quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Angelus do Papa no III Domingo do Advento

PAPA FRANCISCO
ANGELUS
Praça São Pedro
Domingo, 13 de Dezembro de 2015

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
No Evangelho de hoje há uma pergunta que se repete três vezes: «Que devemos fazer?» (Lc 3, 10.12.14). Interpelam João Baptista três categorias de pessoas: primeiro, a multidão em geral; segundo, os publicanos, isto é, os cobradores de impostos; e, terceiro, alguns soldados. Cada um destes grupos questiona o profeta sobre o que deve fazer para pôr em prática a conversão que ele está a pregar. A resposta de João à pergunta da multidão é a partilha dos bens de primeira necessidade. Ou seja, ao primeiro grupo, a multidão, diz para partilhar os bens de primeira necessidade, afirmando: «Quem tem duas túnicas, reparta com quem não tem nenhuma, e quem tem mantimentos faça o mesmo» (v. 11). Depois, ao segundo grupo, aos cobradores de impostos, diz que não exijam nada mais do que foi estabelecido (v. 13). Que significa isto? Não pedir «comissões ilegais», João Baptista é claro. E ao terceiro grupo, aos soldados, pede para não extorquir nada a ninguém mas que se contentem com o seu salário (cf. v 14). São as três respostas às três perguntas destes grupos. Três respostas para um idêntico caminho de conversão, que se manifesta em compromissos concretos de justiça e de solidariedade. É o caminho que Jesus indica em toda a sua pregação: o caminho do amor concreto ao próximo.
Destas admoestações de João Baptista compreendemos quais eram as tendências gerais de quem, naquela época, detinha o poder, sob diversas formas. As coisas não mudaram muito. Contudo, nenhuma categoria de pessoas está excluída de percorrer o caminho da conversão para alcançar a salvação, nem os publicanos considerados pecadores por definição: nem sequer eles estão excluídos da salvação. Deus não priva ninguém da possibilidade de se salvar. Ele está - por assim dizer - ansioso por praticar a misericórdia, praticá-la em relação a todos, e acolher cada um no abraço terno da reconciliação e do perdão.
Esta pergunta - que devemos fazer? - ainda a sentimos nossa. A liturgia de hoje repete-nos, com as palavras de João, que é preciso converter-se, que é preciso mudar o rumo das situações e empreender o caminho da justiça, da solidariedade, da sobriedade: são os valores imprescindíveis de uma existência plenamente humana e autenticamente cristã. Convertei-vos! É a síntese da mensagem do Baptista. E a liturgia deste terceiro domingo de Advento ajuda-nos a redescobrir uma dimensão particular da conversão: a alegria. Quem se converte e se aproxima do Senhor, sente alegria. O profeta Sofonias diz-nos hoje: «Rejubila, filha de Sião!», dirigindo-se a Jerusalém (Sf 3, 14); e o apóstolo Paulo exorta assim os cristãos de Filipos: «Alegrai-vos sempre no Senhor» (Fl 4, 4). Hoje é preciso ter coragem para falar de alegria, é necessário sobretudo fé! O mundo está assolado por tantos problemas, o futuro obscurecido por incógnitas e receios. Contudo o cristão é uma pessoa jubilosa, e a sua alegria não é algo superficial e efémero, mas profundo e estável, porque é uma dádiva do Senhor que enche a vida. A nossa alegria deriva da certeza de que «o Senhor está próximo» (Fl 4, 5): está próximo com a sua ternura, com a sua misericórdia, com o seu perdão e o seu amor.
A Virgem Maria nos ajude a fortalecer a nossa fé, para que saibamos acolher o Deus da alegria, o Deus da misericórdia, que deseja habitar sempre no meio dos seus filhos. E a nossa Mãe nos ensine a partilhar as lágrimas com quem chora, a fim de poder partilhar também o sorriso.


Fonte: Santa Sé

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