quinta-feira, 20 de maio de 2021

Catequeses sobre os Salmos (17): Laudes da segunda-feira da III semana

As Catequeses sobre os salmos e o cântico das Laudes da segunda-feira da III semana do Saltério foram proferidas pelo Papa João Paulo II nos dias 28 de agosto (Sl 83), 04 de setembro (Is 2,2-5) e 18 de setembro de 2002 (Sl 95).

48. Saudades do templo do Senhor: Sl 83(84),2-13
28 de agosto de 2002

1. Damos continuidade ao nosso itinerário no âmbito dos Salmos da Liturgia das Laudes. Ouvimos agora o Salmo 83, atribuído pela tradição judaica “aos filhos de Coré”, uma família sacerdotal que se ocupava do serviço litúrgico e guardava a entrada da tenda da arca da Aliança (cf. 1Cr 9,19).
Trata-se de um cântico muito suave, repassado por uma aspiração mística ao Deus da vida, celebrado várias vezes com o título de “Senhor dos exércitos” (vv. 2.4.9.13), isto é, Senhor das estrelas e, por conseguinte, do universo [no Brasil traduz-se diretamente por “Senhor do universo”]. Por outro lado, este título estava relacionado especialmente com a arca conservada no templo, chamada “a arca do Deus dos exércitos que se senta sobre os querubins” (1Sm 4,4; cf. Sl 79,2). De fato, ela era sentida como o sinal da proteção divina nos dias do perigo e da guerra (cf. 1Sm 4,3-5; 2Sm 11,11).
O quadro de todo o Salmo está representado pelo templo para o qual se dirige a peregrinação dos fiéis. A estação parece ser a outonal, porque se fala da “primeira chuva” que alivia a aridez do verão (v. 7). Por isso, poderíamos pensar na peregrinação rumo a Sião, para a terceira festividade principal do ano hebraico, a dos Tabernáculos, memória da peregrinação de Israel no deserto.

2. O templo está presente com todo o seu fascínio desde o início até ao fim do Salmo. Na abertura (vv. 2-4) encontramos a admirável e delicada imagem das aves que construíram os seus ninhos no santuário, privilégio invejável.
Esta é uma representação da felicidade de todos os que como os sacerdotes do Templo têm uma residência fixa na Casa de Deus, gozando da sua intimidade e da sua paz. Com efeito, todo o ser do crente está orientado para o Senhor, estimulado por um desejo quase físico e instintivo: “Minha alma desfalece de saudades e anseia pelos átrios do Senhor! Meu coração e minha carne rejubilam e exultam de alegria no Deus vivo!” (v. 3). Depois, o Templo volta a aparecer no fim do Salmo (vv. 11-13). O peregrino exprime a sua grande felicidade de estar algum tempo nos átrios da casa de Deus e opõe esta felicidade espiritual à ilusão idólatra, que impulsiona para a “mansão dos pecadores”, isto é, os templos aviltantes da injustiça e da perversão.

"Felizes os que em Vós têm sua força, e se decidem a partir quais peregrinos!" (Sl 83,6)
(Jesus, "peregrino" com os discípulos de Emaús)

3. Só no santuário do Deus vivo existem a luz, a vida e a alegria, e é “bem-aventurado todo aquele que põe sua esperança” no Senhor, escolhendo o caminho da justiça (vv. 12.13). A imagem do caminho conduz-nos ao centro do Salmo (vv. 5-9), onde se desenvolve outra peregrinação mais significativa. Se é bem-aventurado aquele que habita no Templo de maneira estável, é muito mais bem-aventurado aquele que decide empreender uma viagem de fé até Jerusalém.
Também os Padres da Igreja nos seus comentários ao Salmo 83 dão um realce particular ao v. 6: “Felizes os que em vós têm sua força, e se decidem a partir quais peregrinos!”. As antigas traduções do Saltério falavam da decisão de realizar as “ascensões” rumo à cidade santa. Portanto, para os Padres, a peregrinação a Sião tornava-se o símbolo do progresso contínuo dos justos para as “tendas eternas”, onde Deus acolhe os seus amigos na alegria total (cf. Lc 16,9).
Gostaríamos de nos deter um momento acerca desta “ascensão” mística, que tem na peregrinação terrena uma imagem e um sinal. E o faremos com as palavras de um escritor cristão do século VII, abade do mosteiro do Sinai.

4. Trata-se de São João Clímaco, que dedicou um tratado inteiro - A Escada do Paraíso - para explicar os numerosos degraus pelos quais a vida espiritual se eleva. No fim da sua obra ele cede a palavra à própria caridade, situada no cimo da escada do progresso espiritual.
É ela que convida e exorta, propondo sentimentos e atitudes que já foram sugeridos pelo nosso Salmo: “Subi, irmãos, ascendei. Cultivai, no vosso coração o profundo desejo de subir sempre (Sl 83,6). Escutai as Escrituras que convidam: ‘Vinde, subamos à Montanha do Senhor, à Casa do Deus de Jacó’ (Is 2,3), que fez os nossos pés rápidos como os de um cervo e nos indicou como meta um lugar sublime, para que, seguindo as suas veredas, saíssemos vencedores (Sl 17,33). Apressemo-nos, então, todos como está escrito enquanto não tivermos encontrado, na unidade da fé, o rosto de Deus, e reconhecendo-O, não tivermos alcançado o homem perfeito na maturidade completa da idade de Cristo (Ef 4,13)” (A Escada do Paraíso, Roma, 1989, p. 355).

5. Em primeiro lugar, o salmista pensa na peregrinação concreta que, de Sião, conduz às várias localidades da Terra Santa. A chuva que está a cair parece ser uma antecipação das bênçãos jubilosas que o envolverão como um manto (v. 7) quando estiver diante do Senhor no Templo (v. 8). A viagem cansativa através “do vale da aridez” (v. 7) é transfigurada pela certeza de que a meta é Deus, aquele que dá vigor (v. 8), escuta a súplica do fiel (v. 9) e torna-se o seu “escudo” protetor (v. 10).
É precisamente nesta luz que a peregrinação concreta se transforma - como intuíram os Padres - numa parábola da vida inteira, passada entre o afastamento e a intimidade com Deus, entre o mistério e a revelação. Também no deserto da existência quotidiana, os seis dias de trabalho semanal são fecundados, iluminados e santificados pelo encontro com Deus no sétimo dia através da Liturgia e da oração.
Caminhemos, então, também quando estamos no “vale da aridez”, tendo o olhar fixo naquela meta luminosa de paz e de comunhão. Também nós repetimos no nosso coração a bem-aventurança final, semelhante a uma antífona que conclui o Salmo: “Ó Senhor, Deus poderoso do universo, feliz quem põe em vós sua esperança!” (v. 13).

49. A montanha da casa do Senhor é mais alta do que todas as montanhas: Is 2,2-5
04 de setembro de 2002

1. A Liturgia quotidiana das Laudes, além dos Salmos, propõe sempre um cântico tirado do Antigo Testamento. De fato, sabemos que, paralelamente ao Saltério, verdadeiro e próprio livro da oração de Israel e depois da Igreja, existe uma espécie de outro “Saltério” distribuído pelas várias páginas históricas, proféticas e sapienciais da Bíblia. Também ele é constituído por hinos, súplicas, louvores e invocações, muitas vezes de grande beleza e intensidade espiritual.
Na nossa peregrinação espiritual pelas orações da Liturgia das Laudes, já encontramos muitos destes cânticos que constelam as páginas bíblicas. Tomamos agora em consideração um, deveras admirável, obra de um dos máximos profetas de Israel, Isaías, que viveu no século VIII a.C. Ele é testemunha de momentos difíceis vividos pelo reino de Judá, mas também cantor da esperança messiânica numa linguagem poética altíssima.

2. É o caso do cântico que acabamos de escutar e que está colocado quase na abertura do seu livro, nos primeiros versículos do capítulo 2, precedidos por uma nota redacional posterior que diz assim: “Visão profética de Isaías, filho de Amós, sobre Judá e Jerusalém” (Is 2,1). Por conseguinte, o hino é concebido como uma visão profética, que descreve uma meta para a qual tende, na esperança, a história de Israel. Não é por acaso que as primeiras palavras são: “No fim dos tempos” (v. 2), isto é, na plenitude dos tempos. Por isso, é um convite a não nos fixarmos no presente tão pobre, mas a sabermos intuir, sob a superfície dos acontecimentos quotidianos, a presença misteriosa da ação divina, que conduz a história para um horizonte muito diferente de luz e de paz.
Esta “visão”, com sabor messiânico, será retomada ulteriormente no capítulo 60 do mesmo livro num cenário mais amplo, sinal de uma nova meditação das palavras fundamentais e incisivas do profeta, precisamente as do cântico que agora proclamamos. O profeta Miquéias retomará o mesmo hino (cfMq 4,1-3), ainda que termine de maneira diferente do oráculo de Isaías (cfMq 4,4-5; Is 2,5).

3. No centro da “visão” de Isaías ergue-se o monte Sião, que virá idealmente diante de todos os outros montes, sendo habitado por Deus e, por conseguinte, é lugar de contato com o céu (cf. 1Rs 8,22-53). Dele, segundo o oráculo de Isaías 60,1-6, se difundirá uma luz que rasgará e afastará as trevas e para ele se dirigirão procissões de povos de todas as partes da terra.
Este poder de atração de Sião está fundado sobre duas realidades que promanam do monte santo de Jerusalém: a Lei e a Palavra do Senhor. Elas constituem, na verdade, uma única realidade, que é fonte de vida, de luz e de paz, expressão do mistério do Senhor e da sua vontade.
Quando as nações alcançam o cume de Sião, onde se ergue o Templo de Deus, eis que se realiza aquele milagre que desde sempre a humanidade espera e pelo qual suspira. Os povos deixam cair das mãos as armas, que depois são recolhidas para serem forjadas em instrumentos pacíficos de trabalho: as espadas são transformadas em relhas de arados, as lanças em foices. Desta forma, delineia-se um horizonte de paz, de shalôm (cf. Is 60,17), como se diz em hebraico, palavra querida sobretudo à teologia messiânica. Finalmente desaparecem de uma vez por todas a guerra e o ódio.

4. O oráculo de Isaías conclui-se com um apelo, que está em sintonia com a espiritualidade dos cânticos de peregrinação a Jerusalém: “Vinde, ó casa de Jacó, vinde, achegai-vos, caminhemos sob a luz do nosso Deus!” (Is 2,5). Israel não deve permanecer espectador dessa transformação histórica radical; não se pode dissociar do convite que ressoou na abertura nos lábios dos povos: “Vinde, subamos a montanha do Senhor” (v. 3). Também nós, cristãos, somos interpelados por este cântico de Isaías. Ao comentá-lo, os Padres da Igreja do IV e V séculos (Basílio Magno, João Crisóstomo, Teodoreto de Ciro, Cirilo de Alexandria) veem-no realizado com a vinda de Cristo. Por conseguinte, identificavam na Igreja o “o monte onde está a casa do Senhor... erguido muito acima de outros montes” (v. 2), do qual saía a Palavra do Senhor e para o qual acorriam os povos pagãos, na nova era de paz inaugurada pelo Evangelho.

5. Já o mártir São Justino na sua Primeira Apologia, escrita por volta de 153, proclamava a realização do versículo do cântico que diz: “De Sião a sua Lei há de sair, Jerusalém espalhará sua Palavra” (v. 3). Ele escrevia: “De Jerusalém saíram homens para o mundo, num número de doze; e estes eram incultos; não sabiam falar, mas graças ao poder de Deus revelaram a todo o gênero humano que tinham sido enviados por Cristo para ensinar a todos a Palavra de Deus. E nós, que antes nos matávamos uns aos outros, não só já não combatemos os inimigos, mas para não mentir e não enganar quantos nos interrogam, morremos de bom grado confessando Cristo” (Primeira Apologia, 39, 3; Os apologistas gregos, Roma, 1986, p. 118).
Por isso, de modo particular nós, cristãos, aceitamos o apelo do profeta e procuramos lançar as bases daquela civilização do amor e da paz na qual não haja mais guerra, “nem morte, nem pranto, nem gritos, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Ap 21,4).

50. Deus, Rei e juiz de toda a terra: Sl 95(96),1-13
18 de setembro de 2002

1. “Publicai entre as nações: ‘Reina o Senhor!’”. Esta exortação do Salmo 95 (v. 10), que agora proclamamos, oferece como que a tonalidade sobre a qual se modula todo o hino. De fato, ele insere-se entre os chamados “salmos do Senhor rei”, que incluem os Salmos 95-98, além do Sl 46 e do Sl 92.
Já tivemos no passado a ocasião de encontrar e comentar o Salmo 92 (cf. Catequese n. 45), e sabemos como estes cânticos têm no centro a figura grandiosa de Deus, que ampara todo o universo e governa a história da humanidade.
Também o Salmo 95 exalta tanto o Criador dos seres como o Salvador dos povos: Deus “firmou o universo inabalável, e os povos Ele julga com justiça” (v. 10). Aliás, no original hebraico o verbo traduzido como “julgar” significa na realidade “governar”:  desta forma temos a certeza que não estamos abandonados às forças obscuras da confusão ou do acaso, mas estamos sempre nas mãos de um Soberano justo e misericordioso.

2. O Salmo começa com um convite festivo a louvar a Deus, um convite que abre imediatamente uma perspectiva universal: “Cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira!” (v. 2). Os fiéis são convidados a “narrar a glória” de Deus “entre os povos”, depois a dirigirem-se “a todas as nações” para proclamar “os seus prodígios” (v. 3). Aliás, o salmista interpela diretamente a “família das nações” (v. 7) para convidar a glorificar o Senhor. Por fim, pede aos fiéis que digam “entre as nações: ‘Reina o Senhor’” (v. 10), e esclarece que o Senhor “julga os povos com justiça” (v. 10), “vem para julgar a terra inteira” (v. 13). Esta abertura universal por parte de um pequeno povo esmagado pelos grandes impérios é muito significativa. Este povo sabe que o seu Senhor é o Deus do universo e que “um nada são os deuses dos pagãos” (v. 5).
O Salmo está substancialmente constituído por dois quadros. A primeira parte (vv. 1-9) inclui uma solene epifania do Senhor “no seu templo” (v. 6), isto é, no templo de Sião. Ela é precedida e seguida pelos cânticos e ritos sacrificais da assembleia dos fiéis. Desfila premente o fluxo do louvor face à majestade divina: “Cantai ao Senhor um canto novo... cantai... cantai e bendizei... anunciai sua salvação... manifestai a sua glória... proclamai os seus prodígios... rendei ao Senhor poder e glória... rendei-lhe glória... oferecei um sacrifício... adorai-o... estremecei” (vv. 1.3.7-9).
O gesto fundamental perante o Senhor rei, que manifesta a sua glória na história da salvação é, por conseguinte, o cântico de adoração, de louvor e de bênção. Estas atitudes deveriam estar presentes também no âmbito da nossa Liturgia quotidiana e da nossa oração pessoal.

3. No centro deste cântico encontramos uma declaração anti-idolátrica. A oração revela-se assim como que um caminho para alcançar a pureza da fé, segundo a nossa afirmação lex orandi, lex credendi:  a norma da verdadeira oração é também norma de fé, é lição sobre a verdade divina. Com efeito, ela pode ser descoberta precisamente através da comunhão íntima com Deus realizada na oração.
O salmista proclama: “Deus é grande e muito digno de louvor, é mais terrível e maior que os outros deuses, porque um nada são os deuses dos pagãos. Foi o Senhor e nosso Deus quem fez os céus” (vv. 4-5). Através da Liturgia e da oração purifica-se a fé de toda degeneração, abandonam-se aqueles ídolos aos quais se sacrifica facilmente algo de nós durante a vida quotidiana, passa-se do medo face à justiça transcendente de Deus à experiência viva do seu amor.

4. Mas eis-nos no segundo quadro, que se abre com a proclamação da realeza do Senhor (vv. 10-13). Agora quem canta é o universo, também nos seus elementos mais misteriosos e obscuros, como o mar, segundo a antiga concepção bíblica: “O céu se rejubile e exulte a terra, aplauda o mar com o que vive em suas águas; os campos com seus frutos rejubilem e exultem as florestas e as matas na presença do Senhor, pois Ele vem, porque vem para julgar a terra inteira” (vv. 11-13).
Como dirá São Paulo, também a natureza, juntamente com o homem, “aguarda ansiosa... de ser também ela, libertada da servidão da corrupção para participar, livremente, da glória dos filhos de Deus” (Rm 8,19.21).
E nesta altura, gostaríamos de deixar espaço à leitura cristã deste Salmo realizada pelos Padres da Igreja, que viram nele uma prefiguração da Encarnação e da Crucificação, sinal da realeza paradoxal de Cristo.

5. Assim, no início do sermão pronunciado em Constantinopla no Natal de 379 ou de 380, São Gregório Nazianzeno retoma algumas expressões do Salmo 95: “Cristo nasce: glorificai-o! Cristo desce do céu: ide ao seu encontro! Cristo está na terra: levantai-vos! ‘Cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira’ (v. 1), e, para reunir os dois conceitos, ‘o céu se rejubile e exulte a terra’ (v. 11), devido àquele que é celeste mas que, depois, se tornou terreno” (Homilias sobre a natividade, Discurso 38, 1, Roma, 1983, p. 44).
Desta forma, o mistério da realeza divina manifesta-se na Encarnação. Aliás, aquele que reina “tornando-se terreno”, reina precisamente na humilhação sobre a Cruz. É significativo que muitos antigos lessem o v. 10 deste Salmo com uma sugestiva integração cristológica: “O Senhor reinou do madeiro”.
Por isso já a Carta de Barnabé ensinava que “o reino de Jesus está no madeiro” (VIII, 5; Os Padres Apostólicos, Roma, 1984, p. 198) e o mártir São Justino, citando quase integralmente o Salmo na sua Primeira Apologia, concluía convidando todos os povos a rejubilar porque “o Senhor reinou do madeiro” da Cruz (Os apologistas gregos, Roma, 1986, p. 121).
Floresceu neste terreno o hino do poeta cristão Venâncio Fortunato, Vexilla regis, no qual é exaltado Cristo que reina do alto da Cruz, trono de amor e não de domínio: Regnavit a ligno Deus. De fato, já durante a sua existência terrestre, Jesus admoestava: “Quem quiser ser o primeiro entre vós, faça-se servo de todos. Porque o Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc 10,43-45).

"Reina o Senhor!" (Sl 95,10) - O Senhor reinou no madeiro
(Crucificação - Andrea di Bonaiuto)

Fonte: Santa Sé (28 de agosto, 04 de setembro e 18 de setembro de 2002).

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