quinta-feira, 11 de abril de 2019

Rito para acolhida dos Santos Óleos na Missa da Ceia do Senhor

Na manhã da Quinta-feira Santa comumente celebra-se na Catedral de cada Diocese a Missa Crismal, também conhecida como Missa dos Santos Óleos [1]. Nesta celebração, o Bispo Diocesano abençoa os Óleos dos Enfermos e dos Catecúmenos e consagra o Crisma, os quais serão utilizados na administração dos Sacramentos em todas as paróquias da Diocese.

No final desta celebração, portanto, os sacerdotes recebem os Santos Óleos e os levam para suas paróquias. Porém, creio que nem todos saibam da possibilidade de apresentar estes óleos à comunidade antes da Missa da Ceia do Senhor.


A Carta Circular Paschalis Sollemnitatis sobre a preparação e celebração das Festas Pascais, promulgada pela Congregação do Culto Divino em 16 de janeiro de 1988, afirma em seu número 36, que trata da Missa Crismal:

“O acolhimento aos santos óleos pode ser feito em cada uma das paróquias, antes da celebração da Missa Vespertina da Ceia do Senhor ou em outro tempo mais oportuno. Isto poderá ajudar a fazer os fiéis compreenderem o significado do uso dos santos óleos e do Crisma, e da sua eficácia na vida cristã” [2].

Pensando nisto, o Secretariado Nacional de Liturgia de Portugal recentemente preparou uma proposta de rito para a acolhida dos Santos Óleos nas comunidades, do qual indicaremos algumas linhas gerais:

O que preparar:
No presbitério, uma mesa onde serão colocados os vasos dos Santos Óleos. Seja ornada com uma toalha branca e com flores;
Vasos dos Santos Óleos (que podem ser colocados em bandejas), a serem conduzidos na procissão de entrada.

Descrição do rito:
Durante a procissão de entrada, os Santos Óleos são conduzidos logo após a cruz por acólitos ou pessoas relacionadas aos Sacramentos nos quais os Óleos serão utilizados:
Um enfermo, idoso ou Ministro Extraordinário da Comunhão para o Óleo dos Enfermos;
Um catequista ou padrinho para o Óleo dos Catecúmenos;
Um crismando, catequista ou padrinho para o Santo Crisma.
Cada vaso dos Santos Óleos pode ser acompanhado por um acólito portando uma vela acesa.



Chegando diante do altar, aqueles que levam os Óleos não sobem ao presbitério, mas permanecem junto à assembleia. O sacerdote, por sua vez, dirige-se ao altar, o venera e incensa. Dirigindo-se então à cadeira, inicia a celebração com o sinal da cruz e a saudação.

Após a saudação, o sacerdote dirige uma monição à assembleia, explicando o sentido dos Óleos. Pode ser feita com estas palavras ou outras semelhantes:

Jesus Cristo pelo seu Mistério Pascal, Paixão, Morte, Sepultura e Ressurreição, cuja celebração litúrgica estamos a iniciar, tornou-se Sumo e Eterno Sacerdote. Da sua Morte redentora e gloriosa Ressurreição jorram sobre a Igreja as fontes da Salvação.
Pelo Sacramento da Ordem, o Bispo, pai e pastor da nossa Igreja Diocesana, participa conjuntamente com o presbitério desse múnus santificador que a todos chega pelos sacramentos de Cristo.
Esta manhã (*), na Igreja Mãe da Diocese, a Catedral, reuniram-se com o nosso Pastor, os Presbíteros, Diáconos e demais Povo de Deus na celebração da Missa Crismal. Nela o nosso Bispo abençoou os Óleos dos Enfermos e dos Catecúmenos e consagrou o Santo Crisma para uso nas diferentes comunidades da Diocese. São esses Óleos Santos que agora acolhemos na nossa comunidade como dom que exprime a comunhão numa só fé e num só Espírito.
(*) Indicar outra data, se for o caso.

Após esta monição, aquele que está com o Óleo dos Enfermos sobe ao presbitério e entrega-o ao sacerdote, que apresenta o vaso aos fiéis enquanto canta ou recita:
Sacerdote: Eis o Óleo santo para os Enfermos.

O coro responde (ou o próprio sacerdote continua):
Coro (ou Sacerdote): Os que forem com ele ungidos, o Senhor os fortalecerá na hora da provação.

E o povo aclama:
Povo: Glória a vós, Cristo Salvador!

Bispo abençoa o Óleo dos Enfermos
O sacerdote devolve então o vaso à pessoa que o trouxe em procissão, a qual o coloca na mesa preparada (acompanhada da vela, se foi utilizada).  Enquanto isso, pode-se cantar uma estrofe do hino “Acolhei, ó Redentor” ou outro canto adequado.

Os mesmos gestos são feitos em relação ao Óleo dos Catecúmenos:

Sacerdote: Eis o Óleo santo para os Catecúmenos.
Coro (ou Sacerdote): Os que forem com ele ungidos, o Senhor os encaminhará para a sua Igreja Santa.
Povo: Glória a Vós, Cristo Salvador!

Segue-se, se for oportuno, outra estrofe do hino “Acolhei, ó Redentor”, enquanto coloca-se o Óleo sobre a mesa preparada.

Bispo abençoa o Óleo dos Catecúmenos
Por fim, se acolhe o Santo Crisma da mesma forma:

Sacerdote: Eis o Óleo do Santo Crisma.
Coro (ou Sacerdote): Os que forem com ele ungidos, receberão em abundância o Espírito Santo.
Povo: Glória a Vós, Cristo Salvador!

Canta-se em seguida uma estrofe do hino “Acolhei, ó Redentor”, enquanto coloca-se o Óleo sobre a mesa preparada e o sacerdote incensa os Santos Óleos.

Bispo consagra o Crisma
 Após a incensação, o sacerdote retorna à cadeira e convida para o Ato Penitencial. A partir daqui, a Missa prossegue como de costume.

Se for oportuno, porém, tal rito pode realizar-se antes da Missa, uma vez que não pertence necessariamente à celebração. Neste caso, o sacerdote paramentado ao menos com túnica e estola branca dirige-se à frente do presbitério e profere a monição acima. Segue-se a procissão com o incenso e os vasos dos Santos Óleos, enquanto entoa-se o hino “Acolhei, ó Redentor”. O sacerdote aclama os três Óleos, os incensa e então dirige-se à  porta da igreja, para a procissão de entrada.

Pode-se adotar também o costume que vigora em alguns lugares de utilizar alguns véus para transportar os vasos em cores características:
Roxo para o Óleo dos Enfermos;
Verde para o Óleo dos Catecúmenos;
Branco (ou dourado) para o Óleo do Crisma.
Tais véus, porém, devem ser mais simples que um véu umeral, uma vez que este destina-se  a portar a Eucaristia.


[1] Por razões pastorais, como a grande extensão territorial de algumas Dioceses, esta Missa pode ser antecipada para outro momento oportuno, por exemplo, para a noite da Quarta-feira da Semana Santa (cf. CERIMONIAL DOS BISPOS. Tradução portuguesa da edição típica. São Paulo: Paulus, 2004, p. 93)
[2] CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO. Paschalis Sollemnitatis: A preparação e celebração das Festas Pascais. Brasília: Edições CNBB, 2018, p. 18.

Confira abaixo duas versões do hino "Acolhei, ó Redentor": o primeiro com música da Ir. Custódia Cardoso e o segundo com música de Clayton Dias.


3 comentários:

  1. Esta devida acolhida, deve ser feita somente em uma matriz paroquial, ou qualquer que seja comunidade e/ou capela desta paróquia, onde no qual será usado os óleos ?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Preferencialmente na Matriz, onde os Óleos são conservados. Mas nada impede que seja feita também em uma capela, sobretudo se nela serão administrados os Sacramentos da Iniciação Cristã na Vigília Pascal.

      Excluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir