Orígenes
Sermão XVIII sobre o Evangelho de Lucas
“Angustiados
buscamos a Jesus”
Quando Jesus
completou doze anos, ele permaneceu em Jerusalém. Seus pais, que não o sabiam,
o buscam solicitamente e não o encontram. O buscam entre os parentes, na
caravana, e entre os conhecidos: e entre eles não o localizam. Jesus é, pois,
buscado por seus pais: pelo pai que o tinha alimentado e acompanhado ao descer
para o Egito. E, entretanto, não o encontram com a mesma rapidez com que o
buscam. Não se encontra a Jesus entre os parentes e os consanguíneos; não o
encontram entre os que corporalmente lhe estão unidos. Meu Jesus não pode ser
achado em uma grande caravana. Aprende onde o encontram aqueles que o buscam,
para que também tu buscando-o possas encontra-lo como José e Maria. Ao ir à sua busca, diz, o encontraram no templo; e não
simplesmente no templo, mas no meio dos
doutores, escutando-os e fazendo-lhes perguntas. Tu também, busca a Jesus
no templo, busca-o na Igreja, busca-o junto aos mestres que existem no templo e
não saem dele. Se desta forma o buscas, o encontrarás.
Por outro lado,
se alguém se considera mestre e não possui a Jesus, este é um mestre somente de
nome e, em consequência, Jesus não poderá ser encontrado em sua companhia.
Jesus é a Palavra e a Sabedoria de Deus. Encontram-lhe sentado no meio dos
doutores, e não apenas sentado, mas fazendo-lhes perguntas e escutando-os.
Também na
atualidade Jesus está presente, nos interroga e nos escuta quando falamos. Todos, diz, ficavam assombrados. De que se assombram? Não de suas perguntas,
por serem admiráveis, mas de suas respostas. Formulava perguntas aos mestres e,
como às vezes eram incapazes de responder-lhe, ele mesmo dava a resposta às
questões disputadas. E para que a resposta não seja um simples expediente para
preencher a sua vez na conversação, mas que esteja imbuída de doutrina
escriturística, deixa-te conduzir pela lei divina. Moisés falava, e Deus lhe
respondia com o trovão. Aquela resposta versava sobre os assuntos que Moisés
ignorava, e acerca dos quais o Senhor lhe instruía. Algumas vezes é Jesus quem
pergunta, outras, é ele que responde. E, como dissemos mais acima, embora suas
perguntas eram admiráveis, muito mais admiráveis, contudo, eram as suas respostas.
Portanto, para que também nós possamos escutá-lo, e ele possa apresentar-nos
problemas, roguemos a ele e o busquemos em meio de fadigas e dores, e então
poderemos encontrar ao que buscamos. Não é em vão que está escrito: Teu pai e eu te buscávamos angustiados.
Convém que aquele que busca a Jesus não o busque com negligência, dissoluta ou
eventualmente, como fazem muitos que, por isso, não conseguem encontra-lo.
Digamos, pelo contrário: “Angustiados te buscamos!”, e uma vez pronunciado, ele
mesmo responderá à nossa alma que o busca laboriosamente e em meio à angústia,
dizendo: Não sabias que devo estar na
casa de meu Pai?
Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp.
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