sábado, 7 de janeiro de 2023

Ata da morte do Papa Emérito Bento XVI

Reproduzimos a seguir a ata da morte do Papa Emérito Bento XVI, falecido no dia 31 de dezembro de 2022, chamada comumente em italiano “Rogito” (do latim “Rogitus”, documento oficial), depositada junto ao corpo do defunto Pontífice, com uma breve síntese da sua vida.

Infelizmente faltaram alguns dados importantes do seu pontificado, como a convocação do Ano Paulino (2008-2009), do Ano Sacerdotal (2009-2010) e do Ano da Fé (2012-2013).

Morte, Deposição e Sepultamento
de Bento XVI, Papa Emérito, de santa memória

À luz de Cristo Ressuscitado dos mortos, no dia 31 de dezembro do ano do Senhor 2022, às 9h34min da manhã, quando terminava o ano e estávamos prontos para cantar o Te Deum pelos múltiplos benefícios concedidos pelo Senhor, o amado Pastor Emérito da Igreja, Bento XVI, passou deste mundo ao Pai. Toda a Igreja, junto com o Santo Padre Francisco em oração, acompanhou seu trânsito.

Bento XVI foi o 265° Papa. Sua memória permanece no coração da Igreja e de toda a humanidade.


Joseph Aloisius Ratzinger, eleito Papa em 19 de abril de 2005, nasceu em Marktl am Inn, no território da Diocese de Passau (Alemanha), em 16 de abril de 1927. Seu pai era comissário de polícia e vinha de uma família de agricultores na Baixa Baviera, cujas condições econômicas eram bastante modestas. A mãe era filha de artesãos de Rimsting, no lago Chiem, e antes de se casar trabalhou como cozinheira em vários hotéis.

Passou a infância e a adolescência em Traunstein, pequena cidade perto da fronteira com a Áustria, a cerca de trinta quilômetros de Salzburgo, onde recebeu sua formação cristã, humana e cultural.

O tempo de sua juventude não foi fácil. A fé e a educação da sua família prepararam-no para a dura experiência dos problemas associados ao regime nazista, conhecendo o clima de forte hostilidade para com a Igreja Católica na Alemanha. Nessa situação complexa, ele descobriu a beleza e a verdade da fé em Cristo.

De 1946 a 1951 estudou na Escola Superior de Filosofia e Teologia de Freising e na Universidade de Munique. Em 29 de junho de 1951 foi ordenado sacerdote, iniciando no ano seguinte a atividade docente na mesma Escola de Freising. Posteriormente, foi docente em Bonn, Münster, Tübingen e Regensburg.

Em 1962 tornou-se perito oficial do Concílio Vaticano II, como assistente do Cardeal Joseph Frings. Em 25 de março de 1977, o Papa Paulo VI o nomeou Arcebispo de Munique e Frising (München und Freising) e recebeu a ordenação episcopal em 28 de maio do mesmo ano. Como lema episcopal escolheu “Cooperatores Veritatis”.

O Papa Montini o criou e o proclamou Cardeal, atribuindo-lhe o título de Santa Maria Consoladora al Tiburtino, no Consistório de 27 de junho de 1977.

Em 25 de novembro de 1981, João Paulo II o nomeou Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé; e em 15 de fevereiro do ano seguinte renunciou ao governo pastoral da Arquidiocese de Munique e Frising.

Em 06 de novembro de 1998 foi nomeado Vice-Decano do Colégio dos Cardeais e em 30 de novembro de 2002 tornou-se Decano, tomando posse do Título da Igreja Suburbicária de Óstia.

Na sexta-feira, oito de abril de 2005, presidiu a Santa Missa fúnebre de João Paulo II na Praça de São Pedro.

Foi eleito Papa pelos Cardeais reunidos no Conclave em 19 de abril de 2005 e assumiu o nome de Bento XVI. Da sacada central da Basílica apresentou-se como “humilde trabalhador na vinha do Senhor”. No domingo, 24 de abril de 2005, iniciou solenemente o seu ministério petrino.

Bento XVI colocou no centro de seu pontificado o tema de Deus e da fé, na procura contínua da face do Senhor Jesus Cristo e ajudando todos a conhecê-lo, em particular mediante a publicação da obra Jesus de Nazaré, em três volumes. Dotado de vasto e profundo conhecimento bíblico e teológico, teve a extraordinária capacidade de elaborar sínteses iluminadoras sobre os principais temas doutrinários e espirituais, bem como sobre as questões cruciais da vida da Igreja e da cultura contemporânea.

Ele promoveu com sucesso o diálogo com anglicanos, com os judeus e com os representantes de outras religiões; assim como retomou os contatos com os sacerdotes da Comunidade São Pio X.

Na manhã de 11 de fevereiro de 2013, durante um Consistório convocado para decisões ordinárias sobre três canonizações, após o voto dos Cardeais, o Papa leu a seguinte declaração em latim:

«Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só falando e agindo, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado. Por isso, bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de fevereiro de 2013, às 20 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice» (*).

Na última Audiência Geral do pontificado, em 27 de fevereiro de 2013, ao agradecer todos e cada um também pelo respeito e compreensão com que sua decisão foi acolhida, garantiu: «Continuarei a acompanhar o caminho da Igreja com a oração e a reflexão, com aquela dedicação ao Senhor e à sua Esposa que tenho procurado viver até agora todos os dias e que gostaria de viver sempre».

Após uma breve permanência na residência de Castel Gandolfo, viveu os últimos anos de sua vida no Vaticano, no mosteiro Mater Ecclesiae, dedicando-se à oração e à meditação.

O magistério doutrinal de Bento XVI está sintetizado nas três Encíclicas Deus caritas est (25 de dezembro de 2005), Spe salvi (30 de novembro de 2007) e Caritas in veritate (29 de junho de 2009). Entregou à Igreja quatro Exortações Apostólicas, numerosas Constituições Apostólicas, Cartas Apostólicas, bem como as Catequeses propostas nas Audiências Gerais e as alocuções, inclusive as pronunciadas durante as vinte e quatro viagens apostólicas que realizou pelo mundo.

Diante do relativismo crescente e do ateísmo prático sempre mais difundido, em 2010, com o Motu proprio Ubicumque et semper, instituiu o Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, para o qual em janeiro de 2013 transferiu as responsabilidades no campo da catequese.

Lutou firmemente contra os crimes cometidos por representantes do clero contra menores ou pessoas vulneráveis, chamando continuamente a Igreja à conversão, à oração, à penitência e à purificação.

Como teólogo de reconhecida autoridade, deixou um rico patrimônio de estudos e pesquisas sobre as verdades fundamentais da fé.

Corpo de Bento XVI, Sumo Pontífice
Viveu 95 anos, oito meses e 15 dias
Presidiu a Igreja Universal por sete anos, dez meses e nove dias
De 19 de abril de 2005 a 28 de fevereiro de 2013
Morreu dia 31 de dezembro do ano do Senhor de 2022

Que vivas sempre em Cristo, Santo Padre!

Túmulo do Papa Bento XVI na Cripta Vaticana

(*) O texto original da Declaratio, em latim, está disponível no site da Santa Sé.

Fonte: Acidigital (com pequenas correções) / Texto original disponível no site da Santa Sé.

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