Desde o final de 2020, em nossa sugestão de leitura mensal,
estamos apresentando aqui no blog diversos Dicionários de Liturgia, que são um
bom ponto de partida para aqueles que estão iniciando seus estudos nessa
matéria, e permanecem como fonte de consulta para aqueles já “iniciados”.
No mês de março propusemos o Vocabulário básico de Liturgia de José Aldazábal, que apresenta de
maneira simples e direta cerca de 400 termos mais importantes em matéria litúrgica.
Agora gostaríamos de sugerir uma obra similar, o Dicionário
de Liturgia Pastoral: Obra de consulta sobre todas as questões referentes à
Liturgia, publicado por Rupert
Berger e traduzido para o Brasil pelas Edições Loyola em 2010.
A obra original - Pastoralliturgisches
Handlexikon. Das Nachschlagewerk für alle Fragen zum Gottesdienst - teve
sua primeira edição em alemão publicada em 1980 conjuntamente por Rupert Berger
e Adolf Adam.
A tradução brasileira, porém, baseia-se na 2ª edição,
publicada apenas por Berger em 1999, atualizando alguns verbetes (por exemplo,
com os novos livros litúrgicos publicados após a 1ª edição) e acrescentando
novos índices.
Capa da edição brasileira |
O Dicionário
reúne, em suas 436 páginas, cerca de 720 verbetes. Alguns dizem respeito à
realidade própria da Alemanha (por exemplo, o verbete Gotteslob, um livro de orações e hinário alemão).
Além disso, dada a presença de outras confissões cristãs no
país, como a Igreja Luterana, o Dicionário
traz vários termos relacionados ao ecumenismo, como veremos abaixo. Em
comparação com o Vocabulário de
Aldazábal, também são mais ricos os estudos da história da Liturgia, do direito
litúrgico e da piedade popular.
Alguns conceitos mais importantes se desdobram em vários
verbetes. Por exemplo, após o verbete Calendário
seguem-se vozes sobre o Calendário geral,
o Calendário diocesano, os Calendários das famílias religiosas,
entre outros.
Assim, como fizemos na postagem anterior, embora o Dicionário não faça esta divisão, vamos
apresentar a seguir os principais grupos de verbetes abordados, os quais serão
indicados em itálico.
1. Conceitos
fundamentais:
Como não
poderia deixar de ser, indicamos primeiramente aqueles conceitos mais
fundamentais, como Liturgia, Celebração litúrgica, Culto, Mistagogia, Mistério, Mistério Pascal, entre outros.
2. Alfaias, insígnias e paramentos:
A seguir
temos os elementos mais básicos para a celebração: as Alfaias litúrgicas, como Cálice,
Cibório, Patena, etc., e as Vestes
litúrgicas: Alva, Casula, Dalmática, Estola, às
quais se unem as Insígnias pontificais
(Báculo, Mitra... ).
3. Livros litúrgicos:
Ainda em
relação aos elementos necessários para a celebração litúrgica, temos os Livros litúrgicos: Missal, Lecionário, Evangeliário, Pontifical, entre outros.
4. Espaço sagrado:
Na sequência
elencamos os verbetes relacionados à relação entre Liturgia e espaço: a voz
introdutória Espaço litúrgico, a Igreja (lugar) e seus diversos
elementos, como Altar, Ambão, Cadeira de presidência, Confessionário,
Fonte batismal.
5. Ministérios:
Quanto aos
ministérios litúrgicos, o autor apresenta os de “hoje”, como Acólito, Diácono, Leitor, Presidência da celebração, e os de
“ontem”, como Ostiário ou Subdiácono.
6. Música litúrgica:
Derivados
de um dos ministérios litúrgicos, o do Cantor,
temos um grupo de verbetes dedicados à música: Canto, Coral, Música sacra, Órgão, Schola cantorum,
etc.
7. Ano Litúrgico:
A
relação entre Liturgia e Tempo é tema de um bom número de
verbetes do Dicionário. Como
afirmamos anteriormente, Rupert Berger apresenta aqui o tema do Calendário, que se desdobra em Calendário diocesano, Calendário geral, Calendário regional, Calendários
das famílias religiosas. Além disso, há uma importante voz dedicada à Hierarquia das festas (solenidade,
festa, memória...).
Quanto
ao Ano Litúrgico, propriamente dito,
além do Domingo, núcleo semanal, o
autor apresenta todos os períodos do ciclo anual: Advento, Natal, Quaresma, Tríduo Pascal, Páscoa, Tempo Comum. Todas as solenidades e
festas do Senhor, distribuídas ao longo desses tempos, recebem também um
verbete próprio: Anunciação, Apresentação, Cristo Rei, etc.
Conclui
esse grupo de verbetes as Festas marianas
e celebrações dos santos, destacando-se os santos que aparecem na Escritura: Anjos, João Batista, José e os Apóstolos.
8. Piedade popular:
Como
afirmamos anteriormente, em comparação à obra de Aldazábal, há aqui mais espaço
para a Piedade litúrgica e a Piedade popular: Ângelus, Devoção ao Coração
de Jesus, Hora santa, Novena, Peregrinação, Presépio, Rosário, Via sacra...
9. Liturgia das
Horas:
O ritmo
diário do tempo litúrgico, isto é, a Liturgia
das Horas, é apresentada aqui em seus diversos momentos de oração - Laudes, Horas Menores, Vésperas, Completas, Ofício das Leituras, Vigília
- e em seus elementos constitutivos: Salmodia,
Cântico, Hino, etc.
10. Símbolos
litúrgicos:
Após
fundamentar os conceitos de Símbolo e
de Sinal e de estabelecer a relação
entre Arte e Liturgia, Berger
apresenta vários símbolos litúrgicos: Água,
Cinzas, Círio Pascal, Cores
litúrgicas, Cruz, Fogo, Incenso, Luz, Óleos, Pão, Vinho, entre outros.
11. Gestos
litúrgicos:
Ligados
aos símbolos estão as posições do corpo: Pôr-se
de pé, Sentar, Ajoelhar/genuflexão; e os Gestos propriamente ditos: Aspergir, Beijo/ósculo, Imposição das
mãos, Procissão, Soprar, Unção...
12. Celebração
Eucarística:
Um
dos maiores grupos de verbetes é daqueles ligados à Eucaristia. Primeiramente o autor reflete sobre os vários tipos de Missa: Missa campal, Missa
conventual, Missa paroquial, Missa pontifical, Missa vespertina, entre outros.
Seguem-se
as vozes sobre as diversas partes da celebração, tanto do Ordinário (textos fixos) quanto do Próprio (textos móveis):
a) Ritos iniciais: Abertura da Missa (Ritos de), Procissão de entrada, Sinal da cruz, Saudação (fórmula), Ato
Penitencial, Glória, Coleta ou Oração do dia.
b) Liturgia da
Palavra: Liturgia da Palavra,
Leitura, Salmo Responsorial, Sequência,
Aclamação ao Evangelho, Evangelho, Homilia, Credo, Preces dos fiéis, Silêncio.
c) Liturgia Eucarística: Procissão das oferendas, Preparação das oferendas, Oração Eucarística com suas partes (Prefácio, Sanctus, Epiclese, Consagração... O autor destaca ainda as
partes próprias da Oração Eucarística I ou Cânon Romano: Te igitur, Communicantes, Hanc
igitur, Quam oblationem...), Pai
nosso, Embolismo, Abraço da paz, Fração do Pão, Agnus Dei, Comunhão
(desdobrando-se esta última em Comunhão
do cálice, Comunhão na mão, Comunhão pascal, etc.).
d) Ritos finais: Despedida (Ritos de) e Bênção.
13. Culto
Eucarístico:
Como
prolongamento da Celebração Eucarística cabe destacar os verbetes ligados ao
Culto Eucarístico, como a Exposição do
Santíssimo, além da própria reflexão sobre a Presença de Cristo. Incluímos aqui também a Celebração na ausência de presbítero.
14. Sacramentos:
Após
a voz introdutória Sacramentos,
Berger nos apresenta cada um deles, além de alguns conceitos fundamentais
relacionados, sobretudo alguns de caráter pastoral, como indica o próprio
título do Dicionário:
a) Sacramentos da Iniciação cristã: o Batismo [do qual derivam os verbetes Batismo de crianças, Batismo de emergência, Batismo (Entrevista prévia) e Batismo (Memória/Renovação)], a Crisma ou Confirmação, a Primeira Comunhão e a Iniciação de adultos (Catecumenato, Escrutínio, Neófitos).
b) Sacramentos de cura: a Confissão ou Penitência ou Reconciliação,
à qual estão ligados os termos Absolvição,
Celebrações penitenciais e Primeira Confissão; e a Unção dos Enfermos, incluindo: Agonizantes (Liturgia), Enfermos (Comunhão) e Enfermos (Pastoral).
c) Sacramentos da Comunhão: o Casamento ou Matrimônio (incluindo uma reflexão sobre os matrimônios mistos) e a
Ordem.
15. Sacramentais:
Como
acima, após dois verbetes introdutórios, Sacramentais
e Consagrações e bênçãos, podemos
dividir os sacramentais em três grupos:
a) “Consagrações”: de pessoas - Admissão entre os candidatos à Ordem sacra,
Bênção abacial, Consagração das virgens, Instituição
dos ministérios e Profissão Religiosa
- e de lugares - Dedicação de igreja e
Dedicação do altar.
b) “Bênçãos”: elencam-se algumas
bênçãos mais comuns na realidade alemã, como: Bênção da casa, Bênção das
crianças, Bênção das mães, Bênção dos alimentos, sem contar as Exéquias.
c) Exorcismos: apenas o verbete Exorcismo.
16. História da
Liturgia
Como
afirmamos anteriormente, Berger dedica um bom espaço do seu Dicionário à
história da Liturgia em suas várias etapas: Cristianismo
primitivo, Idade Média, Concílio de Trento, Barroco, Iluminismo, Movimento Litúrgico (incluindo uma voz
dedicada à Encíclica Mediator Dei do
Papa Pio XII) e Vaticano II (incluindo
o verbete Constituição sobre a Liturgia,
dedicado à Sacrosanctum Concilium).
O
autor dedica ainda um verbete a cada um dos cinco grandes patriarcados que
deram origem aos diferentes ritos litúrgicos: Alexandria, Antioquia, Bizâncio (Constantinopla), Jerusalém e Roma. Os seus ritos também são abordados, divididos em Liturgias latinas e Ritos orientais.
17. Direito Litúrgico
Também
vale destacar aqui alguns verbetes dedicados ao direito litúrgico, como Legislação litúrgica, Costumes (Direito consuetudinário) e Rubrica, além da própria Congregação para o Culto Divino.
18. Ecumenismo
Dada a
presença de outras comunidades eclesiais cristãs na Alemanha, o autor dedica
espaço ao tema do ecumenismo (espalhado também em diversos termos do
Dicionário): Culto ecumênico, Intercomunhão, Textos e cantos ecumênicos.
19. Pastoral litúrgica:
Sob
o nome de “pastoral litúrgica” elencamos aqui um grupo de verbetes dedicados à Missa para grupos específicos, como Celebrações para jovens, Crianças na Liturgia e Família (Celebração); à relação entre
Liturgia e comunicação: Comunicação na
Liturgia, Mídia na Liturgia, Técnica e Liturgia, Televisionamento de celebrações; além de termos como Criatividade, Língua litúrgica ou Tradução.
20. Espiritualidade
litúrgica:
Por
fim, concluímos nosso percurso pelo Dicionário
com um grupo de verbetes dedicados ao tema da Oração, em suas várias formas: Louvor
a Deus, Oração de petição, Penitência, Invocação, Ladainha, além
de termos comuns tanto na oração litúrgica como na Oração privada, como Aleluia,
Amém, Hosana ou Maranatha.
Diferentemente de Aldazábal, não há uma bibliografia no final da obra, uma vez que esta é indicada a cada verbete, recolhendo sobretudo obras em alemão. No final do Dicionário, porém, encontramos um índice dos artigos e um índice complementar.
Sobre o autor:
Rupert
Berger nasceu em Traustein (Alemanha) em 26 de junho de 1926. Foi ordenado
sacerdote em 29 de junho de 1951 junto com os irmãos Georg e Joseph Ratzinger
(futuro Papa Bento XVI).
Trabalhou
em diversas paróquias da Arquidiocese de Munique e Freising. Doutor em Liturgia
e grande estudioso da reforma do Concílio Vaticano II, publicou várias obras
sobre o tema.
Faleceu
no dia 07 de junho de 2020 em Traustein.
Primeira Missa do Padre Rupert Berger (Os irmãos Ratzinger serviram como Diácono e Subdiácono) |
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