Continuando a série
de postagens sobre “10 aspectos da Reforma Litúrgica do Vaticano II”, a Rádio
Vaticano (agora Vatican News) traz algumas reflexões sobre a participação ativa
dos fiéis na celebração:
No
nosso espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos
continuar a tratar na edição de hoje sobre a reforma litúrgica.
“Cristo,
o grande sacrifício na Eucaristia” foi o tema abordado em nosso último
programa.
Já
neste primeiro programa do ano de 2018, Padre Gerson Schmidt nos apresenta
outro aspecto da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, que é a
participação ativa dos fiéis na celebração. Vamos ouvir sua reflexão:
“Um
dos aspectos importantes da reforma litúrgica do Concilio Vaticano II é a
participação ativa dos fiéis. Para entender bem esse aspecto, acentuado por
diversas vezes na Constituição Sacrosanctum Concilium, nós dizemos o seguinte:
Os
bispos brasileiros, que tiveram participação no Concilio Vaticano II, apontam
que essa participação ativa dos fiéis foi uma das grandes bandeiras firmemente
levantadas pelo episcopado brasileiro, por ocasião dos debates nas sessões de
aprovação do documento da reforma litúrgica.
A
permissão do uso da língua vernácula já trouxe a possibilidade dessa
participação mais ativa e consciente, a renovação dos ritos, aclamações e
cantos. São inúmeros os textos da Sacrosanctum Concilium que
falam dessa participação ativa, inclusive com o título em destaque: “Participação
ativa dos fiéis”, mais de uma vez no documento.
Já
falamos aqui do número 48 que afirma: “Por isso, a Igreja procura, solícita e
cuidadosa, que os cristãos não assistam a este mistério de fé como estranhos ou
expectadores mudos, mas participem na ação sagrada consciente, piedosa e
ativamente, por meio de uma boa compreensão dos ritos e orações; sejam
instruídos na Palavra de Deus”. Ou seja: participação da Missa consciente,
piedosa e ativa.
Por
isso, nós não vamos “assistir” a Missa, como era a expressão até então, usada
antes do Concílio, como se a gente fosse a um cinema ou a um teatro muito bem
montado. Precisamos participar de maneira consciente, mesmo no silêncio. Também
quem celebra não é somente o sacerdote. Somos todos nós.
Por
isso é incorreto, na motivação inicial da Santa Missa, o animador dizer: “Vamos
receber o celebrante”. O padre não é somente ele o celebrante. Todos celebramos.
O sacerdote é o celebrante principal ou o presidente da celebração. É correto
dizer simplesmente: “Vamos receber a procissão de entrada com o canto...”.
Nesse
prisma, o número 30 e 31 da SC afirma, tendo como título desses dois artigos - “Participação
ativa dos fiéis”:
(30) Para promover a participação ativa,
cuide-se de incentivar as aclamações dos fiéis, as respostas, a salmodia, as
antífonas, os cânticos, bem como as ações, gestos e atitudes. Seja também
observado, a seu tempo, o silêncio sagrado.
(31) Na revisão dos livros litúrgicos, procure-se
que as rubricas prevejam também as partes dos fiéis”.
No
nosso Espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos
continuar a falar sobre a reforma litúrgica trazida pelo evento conciliar.
"Para
promover a participação ativa, cuide-se de incentivar as aclamações dos fiéis,
as respostas, a salmodia, as antífonas, os cânticos, bem como as ações, gestos
e atitudes. Seja também observado, a seu tempo, o silêncio sagrado",
escreve o número 30 da Constituição Sacrosanctum
Concilium, promulgada pelo Papa Paulo VI em 4 de dezembro de 1963.
O
valor da assembleia litúrgica foi tema de nosso último programa. Na edição de
hoje, o padre Gerson Schmidt, incardinado na arquidiocese de Porto Alegre,
retoma e aprofunda este tema:
“A
Constituição Sacrosanctum Concilium, fruto das conclusões do
Concilio Vaticano II, propõe uma reforma litúrgica sobretudo também
a partir da participação ativa dos fiéis. Essa ativa, consciente e
plena participação dos fiéis aparece muito claramente, por diversas vezes,
mencionada nesse documento.
O
capítulo dois da SC escancara essa emergência, tendo o seguinte título: “Necessidade
de promover a formação litúrgica e a participação ativa”. O número 14 diz
assim: “É desejo ardente da mãe Igreja que todos os fiéis cheguem àquela plena,
consciente e ativa participação na celebração litúrgica que a própria natureza
da liturgia exige e à qual o povo cristão, “raça escolhida, sacerdócio real,
nação santa, povo adquirido” (1Pd 2,9; cf. 2,4-5), tem direito e obrigação, por
força do batismo.
A
esta plena e ativa participação de todo o povo cumpre dar especial atenção na
reforma e incremento da sagrada liturgia: com efeito, ela é a primeira e
necessária fonte, da qual os fiéis podem haurir o espírito genuinamente
cristão”.
É
importante ver que os padres conciliares viram aqui que para acontecer essa
participação ativa, consciente e plena dos fiéis, tão claramente desejada por
eles, há mais de 50 anos atrás, é necessário que haja, em nossas bases
paroquiais, uma verdadeira formação cristã e litúrgica.
O
fiel, por força do batismo, tem direito e dever dessa integração e
participação, que a própria natureza da liturgia exige. A Sagrada Liturgia é a
primeira e necessária fonte do genuíno cristianismo. Não nos adentramos
num verdadeiro ser cristão batizado se não mergulhamos nessa fonte que é a liturgia.
Pois, ninguém ama o que não conhece. Precisamos conhecer a natureza da
liturgia.
Os
padres conciliares afirmam ainda mais uma verdade. Para que acontece essa plena
e ativa participação de todo o povo cristão na liturgia, cabe dar especial
atenção na reforma e incremento da sagrada liturgia. Sem essa reforma e
renovação litúrgica, em nossas comunidades celebrativas, não acontecerá essa
plena, ativa e cônscia participação dos fiéis.
Passados
50 anos dessa proposta conciliar, a grande interrogativa que podemos fazer aqui
é se, em nossas paróquias, comunidade de comunidades, já acontece essa
renovação nos mais variados pontos sugeridos e encaminhados pela Sacrosanctum
Concilium.
Estamos
celebrando de forma realmente renovada ou estamos simplesmente inventando modas
ou gestos litúrgicos que não se integram à renovação e participação dos fiéis
de acordo com o espírito conciliar?”
No nosso Espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio
Vaticano II, vamos continuar a falar sobre a Constituição Sacrosanctum Concilium.
Na reforma litúrgica trazida pelo Concilio Vaticano II,
percebemos 10 aspectos de renovação, a partir da Constituição Sacrosanctum Concilium. Já tratamos de
alguns destes aspectos aqui neste nosso espaço, como o valor da Assembleia
Litúrgica, o uso da Língua Vernácula, a
importância das duas espécies eucarísticas, e nos dois últimos programas, a
participação ativa dos fiéis.
No programa de hoje, padre Gerson Schmidt, incardinado na
arquidiocese de Porto Alegre e que tem nos acompanhado neste percurso, nos fala
sobre a importância da formação litúrgica para todos:
“A Constituição Sacrosanctum
Concilium propõe a participação ativa dos fiéis, primeiramente por meio uma
verdadeira e séria formação litúrgica. Mas isso não acontecerá em nossos
ambientes celebrativos se não houver uma formação do clero para conhecer o
espírito e a força da liturgia.
Diz assim o documento conciliar: “Mas, não havendo esperança
alguma de que isto aconteça (a participação ativa dos fiéis), se antes os
pastores de almas não se imbuírem primeiramente do espírito e da força da
liturgia e não se tornarem mestres nela, é absolutamente necessário que se dê o
primeiro lugar à formação litúrgica do clero”.
Diante disso, o sagrado Concílio decidiu estabelecer a
formação litúrgica em diversos níveis que elencamos aqui (SC, n. 15-20):
1. Formação dos
professores de liturgia nos seminários, nas casas religiosas de estudos e nas
faculdades teológicas;
2. Instituir a
disciplina de liturgia como cadeira curricular - Ensino da liturgia nos
seminários e casas religiosas de estudos, por uma das disciplinas necessárias e
mais importantes, nas faculdades de teologia como disciplina principal, a sua
conexão da liturgia com a unidade da formação sacerdotal.
3. Formação litúrgica
dos candidatos ao sacerdócio;
4. Ajudar os
sacerdotes que já atuam no ministério para que, sempre mais plenamente,
penetrem o sentido do que realizam nas sagradas funções, vivam a vida
litúrgica, e façam dela participantes os fiéis a eles confiados.
5. Formação litúrgica
dos fiéis e promoção também da participação ativa dos fiéis, tanto interna como
externa, segundo a sua idade, condição, gênero de vida e grau de cultura
religiosa.
6. Ainda um novo
aspecto atual - a utilização dos Meios audiovisuais e liturgia – ou seja –
quanto às transmissões por rádio e televisão das funções sagradas, particularmente
em se tratando da santa missa, façam-se com discrição e dignidade, sob a
direção e responsabilidade de pessoa competente, escolhida para tal ofício
pelos bispos.
Acreditamos que decorridos já 50 anos dessas decisões e bom
propósito de reforma litúrgica, muita coisa bonita já acontece em nossas
dioceses, casas de formação religiosa e sacerdotal e em nossas comunidades
paroquiais.
Já existe uma formação maior de nosso clero na liturgia. A
participação dos leigos nos ministérios múltiplos cresce. Cada fiel, portanto,
sabendo o sentido e a importância da liturgia, deve participar a modo que lhe
cabe e compete das ações sagradas, de forma que não fique apático, neutro ou
apenas um mero ouvinte distraído, bem como não faça mais do que lhe cabe, nem
menos.
Caminhemos como
comunidades celebrativas. Intensifiquemos a preparação de nossas celebrações.
Temos um longo caminho a percorrer (cf. 1Rs 19,7)".
No
nosso Espaço Memória Histórica, 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos
continuar a tratar da reforma litúrgica, trazida pelo evento conciliar.
No programa
passado, falamos sobre a importância da formação litúrgica para
todos, oportunidade em que ressaltamos que devemos intensificar a preparação de
nossas celebrações e caminhar como comunidades celebrativas.
Vimos
que já existe uma formação maior de nosso clero na liturgia, assim como também
há uma maior participação dos leigos nos ministérios múltiplos.
No
programa de hoje, padre Gerson Schmidt, que tem nos acompanhado neste
percurso dos documentos conciliares, nos traz a reflexão: “Participação
piedosa, ativa e consciente na liturgia”.
São três os atributos ou adjetivos utilizados na
Constituição Sacrosanctum Concilium para a participação dos fiéis na
Liturgia: ativa, piedosa e consciente.
O texto diz assim: “Por isso, a Igreja procura,
solícita e cuidadosa, que os cristãos não assistam a este mistério de fé como
estranhos ou expectadores mudos, mas participem na ação
sagrada, consciente, piedosa e ativamente, por meio de uma boa
compreensão dos ritos e orações; sejam instruídos na palavra de Deus” (SC, 48).
Sabemos que não vai acontecer uma participação
ativa dos fiéis que nos pede o concilio Vaticano II, sem uma verdadeira
formação permanente dos batizados, ou seja, um catecumenato, tal qual na Igreja
primitiva, antes ou depois do batismo.
Muitas vezes se confundiu a participação ativa dos
fiéis colocando para o povo em geral partes da missa que se referem
exclusivamente ao sacerdote. Cada um deve, na liturgia, fazer tão somente o que
lhe compete. Mesmo no silêncio é possível haver a participação ativa, piedosa e
consciente. Desde que o fiel saiba o que acontece e como deve se sentir e
ser participante na celebração. Entenda-se bem aqui os termos ativa, piedosa e
consciente. Tentemos dissecar cada palavra.
Ativa: Na liturgia, não significa que o
fiel esteja em todos os momentos atuando de forma oral, labial ou gestual.
Participar ativamente também pode ser passivamente, sem fazer nada, mas
mergulhado no mistério pascal que se celebra e atualiza no hoje de nossa
história, integrando sua vida, sua história, sua cruz, junto ao grande banquete
redentor do Senhor. Participação ativa também nos diversos ministérios que a
cada um cabe realizar: leitores, acólitos, ministros, cantores...
Piedosa: A piedade na liturgia precisa ser bem
entendida, pois não significa ficar rezando orações paralelas, num pietismo
vertical e intimista, em tom recolhido, como acontecia antes do Concilio e como
vemos alguns fiéis ainda hoje assim procederem, apesar da renovação proposta há
50 anos. Piedosa significa realizar com respeito e dignidade o ato litúrgico no
qual participa o fiel, dando ao culto sagrado o verdadeiro valor que lhe é
atribuído e merecido. Piedosa aqui, na mentalidade do Concilio, significa com
zelo, com amor, com preparo e dedicação, integrando-se ao grande sacrifício
atual realizado para nossa salvação.
Consciente: Estar ciente de algo é não estar
inconsciente, apático e no mundo da lua, alheio à realidade. Na liturgia,
celebrar conscientemente é não estar por fora do sentido do ato litúrgico que
se celebra. É conhecer e estar mergulhado no que se está celebrando. Ninguém
pois ama o que não conhece. Pois, para um cônscia participação litúrgica, é
preciso uma formação. Não diria uma formação puramente intelectual, racional,
intelectiva. Mas uma formação cristã capaz de integrar o fiel no sacramento que
se celebra, fazendo acontecer o Mistério Pascal na sua vida, cada um de nós
ressuscitando com Cristo a cada celebração, dentro de uma comunidade
celebrativa. Realizar Páscoa com o Ressuscitado. Esse mistério não se dá
simplesmente por um conhecimento intelectual, mas existencial, vital, celebrado
no meu hoje de cada dia”.
No
nosso espaço Memória Histórica, 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos
continuar a falar sobre a reforma litúrgica, destacando hoje, "a
importância de um catecumenato para participação ativa" dos fiéis na
liturgia.
Na
edição passada deste nosso espaço, falamos sobre três atributos utilizados na
Constituição Sacrosanctum Concilium para a participação dos
fiéis na Liturgia: ativa, piedosa e consciente. O Padre Gerson Schmidt,
que tem nos acompanhado neste percurso dos documentos conciliares, tratou de
cada um destes aspectos. No programa de hoje, o sacerdote incardinado na
arquidiocese de Porto Alegre, nos fala sobre "a importância de um
catecumenato para participação ativa" dos fiéis na Liturgia:
"Falamos na oportunidade anterior que são
três os atributos ou adjetivos utilizados na Constituição Sacrosanctum
Concilium para a participação dos fiéis na Liturgia: ativa, piedosa e
consciente. Explicamos cada adjetivo, dentro da perspectiva do Concílio.
Dissemos que para um cônscia participação litúrgica, é preciso uma formação,
não puramente intelectual, racional, intelectiva.
Mas uma formação cristã capaz de integrar o fiel no
sacramento que se celebra, fazendo acontecer o Mistério Pascal na vida, no
momento atual de cada um e da comunidade que celebra, cada qual ressuscitando
com Cristo a cada liturgia. Realizando Páscoa com Ele, com o Ressuscitado.
De fato, essa participação ativa, piedosa e
consciente – alguns documentos falam de frutuosa - não acontecerá em nossas
paróquias e comunidade de comunidades, enquanto não houve uma formação cristã
séria, sistemática, gradual, dinâmica, por etapas.
Para isso, assim se expressa na Constituição Sacrosanctum
Concilium, no número 64: “Restaure-se o catecumenato dos adultos, com
vários graus, introduzindo-se seu uso segundo o parecer do Ordinário do lugar,
de modo que o tempo do catecumenato, dedicado à conveniente instrução, possa
ser santificado por meio de ritos sagrados que se hão de celebrar em ocasiões
sucessivas”.
Não vemos aqui outra maneira de que os fiéis possam
se adentrar nesses mistérios sagrados, numa cadenciada pedagogia mistagógica da
fé, cada vez mais profunda, sem um verdadeiro, sério e gradual processo
catecumenal de formação cristã, como tem pedido as atuais diretrizes da CNBB.
Há vários anos, todas as diretrizes da ação
Pastoral da Igreja do Brasil falavam da formação cristã de novos discípulos
missionários. Depois de vários anos, sempre propondo uma decisiva formação aos
fiéis, os bispos do Brasil, reunidos em Assembleia Geral, trazem de bandeja,
para todas as dioceses, uma proposta de um catecumenato diocesano, embasado no
RICA – uma proposta catequética integrada, sistemática, litúrgica e progressiva
para crianças, jovens e adultos.
Através do documento número 107, a CNBB lança
proposta a ser implantada sobre iniciação à vida cristã, aprovada na 55ª
Assembleia Geral. O documento oferece novas disposições pastorais para a
iniciação à vida cristã, presente nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora
desde 2011. Para os bispos, a dedicação em torno da temática revela o propósito
de “buscar novos caminhos pastorais e reconhecer que a inspiração catecumenal é
uma exigência atual”.
Ela permitirá formar discípulos conscientes,
atuantes e missionários. Sabemos que para acontecer esse precioso projeto em
nossas paróquias, é necessário um requisito fundamental: a conversão de cada
evangelizador e catequista.
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