sábado, 26 de dezembro de 2015

Homilia: Festa da Sagrada Família - Ano C

Orígenes
Sermão XVIII sobre o Evangelho de Lucas
Angustiados buscamos a Jesus

Quando Jesus completou doze anos, ele permaneceu em Jerusalém. Seus pais, que não o sabiam, o buscam solicitamente e não o encontram. O buscam entre os parentes, na caravana, e entre os conhecidos: e entre eles não o localizam. Jesus é, pois, buscado por seus pais: pelo pai que o tinha alimentado e acompanhado ao descer para o Egito. E, entretanto, não o encontram com a mesma rapidez com que o buscam. Não se encontra a Jesus entre os parentes e os consanguíneos; não o encontram entre os que corporalmente lhe estão unidos. Meu Jesus não pode ser achado em uma grande caravana. Aprende onde o encontram aqueles que o buscam, para que também tu buscando-o possas encontra-lo como José e Maria. Ao ir à sua busca, diz, o encontraram no templo; e não simplesmente no templo, mas no meio dos doutores, escutando-os e fazendo-lhes perguntas. Tu também, busca a Jesus no templo, busca-o na Igreja, busca-o junto aos mestres que existem no templo e não saem dele. Se desta forma o buscas, o encontrarás.
Por outro lado, se alguém se considera mestre e não possui a Jesus, este é um mestre somente de nome e, em consequência, Jesus não poderá ser encontrado em sua companhia. Jesus é a Palavra e a Sabedoria de Deus. Encontram-lhe sentado no meio dos doutores, e não apenas sentado, mas fazendo-lhes perguntas e escutando-os.
Também na atualidade Jesus está presente, nos interroga e nos escuta quando falamos. Todos, diz, ficavam assombrados. De que se assombram? Não de suas perguntas, por serem admiráveis, mas de suas respostas. Formulava perguntas aos mestres e, como às vezes eram incapazes de responder-lhe, ele mesmo dava a resposta às questões disputadas. E para que a resposta não seja um simples expediente para preencher a sua vez na conversação, mas que esteja imbuída de doutrina escriturística, deixa-te conduzir pela lei divina. Moisés falava, e Deus lhe respondia com o trovão. Aquela resposta versava sobre os assuntos que Moisés ignorava, e acerca dos quais o Senhor lhe instruía. Algumas vezes é Jesus quem pergunta, outras, é ele que responde. E, como dissemos mais acima, embora suas perguntas eram admiráveis, muito mais admiráveis, contudo, eram as suas respostas. Portanto, para que também nós possamos escutá-lo, e ele possa apresentar-nos problemas, roguemos a ele e o busquemos em meio de fadigas e dores, e então poderemos encontrar ao que buscamos. Não é em vão que está escrito: Teu pai e eu te buscávamos angustiados. Convém que aquele que busca a Jesus não o busque com negligência, dissoluta ou eventualmente, como fazem muitos que, por isso, não conseguem encontra-lo. Digamos, pelo contrário: “Angustiados te buscamos!”, e uma vez pronunciado, ele mesmo responderá à nossa alma que o busca laboriosamente e em meio à angústia, dizendo: Não sabias que devo estar na casa de meu Pai?


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 546-547. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de São Gregório de Nissa para esta festa clicando aqui.

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