sábado, 26 de setembro de 2020

Homilia: XXVI Domingo do Tempo Comum - Ano A

São Clemente de Alexandria
Livro sobre a salvação dos ricos
A verdadeira penitência consiste em não recair nas mesmas faltas

Aquele que de todo o coração se converte para Deus tem as portas abertas, e o Pai recebe com os braços abertos ao filho realmente arrependido. Entretanto, a verdadeira penitência consiste em não recair nas mesmas faltas, erradicando os pecados pelos quais reconhece ser réu de morte. Estando estes eliminados, Deus voltará a morar novamente em ti. Cristo afirmou que, no céu, quando um pecador se converte e faz penitência, o Pai e os anjos experimentam um enorme e incomparável júbilo e uma alegria festiva. Por isso também exclama: Quero misericórdia e não sacrifícios. Não quero a morte do pecador, mas que mude de conduta. Ainda que vossos pecados sejam como a púrpura, ficarão brancos como a neve; mesmo que sejam vermelhos como escarlate, ficarão como a lã.
Na verdade, só Deus pode perdoar os pecados e não imputar os delitos; o que não impede que também a nós nos tenha ordenado perdoar cada dia aos irmãos arrependidos. E se nós, que somos maus, sabemos dar coisas boas, quanto mais o Pai de misericórdia, aquele bom Pai de todo consolo, que transborda de entranhas de misericórdia e é rico em clemência, propenso a usar de uma infinita paciência e que aguarda àqueles que se convertem. Converter-se sinceramente significa acabar com o pecado e não voltar mais a vista ao que fica para trás.
Deste modo, Deus concede o perdão das culpas passadas; o não reincidir no futuro fica sob a responsabilidade de cada um. E arrepender-se supõe lamentar-se das faltas cometidas, e pedir com insistência ao Pai que as lance definitivamente no esquecimento, Ele que é o único capaz de, em sua misericórdia, dar por não feito o feito, e abolir com a suavidade do Espírito os delitos da vida passada.
Queres tu, ladrão, que seja perdoado teu delito? Deixa de roubar! Devolve, e com juros, o que roubaste. Tu que és uma testemunha falsa, aprende a ser veraz; tu que és um perjuro, abstém-te do juramento e rompe com os outros afetos viciosos. Talvez seja impossível romper de forma imediata e ao mesmo tempo com os afetos inveterados; mas a coisa será viável se contamos com a graça de Deus, as orações dos amigos e a ajuda fraterna, unido tudo isso a uma verdadeira penitência e a uma assídua meditação.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 223-224. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de São João Crisóstomo para este domingo clicando aqui.

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