Santo Astério de Amaseia
Sermão 13
Vós,
cristãos, imitai o amor de Cristo
Visto que querem
igualar-se a Deus porque foram criados à sua imagem, imitem, pois, ao seu
modelo. Vocês, cristãos, cujo nome evoca a caridade, imitem o amor de Cristo.
Considerem a riqueza de sua benevolência para com os homens. Antes de manifestar-se
a eles, enviou a João para pregar-lhes a penitência e o arrependimento, e,
antes do precursor, a todos os profetas para ensinar-lhes a conversão. Pouco
depois, Ele mesmo apareceu e clamou com sua própria voz: Venham a mim todos os que estão cansados e sobrecarregados, que eu vos
aliviarei.
Como Ele recebeu
àqueles que responderam a este convite? Concedeu-lhes sem dificuldade o perdão
de suas faltas e a libertação imediata de todas as suas penas. O Verbo os
santificou, o Espírito os confirmou. O homem velho foi sepultado, o homem novo
nasceu rejuvenescido pela graça. Este homem se converteu em um íntimo em lugar
de um desconhecido, em um filho em lugar de um estrangeiro, em um iniciado em
lugar de um profano, em um santo em lugar de um ímpio.
Se algum dentre
nós, depois de ser enriquecido com presentes tão magníficos e inestimáveis,
ofende ao seu generoso benfeitor, seria levado imediatamente à morte, sem
sequer poder defender a sua causa; porque nós somos juízes severos e
inflexíveis. Não satisfeitos em privar-lhe desta vida terrena, lhe
castigaríamos ainda na outra.
Porém, o Senhor
julga de outra maneira: Ele pratica misericórdia indefinidamente. Ele não quer
a morte do pecador, mas espera a sua conversão. Aqueles que desprezaram uma
primeira graça não estão condenados, porque uma segunda misericórdia sucede a
primeira e o perdão se mescla com o esquecimento. A onda de lágrimas tem uma
força igual ao banho do Batismo, e os gemidos da contrição atraem a graça que
se tinha afastado um instante...
Vocês, portanto,
que sois severos e incapazes de suavidade, aprendam a bondade de seu Criador, e
não sejam para os seus companheiros de serviço juízes amargos e árbitros,
esperando que venha Aquele que revelará o oculto dos corações e atribuirá, como
todo-poderoso, a cada um seu lugar na vida vindoura.
Não julguem
severamente a fim de não serem julgados da mesma maneira e trespassados pelas
palavras de sua própria boca como por dentes pontudos. Porque é contra este
gênero de delito que parece querer colocar-nos em guarda a palavra do
Evangelho: Não julgueis e não sereis
julgados. Ao dizer isto, não descarta o discernimento e a sabedoria; o que
ele chama juízo é uma condenação demasiado severa...
Não recuses,
portanto, praticar a misericórdia a fim de que não sejas excluído do perdão
quando tu mesmo vieres a ter necessidade dela.
Fonte:
Lecionário Patrístico Dominical, pp. 215-216. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.
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