Na manhã da Quinta-feira Santa comumente celebra-se na
Catedral de cada Diocese a Missa Crismal, também conhecida como Missa dos
Santos Óleos [1]. Nesta celebração, o Bispo Diocesano abençoa os Óleos dos
Enfermos e dos Catecúmenos e consagra o Crisma, os quais serão utilizados na
administração dos Sacramentos em todas as paróquias da Diocese.
No final desta celebração, portanto, os sacerdotes recebem
os Santos Óleos e os levam para suas paróquias. Porém, creio que nem todos
saibam da possibilidade de apresentar estes óleos à comunidade antes da Missa
da Ceia do Senhor.
A Carta Circular Paschalis Sollemnitatis sobre a preparação e celebração das Festas Pascais,
promulgada pela Congregação do Culto Divino em 16 de janeiro de 1988, afirma em
seu número 36, que trata da Missa Crismal:
“O acolhimento aos santos óleos pode ser feito em cada uma
das paróquias, antes da celebração da Missa Vespertina da Ceia do Senhor ou em outro
tempo mais oportuno. Isto poderá ajudar a fazer os fiéis compreenderem o
significado do uso dos santos óleos e do Crisma, e da sua eficácia na vida
cristã” [2].
Pensando nisto, o Secretariado Nacional de Liturgia de Portugal recentemente preparou uma proposta de rito para a acolhida dos Santos
Óleos nas comunidades, do qual indicaremos algumas linhas gerais:
O que preparar:
No presbitério, uma mesa onde serão colocados os vasos dos
Santos Óleos. Seja ornada com uma toalha branca e com flores;
Vasos dos Santos Óleos (que podem ser colocados em
bandejas), a serem conduzidos na procissão de entrada.
Descrição do rito:
Durante a procissão de entrada, os Santos Óleos são
conduzidos logo após a cruz por acólitos ou pessoas relacionadas aos
Sacramentos nos quais os Óleos serão utilizados:
Um enfermo, idoso ou Ministro Extraordinário da Comunhão
para o Óleo dos Enfermos;
Um catequista ou padrinho para o Óleo dos Catecúmenos;
Um crismando, catequista ou padrinho para o Santo Crisma.
Cada vaso dos Santos Óleos pode ser acompanhado por um
acólito portando uma vela acesa.
Chegando diante do altar, aqueles que levam os Óleos não
sobem ao presbitério, mas permanecem junto à assembleia. O sacerdote, por sua
vez, dirige-se ao altar, o venera e incensa. Dirigindo-se então à cadeira,
inicia a celebração com o sinal da cruz e a saudação.
Após a saudação, o sacerdote dirige uma monição à
assembleia, explicando o sentido dos Óleos. Pode ser feita com estas palavras
ou outras semelhantes:
Jesus Cristo pelo seu
Mistério Pascal, Paixão, Morte, Sepultura e Ressurreição, cuja celebração
litúrgica estamos a iniciar, tornou-se Sumo e Eterno Sacerdote. Da sua Morte
redentora e gloriosa Ressurreição jorram sobre a Igreja as fontes da Salvação.
Pelo Sacramento da
Ordem, o Bispo, pai e pastor da nossa Igreja Diocesana, participa conjuntamente
com o presbitério desse múnus santificador que a todos chega pelos sacramentos
de Cristo.
Esta manhã (*), na
Igreja Mãe da Diocese, a Catedral, reuniram-se com o nosso Pastor, os
Presbíteros, Diáconos e demais Povo de Deus na celebração da Missa Crismal.
Nela o nosso Bispo abençoou os Óleos dos Enfermos e dos Catecúmenos e consagrou
o Santo Crisma para uso nas diferentes comunidades da Diocese. São esses Óleos
Santos que agora acolhemos na nossa comunidade como dom que exprime a comunhão
numa só fé e num só Espírito.
(*) Indicar outra
data, se for o caso.
Após esta monição, aquele que está com o Óleo dos Enfermos
sobe ao presbitério e entrega-o ao sacerdote, que apresenta o vaso aos fiéis enquanto
canta ou recita:
Sacerdote: Eis o Óleo
santo para os Enfermos.
O coro responde (ou o próprio sacerdote continua):
Coro (ou Sacerdote): Os
que forem com ele ungidos, o Senhor os fortalecerá na hora da provação.
E o povo aclama:
Povo: Glória a vós,
Cristo Salvador!
Bispo abençoa o Óleo dos Enfermos |
O sacerdote devolve então o vaso à pessoa que o trouxe em
procissão, a qual o coloca na mesa preparada (acompanhada da vela, se foi
utilizada). Enquanto isso, pode-se
cantar uma estrofe do hino “Acolhei, ó Redentor” ou outro canto adequado.
Os mesmos gestos são feitos em relação ao Óleo dos
Catecúmenos:
Sacerdote: Eis o Óleo
santo para os Catecúmenos.
Coro (ou Sacerdote):
Os que forem com ele ungidos, o Senhor os encaminhará para a sua Igreja Santa.
Povo: Glória a Vós,
Cristo Salvador!
Segue-se, se for oportuno, outra estrofe do hino “Acolhei, ó
Redentor”, enquanto coloca-se o Óleo sobre a mesa preparada.
Bispo abençoa o Óleo dos Catecúmenos |
Por fim, se acolhe o Santo Crisma da mesma forma:
Sacerdote: Eis o Óleo
do Santo Crisma.
Coro (ou Sacerdote): Os
que forem com ele ungidos, receberão em abundância o Espírito Santo.
Povo: Glória a Vós,
Cristo Salvador!
Canta-se em seguida uma estrofe do hino “Acolhei, ó
Redentor”, enquanto coloca-se o Óleo sobre a mesa preparada e o sacerdote
incensa os Santos Óleos.
Bispo consagra o Crisma |
Se for oportuno, porém, tal rito pode realizar-se antes da
Missa, uma vez que não pertence necessariamente à celebração. Neste caso, o
sacerdote paramentado ao menos com túnica e estola branca dirige-se à frente do
presbitério e profere a monição acima. Segue-se a procissão com o incenso e os
vasos dos Santos Óleos, enquanto entoa-se o hino “Acolhei, ó Redentor”. O
sacerdote aclama os três Óleos, os incensa e então dirige-se à porta da igreja, para a procissão de entrada.
Pode-se adotar também o costume que vigora em alguns lugares
de utilizar alguns véus para transportar os vasos em cores características:
Roxo para o Óleo dos Enfermos;
Verde para o Óleo dos Catecúmenos;
Branco (ou dourado) para o Óleo do Crisma.
Tais véus, porém, devem ser mais simples que um véu umeral,
uma vez que este destina-se a portar a
Eucaristia.
[1] Por razões pastorais, como a grande extensão territorial
de algumas Dioceses, esta Missa pode ser antecipada para outro momento
oportuno, por exemplo, para a noite da Quarta-feira da Semana Santa (cf. CERIMONIAL DOS BISPOS. Tradução
portuguesa da edição típica. São Paulo: Paulus, 2004, p. 93)
[2] CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO. Paschalis Sollemnitatis: A preparação e celebração das Festas Pascais.
Brasília: Edições CNBB, 2018, p. 18.
Confira abaixo duas versões do hino "Acolhei, ó Redentor": o primeiro com música da Ir. Custódia Cardoso e o segundo com música de Clayton Dias.
Confira abaixo duas versões do hino "Acolhei, ó Redentor": o primeiro com música da Ir. Custódia Cardoso e o segundo com música de Clayton Dias.
Esta devida acolhida, deve ser feita somente em uma matriz paroquial, ou qualquer que seja comunidade e/ou capela desta paróquia, onde no qual será usado os óleos ?
ResponderExcluirPreferencialmente na Matriz, onde os Óleos são conservados. Mas nada impede que seja feita também em uma capela, sobretudo se nela serão administrados os Sacramentos da Iniciação Cristã na Vigília Pascal.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir