sexta-feira, 16 de abril de 2021

Sugestão de leitura: Dicionário de Liturgia Pastoral

Desde o final de 2020, em nossa sugestão de leitura mensal, estamos apresentando aqui no blog diversos Dicionários de Liturgia, que são um bom ponto de partida para aqueles que estão iniciando seus estudos nessa matéria, e permanecem como fonte de consulta para aqueles já “iniciados”.

No mês de março propusemos o Vocabulário básico de Liturgia de José Aldazábal, que apresenta de maneira simples e direta cerca de 400 termos mais importantes em matéria litúrgica.

Agora gostaríamos de sugerir uma obra similar, o Dicionário de Liturgia Pastoral: Obra de consulta sobre todas as questões referentes à Liturgia, publicado por Rupert Berger e traduzido para o Brasil pelas Edições Loyola em 2010.

A obra original - Pastoralliturgisches Handlexikon. Das Nachschlagewerk für alle Fragen zum Gottesdienst - teve sua primeira edição em alemão publicada em 1980 conjuntamente por Rupert Berger e Adolf Adam.

A tradução brasileira, porém, baseia-se na 2ª edição, publicada apenas por Berger em 1999, atualizando alguns verbetes (por exemplo, com os novos livros litúrgicos publicados após a 1ª edição) e acrescentando novos índices.

Capa da edição brasileira

O Dicionário reúne, em suas 436 páginas, cerca de 720 verbetes. Alguns dizem respeito à realidade própria da Alemanha (por exemplo, o verbete Gotteslob, um livro de orações e hinário alemão).

Além disso, dada a presença de outras confissões cristãs no país, como a Igreja Luterana, o Dicionário traz vários termos relacionados ao ecumenismo, como veremos abaixo. Em comparação com o Vocabulário de Aldazábal, também são mais ricos os estudos da história da Liturgia, do direito litúrgico e da piedade popular.

Alguns conceitos mais importantes se desdobram em vários verbetes. Por exemplo, após o verbete Calendário seguem-se vozes sobre o Calendário geral, o Calendário diocesano, os Calendários das famílias religiosas, entre outros.

Assim, como fizemos na postagem anterior, embora o Dicionário não faça esta divisão, vamos apresentar a seguir os principais grupos de verbetes abordados, os quais serão indicados em itálico.

1. Conceitos fundamentais:
Como não poderia deixar de ser, indicamos primeiramente aqueles conceitos mais fundamentais, como Liturgia, Celebração litúrgica, Culto, Mistagogia, Mistério, Mistério Pascal, entre outros.

2. Alfaias, insígnias e paramentos:
A seguir temos os elementos mais básicos para a celebração: as Alfaias litúrgicas, como Cálice, Cibório, Patena, etc., e as Vestes litúrgicas: Alva, Casula, Dalmática, Estola, às quais se unem as Insígnias pontificais (Báculo, Mitra... ).

3. Livros litúrgicos:
Ainda em relação aos elementos necessários para a celebração litúrgica, temos os Livros litúrgicos: Missal, Lecionário, Evangeliário, Pontifical, entre outros.

4. Espaço sagrado:
Na sequência elencamos os verbetes relacionados à relação entre Liturgia e espaço: a voz introdutória Espaço litúrgico, a Igreja (lugar) e seus diversos elementos, como Altar, Ambão, Cadeira de presidência, Confessionário, Fonte batismal.

5. Ministérios:
Quanto aos ministérios litúrgicos, o autor apresenta os de “hoje”, como Acólito, Diácono, Leitor, Presidência da celebração, e os de “ontem”, como Ostiário ou Subdiácono.

6. Música litúrgica:
Derivados de um dos ministérios litúrgicos, o do Cantor, temos um grupo de verbetes dedicados à música: Canto, Coral, Música sacra, Órgão, Schola cantorum, etc.

7. Ano Litúrgico:
A relação entre Liturgia e Tempo é tema de um bom número de verbetes do Dicionário. Como afirmamos anteriormente, Rupert Berger apresenta aqui o tema do Calendário, que se desdobra em Calendário diocesano, Calendário geral, Calendário regional, Calendários das famílias religiosas. Além disso, há uma importante voz dedicada à Hierarquia das festas (solenidade, festa, memória...).

Quanto ao Ano Litúrgico, propriamente dito, além do Domingo, núcleo semanal, o autor apresenta todos os períodos do ciclo anual: Advento, Natal, Quaresma, Tríduo Pascal, Páscoa, Tempo Comum. Todas as solenidades e festas do Senhor, distribuídas ao longo desses tempos, recebem também um verbete próprio: Anunciação, Apresentação, Cristo Rei, etc.

Conclui esse grupo de verbetes as Festas marianas e celebrações dos santos, destacando-se os santos que aparecem na Escritura: Anjos, João Batista, José e os Apóstolos.

8. Piedade popular:
Como afirmamos anteriormente, em comparação à obra de Aldazábal, há aqui mais espaço para a Piedade litúrgica e a Piedade popular: Ângelus, Devoção ao Coração de Jesus, Hora santa, Novena, Peregrinação, Presépio, Rosário, Via sacra...

9. Liturgia das Horas:
O ritmo diário do tempo litúrgico, isto é, a Liturgia das Horas, é apresentada aqui em seus diversos momentos de oração - Laudes, Horas Menores, Vésperas, Completas, Ofício das Leituras, Vigília - e em seus elementos constitutivos: Salmodia, Cântico, Hino, etc.

Capa da edição alemã

10. Símbolos litúrgicos:
Após fundamentar os conceitos de Símbolo e de Sinal e de estabelecer a relação entre Arte e Liturgia, Berger apresenta vários símbolos litúrgicos: Água, Cinzas, Círio Pascal, Cores litúrgicas, Cruz, Fogo, Incenso, Luz, Óleos, Pão, Vinho, entre outros.

11. Gestos litúrgicos:
Ligados aos símbolos estão as posições do corpo: Pôr-se de pé, Sentar, Ajoelhar/genuflexão; e os Gestos propriamente ditos: Aspergir, Beijo/ósculo, Imposição das mãos, Procissão, Soprar, Unção...

12. Celebração Eucarística:
Um dos maiores grupos de verbetes é daqueles ligados à Eucaristia. Primeiramente o autor reflete sobre os vários tipos de Missa: Missa campal, Missa conventual, Missa paroquial, Missa pontifical, Missa vespertina, entre outros.

Seguem-se as vozes sobre as diversas partes da celebração, tanto do Ordinário (textos fixos) quanto do Próprio (textos móveis):

a) Ritos iniciais: Abertura da Missa (Ritos de), Procissão de entrada, Sinal da cruz, Saudação (fórmula), Ato Penitencial, Glória, Coleta ou Oração do dia.

b) Liturgia da Palavra: Liturgia da Palavra, Leitura, Salmo Responsorial, Sequência, Aclamação ao Evangelho, Evangelho, Homilia, Credo, Preces dos fiéis, Silêncio.

c) Liturgia Eucarística: Procissão das oferendas, Preparação das oferendas, Oração Eucarística com suas partes (Prefácio, Sanctus, Epiclese, Consagração... O autor destaca ainda as partes próprias da Oração Eucarística I ou Cânon Romano: Te igitur, Communicantes, Hanc igitur, Quam oblationem...), Pai nosso, Embolismo, Abraço da paz, Fração do Pão, Agnus Dei, Comunhão (desdobrando-se esta última em Comunhão do cálice, Comunhão na mão, Comunhão pascal, etc.).

d) Ritos finais: Despedida (Ritos de) e Bênção.

13. Culto Eucarístico:
Como prolongamento da Celebração Eucarística cabe destacar os verbetes ligados ao Culto Eucarístico, como a Exposição do Santíssimo, além da própria reflexão sobre a Presença de Cristo. Incluímos aqui também a Celebração na ausência de presbítero.

14. Sacramentos:
Após a voz introdutória Sacramentos, Berger nos apresenta cada um deles, além de alguns conceitos fundamentais relacionados, sobretudo alguns de caráter pastoral, como indica o próprio título do Dicionário:

a) Sacramentos da Iniciação cristã: o Batismo [do qual derivam os verbetes Batismo de crianças, Batismo de emergência, Batismo (Entrevista prévia) e Batismo (Memória/Renovação)], a Crisma ou Confirmação, a Primeira Comunhão e a Iniciação de adultos (Catecumenato, Escrutínio, Neófitos).

b) Sacramentos de cura: a Confissão ou Penitência ou Reconciliação, à qual estão ligados os termos Absolvição, Celebrações penitenciais e Primeira Confissão; e a Unção dos Enfermos, incluindo: Agonizantes (Liturgia), Enfermos (Comunhão) e Enfermos (Pastoral).

c) Sacramentos da Comunhão: o Casamento ou Matrimônio (incluindo uma reflexão sobre os matrimônios mistos) e a Ordem.

Padre Rupert Berger celebra seu aniversário de ordenação (2016)

15. Sacramentais:
Como acima, após dois verbetes introdutórios, Sacramentais e Consagrações e bênçãos, podemos dividir os sacramentais em três grupos:

a) “Consagrações”: de pessoas - Admissão entre os candidatos à Ordem sacra, Bênção abacial, Consagração das virgens, Instituição dos ministérios e Profissão Religiosa - e de lugares - Dedicação de igreja e Dedicação do altar.

b) “Bênçãos”: elencam-se algumas bênçãos mais comuns na realidade alemã, como: Bênção da casa, Bênção das crianças, Bênção das mães, Bênção dos alimentos, sem contar as Exéquias.

c) Exorcismos: apenas o verbete Exorcismo.

16. História da Liturgia
Como afirmamos anteriormente, Berger dedica um bom espaço do seu Dicionário à história da Liturgia em suas várias etapas: Cristianismo primitivo, Idade Média, Concílio de Trento, Barroco, Iluminismo, Movimento Litúrgico (incluindo uma voz dedicada à Encíclica Mediator Dei do Papa Pio XII) e Vaticano II (incluindo o verbete Constituição sobre a Liturgia, dedicado à Sacrosanctum Concilium).

O autor dedica ainda um verbete a cada um dos cinco grandes patriarcados que deram origem aos diferentes ritos litúrgicos: Alexandria, Antioquia, Bizâncio (Constantinopla), Jerusalém e Roma. Os seus ritos também são abordados, divididos em Liturgias latinas e Ritos orientais.

17. Direito Litúrgico
Também vale destacar aqui alguns verbetes dedicados ao direito litúrgico, como Legislação litúrgica, Costumes (Direito consuetudinário) e Rubrica, além da própria Congregação para o Culto Divino.

18. Ecumenismo
Dada a presença de outras comunidades eclesiais cristãs na Alemanha, o autor dedica espaço ao tema do ecumenismo (espalhado também em diversos termos do Dicionário): Culto ecumênico, Intercomunhão, Textos e cantos ecumênicos.

19. Pastoral litúrgica:
Sob o nome de “pastoral litúrgica” elencamos aqui um grupo de verbetes dedicados à Missa para grupos específicos, como Celebrações para jovens, Crianças na Liturgia e Família (Celebração); à relação entre Liturgia e comunicação: Comunicação na Liturgia, Mídia na Liturgia, Técnica e Liturgia, Televisionamento de celebrações; além de termos como Criatividade, Língua litúrgica ou Tradução.

20. Espiritualidade litúrgica:
Por fim, concluímos nosso percurso pelo Dicionário com um grupo de verbetes dedicados ao tema da Oração, em suas várias formas: Louvor a Deus, Oração de petição, Penitência, Invocação, Ladainha, além de termos comuns tanto na oração litúrgica como na Oração privada, como Aleluia, Amém, Hosana ou Maranatha.

Diferentemente de Aldazábal, não há uma bibliografia no final da obra, uma vez que esta é indicada a cada verbete, recolhendo sobretudo obras em alemão. No final do Dicionário, porém, encontramos um índice dos artigos e um índice complementar.

Sobre o autor:
Rupert Berger nasceu em Traustein (Alemanha) em 26 de junho de 1926. Foi ordenado sacerdote em 29 de junho de 1951 junto com os irmãos Georg e Joseph Ratzinger (futuro Papa Bento XVI).
Trabalhou em diversas paróquias da Arquidiocese de Munique e Freising. Doutor em Liturgia e grande estudioso da reforma do Concílio Vaticano II, publicou várias obras sobre o tema.
Faleceu no dia 07 de junho de 2020 em Traustein.

Primeira Missa do Padre Rupert Berger
(Os irmãos Ratzinger serviram como Diácono e Subdiácono)

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