terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Homilia do Papa na Abertura da "Porta Santa da Caridade"

JUBILEU EXTRAORDINÁRIO DA MISERICÓRDIA
ABERTURA DA "PORTA SANTA DA CARIDADE" E SANTA MISSA
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Albergue da Cáritas, Via Marsala, Roma
Sexta-feira, 18 de Dezembro de 2015

Deus vem salvar-nos e não encontra uma maneira melhor para o fazer do que caminhar connosco, viver como nós. E no momento de escolher o modo como fazer a sua vida, Ele não escolhe uma cidade grande de um império poderoso, nem uma princesa ou condessa como mãe, uma pessoa importante, não escolhe um palácio de luxo. Parece que tudo foi feito intencionalmente, quase de modo oculto. Maria era uma jovem de 16 ou 17 anos, não mais, numa aldeia esquecida nas periferias do império romano; e certamente ninguém conhecia aquela aldeia. José era um jovem que a amava e desejava casar com ela, um carpinteiro que ganhava o pão de cada dia. Tudo na simplicidade, no escondimento. Inclusive o repúdio... - porque eram noivos, e naquela aldeia tão pequena, sabeis como são os mexericos, difundem-se - e José percebeu que ela estava grávida, mas ele era justo. Não queria difamá-la, resolveu deixá-la secretamente. Contudo o Anjo explicou em sonho este mistério a José: «O filho que ela concebeu é obra do Espírito Santo». «Despertando José do sono, fez como lhe ordenou o anjo do Senhor e recebeu-a como sua esposa» (cf. Mt 1, 18-25). Mas tudo no escondimento, humildemente. As grandes cidades do mundo nada souberam. E assim Deus habitou entre nós. Se quiseres encontrar Deus, procura-o na humildade, busca-o na pobreza, procura-o onde Ele está escondido: nas necessidades, nos mais necessitados, nos doentes, nos famintos, nos presos.
Jesus, quando nos prega a vida, diz-nos como será o nosso juízo. Não dirá: Tu vens comigo porque fizeste muitas ofertas generosas à Igreja, és um benfeitor da Igreja, vem, entra no Céu. Não. A entrada no Céu não se compra com dinheiro. Não dirá: és muito importante, estudaste muito e recebeste muitas honorificências, entra no Céu. Não. As honorificências não abrem as portas do Céu. Que nos dirá Jesus para nos abrir a porta do Céu? «Tive fome e deste-me de comer, tive sede e deste-me de beber, era peregrino e recolheste-me, estive na prisão e foste ter comigo» (cf. Mt 25, 35-36). Jesus está na humildade.
O amor de Jesus é grande. Por isso hoje ao abrir esta Porta Santa, espero que o Espírito Santo abra o coração de todos os romanos e faça com que eles vejam qual é o caminho da salvação! Não é o luxo, nem o caminho das grandes riquezas, não é a via do poder. É a da humildade. E os mais pobres, os doentes, os encarcerados - Jesus diz - os mais pecadores, se se arrependerem, entrarão no Céu antes de nós. Eles têm a chave. Quantos praticam a caridade deixam-se abraçar pela misericórdia do Senhor.

Hoje abrimos esta Porta e pedimos duas coisas. Primeiro, que o Senhor abra a porta do nosso coração, a todos. Todos temos necessidade disto, somos todos pecadores, temos necessidade de ouvir a Palavra do Senhor e que a Palavra do Senhor venha. Segundo, que o Senhor faça entender que o caminho da presunção, das riquezas, da vaidade, do orgulho, não são caminhos de salvação. Que o Senhor nos faça compreender que a sua carícia de Pai, a sua misericórdia, o seu perdão, existem quando nos aproximamos de quantos sofrem, dos descartados na sociedade: ali está Jesus. Esta Porta, que é a Porta da Caridade, onde são assistidos muitos descartados, nos faça entender que seria bom se também cada um de nós, cada um dos romanos, de todos os romanos, se considerasse descartado e sentisse a necessidade da ajuda de Deus. Rezemos por Roma, por todos os habitantes de Roma, por todos começando por mim, para que o Senhor nos conceda a graça de nos sentir descartados; porque nós não temos mérito algum: só Ele nos dá a misericórdia e a graça. E para nos aproximar daquela graça devemos aproximar-nos dos descartados, dos pobres, dos mais necessitados, porque sobre esta aproximação todos nós seremos julgados. Que o Senhor hoje, ao abrirmos esta porta, conceda esta graça a toda Roma, a cada habitante de Roma, para poder prosseguir no abraço da misericórdia, no qual o pai carrega o filho ferido, mas o ferido é o pai: Deus está ferido de amor e por isso é capaz de nos salvar a todos. Que o Senhor nos conceda esta graça.

Palavras pronunciadas pelo Santo Padre ao final da Santa Missa:
Está próximo o Natal, está próximo o Senhor. E o Senhor quando nasceu estava ali, naquela manjedoura, ninguém percebia que era Deus. Neste Natal eu gostaria que o Senhor nascesse no coração de cada um de nós, escondido... de modo que ninguém perceba, mas que o Senhor esteja ali. Desejo-vos isto, esta felicidade da proximidade do Senhor.
Vocês rezam por mim e eu rezo por vocês. Obrigado.


Fonte: Santa Sé

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