segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Ângelus do Papa: XXV Domingo do Tempo Comum - Ano C

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 18 de setembro de 2022

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
A parábola que o Evangelho da Liturgia de hoje nos apresenta (Lc 16,1-13) parece um pouco difícil de compreender. Jesus narra uma história de corrupção: um administrador desonesto, que rouba e depois, descoberto pelo seu patrão, age com astúcia para sair daquela situação. Perguntemo-nos: no que consiste esta esperteza - é um corrupto aquele que a usa - e que nos quer dizer Jesus.

Pela narração vemos que o administrador corrupto acaba em apuros porque se aproveitou dos bens do seu patrão; agora terá de prestar contas e perderá o seu emprego. Mas ele não desiste, não se resigna ao seu destino e não se comporta como vítima; pelo contrário, age com astúcia, procura uma solução, é engenhoso. Jesus parte desta história para nos lançar uma primeira provocação: «Os filhos deste mundo - diz - são mais espertos que os filhos da luz» (v. 8). Ou seja, acontece que aqueles que se movem nas trevas, de acordo com certos critérios mundanos, sabem como sair dos problemas, sabem ser mais espertos que os outros; por outro lado, os discípulos de Jesus, isto é, nós, por vezes estamos dormindo, ou somos ingênuos, não sabemos como tomar a iniciativa para procurar vias de saída das dificuldades (cfEvangelii gaudium, n. 24). Por exemplo, penso nos momentos de crise pessoal, social, mas também eclesial: por vezes deixamo-nos vencer pelo desânimo, ou caímos em lamentos e vitimismos. Em vez disso - diz Jesus - também poderíamos ser espertos segundo o Evangelho, estar alertas, atentos para discernir a realidade, ser criativos para procurar boas soluções, para nós e para os outros.

Mas há também outro ensinamento que Jesus nos oferece. Com efeito, em que consiste a esperteza do administrador? Ele decide fazer um desconto àqueles que estão endividados, e por isso eles tornam-se seus amigos, esperando que possam ajudá-lo quando o patrão o despedir. Antes acumulava riquezas para si, agora as usa para fazer amigos que possam ajudá-lo no futuro. Nas mesmas modalidades, roubar. E Jesus, então, oferece-nos um ensinamento sobre o uso dos bens: «Usai o dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas» (v. 9). Para herdar a vida eterna não é necessário acumular os bens deste mundo, mas o que conta é a caridade que vivemos nas nossas relações fraternas. Eis então o convite de Jesus: não useis os bens deste mundo apenas para vós mesmos e para o vosso egoísmo, mas usai-os para gerar amizades, para criar boas relações, para atuar na caridade, para promover a fraternidade e exercer o cuidado para com os mais débeis.

Irmãos e irmãs, também no mundo de hoje existem histórias de corrupção como aquela do Evangelho; condutas desonestas, políticas injustas, egoísmos que dominam as escolhas dos indivíduos e das instituições, e muitas outras situações obscuras. Mas a nós cristãos não é permitido o desânimo ou, pior ainda, deixar que as coisas corram, permanecer indiferentes. Pelo contrário, somos chamados a ser criativos em praticar o bem, com a prudência e astúcia do Evangelho, utilizando os bens deste mundo - não só os materiais, mas todos os dons que recebemos do Senhor - não para nos enriquecer, mas para gerar amor fraterno e amizade social. Isto é muito importante: com a nossa atitude, gerar amizade social.

Rezemos a Maria Santíssima, para que nos ajude a ser como ela, pobres em espírito e ricos em caridade recíproca.

"O administrador injusto" (Andrei Mironov)

Fonte: Santa Sé.

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