quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Angelus do Papa no II Domingo do Advento

PAPA FRANCISCO
ANGELUS
Praça São Pedro
Domingo, 06 de dezembro de 2015

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Neste Segundo Domingo do Advento, a liturgia nos insere na escola de João Batista, que pregava “um batismo de conversão para o perdão dos pecados” (Lc 3,3). E podemos nos perguntar: “Por que devemos nos converter? A conversão diz respeito a quem era ateu e passou a crer, quem era pecador e se tornou justo, mas nós não precisamos, nós já somos cristãos. Então, estamos bem”. E isso não é verdade. Pensando assim, não percebemos que devemos nos converter desta presunção - de que somos cristãos, todos bons, que estamos bem - que devemos nos converter: do pressuposto de que, no cômputo geral, está bom assim e não precisamos de qualquer conversão. Mas devemos nos questionar: É verdade que nas várias situações e circunstâncias da vida temos em nós os mesmos sentimentos de Jesus? É verdade que ouvimos como Jesus se sente? Por exemplo, quando sofremos alguma injustiça ou alguma afronta, conseguimos reagir sem ressentimento e perdoar de coração quem nos pede desculpa? Quanto é difícil é perdoar! Quanto é difícil! “Mas você me paga!”: esta palavra vem de dentro! Quando somos chamados a partilhar alegrias e tristezas, sabemos sinceramente chorar com os que choram e alegrar-nos com os que se alegra? Quando precisamos exprimir a nossa fé, sabemos fazê-lo com coragem e simplicidade, sem nos envergonhar do evangelho? E assim, podemos nos perguntar tantas coisas. Nós não estamos prontos, devemos nos converter sempre, ter os sentimentos que Jesus tinha.
A voz de João Batista grita ainda nos desertos atuais da humanidade, que são - quais são os desertos de hoje? - As mentes fechadas e os corações endurecidos, e nos leva a nos perguntar se efetivamente estamos percorrendo o caminho justo, vivendo uma vida segundo o Evangelho. Hoje, como naquele tempo, ele nos adverte com as palavras do Profeta Isaías: “Preparai o caminho do Senhor” (V. 4). É um premente convite a abrir o coração e acolher a salvação que Deus nos oferece incessantemente, quase obstinadamente, porque quer que todos sejamos livres da escravidão do pecado. O texto do profeta dilata aquela voz, preanunciando que “todo homem verá a salvação de Deus” (v. 6). A salvação é oferecida a todas as pessoas, a todos os povos, sem excluir ninguém, a cada um de nós. Nenhum de nós pode dizer: “Eu sou santo, sou perfeito, já estou salvo”. Devemos sempre receber esta oferta da salvação. É para isso o Ano da Misericórdia: para caminhar nesta estrada da salvação, estrada que Jesus nos ensinou. Deus quer que todos os homens sejam salvos por meio de Jesus Cristo, único mediador (cf. 1 Tim 2, 4-6).
Portanto, cada um de nós é chamado a anunciar Jesus àqueles que ainda não o conhecem. Mas isso não é fazer proselitismo.  É abrir uma porta. “Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho!” (1 Cor 9,16), dizia São Paulo. Se o Senhor Jesus mudou a nossa vida, e muda sempre que recorremos a Ele, como não sentir a paixão de torna-lo conhecido a todos os que encontramos no trabalho, na escola, no bairro, no hospital, nos lugares de encontro? Se olhamos ao nosso redor, vemos pessoas que estão dispostas a começar ou a recomeçar um caminho de fé, se encontram cristãos apaixonados por Jesus. Não devíamos e não podíamos ser nós tais cristãos? Deixo a pergunta: “Eu realmente sou apaixonado por Jesus? Estou convencido de que Jesus me oferece e me dá a salvação?”. E, se sou apaixonado, devo anunciá-lo. Mas temos de ser corajosos e abater as montanhas do orgulho e da rivalidade, preencher os sulcos cavados pela indiferença e pela apatia, endireitar os caminhos da nossa preguiça e dos nossos compromissos.
Que a Virgem Maria, que é Mãe e sabe como fazê-lo, nos ajude a quebrar as barreiras e os obstáculos que impedem a nossa conversão, o nosso caminho rumo ao Senhor. Só Ele, somente Jesus pode realizar todas as esperanças do ser humano!


Fonte: Zenit

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