São Leão Magno
Tratado 36
E os
confins da terra verão a vitória de nosso Deus
O dia em que
Cristo, Salvador do mundo, se manifestou pela primeira vez aos pagãos, temos de
celebrá-lo, amadíssimos, com todas as honras, e sentir lá no fundo de nosso
coração a mesma alegria que sentiram os três magos quando, estimulados e
guiados pela nova estrela, puderam adorar, contemplando com seus próprios olhos
ao rei do céu e da terra, em quem haviam previamente acreditado em virtude
unicamente de promessas.
E ainda que o
relato evangélico se refira concretamente aos dias em que três homens - não
doutrinados pela pregação profética, nem instruídos pelo testemunho da lei -
vieram de uma remotíssima região do Oriente para conhecer a Deus, contudo,
vemos que isto mesmo, ainda que de forma mais clara e com maior abundância,
realiza-se hoje em todos os chamados à luz da fé. Assim se cumpre a profecia de
Isaías: O Senhor descobre seu santo braço
à vista de todas as nações, e os confins da terra verão a vitória de nosso Deus.
E novamente: Os que não tinham notícia o
verão, os que não ouviram falar compreenderão.
Por isso, quando
vemos que homens envaidecidos pela sabedoria mundana e apartados da fé de Jesus
Cristo são arrancados do abismo de seus erros e conduzidos ao conhecimento da
luz verdadeira, é indubitável que ali está atuando o esplendor da graça divina,
e o que de nova luz aparece nesses corações entenebrecidos é uma participação
da mesma estrela, de sorte que às almas tocadas por seu fulgor, primeiro as
impressiona com o milagre, para conduzi-las logo, precedendo-as, a adorar ao
Senhor.
E se quiséssemos
considerar atentamente como é possível, para todos os que se aproximam a Cristo
pelos caminhos da fé, aquela tríplice classe de dons, não descobriríamos que
esta oferenda se realiza no coração de quantos retamente creem em Cristo?
Retira efetivamente ouro do tesouro de seu coração quem reconhece a Cristo como
rei do universo; oferece mirra quem crê que o Unigênito de Deus assumiu uma
verdadeira natureza humana; venera a Cristo com uma espécie de incenso quem
confessa que Ele em nada é diferente da majestade do Pai.
Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp.
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