobre como será o processo de implementação da nova tradução (40-42min), Dom Edmar indicou que, após a confirmação da Santa Sé, será estabelecida uma data oficial para sua entrada em vigor. Além disso, está sendo preparado um subsídio sobre o Missal e várias Dioceses já estão realizando momentos formativos sobre o mesmo.
Vale recordar aqui o subsídio Un Messale
per le nostre Assemblee (Um Missal para as nossas Assembleias),
disponibilizado pela Conferência Episcopal Italiana (CEI), com dez encontros
formativos, que publicamos aqui em nosso blog.
Por fim, Dom Joaquim Mol, Presidente da
Comissão para a Comunicação da CNBB, presente na coletiva de imprensa, trouxe o tema da ars celebrandi, lamentando a escolha de cantos sem relação com o
mistério celebrado e as homilias mal preparadas (42-53min).
Dom Edmar complementou afirmando que o Missal é entregue às
comunidades: é um dom para a Igreja, pois a Liturgia não está a serviço do “ego” de
alguns, mas sim de toda a comunidade celebrante. Quem canta, quem lê, quem preside,
todos estão a serviço. Particularmente sobre os cantos, o Bispo enfatizou que o mais importante é a palavra: melodia, ritmo, instrumentos, tudo está a
serviço da palavra cantada e nada deve encobri-la.
Por fim, Dom Armando Bucciol arrematou enfatizando que a
assembleia é o sujeito celebrante (“devemos ouvir o povo cantar”) e destacando
a importância do salmo e dos cantos inspirados na Palavra de Deus, citando como
exemplos de compositores de música litúrgica a Irmã Miria Kolling e o Padre
José Weber.
Os Bispos brasileiros diante do Santuário Nacional |
Confira o vídeo completo da coletiva de imprensa:
Algumas mudanças que devemos esperar
Como já indicamos aqui em nosso blog em três postagens
publicadas em 2020, eis alguns exemplos das mudanças que devemos esperar na nova
tradução do Missal, considerando apenas a edição típica (em latim):
Novas celebrações:
- Missas da Vigília nas Solenidades da Epifania e da Ascensão do Senhor;
- Memória do Santíssimo Nome de Jesus (03 de janeiro);
- quatro celebrações marianas: Maria, Mãe da Igreja; Nossa Senhora de Fátima; Santo Nome de Maria; e Nossa Senhora de Loreto);
- quatorze novas memórias de santos, incluindo São Pio de Pietrelcina, Santa Rita de Cássia e São João Paulo II.
Novas orações:
- uma oração sobre o povo para cada dia da Quaresma;
- algumas orações novas para o Tempo Pascal;
- novas orações para algumas celebrações dos santos, o Prefácio próprio da Festa de Santa Maria Madalena
(22 de julho) e um novo Prefácio dos Mártires;
- mais opções de orações para algumas Missas para diversas necessidades;
- orações para as Missas votivas do “Nome de Maria” e de “Maria,
Rainha dos Apóstolos”.
Para saber mais sobre essas e outras mudanças, confira nossas três postagens sobre as mudanças na terceira edição do Missal Romano:
Confira também nossa tradução do subsídio Um Missal para as nossas Assembleias (nesta primeira postagem estão os links para os outros nove encontros formativos).
Capa da 3ª edição típica do Missal (em latim) |
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