Reproduzimos a seguir a ata da morte do Papa Emérito Bento XVI, falecido no dia 31 de dezembro de 2022, chamada comumente em italiano “Rogito” (do latim “Rogitus”, documento oficial), depositada junto ao corpo do defunto Pontífice, com uma breve síntese da sua vida.
Infelizmente faltaram alguns dados importantes do seu pontificado, como a convocação do Ano Paulino (2008-2009), do Ano Sacerdotal (2009-2010) e do Ano da Fé (2012-2013).
Morte, Deposição e Sepultamento
de Bento XVI, Papa Emérito, de santa memória
À luz de Cristo Ressuscitado dos mortos, no dia 31 de
dezembro do ano do Senhor 2022, às 9h34min da manhã, quando terminava o ano e
estávamos prontos para cantar o Te Deum pelos múltiplos benefícios
concedidos pelo Senhor, o amado Pastor Emérito da Igreja, Bento XVI, passou
deste mundo ao Pai. Toda a Igreja, junto com o Santo Padre Francisco em oração,
acompanhou seu trânsito.
Bento XVI foi o 265° Papa. Sua memória permanece no coração
da Igreja e de toda a humanidade.
Joseph Aloisius Ratzinger, eleito Papa em 19 de abril de
2005, nasceu em Marktl am Inn, no território da Diocese de Passau (Alemanha),
em 16 de abril de 1927. Seu pai era comissário de polícia e vinha de uma
família de agricultores na Baixa Baviera, cujas condições econômicas eram
bastante modestas. A mãe era filha de artesãos de Rimsting, no lago Chiem, e
antes de se casar trabalhou como cozinheira em vários hotéis.
Passou a infância e a adolescência em Traunstein, pequena
cidade perto da fronteira com a Áustria, a cerca de trinta quilômetros de
Salzburgo, onde recebeu sua formação cristã, humana e cultural.
O tempo de sua juventude não foi fácil. A fé e a educação da
sua família prepararam-no para a dura experiência dos problemas associados ao
regime nazista, conhecendo o clima de forte hostilidade para com a Igreja
Católica na Alemanha. Nessa situação complexa, ele descobriu a beleza e a
verdade da fé em Cristo.
De 1946 a 1951 estudou na Escola Superior de Filosofia e
Teologia de Freising e na Universidade de Munique. Em 29 de junho de 1951 foi
ordenado sacerdote, iniciando no ano seguinte a atividade docente na mesma
Escola de Freising. Posteriormente, foi docente em Bonn, Münster, Tübingen e
Regensburg.
Em 1962 tornou-se perito oficial do Concílio Vaticano II,
como assistente do Cardeal Joseph Frings. Em 25 de março de 1977, o Papa Paulo
VI o nomeou Arcebispo de Munique e Frising (München und Freising) e recebeu a
ordenação episcopal em 28 de maio do mesmo ano. Como lema episcopal escolheu “Cooperatores
Veritatis”.
O Papa Montini o criou e o proclamou Cardeal, atribuindo-lhe
o título de Santa Maria Consoladora al Tiburtino, no Consistório de 27
de junho de 1977.
Em 25 de novembro de 1981, João Paulo II o nomeou Prefeito
da Congregação para a Doutrina da Fé; e em 15 de fevereiro do ano seguinte
renunciou ao governo pastoral da Arquidiocese de Munique e Frising.
Em 06 de novembro de 1998 foi nomeado Vice-Decano do Colégio
dos Cardeais e em 30 de novembro de 2002 tornou-se Decano, tomando posse do
Título da Igreja Suburbicária de Óstia.
Na sexta-feira, oito de abril de 2005, presidiu a Santa Missa
fúnebre de João Paulo II na Praça de São Pedro.
Foi eleito Papa pelos Cardeais reunidos no Conclave em 19 de
abril de 2005 e assumiu o nome de Bento XVI. Da sacada central da Basílica
apresentou-se como “humilde trabalhador na vinha do Senhor”. No domingo, 24 de
abril de 2005, iniciou solenemente o seu ministério petrino.
Bento XVI colocou no centro de seu pontificado o tema de
Deus e da fé, na procura contínua da face do Senhor Jesus Cristo e ajudando
todos a conhecê-lo, em particular mediante a publicação da obra Jesus de
Nazaré, em três volumes. Dotado de vasto e profundo conhecimento bíblico e
teológico, teve a extraordinária capacidade de elaborar sínteses iluminadoras
sobre os principais temas doutrinários e espirituais, bem como sobre as
questões cruciais da vida da Igreja e da cultura contemporânea.
Ele promoveu com sucesso o diálogo com anglicanos, com os
judeus e com os representantes de outras religiões; assim como retomou os
contatos com os sacerdotes da Comunidade São Pio X.
Na manhã de 11 de fevereiro de 2013, durante um Consistório
convocado para decisões ordinárias sobre três canonizações, após o voto dos
Cardeais, o Papa leu a seguinte declaração em latim:
«Depois de ter examinado
repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as
minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer
adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este
ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só falando e agindo,
mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito
a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da
fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário
também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos
meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha
incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado. Por isso,
bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade, declaro que
renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi
confiado pela mão dos Cardeais em 19 de abril de 2005, pelo que, a partir de 28
de fevereiro de 2013, às 20 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará
vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para
a eleição do novo Sumo Pontífice» (*).
Na última Audiência Geral do pontificado, em 27 de fevereiro
de 2013, ao agradecer todos e cada um também pelo respeito e compreensão com
que sua decisão foi acolhida, garantiu: «Continuarei a acompanhar o caminho da
Igreja com a oração e a reflexão, com aquela dedicação ao Senhor e à sua Esposa
que tenho procurado viver até agora todos os dias e que gostaria de viver
sempre».
Após uma breve permanência na residência de Castel Gandolfo,
viveu os últimos anos de sua vida no Vaticano, no mosteiro Mater Ecclesiae,
dedicando-se à oração e à meditação.
O magistério doutrinal de Bento XVI está sintetizado nas
três Encíclicas Deus caritas est (25 de dezembro de 2005), Spe salvi
(30 de novembro de 2007) e Caritas in veritate (29 de junho de 2009).
Entregou à Igreja quatro Exortações Apostólicas, numerosas Constituições
Apostólicas, Cartas Apostólicas, bem como as Catequeses propostas nas
Audiências Gerais e as alocuções, inclusive as pronunciadas durante as vinte e
quatro viagens apostólicas que realizou pelo mundo.
Diante do relativismo crescente e do ateísmo prático sempre
mais difundido, em 2010, com o Motu proprio Ubicumque et semper,
instituiu o Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, para o
qual em janeiro de 2013 transferiu as responsabilidades no campo da catequese.
Lutou firmemente contra os crimes cometidos por
representantes do clero contra menores ou pessoas vulneráveis, chamando
continuamente a Igreja à conversão, à oração, à penitência e à purificação.
Como teólogo de reconhecida autoridade, deixou um rico
patrimônio de estudos e pesquisas sobre as verdades fundamentais da fé.
Corpo de Bento XVI, Sumo Pontífice
Viveu 95 anos, oito meses e 15 dias
Presidiu a Igreja Universal por sete anos, dez meses e nove dias
De 19 de abril de 2005 a 28 de fevereiro de 2013
Morreu dia 31 de dezembro do ano do Senhor de 2022
Que vivas sempre em Cristo, Santo Padre!
Túmulo do Papa Bento XVI na Cripta Vaticana |
(*) O texto original da Declaratio, em latim, está disponível no site da Santa Sé.
Fonte: Acidigital (com pequenas correções) / Texto original disponível no site da Santa Sé.
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