São Gregório de Antioquia
Sermão no Batismo de Cristo
Este
é o meu Filho, o amado, meu predileto
Este é o meu Filho, o amado, meu predileto.
Este é o que sem abandonar o meu seio, entrou no seio de Maria; o que
permaneceu em mim de forma inseparável e nela habitou não circunscrito; o que
está nos céus de forma indivisível e morou no seio da Virgem imaculada.
Não é um o meu
Filho e outro o Filho de Maria; não é um o que esteve deitado na gruta e outro
o que foi adorado pelos magos; não é um o que foi batizado e outro distinto o
que é isento de batismo. Este é meu Filho;
o mesmo no qual a mente medita e os olhos contemplam; o mesmo invisível em si e
visto por vós; sempiterno e temporal; o mesmo que, sendo-me consubstancial por
sua divindade, é consubstancial a vós por sua humanidade, menos no pecado.
Este é meu
mediador e o de seus irmãos, já que por si mesmo reconcilia comigo aos que
pecaram. Este é meu Filho e cordeiro, sacerdote e vítima; é ao mesmo tempo
oferente e oblação, o que se converte em sacrifício e o que o recebe.
Este é o
testemunho que o Pai deu de seu Unigênito ao ser batizado no Jordão. E quando
Cristo se transfigurou no monte diante de seus discípulos, e sua face
desprendia uma luminosidade tal que eclipsava os raios do sol, então novamente
se ouviu aquela voz: Este é o meu Filho,
o amado, o predileto. Escutai-o.
Se disser: Eu estou no Pai e o Pai está em mim,
escutem-no. Se disser: Quem me viu, viu
ao Pai, escutem-no porque diz a verdade. Se disser: O Pai que me enviou é maior do que Eu, escrevam esta forma de falar
na economia de sua condescendência. Se disser: Este é o meu Corpo que é entregue por vós para o perdão dos pecados,
contemplai o Corpo que Ele vos mostra, contemplar o Corpo que, tomado de vós,
converteu-se em seu próprio Corpo, por vós dilacerado. Se disser: Este é o meu Sangue, pensai no Sangue do
que fala convosco, não no sangue de outro qualquer.
Deus nos chamou
para a paz e não para a discórdia. Permaneçamos em nossa vocação. Estejamos com
temor reverente em torno à mística mesa, na qual participamos dos Mistérios
celestes. Guardemo-nos de ser ao mesmo tempo comensais e encrenqueiros; unidos
ao altar pela comunhão e surpreendidos fora em flagrante delito de discórdia.
Não aconteça que o Senhor tenha que dizer também de nós: Filhos gerei e elevei e com minha carne os alimentei, mas eles me
renegaram.
Queira o
Salvador do mundo e Autor da paz reunir na tranquilidade as suas igrejas;
conservar a este seu santo rebanho. Que Ele proteja ao pastor da grei; que
reúna em seu aprisco as ovelhas desgarradas, de modo que não haja mais que uma
só grei e um só redil. A Ele a glória e o poder pelos séculos dos séculos.
Amém.
Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp.
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