“Como o Cristo realizou a obra da redenção
humana e da perfeita glorificação de Deus principalmente pelo seu Mistério
Pascal, quando morrendo destruiu a nossa morte e ressuscitando renovou a vida,
o sagrado Tríduo Pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor resplandece como o
ápice de todo o ano litúrgico” (Normas Universais sobre o Ano Litúrgico e o
Calendário, n. 18).
A partir desta afirmação, perfeitamente de
acordo com a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, percebe-se o quão importante
é a celebração do Tríduo Pascal e, de maneira mais ampla, de toda a Semana
Santa, para nós cristãos.
As celebrações desta Semana devem ser
preparadas com muito zelo, pois atualizam o mistério central de nossa fé, a
Morte-Ressurreição do Senhor. Ao longo de sua evolução histórica, estas
celebrações foram enriquecidas de uma série de ritos e símbolos que compõem uma
riquíssima catequese sobre o Mistério Pascal e sobre toda a História da
Salvação.
Dentre os elementos que merecem especial
cuidado na preparação da Semana Santa está a música litúrgica. A música é um
dos meios privilegiados para a aquela participação ativa, piedosa e consciente
dos fiéis, tão desejada pelo Concílio (cf. Sacrosanctum
Concilium, n. 48).
Escolha dos
Cantos
Porém, para que a música seja verdadeiramente
“litúrgica”, é importante observar alguns critérios, que valem não apenas para
a Semana Santa, mas para toda e qualquer celebração. A Constituição Sacrosanctum Concilium apresenta a
premissa básica:
“A música sacra será tanto mais santa quanto
mais intimamente estiver ligada à ação litúrgica, quer exprimindo mais
suavemente a oração, quer favorecendo a unanimidade, quer, enfim, dando maior
solenidade aos ritos sagrados” (Sacrosanctum
Concilium, n. 112).
A música deve estar intimamente ligada à ação
litúrgica: não é um acréscimo, um “enfeite”, mas uma parte constitutiva da
Liturgia. Portanto, é necessário observar fielmente as normas litúrgicas na
escolha dos cantos (sobretudo aqueles que são por si um rito, como o Ato Penitencial, o Glória, o Santo ou o
Cordeiro).
Devem-se buscar sempre aqueles cantos em
sintonia com Palavra de Deus proclamada e com a ação litúrgica celebrada, para
que a música ajude realmente os fiéis à compreender e viver a Liturgia:
“Os textos destinados aos cantos sacros sejam
conformes à doutrina católica, e sejam tirados principalmente da Sagrada
Escritura e das fontes litúrgicas” (Sacrosanctum
Concilium, n. 121).
Se isto vale para a Liturgia em geral, quanto
mais para a Semana Santa, coração do Ano Litúrgico. A Carta Circular Paschalis Sollemnitatis dedica o n. 42
para tratar da música na Semana Santa e especialmente no Tríduo Pascal:
“O canto do povo, dos ministros e do
sacerdote celebrante reveste particular importância na celebração da Semana Santa
e especialmente do Tríduo Pascal, porque está mais de acordo com a solenidade
destes dias e também porque os textos obtêm maior força quando são cantados.
(...) Os textos litúrgicos dos cânticos, destinados a favorecer a participação
do povo, não sejam omitidos com facilidade” (Carta Circular Paschalis
Sollemnitatis, n. 42).
Portanto, a escolha dos cantos para a
Semana Santa deve priorizar os textos propostos pelo Missal Romano e pelos
Lecionários, que são em sua maioria salmos e hinos de venerável tradição.
Quando não há canto próprio, pode-se escolher outro canto, mas sempre alusivo
ao mistério celebrado.
Uso de
instrumentos musicais
Desde o Glória
da Missa da Ceia do Senhor até o início da Vigília Pascal proíbe-se o uso de
instrumentos musicais, manifestando sobriedade ante a Paixão do Senhor. Podem
ser utilizados apenas para sustentar o canto (Cerimonial dos Bispos, n. 300).
* * *
Nas próximas
postagens apresentaremos os cantos propostos para cada uma das grandes
celebrações da Semana Santa, conforme constam nos livros litúrgicos. Esperamos
com esta série de postagens ajudar as comunidades que se preparam para viver
estes dias, a fim de que possam, também através da música, viver plenamente o
Mistério Pascal.
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