Concluindo
suas Catequeses sobre os salmos e cânticos das Laudes da II semana do Saltério,
o Papa João Paulo II refletiu sobre os textos do sábado dessa semana nos dias 12
de junho (Sl 91), 19 de junho (Dt 32,1-12) e 26 de junho de 2002 (Sl 8).
42. Louvor ao Deus Criador:
Sl 91(92),2-16
12 de junho de 2002
1. A antiga tradição
hebraica reserva um lugar particular ao Salmo 91, que agora ouvimos, como
cântico do homem justo ao Deus criador. O título atribuído ao Salmo indica, de
fato, que ele é destinado ao dia de sábado (v. 1). É, pois, o hino que se eleva
ao Senhor eterno e glorioso quando, ao pôr do sol de sexta-feira, se entra no
santo dia da oração, da contemplação, do sereno repouso do corpo e do espírito.
No centro do Salmo ergue-se,
solene e grandiosa, a figura do Deus Altíssimo (v. 9), à volta do qual se
esboça um mundo harmonioso e em paz. Perante Ele é colocada também a pessoa do
justo que, segundo uma concepção querida ao Antigo Testamento, está repleto de
bem-estar, alegria e longa vida, como natural consequência da sua existência
honesta e fiel. Trata-se da denominada “teoria da retribuição”, pela qual todo
o delito tem um castigo sobre a terra e todo o ato bom tem uma recompensa. Mesmo
se há nesta visão uma componente de verdade, todavia como Jó fará pensar e como
dirá Jesus (cf. Jo 9,2-3), a realidade da dor humana
é muito mais complexa e não pode ser simplificada tão facilmente. O sofrimento
humano, de fato, deve ser considerado na perspectiva da eternidade.
2. Mas examinemos agora este
hino sapiencial através dos aspectos litúrgicos. Ele é constituído por um
intenso apelo ao louvor, ao canto alegre da ação de graças, ao ar de festa da
música, marcada pela lira de dez cordas, pela harpa e pela cítara (vv. 2-4). O
amor e a fidelidade do Senhor devem ser celebrados através do canto litúrgico
que é conduzido “com arte” (cf. Sl 46,8). Este convite vale também
para as nossas celebrações, porque encontram sempre um resplendor não só nas palavras
e nos ritos, mas também nas melodias que o animam.
Depois deste apelo a não
extinguir mais o fio interior e exterior da oração, verdadeira respiração
constante da humanidade fiel, o Salmo 91 propõe, em duas imagens, o perfil do
ímpio (vv. 7-10) e do justo (vv. 13-16). O ímpio, porém, é posto perante o
Senhor, “o Excelso eternamente” (v. 9), que fará morrer os seus inimigos e
dispersará todos os que fazem o mal (v. 10). De fato, só à luz divina se
consegue compreender em profundidade o bem e o mal, a justiça e a perversão.
3. A figura do pecador é
delineada com uma imagem vegetal: “os pecadores florescem como a erva” e “prosperam
igualmente os malfeitores” (v. 8). Mas este florescer está destinado a secar e
a desaparecer. O salmista, efetivamente, multiplica os verbos e as palavras que
descrevem a sua destruição: “são destinados a perder-se para sempre... os
vossos inimigos vão perder-se, e os malfeitores serão todos dispersados” (vv.
8.10).
Na raiz deste êxito
catastrófico está o mal profundo que ocupa o espírito e o coração do perverso:
“o homem insensato não entende” e “o estulto não percebe nada disso” (v. 7). Os
adjetivos aqui usados pertencem à linguagem sapiencial e denotam a brutalidade,
a cegueira, a surdez de quem pensa poder tornar-se perverso sobre a face da
terra, sem freios morais, com a ilusão de que Deus está ausente e indiferente.
O orante, por outro lado, está certo de que o Senhor, mais cedo ou mais tarde,
aparecerá no horizonte para fazer justiça e dobrar a arrogância do insensato (cf. Sl 13).
4. Eis-nos, pois, diante da
figura do justo, representada como uma grande pintura e cheia de cores. Também
neste caso se recorre a uma imagem vegetal, fresca e verdejante (vv. 13-16).
Diferente do ímpio que é como a erva dos campos, viçosa mas passageira, o justo
ergue-se para o céu, sólido e majestoso como a palmeira e o cedro do Líbano.
Por outro lado, os justos estão “casa do Senhor estão plantados” (v. 14), isto
é, têm uma relação muito mais sólida e estável com o templo e, por isso, com o
Senhor, que nele estabeleceu a sua morada.
A tradição cristã jogará
também com o duplo significado da palavra grega phoinix, usada para traduzir o termo hebraico
que indica a palmeira. Phoinix é o nome grego da palmeira, mas
também o da ave que chamamos “fênix”. Ora, é sabido que a fênix era símbolo da
imortalidade, porque se imaginava que aquela ave renascia das próprias cinzas.
O cristão faz uma experiência semelhante graças à sua participação na morte de
Cristo, fonte de vida nova (cf. Rm 6,3-4). “Deus... de mortos que
estávamos pelos pecados, fez-nos reviver em Cristo - diz a Carta aos Efésios - com Ele também nos ressuscitou” (Ef 2,5-6).
"O justo crescerá como a palmeira..." (Sl 91,13) (Palmeira junto às ruínas da Sinagoga de Cafarnaum) |
5. Outra imagem que
representa o justo é do tipo animal, destinada a exaltar a força que Deus
concede, mesmo quando chega a velhice: “Vós me destes toda a força de um
touro, e sobre mim um óleo puro derramastes” (v. 11). Por um lado, o dom da potência divina faz triunfar e dá
segurança (v. 12); por outro, a fronte gloriosa do justo é consagrada pelo óleo
que dá uma energia e uma bênção protetora. O Salmo 91 é, pois, um hino de
otimismo, fortalecido pela música e pelo canto. Ele celebra a confiança em Deus
que é fonte de serenidade e paz, mesmo quando se assiste ao sucesso aparente do
ímpio. Uma paz que é completa mesmo na velhice (v. 15), estação vivida ainda na
fecundidade e na segurança.
Concluímos com as palavras
de Orígenes, traduzidas por São Jerônimo, que tiram a sua razão da frase em que
o salmista diz a Deus: “sobre mim um óleo puro derramastes” (v. 11). Orígenes comenta:
“A nossa velhice tem necessidade do óleo de Deus. Como quando os nossos corpos
estão cansados não se fortalecem senão ungindo-os com o óleo; como a chamazinha
da lâmpada se extingue se não lhe acrescentamos óleo, assim também, a
chamazinha da minha velhice tem necessidade, para crescer, do óleo da
misericórdia de Deus. De resto, também os Apóstolos sobem ao Monte das
Oliveiras (cf. At 1,12), para receber luz do óleo do
Senhor, pois estavam cansados e as suas lâmpadas tinham necessidade do óleo do
Senhor... Por isso, rezemos ao Senhor para que a nossa velhice, toda a nossa
fadiga e todas as nossas trevas sejam iluminadas pelo óleo do Senhor” (74
Homilias sobre o Livro dos Salmos, Milão,
1993, pp. 280-282).
43. Os benefícios de Deus ao
povo: Dt 32,1-12
19 de junho de 2002
1. “E Moisés fez ouvir a
toda a assembleia de Israel as palavras deste cântico, até ao fim” (Dt 31,30). Lê-se assim na
abertura do cântico que acabamos de proclamar, tirado das últimas páginas do Livro do Deuteronômio, precisamente do
capítulo 32. Dele, a Liturgia das Laudes escolheu os primeiros doze versículos,
reconhecendo neles um jubiloso hino ao Senhor que protege e cura com amor o seu
povo no meio dos perigos e das dificuldades do dia. A análise do cântico
revelou que se trata de um texto antigo, mas posterior a Moisés, sobre cujos
lábios foi posto, para lhe conferir um caráter de solenidade. Este cântico
litúrgico situa-se na própria origem da história do povo de Israel. Não faltam
nessa página orante notas ou ligações com alguns Salmos e com a mensagem dos
profetas: desta forma, ela tornou-se uma sugestiva e intensa expressão da
fé de Israel.
2. O cântico de Moisés é
mais amplo do que o trecho proposto pela Liturgia das Laudes, que constitui apenas o seu
prelúdio. Alguns estudiosos pensaram detectar na composição um gênero literário
que tecnicamente é definido com a palavra hebraica rîb, isto
é, “controvérsia”, “litígio processual”. A imagem de Deus presente na Bíblia
não se mostra absolutamente como a do ser obscuro, uma energia anônima e
violenta, um acontecimento incompreensível. Ao contrário, é uma pessoa que tem
sentimentos, age e reage, ama e condena, participa na vida das suas criaturas e
não é indiferente às suas obras. Assim, no nosso caso, o Senhor convoca uma
espécie de assembleia judicial, na presença de testemunhas, denuncia os delitos
do povo acusado, exige uma pena, mas deixa impregnar a sua sentença por uma
misericórdia infinita. Seguimos agora os vestígios desta vicissitude, embora
nos detenhamos apenas nos versículos que a Liturgia nos propõe.
3. Vem imediatamente a
menção dos espectadores-testemunhas cósmicos: “Ó céus, vinde, escutai... ouça a
terra” (Dt 32,1).
Neste processo simbólico, Moisés serve de autoridade pública. A sua palavra é
eficaz e fecunda como a profética, expressão da divina. Observe-se o
fluxo significativo das imagens para a definir: tratam-se de sinais
deduzidos da natureza como a chuva, o orvalho, as torrentes, o aguaceiro que
fazem com que a terra seja verdejante e coberta de caules de trigo (cf. v. 2).
A voz de Moisés, profeta e
intérprete da palavra divina, anuncia a iminente entrada em cena do grande
juiz, o Senhor, do qual ele pronuncia o nome santíssimo, exaltando uma das suas
numerosas características. De fato, o Senhor é chamado “a Rocha” (v. 4), um
título que aparece em todo o nosso cântico (vv. 15.18.30.31.37), uma imagem que
exalta a fidelidade estável e indiscutível de Deus, que é muito diferente da
instabilidade e da infidelidade do povo. O tema é desenvolvido com uma série de
afirmações sobre a justiça divina: “suas obras são perfeitas, seus
caminhos todos eles são justiça; é Ele o Deus fiel, sem falsidade, o Deus
justo, sempre reto em seu agir” (v. 4).
4. Depois da solene
apresentação do Juiz supremo, que também é a parte lesada, o objetivo do cantor
desloca-se para o acusado. Para defini-lo, ele recorre a uma eficaz
representação de Deus como “Pai” (v. 6). As suas criaturas, tão amadas, são
chamadas seus filhos, mas infelizmente são “raça corrompida” (v. 5). Com
efeito, sabemos que já no Antigo Testamento se tem uma concepção de Deus como
pai solícito em relação aos seus filhos, que com muita frequência o desiludem (Ex 4,22; Dt 8,5; Sl 102,13; Eclo 51,10; Is 1,2; 63,16; Os 11,1-4). Por isso, a denúncia não
é fria mas apaixonada: “É assim que agradeceis ao Senhor Deus, povo louco,
povo estulto e insensato? Não é Ele o teu Pai que te gerou, o Criador que te
formou e te sustenta?” (Dt 32,6).
De fato, é muito diferente insurgir-se contra um soberano implacável ou
revoltar-se contra um pai amoroso.
Para tornar concreta a
acusação e fazer com que a conversão provenha da sinceridade do coração, Moisés
faz apelo à memória: “Recorda-te dos dias do passado e relembra as antigas
gerações” (v. 7). Com efeito, a fé bíblica é um “memorial”, isto é, uma
redescoberta da ação eterna de Deus que se espalha com o passar do tempo; é
tornar presente e eficaz aquela salvação que o Senhor proporcionou e continua a
oferecer ao homem. O grande pecado de infidelidade coincide, então, com o
“esquecimento”, que apaga a recordação da presença divina em nós e na história.
5. O acontecimento
fundamental que não se deve esquecer é o da travessia do deserto depois da
saída do Egito, o tema fundamental do Deuteronômio
e de todo o Pentateuco. Desta forma, recorda-se a viagem terrível e dramática
no deserto do Sinai, “num lugar de solidão desoladora” (v. 10), como se diz com
uma imagem de grande impacto emotivo. Mas ali Deus inclina-se sobre o seu povo
com uma ternura e doçura surpreendentes. Com o símbolo paterno entrelaça-se
alusivamente também o materno da águia: “cercou-o de cuidados e carinhos e o
guardou como a pupila de seus olhos. Como a águia, esvoaçando sobre o ninho, incita
os seus filhotes a voar, Ele estendeu as suas asas e o tomou, e levou-o
carregado sobre elas” (vv. 10-11). O caminho no deserto transforma-se então num
percurso tranquilo e sereno, porque há o manto protetor do amor divino.
O cântico remete também para
o Sinai, onde Israel se tornou aliado do Senhor, a “porção de sua herança”,
isto é, a realidade mais preciosa (v. 9; cf. Ex 19,5). O cântico de Moisés torna-se
desta forma um exame de consciência comunitário para que os benefícios divinos
sejam finalmente correspondidos com a fidelidade, e não com o pecado.
Para acessar nossas postagens sobre a leitura litúrgica do Livro do Deuteronômio, donde foi tomado o cântico desse dia, clique aqui.
44. Majestade de Deus e dignidade
do homem: Sl 8,2-10
26 de junho de 2002
1. “O homem..., no centro
deste empreendimento, revela-se um gigante. Revela-se divino, não em si, mas no
seu princípio e no seu destino. Por conseguinte, seja honrado o homem, a sua
dignidade, o seu espírito, a sua vida”. Com estas palavras, em julho de 1969,
Paulo VI confiava aos astronautas americanos que partiam para a lua o texto do
Salmo 8, que agora aqui se ouviu, para que entrasse nos espaços cósmicos (Ângelus, 13 de julho de 1969).
De fato, este hino é uma celebração
do homem, uma criatura que, se for comparada com a grandeza do universo, é
insignificante, é um “caniço” frágil, para usar uma imagem do grande filósofo
Blaise Pascal (Pensamentos, n. 264). Contudo, é um “caniço
pensante” que pode compreender a criação, porque é senhor da criação, “coroado”
pelo próprio Deus (Sl 8,6).
Como acontece com frequência nos hinos que exaltam o Criador, o Salmo 8 começa
e acaba com uma solene antífona dirigida ao Senhor, cuja magnificência está
espalhada no universo: “Ó Senhor, nosso Deus, como é grande vosso nome por todo
o universo!” (vv. 2.10).
2. O verdadeiro e próprio
conteúdo do cântico deixa imaginar uma atmosfera noturna, com a lua e as
estrelas que se acendem no céu. A primeira estrofe do hino (vv. 2-5) é dominada
por um confronto entre Deus, o homem e o universo. Na cena sobressai antes de
tudo o Senhor, cuja glória é cantada pelos céus, mas também pelos lábios da
humanidade. O louvor que surge espontâneo nos lábios das crianças silencia e
confunde as conversas arrogantes dos que negam Deus (v. 3). Eles são definidos
como “insensatos, corruptos e abomináveis”, porque se iludem que podem desafiar
e opor-se ao Criador com a sua razão e ação (Sl 13,1).
Logo a seguir, eis que se
abre um sugestivo cenário de uma noite estrelada. Face a este horizonte
infinito surge a eterna pergunta: “Que é o homem?” (v.
5). A primeira e imediata resposta fala de nulidade, quer em relação à
grandeza dos céus, quer sobretudo a respeito da majestade do Criador. Com
efeito, diz o salmista, “plasmastes” o céu, a lua e as estrelas “formates com
dedos de artista” (v. 4). É bonita esta última expressão, mais do que a mais
comum “vossas obras” (v. 7): Deus criou estas realidades colossais com a
facilidade e o esmero de um bordado ou um trabalho de cinzel, com o toque leve
de quem faz deslizar os seus dedos pelas cordas da harpa.
3. Por conseguinte, a
primeira reação é de assombro: como pode Deus “lembrar-se” e “tratar com tanto
carinho” esta criatura tão frágil e delicada (v. 5)? Mas eis a grande surpresa:
ao homem, criatura frágil, Deus concedeu uma dignidade
maravilhosa: fez com que ele fosse pouco inferior aos anjos ou, como
também pode ser traduzido o original hebraico, pouco inferior a um deus (v. 6).
Entramos, desta forma, na
segunda estrofe do salmo (vv. 6-10). O homem é visto como o lugar-tenente real
do próprio Criador. De fato, Deus “coroou-o” como um vice-rei, destinando-o a
um senhorio universal: “vossas obras aos pés lhe pusestes” e o adjetivo
“tudo” ressoa enquanto desfilam as várias criaturas (vv. 7-9). Mas este domínio
não é conquistado pela capacidade do homem, realidade frágil e limitada, nem é
obtido com uma vitória sobre Deus, como queria o mito grego de Prometeu. É um
domínio proporcionado por Deus: às mãos frágeis e por vezes egoístas do homem
está confiado todo o horizonte das criaturas, para que ele conserve a sua
harmonia e beleza, use-as mas não abuse delas, faça emergir os seus segredos e
desenvolva as suas potencialidades.
Como declara a Constituição
Pastoral Gaudium et
Spes do Concílio Vaticano II, “o homem foi criado à ‘imagem de Deus’, capaz
de reconhecer e amar o seu Criador, que o constitui senhor de todas as
criaturas terrenas, para as governar e usar, glorificando a Deus” (n. 12).
4. Infelizmente, o governo
do homem, afirmado no Salmo 8, pode ser mal compreendido e deformado pelo homem
egoísta, que muitas vezes se revelou mais um tirano insensato do que um
governador sábio e inteligente. O Livro
da Sabedoria adverte-nos contra os desvios deste gênero, quando esclarece
que Deus formou “o homem... para dominar sobre as criaturas..., e governar o
mundo com santidade e justiça” (Sb 9,2-3).
Mesmo que num contexto diferente, também Jó faz apelo ao nosso Salmo para
recordar sobretudo a debilidade humana, que não mereceria tanta atenção por
parte de Deus: “Que é o homem, para que faças caso dele e ponhas nele a
tua atenção, para que o visites todas as manhãs e o proves a cada instante?” (Jó 7,17-18). A história documenta o mal
que a liberdade humana semeia no mundo com as devastações ambientais e com as
injustiças sociais mais clamorosas.
Ao contrário dos seres
humanos, que humilham os próprios semelhantes e a criação, Cristo apresenta-se
como o homem perfeito, “coroado de glória e de honra... em virtude de ter
padecido a morte, a fim de que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos” (Hb 2,9). Ele reina sobre o universo com
aquele domínio de paz e de amor que prepara o novo mundo, os novos céus e a
nova terra (cf. 2Pd 3,13), Aliás, a sua autoridade real,
como sugere o autor da Carta aos Hebreus,
aplicando-lhe o Salmo 8, é exercida através da entrega suprema de si na morte
“em benefício de todos”.
Cristo não é um soberano que
se deixa servir, mas que serve e se consagra ao próximo: “Porque o Filho do
Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate
de muitos” (Mc 10,45).
Desta forma, Ele recapitula em si “todas as coisas que há no céu e na terra” (Ef 1,10). Nesta luz
cristológica, o Salmo 8 revela toda a força da sua mensagem e da sua esperança,
convidando-nos a exercer a nossa soberania sobre a criação, não dominando-a,
mas amando-a.
"Senhor, que é o homem, para dele assim vos lembrardes?" (Sl 8,5) (Detalhe da criação de Adão - Michelângelo, Capela Sistina) |
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