quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Homilia do Papa: Abertura da Porta Santa da Basílica do Latrão

Jubileu Extraordinário da Misericórdia
Santa Missa e Abertura da Porta Santa da Basílica do Latrão
Homilia do Papa Francisco
III Domingo de Advento
13 de dezembro de 2015

O convite dirigido pelo profeta à antiga cidade de Jerusalém, hoje é endereçado também a toda a Igreja e a cada um de nós: «Rejubila-te... exulta!» (Sf 3,14). O motivo da alegria é expresso com palavras que infundem esperança, e permitem olhar para o futuro com serenidade. O Senhor revogou qualquer condenação e decidiu viver no meio de nós.

Este III Domingo de Advento atrai o nosso olhar para o Natal já próximo. Não podemos deixar que o cansaço se apodere de nós; não nos é permitida qualquer forma de tristeza, mesmo se tivéssemos motivos devido às numerosas preocupações e às várias formas de violência que ferem esta nossa humanidade. Porém, a vinda do Senhor deve encher o nosso coração de alegria. O profeta, que traz inscrito no seu próprio nome - Sofonias - o conteúdo do seu anúncio, abre o nosso coração à confiança: «Deus protege» o seu povo. Em um contexto histórico de grandes iniquidades e violências, praticadas sobretudo por homens de poder, Deus anuncia que Ele mesmo reinará sobre o seu povo, que nunca mais o deixará à mercê da arrogância dos seus governantes, e que o libertará de qualquer angústia. Hoje nos é pedido que «não se enfraqueçam os nossos braços» (Sf 3,16) por causa da dúvida, da impaciência ou do sofrimento.

O Apóstolo Paulo retoma com força o ensinamento do profeta Sofonias e reafirma-o: «O Senhor está próximo» (Fl 4,5). Por esta razão, devemos rejubilar-nos sempre e com a nossa afabilidade dar a todos testemunho da proximidade e do cuidado que Deus tem por cada pessoa.

Abrimos a Porta Santa, aqui e em todas as catedrais do mundo. Também este sinal simples é um convite à alegria. Inicia o tempo do grande perdão. É o Jubileu da Misericórdia. É o momento para redescobrir a presença de Deus e a sua ternura de Pai. Deus não ama a rigidez. Ele é Pai, é terno. Faz tudo com ternura de Pai. Também nós somos como as multidões que interrogavam João: «Que devemos fazer?» (Lc 3,10). A resposta de João Baptista não tarda a chegar. Ele convida a agir com justiça e a olhar para as necessidades dos que estão em dificuldade. Contudo, o que João exige dos seus interlocutores é quanto encontra aprovação na Lei. De nós, pelo contrário, é exigido um compromisso radical. Diante da Porta Santa que somos chamados a atravessar, nos é pedido que sejamos instrumentos de misericórdia, cientes de que seremos julgados sobre isto. Quem foi batizado sabe que tem um compromisso maior. A fé em Cristo suscita um caminho que dura a vida inteira: que consiste em ser misericordioso como o Pai. A alegria de atravessar a Porta da Misericórdia acompanha-se ao compromisso de acolher e testemunhar um amor que vai além da justiça, um amor que não conhece fronteiras. É por este amor infinito que somos responsáveis, não obstante as nossas contradições.

Rezemos por nós e por todos aqueles que atravessam a Porta da Misericórdia, para podermos compreender e acolher o amor infinito do nosso Pai celeste, que recria, transforma e reforma a vida.


Fonte: Santa Sé.

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