São Cirilo de Alexandria
Comentário sobre Isaías 4,2
Eis
aqui o Rei justo
Eis que um rei reinará com justiça e seus
chefes governarão conforme o direito. O Verbo, Unigênito de Deus, era o rei
universal juntamente com Deus Pai e, ao vir a nós, toda criatura visível e
invisível submeteu-se a Ele. E embora o homem terreno, apartando-se e
desvinculando-se de seu reino, fez pouco caso de seus mandamentos até o ponto
de deixar-se enredar pela tirânica mão do diabo com os laços do pecado, Ele,
administrador e dispensador de toda justiça, novamente voltou a submeter-lhe ao
seu jugo. São verdadeiramente retos os caminhos do Senhor.
Chamamos
caminhos de Cristo aos oráculos evangélicos, por meio dos quais, atentos a todo
tipo de virtude e ornando nossas cabeças com as insígnias da piedade, alcançamos
o prêmio de nossa vocação celestial. Estes caminhos são realmente retos, sem
curva ou perversidade alguma. Os chamaríamos retos e transitáveis. De fato,
está escrito: Os caminhos do justo são
retos, aplainas as sendas do justo. Pois a senda da Lei é áspera,
arrasta-se entre símbolos e figuras, e é de uma intolerável dificuldade. Por
outro lado, o caminho dos oráculos evangélicos é plano, em nada áspero ou
pedregoso.
Assim, os
caminhos de Cristo são retos. Ele edificou a cidade santa, isto é, a Igreja, na
qual Ele mesmo estabeleceu sua morada. Ele realmente habita nos santos e nós
nos convertemos em templo do Deus vivo, pois, pela participação do Espírito
Santo, temos Cristo em nosso interior. Fundou, pois, a Igreja, e Ele é o
fundamento sobre o qual também nós, como pedras esplêndidas e preciosas, nos
vamos integrando na construção do templo santo, para ser morada de Deus, pelo
Espírito.
Absolutamente
inalterável é a Igreja, que tem a Cristo por fundamento e base inabalável. Vede, diz, eu coloco em Sião uma pedra provada, angular, preciosa, de fundamento:
quem se apoia nela não vacila. Portanto, uma vez fundada a Igreja, Ele
mesmo alterou a sorte de seu povo. E a nós, derrubado por terra o tirano, nos
salvou e libertou do pecado, e nos submeteu ao seu jugo, não porque lhe fosse
pago um preço ou à base de regalias. Um de seus discípulos o diz claramente: Resgataram-nos deste proceder inútil
recebido de nossos pais não com bens efêmeros, com ouro e prata, mas ao preço
do sangue de Cristo, o cordeiro sem defeito e sem mancha. Ele deu por nós o
seu próprio sangue: portanto, não nos pertencemos, mas somos d’Aquele que nos
comprou e nos salvou.
Com razão, pois,
todos aqueles que desprezam a reta norma da verdadeira fé se veem acusados pela
boca dos santos como negadores do Deus que os redimiu.
Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 325-326. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.
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