Prosseguindo com os textos publicados pelo site Vatican News sobre Liturgia, seguem abaixo dois artigos dedicados ao tema da Iniciação Cristã:
As diretrizes da
formação cristã
18 de dezembro de 2020
No nosso espaço “Memória Histórica - 50 anos do Concílio
Vaticano II”, vamos falar hoje sobre as diretrizes da formação cristã.
Damos continuidade neste nosso espaço às reflexões do Padre
Gerson Schmidt sobre os Documentos do Concílio Vaticano II, em particular,
sobre a Constituição Sacrosanctum
Concilium, da qual tem destacado nos últimos programas a participação dos
leigos da Liturgia e o catecumenato de adultos.
Como refere o Catecismo
da Igreja Católica em seu número 1232, o Concílio Vaticano II restaurou,
para a Igreja latina, «o catecumenato dos adultos, distribuído em várias
fases». O respectivo ritual encontra-se no Ordo
Initiationis Christianae Adultorum (1972). Aliás, o Concílio permitiu que,
«para além dos elementos de iniciação próprios da tradição cristã», se admitam,
em terras de missão, «os elementos de iniciação usados por cada um desses
povos, na medida em que puderem integrar-se no rito cristão».
As diretrizes para a formação cristã são o tema de nosso
programa de hoje. Padre Gerson:
A Constituição Sacrosanctum
Concilium falou sobre a restauração da Iniciação Cristã para adultos, ou
seja, o catecumenato de adultos. Afirma assim o Documento no número 64:
“Restaure-se o catecumenato dos adultos, com vários graus, introduzindo-se seu
uso segundo o parecer do Ordinário do lugar, de modo que o tempo do
catecumenato, dedicado à conveniente instrução, possa ser santificado por meio
de ritos sagrados que se hão de celebrar em ocasiões sucessivas” (SC, n. 64).
Depois de diversos estudos e encaminhamentos se chegou ao texto final chamado Ordo Initiationis Christianae Adultorum,
conhecido em português como RICA - Ritual
da Iniciação Cristã de Adultos, aprovado pelo Papa Paulo VI em 30 de
novembro de 1971. O volume foi publicado com decreto da Congregação para o
Culto Divino de 06 de janeiro de 1972.
Nesse rito de Iniciação Cristã para os adultos a formação é
gradual, progressiva, através de passos que o catequizando vai tomando a cada
etapa. A formação dos catecúmenos não deve ser apenas intelectual, mas vital,
existencial e eclesial. Ao mais profundo conhecimento de Deus e de Cristo deve
corresponder um esforço contínuo de renovação da própria vida, esforço que a
Igreja apoia santificando por meio de bênçãos, exorcismos, escrutínios,
eleição... A grande finalidade do catecumenato é a conversão de cada fiel que
percorre esse itinerário de formação cristã. Entende-se que a cada etapa de
formação o catecúmeno vá progredindo na busca de conversão contínua, gradual,
progressiva, sempre mais profunda.
Há vários anos, todas as diretrizes da ação pastoral da
Igreja no Brasil falam da formação cristã de novos discípulos missionários. Em
outra oportunidade já falamos sobre isso. Depois de vários anos, sempre propondo
uma decisiva formação aos fiéis, os Bispos do Brasil, reunidos em Assembleia
Geral, trouxeram para todas as dioceses uma proposta de um catecumenato
diocesano, embasado no RICA - uma proposta catequética integrada, sistemática,
litúrgica e progressiva para crianças, jovens e adultos. Em 2006, já havia sido
aprovado o Diretório Nacional de
Catequese, que optou por motivar e afirmar a importância da Catequese
inspirada no processo catecumenal.
Através do Documento n. 107, a CNBB lançou uma proposta a ser
implantada sobre a Iniciação à vida cristã, aprovada na 55ª Assembleia Geral. O
Documento oferece novas disposições pastorais para a Iniciação à vida cristã,
presente nas Diretrizes Gerais da Ação
Evangelizadora desde 2011. Para os Bispos, a dedicação em torno da temática
revela o propósito de “buscar novos caminhos pastorais e reconhecer que a
inspiração catecumenal é uma exigência atual”.
A inspiração catecumenal permitirá formar discípulos
conscientes, atuantes e missionários. Sabemos que para acontecer esse precioso
projeto em nossas paróquias é necessário um requisito fundamental: a conversão
de cada evangelizador e catequista. A pedido dos Bispos e Igrejas particulares,
em 2014 foi elaborado o Itinerário
Catequético: Iniciação à vida cristã.
Na Assembleia Geral de 2017 foi aprovado o texto proposto.
Segundo a Introdução desse Documento n. 107 da CNBB, “o caminho proposto
permitirá formar discípulos conscientes, atuantes e missionários” (Introdução,
n. 07).
Iniciação Cristã para
adultos
21 de dezembro de 2020
No nosso espaço “Memória Histórica - 50 anos do Concílio
Vaticano II”, vamos falar hoje sobre o tema “Iniciação Cristã para adultos”.
“O catecumenato, ou formação dos catecúmenos, tem por
finalidade permitir a estes, em resposta à iniciativa divina e em união com uma
comunidade eclesial, conduzir à maturidade a sua conversão e a sua fé. Trata-se
de uma ‘formação e de uma aprendizagem de toda a vida cristã’, mediante a qual
os discípulos se unem a Cristo seu mestre. Por conseguinte, sejam os catecúmenos
convenientemente iniciados no mistério da salvação, na prática dos costumes
evangélicos, e, com ritos sagrados a celebrar em tempos sucessivos, sejam
introduzidos na vida da fé, da Liturgia e da caridade do povo de Deus”. É o que
reza o número 1248 do Catecismo da Igreja
Católica, ao falar, em sua II Parte, sobre a Celebração do Mistério
Cristão. Mas já a Constituição conciliar Sacrosanctum
Concilium destacava a importância da Iniciação e formação permanente para
adultos, como nos fala hoje o Padre Gerson Schmidt:
Sabemos que não vai acontecer uma participação ativa dos
fiéis, como salientou a Constituição Sacrosanctum
Concilium, sem uma verdadeira formação permanente dos batizados, ou seja,
um catecumenato, tal qual na Igreja primitiva, que deve acontecer antes e
também depois do Batismo.
A Constituição Sacrosanctum
Concilium fala sobre a Iniciação Cristã para adultos, ou seja, o
catecumenato de adultos. Diz assim o Documento no número 64: “Restaure-se o
catecumenato dos adultos, com vários graus, introduzindo-se seu uso segundo o
parecer do Ordinário do lugar, de modo que o tempo do catecumenato, dedicado à
conveniente instrução, possa ser santificado por meio de ritos sagrados que se
hão de celebrar em ocasiões sucessivas” (SC, n. 64). Não vemos aqui outra
maneira de que os fiéis possam se adentrar nesses mistérios sagrados, em uma
cadenciada pedagogia mistagógica da fé, cada vez mais profunda, sem um
verdadeiro, sério e gradual processo catecumenal de formação cristã, como tem
pedido a Igreja e, de modo particular, os documentos da CNBB.
A preparação do Ritual do Batismo de adultos foi solicitada
pela Sacrosanctum Concilium, que pede
um catecumenato gradual, com ritos sagrados, escalonados no tempo do próprio
catecumenato. Um grupo de especialistas foi nomeado para preparar esse rito,
procurando também sentir o eco das bases e dos episcopados nacionais.
Depois de diversos estudos se chegou ao texto final, chamado
Ordo Initiationis Christianae Adultorum,
conhecido em português como RICA - Ritual
da Iniciação Cristã de Adultos, aprovado pelo Papa Paulo VI em 30 de
novembro de 1971. O volume foi publicado com decreto da Congregação para o
Culto Divino de 06 de janeiro de 1972.
A Iniciação dos catecúmenos acontece progressivamente,
adaptando-se a seu caminho de amadurecimento espiritual. Este compreende quatro
tempos fundamentais: pré-catecumenato; catecumenato; tempo da purificação e
iluminação; e tempo da mistagogia. Esses tempos são marcados por ritos
litúrgicos e por três momentos, ou graus, fundamentais: ingresso no
catecumenato; rito da eleição; e os sacramentos do Batismo, Crisma e
Eucaristia. São as grandes etapas que assinalam o caminho progressivo do
catecúmeno desde a primeira escuta da Palavra de Deus e da fé inicial (o querigma)
até a adesão plena a Cristo na Igreja.
O tempo ideal para a administração dos Sacramentos de Iniciação
aos adultos é a Vigília Pascal. A última preparação, a da purificação e da
iluminação, coincide com a Quaresma. A primeira experiência de vida nova, de
vida cristã batismal, coincide com o Tempo Pascal, encontrando os catecúmenos
na Liturgia desses períodos próprios, apelos e auxílios correspondentes à sua
caminhada de fé.
Na Igreja primitiva, na noite da Vigília Pascal, os
catecúmenos eram preferencialmente batizados, após uma preparação intensa
catecumenal de três ou mais anos. Por isso, a celebração do Batismo de adultos
dentro da Vigília Pascal ainda é pedida com insistência, porque traduz essa
realidade nova, do renascer da Páscoa. Somos, na verdade, todos filhos da Páscoa.
Nascemos na noite santa da vitória de Cristo sobre a morte. No Batismo,
morremos com Cristo e ressuscitamos com Ele.
Fonte: Vatican News
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