“Vós, como pedras
vivas, constituí-vos em um edifício espiritual” (1Pd 2,5)
Já apresentamos aqui em nosso blog dois dos Evangeliários
utilizados nas celebrações do Vaticano: o Evangeliário de Alexandre VI, usado
no Tempo do Natal, e o Evangeliário húngaro, usado na Páscoa.
Nesta postagem gostaríamos de apresentar brevemente o
Evangeliário usado comumente na Missa Crismal celebrada pelo Papa na Basílica
de São Pedro na manhã da Quinta-feira Santa. Desconhecemos a sua história, mas podemos nos aprofundar aqui em
sua simbologia.
O grande elemento característico deste Evangeliário são doze
pedras coloridas incrustadas na capa. Estas doze pedras, presentes no peitoral
do sumo sacerdote no Antigo Testamento (hoshen),
representavam as doze tribos de Israel, como recordou o Papa Francisco na
homilia da Missa Crismal de 2013:
“As vestes sagradas do
Sumo Sacerdote são ricas de simbolismos; um deles é o dos nomes dos filhos de
Israel gravados nas pedras de ónix que adornavam as ombreiras do efod, do qual
provém a nossa casula atual: seis sobre a pedra do ombro direito e seis na do
ombro esquerdo (cf. Ex 28,6-14). Também no peitoral estavam gravados os nomes
das doze tribos de Israel (cf. Ex 28,21). Isto significa que o sacerdote
celebra levando sobre os ombros o povo que lhe está confiado e tendo os seus
nomes gravados no coração”.
No Novo Testamento estas doze pedras simbolizam a totalidade
do novo Israel, isto é, a Igreja. As pedras mencionadas no Êxodo (Ex 28,15-30)
aparecem no Livro do Apocalipse nos alicerces da Jerusalém celeste, imagem da
Igreja (cf. Ap 21,19-20). Nestes doze alicerces “estão os nomes dos doze
Apóstolos do Cordeiro” (Ap 21,14).
As pedras no Evangeliário ladeiam o ícone da Crucificação do Senhor, com suas características tradicionais: a cruz ao centro sobre a
montanha com os ossos de Adão (indicando a salvação oferecida a toda a
humanidade), a presença da Virgem Maria e do Apóstolo João em pé junto à cruz,
as muralhas da cidade ao fundo, etc. Tudo isso ladeado nas extremidades pelos
símbolos dos quatro evangelistas (o homem, o leão, o touro e a águia,
simbolizando respectivamente Mateus, Marcos, Lucas e João).
Na contracapa do livro encontramos mais quatro pedras nas
extremidades de uma cruz, que poderiam simbolizar a difusão do Evangelho, boa-nova da
salvação, pelos quatro cantos do mundo. No centro da cruz há um medalhão com o
Cordeiro pascal, símbolo central do Cristo Crucificado-Ressuscitado no Livro do
Apocalipse. Vemos que o Evangeliário faz, pois, uma perfeita síntese do
Mistério Pascal.
Existe também outra versão deste Evangeliário, ligeiramente
distinta, que também já foi usada na Missa Crismal no Vaticano. Aqui encontramos
na capa a imagem do Cordeiro pascal ao centro da cruz, circundado pelas doze
pedras coloridas.
Na parte de trás há novamente a cruz, no centro da qual está
um candelabro de sete velas, símbolo da sarça ardente do Êxodo e dos sete dias
da criação no Gênesis. De toda forma, um símbolo do Antigo Testamento,
contrastando com a síntese do Novo Testamento na capa com a imagem do
Cordeiro.
Meu caro, esses dois evangeliários são os modelos usados pelo Caminho Neocatecumenal. Inclusive as comunidades mais velhas usam esse primeiro modelo nas Bíblias delas. A minha comunidade acabou de adquirir essa capa para dar mais dignidade às celebrações da Palavra.
ResponderExcluirMuito obrigado pela informação. Saberia me dizer onde poderia encontrar mais dados a respeito (por exemplo, quem foi o artista que elaborou as capas)?
ExcluirToda a arte sacra do Caminho Neocatecumenal foi desenvolvida pelo seu iniciador, Kiko Arguello.
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