Como indicamos nas postagens anteriores desta série, em
preparação à 3ª edição do Missal Romano, o Ofício Litúrgico da Conferência
Episcopal Italiana (CEI) publicou o subsídio formativo “Un Messale per le nostre Assemblee: La terza edizione italiana del
Messale Romano tra Liturgia e Catechesi” (Um Missal para as nossas
Assembleias: A terceira edição italiana do Missal Romano entre Liturgia e
Catequese).
Com o objetivo estritamente pastoral, estamos publicando
aqui em nosso blog uma tradução livre dos dez “encontros” do subsídio, que
serão muito úteis também para a nossa realidade brasileira, enquanto aguardamos
a tradução da 3ª edição do Missal por parte da CNBB (Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil).
3. Uma Igreja que celebra
Convém que as Comissões litúrgicas diocesanas e regionais
colaborem com os outros lugares educativos da fé cristã (famílias, paróquias,
associações, movimentos, grupos eclesiais...), para que a vida segundo o
Espírito (cf. Gl 5,25) possa
constantemente beber da fonte da Eucaristia (CEI, Apresentação da 3ª edição do Missal Romano, n. 12).
Um Missal para todos
O Missal é um livro para toda a assembleia celebrante.
Aquele que o toma nas mãos e folheia suas páginas durante a celebração da
Eucaristia é aquele que a preside, o Bispo ou o presbítero (ajudado geralmente
pelo acólito). Mas quem põe em ação a “partitura” nele contida é toda a
assembleia, que reconhece nos textos e nos gestos propostos pelo Missal um
caminho seguro para beber da fonte da fé.
Uma preparação comum
A Introdução Geral do Missal Romano, em seu número 111,
oferece preciosas indicações para preparar a Celebração Eucarística na escola
do Missal: «A preparação prática de cada celebração litúrgica, com espírito dócil
e diligente, de acordo com o Missal e outros livros litúrgicos, seja feita de
comum acordo por todos aqueles a quem diz respeito, seja quanto aos ritos, seja
quanto ao aspecto pastoral e musical, sob a direção do reitor da igreja e
ouvidos também os fiéis naquilo que diretamente lhes concerne. Contudo, ao
sacerdote que preside a celebração, fica sempre o direito de dispor sobre aqueles
elementos que lhe competem». Para que toda a assembleia possa beber da fonte
eucarística, é necessário que alguns se coloquem a serviço de todos para
preparar o rito da Missa, a fim de tornar possível uma participação coral. A
presença em nossas comunidades de um “grupo litúrgico” (ou “pastoral
litúrgica”) é uma ajuda importante para que a Eucaristia dominical possa constituir
um verdadeiro lugar de comunhão, no qual pôr em ação todas as linguagens e
todos os ministérios necessários à manifestação do Mistério de Cristo e da
Igreja.
Os ministérios
litúrgicos
A Celebração Eucarística se apresenta como um “campo de
treinamento” no qual exercitar o hábito de agir juntos, sem prevaricações e
segregações por parte de alguns. Aquele que é chamado a exercer um ministério
específico deve recordar o princípio do n. 28 da Constituição Sacrosanctum Concilium, segundo o qual
cada um deve fazer tudo e somente aquilo que lhe compete. Portanto, quanto mais
compartilhada for a tarefa da preparação, melhor se poderá viver a celebração
como experiência de oração, de paz e repouso no Senhor. Aquele que preside não
apenas a única celebração, mas a vida litúrgica da comunidade, isto é, o pároco
ou o reitor da igreja, é chamado a ser o garante dessa «compreensão comum e
diligente», em uma atitude de fundamental obediência e fidelidade em relação ao
programa ritual. O diácono realiza a sua função de conectar a assembleia ao
altar, no tríplice serviço da assembleia, da Palavra e do altar. Os leitores e
os acólitos, os cantores e os músicos, os catequistas e os ministros
extraordinários da Comunhão são chamados a estar “afinados”, isto é, a
concordar entre si, para que, na ordem e na harmonia da celebração, a variedade
de ministérios esteja a serviço da participação de todos no único Mistério.
Todos participantes
Todos, com efeito, são convidados a entrar na “morada da
Liturgia”, onde Jesus acolhe na única mesa do Pão e da Palavra pessoas de diversas
idades e condições: os indivíduos e as famílias, as crianças e os idosos, os
jovens e os adultos, os discípulos do tempo ordinário e os convidados das
celebrações extraordinárias, os doentes e os mais saudáveis, quem festeja e
quem está de luto, quem tem alguma deficiência e quem os acompanha, quem
conhece todos e quem não conhece ninguém, quem é nascido no local e quem chegou
depois de uma longa viagem. Para que isso possa acontecer, é necessário
“afinar” uma arte celebrativa que vise envolver a todos no único gesto comum,
em vez de envolver apenas alguns nos diversos serviços a cumprir. Nesta atenção
a uma Liturgia inclusiva, não faltarão atenções particulares, para que cada um
possa sentir-se em casa na “morada da Eucaristia”.
Uma Liturgia eclesial
Em um tempo de crescente mobilidade dos fiéis e dos
pastores, é evidente que este caminho de preparação e de formação deve
ultrapassar o nível paroquial e da comunidade individual, em busca de um estilo
celebrativo compartilhado e convincente. Para que isso aconteça, é necessário
ativar e reforçar os caminhos formativos e as orientações pastorais em nível
diocesano. Trata-se de reconhecer o vínculo íntimo de cada celebração
individual com a Liturgia presidida pelo Bispo da Igreja local. Como recorda o
Concílio Vaticano II, «o Bispo deve ser considerado como o sumo-sacerdote do
seu rebanho (...). Por isso, todos devem dar a maior importância à vida
litúrgica da Diocese, que gravita em redor do Bispo» (Sacrosanctum Concilium, n. 41). Não se trata de identificar de modo
absoluto na celebração que tem lugar na igreja Catedral o modelo de toda
celebração e na presidência episcopal o modelo de toda presidência litúrgica,
mas de buscar e de aperfeiçoar, na vida litúrgica que gravita em redor do Bispo
e segundo suas diretrizes, a proposta de uma forma celebrativa suficientemente
coerente e compartilhada.
Uma formação comum
Por este motivo, «em ordem a desenvolver cada vez mais na
Igreja esta ação pastoral litúrgica, (...) crie-se em cada Diocese a comissão
litúrgica, em ordem a promover, sob a direção do Bispo, a pastoral litúrgica» (Sacrosanctum Concilium, nn. 43.45). A
busca convicta de um estilo compartilhado de celebrar representa uma das
maiores exigências do atual momento eclesial, em relação à qual o lançamento da
nova edição do Missal pode constituir um motivo de renovado empenho da formação
litúrgica. Para este propósito, convém que os ofícios litúrgicos diocesanos,
junto com outros ofícios pastorais envolvidos na área da evangelização e da
formação, preparem percursos formativos para aperfeiçoar uma arte de celebrar a
Eucaristia, a partir da nova edição do Missal. A atualização (aggiornamento) das principais novidades
presentes no livro litúrgico pode ser o ponto de partida para uma verificação
das nossas celebrações (sequência, ministérios, linguagens) e para um renovado
empenho em nossos projetos formativos.
Para refletir juntos:
- Na comunidade existe um “grupo litúrgico” ou “pastoral
litúrgica”?
- De quais ministérios tem maior necessidade a nossa
comunidade?
- Quais categorias de pessoas em nossa comunidade acham
difícil sentir-se parte da celebração e quais passos podem ser dados para que
cada um possa sentir-se acolhido na experiência da Liturgia?
- Como preparar a assembleia para celebrar incluindo pessoas
com várias deficiências?
Fonte:
CONFERENZA EPISCOPALE ITALIANA. Una Chiesa che celebra. in: Un
Messale per le nostre Assemblee: La terza edizione italiana del Messale Romano
tra Liturgia e Catechesi. Fondazione di Religione Santi Francesco d’Assisi
e Caterina da Siena: Roma, 2020, pp. 19-23.
Disponível em: https://liturgico.chiesacattolica.it/un-messale-per-le-nostre-assemblee/
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